sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

GUIA PARA A REALIZAÇÃO DE ESTUDOS DE ESTABILIDADE DE MEDICAMENTOS

GUIA PARA A REALIZAÇÃO DE ESTUDOS DE ESTABILIDADE DE MEDICAMENTOS


A estabilidade de produtos farmacêuticos depende de fatores ambientais como temperatura, umidade e luz, e de outros relacionados ao próprio produto como propriedades físicas e químicas de substâncias ativas e excipientes farmacêuticos, forma farmacêutica e sua composição, processo de fabricação, tipo e propriedades dos materiais de embalagem.

APLICABILIDADE

Guia para testes de estabilidade de produtos farmacêuticos que contenham substâncias medicamentosas
bem estabelecidas em formas farmacêuticas convencionais.

1. DEFINIÇÕES

ESTUDOS DE ESTABILIDADE ACELERADA

Estudos projetados para acelerar a degradação química ou mudanças físicas de um produto farmacêutico pelo uso de condições de estocagem forçadas. Os dados assim obtidos, juntamente com aqueles derivados dos estudos de longa duração, podem ser usados para avaliar efeitos químicos prolongados em condições não aceleradas e para avaliar o impacto de curtas exposições a condições fora daquelas estabelecidas no rótulo, como podem ocorrer durante o transporte. Os resultados dos estudos acelerados nem sempre são indicativos de mudanças físicas.

ESTUDOS DE ESTABILIDADE DE LONGA DURAÇÃO

Estudos projetados para verificação das características físicas, químicas, biológicas e microbiológicas de um produto farmacêutico, durante e depois do prazo de validade esperado. Os resultados são usados para estabelecer ou confirmar a vida média projetada e recomendar as condições de estocagem.

ESTUDOS DE ESTABILIDADE DE ACOMPANHAMENTO

Estudos realizados para verificar que o produto farmacêutico mantém suas características físicas, químicas, biológicas, e microbiológicas conforme os estudos iniciais realizados.

LOTE

Quantidade de um produto obtido em um único processo ou série de processos, cujas características essenciais são a homogeneidade e qualidade dentro dos limites especificados.

LOTE EM ESCALA PILOTO

Um lote de produto farmacêutico produzido por um processo totalmente representativo simulando o lote de produção industrial e estabelecido por uma quantidade mínima equivalente a 10% do lote industrial previsto, ou quantidade equivalente à capacidade mínima do equipamento industrial a ser utilizado.
PERÍODO DE UTILIZAÇÃO

Período de tempo durante o qual uma preparação reconstituída ou uma forma farmacêutica acabada em recipientes multidose abertos pode ser usada.

PRAZO DE VALIDADE

Data limite para utilização de um produto farmacêutico definido pelo fabricante, com base nos seus respectivos testes de estabilidade, mantidas as condições de armazenamento e transporte estabelecidas pelo mesmo.

TESTES DE ESTABILIDADE

Conjunto de testes projetados para obter informações sobre a estabilidade de produtos farmacêuticos visando definir sua vida-média e período de utilização em embalagem e condições de estocagem especificadas.

VIDA DE PRATELEIRA

Período de tempo durante o qual um produto farmacêutico, se estocado corretamente, é esperado manter suas especificações como determinado pelos estudos de estabilidade em um número de lotes de produtos. A vida-média é usada para estabelecer o prazo de validade de cada produto.

ZONAS CLIMÁTICAS

Espaço ou zona geograficamente delimitada de acordo com os critérios de temperatura e umidade aplicável quando da realização de estudos de estabilidade. O Brasil situa-se na Zona Climática IV (quente/úmida).

2. DISPOSIÇÕES GERAIS

2.1. Os principais objetivos e usos dos estudos de estabilidade estão descritos abaixo.

Objetivo
Tipo do Estudo
Uso
Selecionar formulações e recipientes adequados (do ponto de vista da estabilidade).
Acelerado
Desenvolvimento do Produto
Determinar o prazo de validade e as condições de estocagem.
Acelerado e Longa
Duração
Desenvolvimento do Produto e Documentação de Registro
Substanciar vida-média da
estabilidade declarada.
Longa Duração
Documentação de Registro
Verificar se não foi introduzida
nenhuma mudança na
formulação ou no processo de
fabricação que possa afetar
adversamente a estabilidade do
produto
Longa Duração
Garantia da Qualidade em geral,
incluindo Controle de Qualidade

2.2. Os estudos de estabilidade acelerada realizados por um período de 6 meses podem ser aceitos de forma provisória, como requisito para o registro de um produto farmacêutico.

2.3. Os estudos de estabilidade acelerada fazem parte de um programa que permite projetar um período de vida útil provisório. Vencido o período definido como provisório, o período de vida de prateleira deve ser confirmado mediante a apresentação de um estudo de estabilidade de longa duração;

2.4. Fica estabelecido um período de vida de prateleira tentativo de 24 meses nas seguintes condições:

a) A substância ativa é considerada estável (não degradável facilmente); os estudos de estabilidade acelerada foram realizados segundo este Guia e nenhuma mudança significativa foi observada;

b) Dados de apoio mostram que para formulações similares foi atribuída uma vida de prateleira de 24 meses ou mais.

c) O fabricante dará continuidade aos estudos de longa duração até cobrir a vida de prateleira proposta e os resultados obtidos deverão ser apresentados após a conclusão do estudo.

2.5. Produtos contendo substâncias ativas menos estáveis e formulações não adequadas para estudos experimentais com estocagem a temperaturas elevadas (ex: supositórios) necessitam de estudos de estabilidade de longa duração mais abrangentes. A vida de prateleira proposta não deve exceder duas vezes o período do estudo de longa duração.

2.6. O estudo de estabilidade deve ser executado com o produto farmacêutico em sua embalagem primária original. Tratando-se de produtos armazenados a granel, devem ser apresentados estudos que garantam a manutenção das especificações propostas para o produto nesta condição. Assim, o prazo e as condições de armazenagem destes produtos até a etapa de embalagem primária, entre outros parâmetros que se fizerem necessários, devem ser estabelecidos.

2.7. Documentações adicionais, tais como: estudos de foto estabilidade, determinação e quantificação de produtos de degradação, e outros que se façam pertinentes de acordo com as propriedades do produto/substância ativa em questão; poderão ser necessárias para comprovação da estabilidade de
produtos farmacêuticos.

2.8. Quando o produto farmacêutico for acondicionado em recipientes que representam uma barreira para o vapor de água (por exemplo, recipientes de vidro como ampola, frasco-ampola, seringas de vidro preenchidas, etc.), não há necessidade de realizar o estudo em condições de alta umidade relativa.

2.9. O protocolo do estudo de estabilidade deve contemplar avaliações físicas, químicas, físico-químicas e microbiológicas, quando for o caso. Deve-se avaliar, também, a presença ou formação qualitativa e quantitativa de subprodutos e/ou produtos de degradação, utilizando-se metodologia adequada e validada.

3. SELEÇÃO DE LOTES

3.1. Para fins de registro: três lotes.
3.2. Os lotes a serem amostrados devem ser representativos do processo de fabricação, tanto em escala piloto quanto escala industrial.
3.3. Os lotes devem ser fabricados a partir de diferentes lotes de substância ativa.
3.4. Em estudos de acompanhamento, os lotes de produção devem ser amostrados de acordo com o plano abaixo:
a) Um lote por ano para formulações estáveis;
b) Um lote anual, considerando o pior caso, para produtos farmacêuticos com mesma composição e concentrações diferentes.
c) Um lote a cada 3-5 anos para formulações cujo perfil de estabilidade seja conhecido, a menos que
tenha ocorrido uma mudança que impactue nas características do produto, por exemplo, formulação ou processo de fabricação.

4. CONDIÇÕES DE ESTOCAGEM

4.1. O estudo de estabilidade acelerada deve ser realizado a 40ºC ± 2ºC / 75% UR ± 5% UR.
4.1.1. Para produtos que devem ser estocados em refrigerador os estudos de estabilidade acelerada devem ser conduzidos a 25ºC + 2ºC / 60% UR + 5% UR.
4.1.2. Para produtos em base aquosa embalados em recipientes semipermeáveis, os estudos de estabilidade acelerada devem ser conduzidos a 40ºC + 2ºC e não mais que 25% UR + 5% UR.
4.1.3. Quando mudanças significativas (veja abaixo) ocorrem durante o estudo de estabilidade acelerada, novo estudo deve ser realizado.

Uma mudança significativa numa condição acelerada é definida como:

a) Perda de 5% na potência em relação ao valor inicial do lote;
b) Qualquer produto de degradação acima do limite especificado;
c) O pH do produto acima do limite especificado;
d) A dissolução do produto fora do limite especificado para 12 cápsulas ou comprimidos;
e) O produto não atende às especificações para aparência e propriedades físicas como cor, separação de fase, dureza, etc.

4.2. O estudo de estabilidade de longa duração deve ser realizado a 30ºC ± 2ºC / 65% UR ± 5% UR.
4.2.1. Para produtos que devem ser estocados em refrigerador os estudos de estabilidade de longa duração devem ser realizados a 5ºC + 3ºC.
4.2.2. Para produtos que devem ser estocados em freezer os estudos de estabilidade de longa duração devem ser conduzidos a – 20ºC + 5ºC.
4.2.3. Para produtos em base aquosa, embalados em recipientes semipermeáveis (soluções em bolsas plásticas, gotas nasais em frascos plásticos, e assemelhados), os estudos de estabilidade de longa duração devem ser conduzidos a 30ºC + 2ºC / 35% UR + 5% UR.

5. FREQÜÊNCIA DOS TESTES

5.1. Estudos acelerados: 0, 1, 2, 3 e 6 meses. Deverão ser realizados todos os testes descritos em monografia específica de cada produto.
5.2. Estudos de longa duração: 0, 6, 9 e 12 meses, e anualmente após o primeiro ano até o tempo de vida de prateleira declarado no registro. Deverão ser realizados todos os testes descritos em monografia específica de cada produto.
5.3. Para estudos de acompanhamento, as amostras devem ser testadas em intervalos de 6 meses para confirmação da vida de prateleira prevista ou a cada 12 meses para produtos já estabelecidos. Formulações altamente estáveis podem ser testadas após 12 meses e no final da vida de prateleira. Produtos contendo substâncias menos estáveis devem ser testados a cada 3 meses no primeiro ano, cada 6 meses no segundo ano e depois anualmente até o tempo de vida de prateleira estabelecido.

6. TOLERÂNCIA NAS CONDIÇÕES DE ESTOCAGEM

O local de estocagem deve manter a temperatura num limite de + 2ºC e + 5% UR. A temperatura e umidade reais de estocagem devem ser monitoradas durante o estudo de estabilidade. Pequenas variações devido à abertura de portas são consideradas inevitáveis. O efeito de variações devido à falha no equipamento deve ser acompanhado pela pessoa responsável e reportado caso impactue no resultado do estudo. Variações que excedam estes limites (isto é, + 2ºC e/ou + 5% UR) por mais de 24 horas devem ser descritos no relatório do estudo e seu impacto avaliado.

7. RELATÓRIO DE ESTABILIDADE

7.1. O relatório de estabilidade deve apresentar detalhes do projeto do estudo, bem como resultados e conclusões. Os resultados devem ser apresentados em tabela e em gráfico.
7.2. No relatório devem constar também:
a) número de lote;
b) tamanho do lote;
c) condições de armazenamento;
d) resultado dos testes;
e) data de fabricação do lote;
f) tipo de material de acondicionamento;
g) número de amostras testadas por lote;
h) número de amostras analisadas por período;

8. VIDA DE PRATELEIRA E CONDIÇÕES DE ESTOCAGEM RECOMENDADAS

8.1. Depois de avaliada a estabilidade do produto, uma das seguintes recomendações deve ser indicada na embalagem primária e secundária do produto farmacêutico:
a) manter a temperatura ambiente (15ºC à 30ºC);
b) manter entre 2ºC e 8ºC, sob refrigeração;
c) manter congelado (- 5ºC à - 20ºC);
d) manter abaixo de - 18 ºC;

8.1.1. Informações adicionais como: proteger da luz, manter em lugar seco e outras devem ser incluídas quando necessário;

9. CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS

9.1. Em caso de produtos que requeiram reconstituição ou diluição, deve constar o período pelo qual o produto mantém a sua estabilidade depois da reconstituição, nas condições de armazenamento determinadas;
9.2. Os estudos devem ser conduzidos utilizando o diluente especificado para reconstituição do produto farmacêutico ou, se existir mais de um, com aquele que estime obter o produto farmacêutico reconstituído menos estável.
9.3. Se não puder ser demonstrada que a substância ou produto permanecerá dentro dos critérios de aceitação quando estocados à 30ºC + 2ºC / 65% UR + 5% UR para a duração do período de reteste proposto (substância ativa) ou vida de prateleira (produto terminado), as seguintes opções devem ser consideradas: (1) redução do período de reteste ou vida de prateleira; (2) uso de uma embalagem primária mais protetora; (3) inclusão de precauções adicionais no rótulo.

ESTUDO DE ESTABILIDADE DE PRODUTOS NOVOS – PLANO DE ESTUDO
DE ESTABILIDADE REDUZIDO

1. INTRODUÇÃO

Bracketing e Matrixing são modelos reduzidos de plano de estudo de estabilidade, baseados em princípios diferentes. Entretanto, considerações cuidadosas e justificativas científicas devem preceder o uso do estudo utilizando estes modelos.

Modelos reduzidos podem ser aplicados ao estudo de estabilidade formal de muitos tipos de produtos, embora justificativas adicionais devam ser apresentadas para certos sistemas complexos de liberação de fármacos, nos quais existe um grande número de potenciais interações.

A aplicação dos modelos reduzidos deve ser justificada. Em certos casos, a condição descrita nesse Guia é suficiente para o uso, enquanto em outros casos, justificativa adicional deve ser apresentada. O tipo e o nível de justificativa em cada caso dependerá dos dados de apoio disponíveis.

2. DEFINIÇÕES

2.1. BRACKETING

Modelo do plano de estabilidade no qual somente amostras dos extremos de certos fatores, por exemplo: dosagem, tamanho da embalagem; são testadas na mesma freqüência existente no estudo completo. O modelo assume que a estabilidade de qualquer nível intermediário é representada pelos extremos testados.

Quando um limite de dosagem é testado o bracketing é aplicado se as dosagens são idênticas ou muito próximas (por exemplo: mesma granulação para compressão de comprimidos com pesos diferentes ou cápsulas com peso de enchimento diferente, mas com a mesma composição). Bracketing pode ser aplicado para recipientes com diferentes tamanhos ou mesmo recipiente, mas com enchimento diferente.

2.2. MATRIXING

Modelo do plano de estabilidade no qual um sub-lote, selecionado de um número total de amostras possíveis para todos os fatores de combinação, é testado numa freqüência especificada. A intervalos de tempo subsequentes, outro sub-lote de amostra para todos os fatores de combinações é testado.

O modelo assume que a estabilidade de cada sub-lote de amostras testadas representa a estabilidade de todas as amostras a determinado intervalo de tempo. As diferenças nas amostras para o mesmo produto devem ser identificadas como, por exemplo: lotes com revestimentos diferentes, dosagens diferentes, tamanhos diferentes de um mesmo recipiente de embalagem e, em alguns casos, tamanhos diferentes de recipientes.

3. PROCEDIMENTO

3.1. BRACKETING

3.1.1. FATORES DO MODELO

São variáveis (por exemplo: dosagem, tamanho do recipiente e/ou enchimento) a serem avaliadas no modelo do estudo por seu efeito na estabilidade do produto.

3.1.2. DOSAGEM

Pode ser aplicado para estudos com múltiplas dosagens de formulações idênticas ou próximas. Exemplos:

a) Cápsulas de diferentes dosagens, utilizando a mesma mistura, com enchimentos diferentes;
b) Comprimidos de diferentes dosagens, com o mesmo granulado, com pesos diferentes;
c) Soluções orais com diferentes dosagens, mas com formulações que diferem somente nos excipientes menores (por exemplo: corantes, aromatizantes, etc.).

Nos casos em que entre as várias dosagens são usados excipientes diferentes o bracketing geralmente não deve ser aplicado.

3.1.3. TAMANHO DO RECIPIENTE E/OU ENCHIMENTO

Bracketing pode ser aplicado a estudos nos quais tanto o tamanho do recipiente ou o enchimento variam, enquanto as outras características permanecem constantes. Deve-se selecionar cuidadosamente os extremos comparando-se as várias características do recipiente que podem afetar a estabilidade do produto.

Essas características incluem a espessura da parede do recipiente, a geometria de fechamento, a área de superfície do volume, headspace, taxa de permeabilidade do vapor d’água ou oxigênio por unidade de dosagem ou volume, conforme apropriado.

3.1.4. CONSIDERAÇÕES DE MODELO E POTENCIAIS DE RISCO

Se depois de iniciados os estudos, um dos extremos deixar de ser comercializado, o estudo pode ser mantido para apoiar as dosagens intermediárias.
Se houver diferença na estabilidade dos extremos, os intermediários não devem ser considerados mais estáveis que o extremo menos estável.

3.2. MATRIXING

3.2.1. FATORES DE MODELO

O modelo matrixing pode ser aplicado para dosagens com formulações idênticas ou próximas.

Exemplos:

a) Cápsulas de diferentes dosagens, utilizando a mesma mistura, com enchimentos diferentes;
b) Comprimidos de diferentes dosagens, com o mesmo granulado, com pesos diferentes;
c) Soluções orais com diferentes dosagens, mas com formulações que diferem somente nos excipientes menores (por exemplo: corantes, aromatizantes, etc.).

Com justificativa, o modelo matrixing pode ser aplicado, por exemplo, para diferentes dosagens onde ocorre alteração em relativa quantidade de substância ativa e excipientes; ou onde diferentes excipientes são usados; ou para diferentes recipientes.

3.2.2. CONSIDERAÇÕES DO MODELO

Para este modelo, em condições de estocagem acelerada ou de longa duração, devem ser tomados cuidados para garantir a realização dos testes no mínimo em três pontos de tempo, incluindo inicial e final, para cada combinação de fatores selecionada.
3.2.3. APLICABILIDADE E GRAU DE REDUÇÃO

Os fatores abaixo devem ser considerados quando da utilização do matrixing:

a) Conhecimento da variabilidade de dados;
b) Estabilidade esperada do produto;
c) Disponibilidade de dados de apoio;
d) Diferenças na estabilidade do produto em um fator ou entre fatores e/ou
e) Combinação de fatores no estudo.

Se o modelo matrixing for considerado aplicável, o grau de redução que pode ser feito de um modelo completo depende da combinação de fatores a ser avaliada. Quanto maior o número de fatores associados ao produto e maior número de níveis de cada fator, maior será o grau de redução que pode ser considerado. Entretanto, nenhum modelo reduzido pode prever adequadamente a vida-média de um produto farmacêutico.

3.2.4. RISCO POTENCIAL

Devido à quantidade reduzida de dados coletados, o modelo matrixing em fatores que não a frequência, geralmente tem menor precisão na estimativa, projetando uma vida-média menor que aquela obtida num estudo completo.

4. AVALIAÇÃO DOS DADOS

Os dados de estudo de estabilidade num modelo reduzido devem ser tratados da mesma maneira que os dados de um modelo de estudo completo.

ESTUDO DE FOTOESTABILIDADE

1. FOTOESTABILIDADE

O teste tem como objetivo demonstrar que uma exposição à luz não resulta em alterações significantes no produto.

São recomendados testes em:

a) Produto exposto
b) Produto em sua embalagem primária
c) Produto em sua embalagem final

1.1. AS FONTES DE LUZ

São descritas duas opções para a realização dos testes. Para o teste deve-se manter um controle apropriado da temperatura, a fim de minimizar os efeitos de alterações localizadas deste fator.

Opção 1:

Utilizar uma fonte de luz similar ao padrão de emissão D65/ID65, como uma lâmpada fluorescente artificial combinando emissão visível e UV. D65 é o padrão internacional reconhecido para luz do dia como definido na ISO 10977(1993). ID65 é o equivalente ao padrão de luz indireta de interiores. Para fonte de luz emitindo radiação significativa abaixo de 320nm, deve ser utilizado filtro(s) para eliminar tais radiações.

Opção 2:

A amostra deve ser exposta à combinação descrita abaixo:

a) Lâmpada branca fluorescente fria similar à ISO 10977(1993)
b) Lâmpada fluorescente UV com espectro distribuído entre 320nm e 400nm, e emissão máxima de energia entre 350nm e 370nm.

1.2. PROCEDIMENTO

Para estudos de confirmação, amostras devem ser expostas a não menos que 1,2milhões de Lux/hora, integrados à não menos que 200Watts/hora de luz UV/m2.

As amostras devem ser expostas lado a lado utilizando o sistema químico validado actinométrico, assegurando que a exposição foi garantida; ou a uma duração apropriada quando as condições são monitoradas por radiômetros ou luxímetros calibrados.

Se amostras protegidas - por exemplo, em papel alumínio; forem utilizadas como controles para avaliação das alterações provocadas pela temperatura induzida no processo, estas devem ser colocadas junto com as amostras em teste.

1.2.1. SISTEMA ACTINOMÉTRICO

Trata-se de um sistema para monitoramento de exposições próximas à lâmpada fluorescente UV.

a) Prepare uma solução aquosa de quinino monocloridrato diidratado 2% peso/volume (se necessário, dissolva à quente).
b) Amostra: 10ml solução de quinino em ampola de 20ml incolor, selada hermeticamente.
c) Controle: 10ml solução de quinino em ampola de 20ml incolor, selada hermeticamente, e embrulhada em papel alumínio.
d) Promova uma exposição luminosa da amostra e do controle em fonte de luz por um tempo apropriado.
e) Após a exposição, determine as absorbâncias da amostra e do controle à 400nm e cubeta de 1cm.
f) A alteração observada deve ser > 0,9AU.

Normalmente, os estudos em produtos são tratados iniciando com o teste de exposição total do produto e em seguida, se necessário ao produto na embalagem primária e secundária. Os testes dão sequencia à medida que os resultados demonstram que o produto é adequadamente protegido da exposição à luz.

Normalmente, somente um lote da substância ativa é testado durante a fase de desenvolvimento; e depois as características de fotoestabilidade devem ser confirmadas em um lote selecionado, classificando a substância ativa como fotoestável ou fotossensível. Se os resultados dos estudos de confirmação se
apresentarem divergentes, outros dois lotes devem ser testados. As amostras devem ser selecionadas conforme descrito no Guia.

Em alguns produtos onde tem sido demonstrado que a embalagem primária é completamente fotoprotetora, tais como: tubos de alumínio ou enlatados; os testes são direcionados apenas para o produto exposto.

Pode ser apropriado testar certos produtos como infusões líquidas, cremes tópicos, etc. para garantir sua fotoestabilidade em uso. A extensão destes testes depende do uso dos produtos.

Os processos analíticos usados devem ser adequadamente validados.

1.3. APRESENTAÇÃO DAS AMOSTRAS

Cuidados devem ser tomados para garantir preservadas as características físicas das amostras sob teste, tais como resfriamento e/ou posicionamento das amostras em recipientes lacrados, propiciando minimizar alterações de estado físico, a citar: sublimação, evaporação ou fusão. Estas ações são tomadas a fim de estabelecer o mínimo de interferência com a irradiação das amostras sob teste. Possíveis interações entre as amostras e materiais utilizados em sua proteção ou componentes dos recipientes devem sempre ser
consideradas e quando não relevantes ao processo, descartadas.

Quando as amostras estão sendo testadas fora da embalagem primária, devem ser posicionados de maneira a promover o máximo de exposição à fonte de luz.

Se a exposição direta não é adequada, por exemplo: devido oxidar o produto; a amostra deve ser colocada em um recipiente inerte, transparente e protegido adequadamente.

Se houver necessidade de testar o produto nas embalagens primária e secundária, as amostras devem ser colocadas horizontalmente ou transversalmente em relação à fonte de luz, definidas pela maior uniformidade na exposição. Alguns ajustes devem ser necessários, tratando-se de recipientes maiores.

1.4. ANÁLISE DAS AMOSTRAS

Ao final do período de exposição, as amostras devem ser examinadas para qualquer alteração das propriedades físicas (em geral, aparência, limpidez ou cor da solução; ou dissolução/desintegração para formas como cápsulas, etc.), teor e produtos de degradação, por métodos validados adequadamente para
produtos desejados resultantes de processos de degradação fotoquímica.

Tratando-se de pós, as amostras devem utilizar porções representativas nos testes individuais. Para comprimidos, os testes devem ser conduzidos com uma quantidade apropriada; por exemplo, 20 comprimidos ou cápsulas. Caso tenham sido utilizadas amostras protegidas como controle, as análises
devem ser realizadas concomitantemente.

1.5. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

Dependendo das alterações obtidas durante os estudos de fotoestabilidade, rótulos ou embalagens especiais podem ser necessários para evitar a exposição à luz, de maneira a assegurar a estabilidade do produto durante o prazo de validade proposto.

FONTE : ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária: www.anvisa.gov.br

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