sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

VIROSES : CATAPORA (VARICELA)

VIROSES : CATAPORA (VARICELA)


CATAPORA (VARICELA)

DEFINIÇÃO

É uma doença infecciosa altamente contagiosa, exantemática e endêmica, causada por um vírus, que aparece geralmente na infância, podendo apresentar complicações mais sérias quando acomete os adolescentes, adultos e imunodeprimidos. É caracterizada principalmente pela presença de lesões cutâneas.  A pele e as mucosas são os tecidos mais atingidos pela doença.A varicela é a infecção primária pelo vírus varicela-zóster (VZV)

SINONÍMIA

É uma doença também conhecida pelo nome de Catapora.

AGENTE ETIOLÓGICO

Vírus varicela-zoster (VZV); grupo dos herpes vírus; DNA.

HOSPEDEIRO

O homem.

VIA DE ENTRADA

A principal via de entrada é através das vias respiratórias superiores.

FORMA DE TRANSMISSÃO

Desde o primeiro dia  antes do aparecimento do exantema até quando todas as vesículas se transformarem em crostas. Em média 8 dias.

TRANSMISSÃO

Direta: através de gotículas das secreções respiratórias ou por contato direto com o conteúdo das lesões vesiculares. A via de entrada principal é através das vias respiratórias superiores.

DISSEMINAÇÃO

O vírus penetra no organismo  não causando nenhum sintoma na pessoa inicialmente, depois de mais ou menos quinze dias os vírus invadem e danificam as células dos pequenos vasos da pele e das mucosas. Um líquido transparente sai das células e acumula-se sob a camada superficial formando uma pequena bolha (vesícula), num período curto o líquido é absorvido e a vesícula vai diminuindo também, no seu lugar  surge uma pequena crosta, que depois de uns dias se desprende  não restando nenhuma cicatriz, só uma pequena mancha  que desaparece,  depois de algumas semanas.  Caso a criança se coce e rompa as vesículas, essas podem se infectar e se transformar em pequenos abscessos causando cicatrizes.  

PERÍODO DE INCUBAÇÃO

Em média de 4 a 8 dias, excepcionalmente 14 dias.

FREQUÊNCIA

Ocorre mais em crianças  na fase pré-escolar e escolar. Os surtos epidêmicos ocorrem mais durante o inverno. É uma doença que tem uma incidência alta de infecção secundária de pele.

PERÍODO DE DURAÇÃO

Em média duas a três semanas.

SINTOMATOLOGIA

Período prodrômico (em média tem a duração de 10 a 15 dias) cefaleia; febre baixa; anorexia; vômitos.

Período exantemático prurido, manchas vermelhas (máculas) arredondadas, que mudam para pápulas, e logo em vesículas sendo estas pruriginosas, depois estas vesículas se transformam em crostas até secarem e caírem naturalmente; as máculas podem aparecer em qualquer parte do corpo, incluindo o couro cabeludo, a boca, o céu da boca, as pálpebras ou a área genital; essas manchas vão aparecendo aos poucos, durante os 3 ou 4 primeiros  dias da doença, mas na maioria dos casos podem aparecer em grande quantidade em determinado local do corpo e em outros lugares em pequenas quantidades.

DIAGNÓSTICO

Exame clínico. Exames laboratoriais se necessário.
Diagnóstico diferencial  (para não ser confundida com outras patologias com sintomas semelhantes) Varíola. Eczema vaccinatum.

TRATAMENTO

A Varicela em 95% dos casos não tem a necessidade de internamento hospitalar nem de tratamento específico. O tratamento medicamentoso específico só é administrado quando o paciente tem a forma grave da doença ou na presença de fatores de risco para evolução desfavorável da doença.

Sintomático: conforme os sintomas apresentados e suas intercorrências.

Antitérmicos: deve ser administrado para controlar a febre conforme indicação médica. Deve ser evitado o uso de salicilatos no tratamento da varicela, pois pode desencadear a Síndrome de Reye, que pode levar ao coma e deixar sequelas neurológicas.
Corticóides devem ser evitados.

Aplicação local nas vesículas de medicamentos que contenham antisséptico.
Aplicação de medicamentos para aliviar o prurido.
Recomendado repouso moderado no leito até a normalização da temperatura e o início da queda das crostas.
Banhos pelo menos 2  a 3 vezes ao dia são indicados com o objetivo de evitar a instalação de infecções bacterianas secundárias;
Não utilizar esponjas.
Isolamento domiciliar, porque é considerada uma doença altamente contagiosa,  em média 12  há 15 dias.
Evitar ingerir alimentos com temperatura muito quente ou muito fria na presença de estomatite.
Quando houver infecção secundária das lesões, é recomendado sob prescrição médica, o uso de antibióticos.

Observação:

Quando a gestante adquire a varicela  no período de uma a quatro semanas antes do nascimento, pode ocorrer infecção fetal, com um risco alto de o recém-nascido desenvolver a varicela clínica, que pode evoluir de forma leve a grave, dependendo da presença dos anticorpos maternos e do sistema imune do RN.

Complicações (raras):

Encefalite (complicação mais grave da doença).
Síndrome de Reye. Dermatite por infecção bacteriana secundária (nesse caso as vesículas evoluem para pústulas).
Pneumonia intersticial.
Orquite.
Otite média.
Broncopneumonia.
Impetigo. Laringite.
Erisipela.
Varicela hemorrágica (casos raros).
Varicela gangrenosa (casos raros).
Miocardite.
Hepatite.

Complicações na gravidez

Na mulher grávida a doença pode causar febre alta e lesões cutâneas,   e dependendo da época da gravidez   em que houve a infecção materna o feto pode apresentar:

O feto pode ter varicela in útero;

O bebê pode apresentar herpes zoster. Portanto,  é imprescindível que a mulher no período da gravidez  não entre em contato de maneira nenhuma com pacientes ou portadores de doença contagiosa, mesmo que o paciente esteja no final do tratamento ou que esteja em período de convalescença. 

Algumas doenças contagiosas ainda são transmissíveis por algum tempo, mesmo depois de terminado o tratamento, principalmente pelas vias aéreas superiores.

SEQÜELAS

Cicatrizes permanentes. Manchas escuras na pele. 

PROFILAXIA

Isolamento domiciliar até que todas as lesões estejam em fase de crosta. Prevenção através da vacinação: as vacinas disponíveis são de vírus vivos atenuados derivados da cepa OKA.  O  esquema vacinal adotado é em dose única para crianças de 1 a 13 anos de idade; após 13 anos, duas doses com intervalos de 4 a 8 semanas. É aplicada por via subcutânea. A persistência de anticorpos após 10 anos está situada em torno de 90%. A vacina para varicela poderá ser utilizada em alguns casos de imunodeprimidos de acordo com protocolos específicos. Entretanto, é contraindicada em pacientes portadores de HIV.

CUIDADOS GERAIS

As unhas da criança devem estar bem cortadas e lixadas, vale também para os adultos. Para crianças de colo é interessante que se use uma luvinha para evitar que o bebê mexa nas bolhas.
Jamais mexa nas lesões, pois podem resultar em cicatrizes ou manchas na pele permanentes.
Pode ser utilizada loção medicinal refrescante que contenha cânfora ou uma pomada de bicarbonato de sódio e água, para aliviar o prurido.
Não é prudente que a criança com varicela tome banho de piscina, além de ser problemático para a criança pois a varicela deixa manchas visíveis no período da doença, a água do cloro pode irritar a pele causando prurido ou  mesmo podendo levar a uma infecção devido ao efeito do cloro sobre as vesículas ou crostas que ainda não secaram definitivamente.
É prudente que a mulher grávida não visite uma pessoa com catapora. A criança só deverá voltar à escola quando as crostas secarem completamente.

VARICELA  CONGÊNITA

O vírus da varicela não é considerado teratogênico, mas pode  infectar o feto quando a gestante adquire a varicela no primeiro trimestre de gravidez. Quando a gestante contrai a varicela nesse período pode ocorrer em alguns casos aborto espontâneo.

Há na gravidez níveis altos de cortisol placentário que alteram  e inibem a imunidade do RN. Os anticorpos que surgem na vigência da varicela da gestante, não neutralizam o vírus, podendo apenas reduzir sua multiplicação.

20% das gestantes com varicela podem apresentar RN com varicela congênita apresentando os seguintes sintomas.



Peso baixo do RN; RN nasce com lesões cutâneas cicatrizadas; Hipoplasia de membros. Alterações oculares: coriorretinite, catarata e microftalmia. Lesões cerebrais; Retardo mental. Hidrocefalia. Maior receptividade do RN para infecções; RN natimorto. Esses sintomas podem ocorrer caso a gestante adquira o vírus da varicela, nos primeiros 3 meses de gestação.

FONTE

MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica, DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. GUIA DE BOLSO, 6ª edição revista Série B. Textos Básicos de Saúde, brasília / DF, 2006

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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Bibliografia Complementar

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