VIROSES : CATAPORA (VARICELA)
CATAPORA (VARICELA)
DEFINIÇÃO
É uma doença
infecciosa altamente contagiosa, exantemática e endêmica, causada por um vírus,
que aparece geralmente na infância, podendo apresentar complicações mais sérias
quando acomete os adolescentes, adultos e imunodeprimidos. É caracterizada
principalmente pela presença de lesões cutâneas. A pele e as mucosas
são os tecidos mais atingidos pela doença.A varicela é a infecção primária pelo
vírus varicela-zóster (VZV)
SINONÍMIA
É uma doença
também conhecida pelo nome de Catapora.
AGENTE ETIOLÓGICO
Vírus
varicela-zoster (VZV); grupo dos herpes vírus; DNA.
HOSPEDEIRO
O homem.
VIA DE ENTRADA
A principal
via de entrada é através das vias respiratórias superiores.
FORMA DE TRANSMISSÃO
Desde o
primeiro dia antes do aparecimento do exantema até quando todas as
vesículas se transformarem em crostas. Em média 8 dias.
TRANSMISSÃO
Direta:
através de gotículas das secreções respiratórias ou por contato direto com o
conteúdo das lesões vesiculares. A via de entrada principal é através das vias
respiratórias superiores.
DISSEMINAÇÃO
O vírus
penetra no organismo não causando nenhum sintoma na pessoa inicialmente,
depois de mais ou menos quinze dias os vírus invadem e danificam as células dos
pequenos vasos da pele e das mucosas. Um líquido transparente sai das células e
acumula-se sob a camada superficial formando uma pequena bolha (vesícula), num
período curto o líquido é absorvido e a vesícula vai diminuindo também, no seu
lugar surge uma pequena crosta, que depois de uns dias se desprende
não restando nenhuma cicatriz, só uma pequena mancha que
desaparece, depois de algumas semanas. Caso a criança se coce e
rompa as vesículas, essas podem se infectar e se transformar em pequenos
abscessos causando cicatrizes.
PERÍODO DE INCUBAÇÃO
Em média de 4 a 8 dias, excepcionalmente 14
dias.
FREQUÊNCIA
Ocorre mais
em crianças na fase pré-escolar e escolar. Os surtos epidêmicos ocorrem
mais durante o inverno. É uma doença que tem uma incidência alta de infecção
secundária de pele.
PERÍODO DE DURAÇÃO
Em média
duas a três semanas.
SINTOMATOLOGIA
Período prodrômico (em média tem a duração de 10
a 15 dias) cefaleia; febre baixa; anorexia; vômitos.
Período exantemático prurido, manchas vermelhas (máculas) arredondadas, que mudam para
pápulas, e logo em vesículas sendo estas pruriginosas, depois estas vesículas
se transformam em crostas até secarem e caírem naturalmente; as máculas podem
aparecer em qualquer parte do corpo, incluindo o couro cabeludo, a boca, o céu
da boca, as pálpebras ou a área genital; essas manchas vão aparecendo aos
poucos, durante os 3 ou 4 primeiros dias da doença, mas na maioria dos
casos podem aparecer em grande quantidade em determinado local do corpo e em outros
lugares em pequenas quantidades.
DIAGNÓSTICO
Exame clínico. Exames laboratoriais se necessário.
Diagnóstico diferencial (para não ser confundida com outras patologias com sintomas semelhantes)
Varíola. Eczema vaccinatum.
TRATAMENTO
A Varicela
em 95% dos casos não tem a necessidade de internamento hospitalar nem de
tratamento específico. O tratamento medicamentoso específico só é administrado
quando o paciente tem a forma grave da doença ou na presença de fatores de
risco para evolução desfavorável da doença.
Sintomático: conforme os sintomas apresentados e suas intercorrências.
v Antitérmicos: deve ser administrado para controlar a febre conforme indicação médica.
Deve ser evitado o uso de salicilatos no tratamento da varicela, pois pode desencadear
a Síndrome de Reye, que pode levar ao coma e deixar sequelas neurológicas.
v Corticóides devem ser evitados.
v Aplicação local nas vesículas de medicamentos que contenham antisséptico.
v Aplicação de medicamentos para aliviar o prurido.
v Recomendado repouso moderado no leito até a normalização da temperatura e
o início da queda das crostas.
v Banhos pelo menos 2 a 3 vezes ao dia são indicados com o objetivo
de evitar a instalação de infecções bacterianas secundárias;
v Não utilizar esponjas.
v Isolamento domiciliar, porque é considerada uma doença altamente
contagiosa, em média 12 há 15 dias.
v Evitar ingerir alimentos com temperatura muito quente ou muito fria na
presença de estomatite.
v Quando houver infecção secundária das lesões, é recomendado sob prescrição
médica, o uso de antibióticos.
Observação:
Quando a
gestante adquire a varicela no período de uma a quatro semanas antes do
nascimento, pode ocorrer infecção fetal, com um risco alto de o recém-nascido
desenvolver a varicela clínica, que pode evoluir de forma leve a grave,
dependendo da presença dos anticorpos maternos e do sistema imune do RN.
Complicações (raras):
v Encefalite (complicação mais grave da doença).
v Síndrome de Reye. Dermatite por infecção bacteriana secundária (nesse
caso as vesículas evoluem para pústulas).
v Pneumonia intersticial.
v Orquite.
v Otite média.
v Broncopneumonia.
v Impetigo. Laringite.
v Erisipela.
v Varicela hemorrágica (casos raros).
v Varicela gangrenosa (casos raros).
v Miocardite.
v Hepatite.
Complicações na gravidez
Na mulher
grávida a doença pode causar febre alta e lesões cutâneas, e
dependendo da época da gravidez em que houve a infecção materna o
feto pode apresentar:
v O feto pode ter varicela in útero;
O bebê pode
apresentar herpes zoster. Portanto, é imprescindível que a mulher no
período da gravidez não entre em contato de maneira nenhuma com pacientes
ou portadores de doença contagiosa, mesmo que o paciente esteja no final do
tratamento ou que esteja em período de convalescença.
Algumas
doenças contagiosas ainda são transmissíveis por algum tempo, mesmo depois de
terminado o tratamento, principalmente pelas vias aéreas superiores.
SEQÜELAS
Cicatrizes
permanentes. Manchas escuras na pele.
PROFILAXIA
Isolamento
domiciliar até que todas as lesões estejam em fase de crosta. Prevenção através
da vacinação: as vacinas disponíveis são de vírus vivos atenuados derivados da
cepa OKA. O esquema vacinal adotado é em dose única para crianças
de 1 a 13
anos de idade; após 13 anos, duas doses com intervalos de 4 a 8 semanas. É aplicada por
via subcutânea. A persistência de anticorpos após 10 anos está situada em torno
de 90%. A vacina para varicela poderá ser utilizada em alguns casos de
imunodeprimidos de acordo com protocolos específicos. Entretanto, é contraindicada
em pacientes portadores de HIV.
CUIDADOS GERAIS
v As unhas da criança devem estar bem cortadas e lixadas, vale também para
os adultos. Para crianças de colo é interessante que se use uma luvinha para
evitar que o bebê mexa nas bolhas.
v Jamais mexa nas lesões, pois podem resultar em cicatrizes ou manchas na
pele permanentes.
v Pode ser utilizada loção medicinal refrescante que contenha cânfora ou
uma pomada de bicarbonato de sódio e água, para aliviar o prurido.
v Não é prudente que a criança com varicela tome banho de piscina, além de
ser problemático para a criança pois a varicela deixa manchas visíveis no
período da doença, a água do cloro pode irritar a pele causando prurido
ou mesmo podendo levar a uma infecção devido ao efeito do cloro sobre as
vesículas ou crostas que ainda não secaram definitivamente.
v É prudente que a mulher grávida não visite uma pessoa com catapora. A
criança só deverá voltar à escola quando as crostas secarem completamente.
VARICELA CONGÊNITA
O vírus da
varicela não é considerado teratogênico, mas pode infectar o feto quando
a gestante adquire a varicela no primeiro trimestre de gravidez. Quando a
gestante contrai a varicela nesse período pode ocorrer em alguns casos aborto
espontâneo.
Há na
gravidez níveis altos de cortisol placentário que alteram e inibem a
imunidade do RN. Os anticorpos que surgem na vigência da varicela da gestante,
não neutralizam o vírus, podendo apenas reduzir sua multiplicação.
20% das gestantes com varicela
podem apresentar RN com varicela congênita apresentando os seguintes sintomas.
Peso baixo
do RN; RN nasce com lesões cutâneas cicatrizadas; Hipoplasia de membros.
Alterações oculares: coriorretinite, catarata e microftalmia. Lesões cerebrais;
Retardo mental. Hidrocefalia. Maior receptividade do RN para infecções; RN
natimorto. Esses sintomas podem ocorrer caso a gestante adquira o vírus da
varicela, nos primeiros 3 meses de gestação.
FONTE
MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Vigilância em Saúde,
Departamento de Vigilância Epidemiológica, DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. GUIA DE BOLSO, 6ª
edição revista Série B. Textos Básicos de Saúde, brasília / DF, 2006
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