sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

VIROSES : GRIPE

VIROSES : GRIPE


GRIPE

DEFINIÇÃO:

A gripe é uma doença infectocontagiosa que afeta as vias respiratórias. E ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, gripe e resfriado não são a mesma coisa. Enquanto o resfriado pode ser causado por diversos vírus, alergias respiratórias e tem sintomas mais amenos do que nos quadros gripais, a gripe é causada pelo vírus influenzae, apresentando sinais e sintomas mais graves.

VIROLOGIA:

Os vírus influenza são partículas envelopadas com duas glicoproteínas de superfície, a hemaglutina e a neuraminidade. Pertencem à família Orthomyxoviridae, incluindo quatro gêneros: influenza A, influenza B, influenza C e thogotovirus. Os vírus influenza A são divididos em subtipos da na base de diferença sorológicas e genéticas. Existem 15 subtipos de hemaglutina (H1-H5) e 9 subtipos de neuraminidade (N1-N9).

O vírus influenza A, com a hemaglutina H1, H2 e H3, têm causado epidemias e pandemias em humanos desde 1990. A emergência de novos subtipos encontrados em aves aquáticas e a habilidade de pular espécies hospedeiras transformam a gripe em doença não erradicável.

O sucesso epidemiológico dos vírus influenza é devido a dois tipos de variações antigênicas que ocorrem nos antígeneos das hemaglutinas e neuraminidades. A consequência é que o indivíduo torna-se suscetível a mais amostras, a despeito das infecções prévias pr outros subtipos.
  
ETIOLOGIA:

Três tipos antigênicos da família orthomyxovirus são conhecidos agentes etiológicos da Gripe: Influenza tipo
A (mais importante),
B (responsável por surtos localizados)
v  e C (relativamente sem importância clínica). 



Os vírus da influenza A são sub-classificados com base nas características de dois antígenos, a hemaglutinina (H) e a neuraminidade (N), havendo três tipos de hemaglutininas (H1, H2 e H3) e duas neuraminidades (N1 e N2).

A imunidade a esses antígenos - especialmente a hemaglutinina - reduz a probabilidade de infecção e diminui a gravidade da doença quando esta ocorre.

O vírus influenza é um vírus RNA com uma grande capacidade de sofrer mutações com intervalos variáveis, aparecem subtipos totalmente novos (por exemplo, mudança de H1 para H2), o que se denomina mudança antigênica maior, responsável por pandemias, que ocorrem em intervalos de 10 a 40 anos, como por exemplo às gripes Espanhola e a Asiática que tiveram elevada morbidade e mortalidade; já as mudanças antigênicas menores, dentro de cada subtipo, associam-se com a ocorrência de epidemias anuais ou surtos regionais.

As cepas dos vírus da influenza são descritas segundo o país, região ou cidade onde foram isoladas originalmente, o número do cultivo e o ano de identificação.
A infecção contra um subtipo confere pouca ou nenhuma proteção contra os outros subtipos.

AGENTE ETIOLÓGICO

Influenzavirus, vírus tipo RNA (composto por ácido ribonucleico) da família Orthomyxoviridae e que compreende três espécies, o influenzavirus A, B e C. E responsável pela gripe humana e em outros animais. Uma vez no corpo, esses vírus atacam e destroem glândulas da mucosa e epitélios ciliados que, no ato da respiração, protegem o sistema respiratório de partículas estranhas presente no ar.

HOSPEDEIRO

Homem

FORMA DE TRANSMISSÃO

A principal via de entrada são as vias respiratórias superiores. A forma mais comum de transmissão do vírus é através de gotículas no ar, passando de uma pessoa a outra. O vírus da gripe é altamente contagioso e, portanto, altamente transmissível.

DISSEMINAÇÃO

Os vírus influenza replicam nas células epiteliais do trato respiratório, acessam as secreções e são disseminados através de pequenas partículas aéreas durante espirros, tosse e conversas ou, até mesmo, por contato. Aceita-se que esses vírus sejam mantidos em humanos através da relação direta pessoa a pessoa.

No Brasil ocorre elevação dos casos de Gripe nos meses mais frios do ano (junho, julho e agosto) nas regiões Sul e Sudeste e nas estações de chuva (janeiro, fevereiro e março) nas regiões Norte e Nordeste sendo uma importante causa de faltas à escola e ao trabalho, elevação do número de internações hospitalar por pneumonia, e mortes. A infecção pelo vírus Influenza é bastante mais comum em pré-escolares e escolares, embora quadros mais complicados sejam mais freqüentes em lactentes e na terceira idade.

PERÍODO DE INCUBAÇÃO:

O vírus Influenza se transmite de pessoa a pessoa com extrema facilidade tendo um período de incubação de 1 a 5 dias.

PERÍODO DE DURAÇÃO:
  
O mal-estar geral pode persistir por vários dias e até mesmo semanas. Pode ocorrer miosite, com dores musculares e dificuldade de deambulação.

A febre dura cerca de 3 a 5 dias, sendo que a retomada do quadro febril depois de um a dois dias sem hipertermia sugere a possibilidade de infecção bacteriana secundária e freqüentemente é um forte indicativo para iniciar-se antibiótico. Influenza pode diminuir o metabolismo de certas drogas como, por exemplo, teofilina elevando o nível sérico podendo causar intoxicação.

PERÍODO DE TRANSMISSÃO:

Igual período de duração

FREQUÊNCIA

A gripe poder ser uma doença perigosa. Embora, frequentemente, seja considerada uma doença trivial, a gripe pode ter um impacto devastador. A história registra vários surtos. A ação do vírus pode causar sérias complicações, principalmente em crianças, idosos, pessoas imunocomprometidas e doentes crônicos. A gripe afeta pessoas de todas as idades.

SINTOMATOLOGIA

O quadro clínico típico caracteriza-se por febre, calafrios de início abrupto, dores de cabeça, garganta e musculares, mal-estar geral, anorexia, tosse seca, hiperemia de mucosas e membranas, olhos injetados e eliminação de secreção clara pelo nariz. Esses sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças, por exemplo, resfriado comum, traqueobronquite, processo alérgicos, etc.

DIAGNÓSTICO:

O diagnóstico laboratorial da gripe requer a confirmação laboratorial, de pouca utilidade prática, mas fundamental na vigilância das epidemias e em pesquisas de vacinas e drogas.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:

Ao contrário do que muitas pessoas pensam gripe e resfriado não são a mesma coisa. A gripe é causada por um vírus chamado Influenza que tem esse nome pois no passado acreditava-se que todas as mazelas da humanidade, entre elas a gripe, seriam causadas por "influência" dos deuses. Mas não é só o vírus que é diferente, as manifestações clínicas também. A gripe é caracterizada por febre alta, calafrio, mal-estar importante, tosse produtiva, obstrução nasal, dor de garganta, cefaléia, mialgia e, freqüentemente, deixa a pessoa acamada. Ao contrário, o resfriado comum é caracterizado por sinais e sintomas mais leves como coriza, espirros e tosses eventuais e febre, quando presente, é baixa.

TRATAMENTO:

A Gripe, em geral, é uma doença auto-limitada em indivíduos imunocompetentes e a maior parte das pessoas recuperam-se depois de alguns dias.

1.    Nos casos complicados:

Nos casos com infecção bacteriana secundária (Otite, Sinusite ou Bronquite) faz-se necessário o uso de antibióticos aumentando ainda mais o ônus da doença e elevando o número de dias de absenteísmo (trabalho e/ou escola);

2.    Nos casos não complicados:

Repouso;

Aumento da ingestão hídrica;

Analgésico/antitérmico que não contenham ácido acetil salicílico, pela risco de Síndrome de Reye

Soro fisiológico nasal


Terapia anti-viral específica:

Amantadina e Rimantadina- Ambos ativos somente contra o Influenza tipo A, mas apenas a primeira está liberada pelo FDA para administração em crianças com mais de 1 ano de idade. Estudos mostram rápida redução do tempo de doença se o tratamento, com uma dessas duas drogas, for iniciado dentro de 48 horas das manifestações clínicas. O tratamento não deve ser feito por mais do que 5 a 7 dias.

A dose é a mesma para as duas drogas:

Crianças
De 1 a 9 anos
Maiores de 10 anos


< 40 Kg
> de 40 Kg
Tratamento ou
profilaxia
5mg/Kgdia,
máximo de 150mg/
dia, em 1 ou 2
tomadas/dia
5mg/Kg por dia,
em 1 ou 2
tomadas
200mg/dia divididos
em 1 ou 2 doses/dia

Ribavirina - A Ribavirina mostrou-se, in vitro, ativa contra o Influenza tipo A e B. Estudos utilizando a Ribavirina em aerossol tem mostrado uma atividade modesta, contudo esta droga não está aprovada pelo FDA para tratamento de infecções por Influenza.

Zanamivir, não é recomendada para crianças com menos de 7 anos de idade, a dose é de 10 mg 2X ao dia, independente do peso ou idade, e é por via inalatória.

Oseltamivir, a dose varia de acordo com o peso, crianças com < de 15Kg recomenda-se 30mg 2X ao dia, crianças de 15 a 23 Kg recomenda-se 45mg 2X ao dia, para crianças de 23 a 40 Kg, a dose é de 60 mg 2X ao dia e crianças com mais de 40 Kg a dose é de 75mg 2X ao dia.
  
A gripe é uma das maiores causas de faltas ao trabalho e escolas, provocando a interrupção das tarefas do dia-a-dia, afetando a qualidade de vida das pessoas.

As complicações são muito frequentes, especialmente em pessoas que já possuam outras enfermidades, como diabetes, asma, doenças pulmonares ou cardíacas crônicas e aqueles com função imune reduzida, como crianças e idosos. A gripe pode causar sérias complicações que podem ser fatais, como a pneumonia.
Complicações

As complicações pulmonares são as mais frequentes, podendo ser dividas entre as causadas pelo próprio vírus e as secundárias, de etiologia bacteriana, sendo as mais identificadas os Streptococcus pneumoniae, Staphyloccus aureus, Haemophilus influenze e os estreptococos do grupo a beta hemolítico.

Outras complicações encontradas são as neurológicas, em especial as encefalopatias, miosites, otites, sinusites e lesões do músculo cardíaco.
A indicação de antibióticos restringe-se aos processos bacterianos e eles devem ser receitados por médicos.

PROFILAXIA:

"A vacinação é a única medida efetiva para reduzir os casos de gripe em uma região."

Existem vários testes diagnósticos disponíveis, divididos em quatro categorias: isolamento do vírus, considerado "gold standard", detecção de proteínas virais, detecção de ácido nucléico e provas sorológicas. A melhor amostra clínica utilizada nos primeiros três métodos é a combinação de "swabs" da nasofaringe e garganta. A realização e escolha do teste dependem de fatores como custo, sensibilidade e especificidade.

CONTROLE E PREVENÇÃO

Existem duas formas para prevenis e controlar a gripe: o uso de vacinas e o uso de agentes antivirais.
A vacinação é a única medida efetiva para reduzir o número de casos de gripe em uma região.
As recomendações tradicionais de uso são feitas pelas autoridades sanitárias e, geralmente, limitam-se a pessoas com fatores que as predispõem a morbidade e mortalidade severas.
"A vacina inativada é bem tolerada e pode ser utilizada em indivíduos com mais de seis meses de idade."

As vacinas licenciadas são formuladas com vírus inativados, trivalentes, pois contêm os subtipos influenza A (H1N1), influenza A (H3N2) e influenza B. A vacina inativada é segura e imunogênica, induzindo imunidade em 60% a 90% das crianças e adultos, sendo menos efetiva em idosos.

Diversos estudos demonstraram menor incidência de complicações bacterianas em crianças e a relação custo-benefício ficou evidenciada em idosos através da relação de admissões hospitalares e mortes após campanhas de vacinação. de outra forma, trabalhos científicos realizados com a participação de trabalhadores adultos saudáveis analisaram a diminuição dos episódios de doença respiratória, do número de visitas médicas e de dias perdidos de trabalho.

As reações locais, de pequena importância, podem ocorrer em 30% dos vacinados e perduram por até dois dias. As sistêmicas, em geral, ocorrem em pessoas que não tiveram exposição prévia aos antígenos e caracterizam-se por febre, mal-estar e dor muscular em frequência inferior a 1%.

É importante salientar que a vacina inativada contém vírus mortos não infecciosos que não podem causa gripe, e o diagnóstico de doença respiratória após vacinação é coincidência.

FONTE

MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica, DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. GUIA DE BOLSO, 6ª edição revista Série B. Textos Básicos de Saúde, brasília / DF, 2006

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