sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

VIROSES : DENGUE

VIROSES :  DENGUE




DEFINIÇÃO

É uma doença infecciosa não contagiosa, aguda, início súbito de caráter epidemiológico, transmitida por um mosquito que costuma picar preferencialmente durante o dia. A doença caracteriza-se por febre, cefaleia intensa, dores nos olhos, mialgias, artralgias e exantemas. O aumento da epidemia de dengue principalmente no Brasil, deve-se também à intensificação do processo de urbanização, o homem está invadindo o habitat dos vetores. É uma doença que tem uma maior incidência em regiões com climas tropicais e subtropicais. As epidemias ocorrem no verão, durante ou imediatamente após períodos chuvosos.
Incidência

Ocorre mais nos meses do verão, por causa da maior proliferação do mosquito vetor.

Uma pessoa infectada por diversas vezes pelo vírus da dengue fica mais susceptível a contrair uma dengue hemorrágica.

A dengue tem uma incidência muito grande nas cidades, pois o mosquito se adaptou à área urbana.

A dengue não ocorre em locais com altitudes superiores a 1200m.

AGENTE ETIOLÓGICO

Arbovírus da família Flaviviridae; gênero Flavivírus; grupo B dos arbovírus; vírus RNA; são quatro sorotipos de vírus do dengue, denominados de 1, 2,3 ,4. No Brasil é encontrado o tipo 1 e 2, atualmente tem sido constatado o tipo 3, mais raramente.
Vetores

Mosquito fêmea Aedes aegypti (principal vetor da dengue no Brasil). Mosquito de cor escura, rajado com manchas brancas pelo corpo e pernas, tem hábitos diurnos. É originário da África. Gosta de colocar as suas larvas em água parada e limpa.

Mosquito fêmea Aedes albopictus: mosquito de cor escura, rajado com manchas brancas pelo corpo e pernas, tem hábitos diurnos. Atualmente está sendo encontrado no Brasil, é da mesma família do Aedes aegypti e também pode transmitir a febre amarela.

É originário da Oceania e Ásia, tem resistência para locais com altas temperaturas, suportando também lugares com baixas temperaturas, possuindo as mesmas características do Aedes aegypti por isso a dificuldade para diferenciar a espécie. As condições climáticas do Brasil não favorecem a proliferação dessa espécie de mosquito

RESERVATÓRIO

O homem é o único a participar no ciclo transmissor.

PERÍODO DE INCUBAÇÃO

Geralmente a média é de 4 a 6 dias após a picada, mas existem casos com período de incubação de até 15 dias.

PERÍODO DE DURAÇÃO

Em média, a doença dura de 3 a 5 dias nas crianças e 8 dias nos adultos. A prostração e a falta de apetite podem perdurar por alguns dias após a fase febril da doença, principalmente nos adultos.

TRANSMISSÃO

Através da picada da fêmea do mosquito infectada. Não existe contágio inter-humano.

O homem é capaz de transmitir o vírus para o mosquito desde o 1° dia antes do aparecimento dos sintomas até 5 dias após terem surgido os sintomas. O mosquito torna-se infectante entre 8 e 12 dias após ter picado o doente e assim permanece pelo resto de sua vida.

SINAIS E SINTOMAS

DENGUE CLÁSSICA

Febre alta;
Cefaleia intensa;
Dor retrocular;
Fotofobia;
Artralgias;
Mialgias;
Alteração do paladar;
Vômitos;
Náuseas;
Anorexia;
Astenia;
Calafrios;
Tonturas;
manchas vermelhas na pele;
Gengivorragias;
Hepatomegalia;
Prurido cutâneo intenso.

SINAIS E SINTOMAS

DENGUE HEMORRÁGICA

Após 4 ou 5 dias os sintomas diminuem e o indivíduo recupera-se completamente até 10 dias, mas se os sintomas depois do 3º dia persistirem com a diminuição da febre mas ocorrendo:
Sangramentos que não param;
Tonturas e desmaios (ocasionados pela diminuição da pressão sanguínea);
Sudorese;
Vômitos;
Dor abdominal difusa;
Desconforto epigástrico;
Artralgias;
Mialgias;
Dor de garganta;
Hepatomegalia;
Sinal de Rumpel-Leed (teste do torniquete positivo);
Hipotensão;
Fezes escuras (sangramento intestinal);
Cefaleia intensa e contínua;
Febre intensa oscilando entre 40° e 41°;
Fenômenos hemorrágicos: petéquias, púrpuras, equimoses, epistaxe, gengivorragias, metrorragias, hematêmese.

Esses fenômenos surgem no 2° ou 3° dia da doença, com petéquias na face, veu palatino, axilas e extremidades.

Esses sintomas podem caracterizar a forma mais grave da doença chamada de Dengue Hemorrágica, é necessário procurar o médico ou posto de Saúde imediatamente, se caso não for diagnosticada e tratada corretamente, pode evoluir para a Dengue Hemorrágica com choque, que pode levar a uma falência circulatória, causando o óbito do paciente.

Estágios (fases) na evolução dos casos de Dengue Hemorrágica, acompanhados ou não por choque:

Estágio I  - Febre acompanhada por sintomas constitucionais e de teste de torniquete positivo.

Estágio II  - As mesmas manifestações da primeira fase, acompanhadas de sangramento espontâneo, geralmente da pele.

Estagio III  - Falha circulatória evidenciada pela presença de pulso rápido e fraco, estreitamento da pressão do pulso ou hipotensão.

Estádio IV - Choque profundo, com o pulso e a pressão sanguínea imperceptíveis.

Observação: A redução acentuada da pressão sanguínea é um dos efeitos mais graves e um dos principais sinais da dengue hemorrágica, mesmo que não ocorra sangramentos, sem um diagnóstico rápido e um tratamento correto o paciente pode evoluir para o óbito.

Na dengue hemorrágica nem sempre o paciente tem sinais de sangramentos evidentes, mas pode ter alguns sintomas de hemorragia interna que se não forem devidamente detectados pelo médico, pode evoluir para o choque.

DIAGNÓSTICO
Exame físico.
Exame clínico.
Exames laboratoriais.
Métodos virológicos ( isolamento viral por inoculação em culturas celulares).
Métodos sorológicos (pesquisa de anticorpos específicos contra o vírus).
Sinal de Rumpel-Leed: Prova do laço ou Teste do torniquete para suspeita de dengue hemorrágica (aferindo com esfigmanômetro, o ponto médio entre as pressões arteriais sistólicas e diastólica, mantendo esta pressão por 5 minutos, deve-se observar a presença de petéquias sob o torniquete ou abaixo deste. O teste é considerado positivo quando se encontram 20 petéquias ou mais em área bem pequena).

Diagnóstico diferencial (deve ser feito para não ser confundida com as seguintes patologias com sintomas semelhantes)

Dengue Clássica

Sarampo.
Rubéola.
Escarlatina.
Exantema súbito.
Leptospirose na forma não-ictérica.
Enteroviroses.
Hepatites virais.
Influenza.
Malária.

Dengue Hemorrágica

Na forma hemorrágica com ou sem o choque, o diagnóstico diferencial deve ser feito para:

Septicemias, principalmente causadas por bactérias Gram-negativas.
Febre amarela.
Malária falciparum grave.

TRATAMENTO

Dengue Clássica

Sintomático: conforme os sintomas apresentados e as suas intercorrências.

Antitérmicos e Analgésicos: conforme indicação médica. (evitar os que contém salicilatos, porque podem aumentar o risco de hemorragias e acidose).
Dieta conforme a aceitação do paciente.
Beber bastante líquidos.
Antiinflamatórios: conforme indicação médica devido principalmente pelo risco de efeitos colaterais como hemorragias e reações alérgicas.
Repouso moderado no leito.
O paracetamol que é mais utilizado para tratar a dor e a febre deve ser tomado rigorosamente nas doses e no intervalo indicado pelo médico, pois esse medicamento utilizado sem prescrição médica ou em doses muito altas, pode causar lesão hepática, que se não for diagnosticada e tratada imediatamente pode evoluir para o óbito.

Atenção: O paciente com dengue deveria se possível ficar em um leito protegido com um mosquiteiro pelo menos nos primeiros 5 dias da doença, para impedir que um novo mosquito Aedes não infectante, pique a pessoa contaminada pela dengue e se torne infectante, podendo transmitir a doença para outras pessoas sadias.

Dengue Hemorrágica

Objetivo do tratamento é o combate à hemorragia e ao choque.
Necessária à hospitalização o mais rápido possível.
O período crítico da Dengue hemorrágica é a fase de transição entre o período febril e o afebril, que geralmente ocorre após o terceiro dia.
O paciente que apresenta sinais de Dengue hemorrágica com choque deve ser tratado como uma emergência médica.

Observação: Os antitérmicos que são utilizados no tratamento da dengue, somente devem ser usados se forem prescritos pelo médico. A automedicação pode causar graves sintomas e mascarar o diagnóstico da doença em questão. Dúvidas consulte o médico.

PREVENÇÃO

É importante salientar a importância da participação comunitária no controle do Aedes aegypti, porque a grande maioria dos criadouros do mosquito está situada no interior ou nas proximidades das residências, inclusive em depósitos de água criados pelo próprio homem.

O controle deve orientar-se principalmente contra as formas larvárias do mosquito, reservando-se as medidas de ataque às formas adultas, no evento de epidemias de dengue, ou então preveni-las.

Medidas sanitárias:

Notificação Compulsória às Autoridades Sanitárias;
Pulverização das zonas mais propensas ao mosquito (Fumacê);
Controle vetorial da região;
Medidas para a erradicação do vetor;
Campanhas educativas sanitárias para a população;
Campanhas educativas de prevenção da Dengue para a população.

Medidas gerais:

Substituir a água dos vasos de plantas por terra;
Evitar o cultivo de plantas em vasos com água;
Lavar e manter seco o prato coletor de água;
Não deixar pneus ou outros recipientes que possam acumular água;
Manter as lixeiras tampadas e secas;
Acondicionar o lixo em sacos plásticos fechados;
Bebedouros de animais devem ter a água trocada pelo menos 2 vezes por semana, depois de serem lavados e escovados;
Não jogar lixo nos terrenos baldios;
Guardar as garrafas vazias secas, sempre para baixo;
Furar toda vasilha de lata antes de jogá-la no lixo para que não acumule água;
Manter sempre tampados os filtros, cisternas, reservatórios e poços;
Ficar atento a plantas que podem acumular água;
Se a planta necessitar de água no prato, pode-se colocar areia em volta do prato;
Utilizar água clorada (40gts de água sanitária a 2,5% para cada litro) para regar bromélias ou outras plantas que acumulem água, duas vezes por semana.
Usar repelente para mosquito quando estiver em zona endêmica;
Usar mosquiteiros sobre as camas.

Medidas individuais:

Devido a epidemia de Dengue em vários estados do Brasil, a população está recorrendo a vários produtos que podem evitar a presença ou a picada do mosquito da dengue.

Alguns tem eficácia duvidosa, portanto sempre fique atento, principalmente quando é utilizado por crianças, observando sempre a reação:

Inseticidas: deve ser aplicado com cuidado, longe de crianças e de pessoas que tenham alergia ou problemas respiratórios; recomenda-se que quando aplicado principalmente em ambientes fechado as pessoas não estejam no local. Ação: matam ou deixam os mosquitos inativos.
Vela de Andiroba: Utilizar sempre as produzidas pelas empresas licenciadas pela Fiocruz. Ação: é de dez metros quadrados em ambientes fechado.

Sem contraindicação.

Repelentes elétricos: não matam o mosquito, apenas evitam sua presença no ambiente; quem tem problema respiratório deve evitar; não causa mal à saúde. Ação: não há garantia de eficácia contra o mosquito da dengue.
Repelentes eletrônicos: emitem um sinal sonoro de 10 mil Hertz, tornando o ambiente desagradável para o mosquito; não causa mal à saúde. Ação: não há garantia de eficácia contra o mosquito da dengue.
Repelentes corporais industrializados: usar uma ou duas vezes ao dia; recomenda-se lavar o corpo antes da reaplicação do produto. Ação: formam uma camada protetora sobre a pele, são os mais eficazes.
Repelente espiral: espiral verde, feita à base de ervas; não é recomendado para pessoas com problemas respiratórios. Ação: repele os mosquitos pela fumaça.
Loções, gel e creme de Citronela: são produtos encontrados em farmácias homeopáticas ou de manipulação; devem ser usados de acordo com orientação médica. Ação: cheiro forte que ajuda a repelir o mosquito.

Observação: O produto que tem contato direto com a pele, deve ser aplicado um pouco sobre uma área bem pequena do braço para verificar se a pessoa não tem alergia.

ATUALIDADES

Está sendo testado no Rio de Janeiro, um larvicida biológico fornecida por Cuba, para ser testado no combate às larvas do mosquito Aedes; a vantagem é que este larvicida não é tóxico e pode ser aplicado pelo próprio morador.

Os planos de Saúde são obrigados a atender os casos de dengue, há denúncias de que as operadoras têm se recusado a fazer o exame e fornecer o tratamento necessário, encaminhando o paciente para hospitais públicos.

Não existe comprovação científica da eficácia do uso de vitaminas do complexo B, ou de pílulas de alho na profilaxia da Dengue.

Quanto à imunização das populações susceptíveis são promissoras as experiências com vacinas elaboradas, a partir de técnicas de engenharia genética.

FONTE

MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica, DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. GUIA DE BOLSO, 6ª edição revista Série B. Textos Básicos de Saúde, brasília / DF, 2006

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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Bibliografia Complementar

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