VIROSES : DENGUE
DEFINIÇÃO
É uma doença
infecciosa não contagiosa, aguda, início súbito de caráter epidemiológico,
transmitida por um mosquito que costuma picar preferencialmente durante o dia.
A doença caracteriza-se por febre, cefaleia intensa, dores nos olhos, mialgias,
artralgias e exantemas. O aumento da epidemia de dengue principalmente no
Brasil, deve-se também à intensificação do processo de urbanização, o homem
está invadindo o habitat dos vetores. É uma doença que tem uma maior incidência
em regiões com climas tropicais e subtropicais. As epidemias ocorrem no verão,
durante ou imediatamente após períodos chuvosos.
Incidência
Ocorre mais
nos meses do verão, por causa da maior proliferação do mosquito vetor.
Uma pessoa
infectada por diversas vezes pelo vírus da dengue fica mais susceptível a
contrair uma dengue hemorrágica.
A dengue tem
uma incidência muito grande nas cidades, pois o mosquito se adaptou à área
urbana.
A dengue não
ocorre em locais com altitudes superiores a 1200m.
AGENTE ETIOLÓGICO
Arbovírus da
família Flaviviridae; gênero Flavivírus; grupo B dos arbovírus; vírus RNA; são
quatro sorotipos de vírus do dengue, denominados de 1, 2,3 ,4. No Brasil é
encontrado o tipo 1 e 2, atualmente tem sido constatado o tipo 3, mais
raramente.
Vetores
Mosquito
fêmea Aedes aegypti (principal vetor da dengue no Brasil). Mosquito de cor
escura, rajado com manchas brancas pelo corpo e pernas, tem hábitos diurnos. É
originário da África. Gosta de colocar as suas larvas em água parada e limpa.
Mosquito
fêmea Aedes albopictus: mosquito de cor escura, rajado com manchas brancas pelo
corpo e pernas, tem hábitos diurnos. Atualmente está sendo encontrado no
Brasil, é da mesma família do Aedes aegypti e também pode transmitir a febre
amarela.
É originário
da Oceania e Ásia, tem resistência para locais com altas temperaturas,
suportando também lugares com baixas temperaturas, possuindo as mesmas
características do Aedes aegypti por isso a dificuldade para diferenciar a espécie.
As condições climáticas do Brasil não favorecem a proliferação dessa espécie de
mosquito
RESERVATÓRIO
O homem é o
único a participar no ciclo transmissor.
PERÍODO DE INCUBAÇÃO
Geralmente a
média é de 4 a
6 dias após a picada, mas existem casos com período de incubação de até 15
dias.
PERÍODO DE DURAÇÃO
Em média, a
doença dura de 3 a
5 dias nas crianças e 8 dias nos adultos. A prostração e a falta de apetite
podem perdurar por alguns dias após a fase febril da doença, principalmente nos
adultos.
TRANSMISSÃO
Através da
picada da fêmea do mosquito infectada. Não existe contágio inter-humano.
O homem é
capaz de transmitir o vírus para o mosquito desde o 1° dia antes do
aparecimento dos sintomas até 5 dias após terem surgido os sintomas. O mosquito
torna-se infectante entre 8 e 12 dias após ter picado o doente e assim
permanece pelo resto de sua vida.
SINAIS E SINTOMAS
DENGUE CLÁSSICA
v Febre alta;
v Cefaleia intensa;
v Dor retrocular;
v Fotofobia;
v Artralgias;
v Mialgias;
v Alteração do paladar;
v Vômitos;
v Náuseas;
v Anorexia;
v Astenia;
v Calafrios;
v Tonturas;
v manchas vermelhas na pele;
v Gengivorragias;
v Hepatomegalia;
v Prurido cutâneo intenso.
SINAIS E SINTOMAS
DENGUE HEMORRÁGICA
Após 4 ou 5
dias os sintomas diminuem e o indivíduo recupera-se completamente até 10 dias,
mas se os sintomas depois do 3º dia persistirem com a diminuição da febre mas
ocorrendo:
v Sangramentos que não param;
v Tonturas e desmaios (ocasionados pela diminuição da pressão sanguínea);
v Sudorese;
v Vômitos;
v Dor abdominal difusa;
v Desconforto epigástrico;
v Artralgias;
v Mialgias;
v Dor de garganta;
v Hepatomegalia;
v Sinal de Rumpel-Leed (teste do torniquete positivo);
v Hipotensão;
v Fezes escuras (sangramento intestinal);
v Cefaleia intensa e contínua;
v Febre intensa oscilando entre 40° e 41°;
v Fenômenos hemorrágicos: petéquias, púrpuras, equimoses, epistaxe,
gengivorragias, metrorragias, hematêmese.
Esses
fenômenos surgem no 2° ou 3° dia da doença, com petéquias na face, veu
palatino, axilas e extremidades.
Esses
sintomas podem caracterizar a forma mais grave da doença chamada de Dengue
Hemorrágica, é necessário procurar o médico ou posto de Saúde imediatamente, se
caso não for diagnosticada e tratada corretamente, pode evoluir para a Dengue
Hemorrágica com choque, que pode levar a uma falência circulatória, causando o
óbito do paciente.
Estágios (fases) na evolução dos casos de Dengue
Hemorrágica, acompanhados ou não por choque:
v Estágio I - Febre acompanhada por
sintomas constitucionais e de teste de torniquete positivo.
v Estágio II - As mesmas
manifestações da primeira fase, acompanhadas de sangramento espontâneo,
geralmente da pele.
v Estagio III - Falha circulatória
evidenciada pela presença de pulso rápido e fraco, estreitamento da pressão do
pulso ou hipotensão.
v Estádio IV - Choque profundo, com o pulso e a pressão sanguínea
imperceptíveis.
Observação: A redução
acentuada da pressão sanguínea é um dos efeitos mais graves e um dos principais
sinais da dengue hemorrágica, mesmo que não ocorra sangramentos, sem um diagnóstico
rápido e um tratamento correto o paciente pode evoluir para o óbito.
Na dengue
hemorrágica nem sempre o paciente tem sinais de sangramentos evidentes, mas
pode ter alguns sintomas de hemorragia interna que se não forem devidamente
detectados pelo médico, pode evoluir para o choque.
DIAGNÓSTICO
v Exame físico.
v Exame clínico.
v Exames laboratoriais.
v Métodos virológicos ( isolamento viral por inoculação em culturas
celulares).
v Métodos sorológicos (pesquisa de anticorpos específicos contra o vírus).
v Sinal de Rumpel-Leed: Prova do laço ou Teste do torniquete para suspeita
de dengue hemorrágica (aferindo com esfigmanômetro, o ponto médio entre as
pressões arteriais sistólicas e diastólica, mantendo esta pressão por 5
minutos, deve-se observar a presença de petéquias sob o torniquete ou abaixo
deste. O teste é considerado positivo quando se encontram 20 petéquias ou mais
em área bem pequena).
Diagnóstico diferencial (deve ser feito para não ser
confundida com as seguintes patologias com sintomas semelhantes)
Dengue Clássica
v Sarampo.
v Rubéola.
v Escarlatina.
v Exantema súbito.
v Leptospirose na forma não-ictérica.
v Enteroviroses.
v Hepatites virais.
v Influenza.
v Malária.
Dengue Hemorrágica
Na forma
hemorrágica com ou sem o choque, o diagnóstico diferencial deve ser feito para:
v Septicemias, principalmente causadas por bactérias Gram-negativas.
v Febre amarela.
v Malária falciparum grave.
TRATAMENTO
Dengue Clássica
Sintomático: conforme os sintomas apresentados e as suas intercorrências.
v Antitérmicos e Analgésicos: conforme indicação médica. (evitar os que
contém salicilatos, porque podem aumentar o risco de hemorragias e acidose).
v Dieta conforme a aceitação do paciente.
v Beber bastante líquidos.
v Antiinflamatórios: conforme indicação médica devido principalmente pelo
risco de efeitos colaterais como hemorragias e reações alérgicas.
v Repouso moderado no leito.
v O paracetamol que é mais utilizado para tratar a dor e a febre deve ser
tomado rigorosamente nas doses e no intervalo indicado pelo médico, pois esse
medicamento utilizado sem prescrição médica ou em doses muito altas, pode
causar lesão hepática, que se não for diagnosticada e tratada imediatamente
pode evoluir para o óbito.
Atenção: O
paciente com dengue deveria se possível ficar em um leito protegido com um
mosquiteiro pelo menos nos primeiros 5 dias da doença, para impedir que um novo
mosquito Aedes não infectante, pique a pessoa contaminada pela dengue e se
torne infectante, podendo transmitir a doença para outras pessoas sadias.
Dengue Hemorrágica
v Objetivo do tratamento é o combate à hemorragia e ao choque.
v Necessária à hospitalização o mais rápido possível.
v O período crítico da Dengue hemorrágica é a fase de transição entre o
período febril e o afebril, que geralmente ocorre após o terceiro dia.
v O paciente que apresenta sinais de Dengue hemorrágica com choque deve ser
tratado como uma emergência médica.
Observação:
Os antitérmicos que são utilizados no tratamento da dengue, somente devem ser
usados se forem prescritos pelo médico. A automedicação pode causar graves
sintomas e mascarar o diagnóstico da doença em questão. Dúvidas consulte o
médico.
PREVENÇÃO
É importante
salientar a importância da participação comunitária no controle do Aedes
aegypti, porque a grande maioria dos criadouros do mosquito está situada no
interior ou nas proximidades das residências, inclusive em depósitos de água
criados pelo próprio homem.
O controle
deve orientar-se principalmente contra as formas larvárias do mosquito,
reservando-se as medidas de ataque às formas adultas, no evento de epidemias de
dengue, ou então preveni-las.
Medidas sanitárias:
v Notificação Compulsória às Autoridades Sanitárias;
v Pulverização das zonas mais propensas ao mosquito (Fumacê);
v Controle vetorial da região;
v Medidas para a erradicação do vetor;
v Campanhas educativas sanitárias para a população;
v Campanhas educativas de prevenção da Dengue para a população.
Medidas gerais:
v Substituir a água dos vasos de plantas por terra;
v Evitar o cultivo de plantas em vasos com água;
v Lavar e manter seco o prato coletor de água;
v Não deixar pneus ou outros recipientes que possam acumular água;
v Manter as lixeiras tampadas e secas;
v Acondicionar o lixo em sacos plásticos fechados;
v Bebedouros de animais devem ter a água trocada pelo menos 2 vezes por
semana, depois de serem lavados e escovados;
v Não jogar lixo nos terrenos baldios;
v Guardar as garrafas vazias secas, sempre para baixo;
v Furar toda vasilha de lata antes de jogá-la no lixo para que não acumule
água;
v Manter sempre tampados os filtros, cisternas, reservatórios e poços;
v Ficar atento a plantas que podem acumular água;
v Se a planta necessitar de água no prato, pode-se colocar areia em volta
do prato;
v Utilizar água clorada (40gts de água sanitária a 2,5% para cada litro)
para regar bromélias ou outras plantas que acumulem água, duas vezes por
semana.
v Usar repelente para mosquito quando estiver em zona endêmica;
v Usar mosquiteiros sobre as camas.
Medidas individuais:
Devido a
epidemia de Dengue em vários estados do Brasil, a população está recorrendo a
vários produtos que podem evitar a presença ou a picada do mosquito da dengue.
Alguns tem
eficácia duvidosa, portanto sempre fique atento, principalmente quando é
utilizado por crianças, observando sempre a reação:
v Inseticidas: deve ser aplicado com cuidado, longe de crianças e de
pessoas que tenham alergia ou problemas respiratórios; recomenda-se que quando
aplicado principalmente em ambientes fechado as pessoas não estejam no local.
Ação: matam ou deixam os mosquitos inativos.
v Vela de Andiroba: Utilizar sempre as produzidas pelas empresas
licenciadas pela Fiocruz. Ação: é de dez metros quadrados em ambientes fechado.
Sem contraindicação.
v Repelentes elétricos: não matam o mosquito, apenas evitam sua presença no ambiente; quem tem
problema respiratório deve evitar; não causa mal à saúde. Ação: não há garantia
de eficácia contra o mosquito da dengue.
v Repelentes eletrônicos: emitem um sinal sonoro de 10 mil Hertz, tornando o ambiente
desagradável para o mosquito; não causa mal à saúde. Ação: não há garantia de
eficácia contra o mosquito da dengue.
v Repelentes corporais industrializados: usar uma ou duas vezes ao dia; recomenda-se lavar o corpo antes da
reaplicação do produto. Ação: formam uma camada protetora sobre a pele, são os
mais eficazes.
v Repelente espiral: espiral verde, feita à base de ervas; não é recomendado para pessoas
com problemas respiratórios. Ação: repele os mosquitos pela fumaça.
v Loções, gel e creme de Citronela: são produtos encontrados em farmácias homeopáticas ou de manipulação;
devem ser usados de acordo com orientação médica. Ação: cheiro forte que ajuda
a repelir o mosquito.
Observação: O produto que tem contato direto com a pele, deve ser aplicado um pouco
sobre uma área bem pequena do braço para verificar se a pessoa não tem alergia.
ATUALIDADES
Está sendo
testado no Rio de Janeiro, um larvicida biológico fornecida por Cuba, para ser
testado no combate às larvas do mosquito Aedes; a vantagem é que este larvicida
não é tóxico e pode ser aplicado pelo próprio morador.
Os planos de
Saúde são obrigados a atender os casos de dengue, há denúncias de que as
operadoras têm se recusado a fazer o exame e fornecer o tratamento necessário,
encaminhando o paciente para hospitais públicos.
Não existe
comprovação científica da eficácia do uso de vitaminas do complexo B, ou de
pílulas de alho na profilaxia da Dengue.
Quanto à
imunização das populações susceptíveis são promissoras as experiências com
vacinas elaboradas, a partir de técnicas de engenharia genética.
FONTE
MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Vigilância em Saúde,
Departamento de Vigilância Epidemiológica, DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. GUIA DE BOLSO, 6ª
edição revista Série B. Textos Básicos de Saúde, brasília / DF, 2006
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