GUIA PARA A REALIZAÇÃO DE ESTUDOS DE ESTABILIDADE DE MEDICAMENTOS
A
estabilidade de produtos farmacêuticos depende de fatores ambientais como
temperatura, umidade e luz, e de outros relacionados ao próprio produto como
propriedades físicas e químicas de substâncias ativas e excipientes
farmacêuticos, forma farmacêutica e sua composição, processo de fabricação,
tipo e propriedades dos materiais de embalagem.
APLICABILIDADE
Guia
para testes de estabilidade de produtos farmacêuticos que contenham substâncias
medicamentosas
bem
estabelecidas em formas farmacêuticas convencionais.
1. DEFINIÇÕES
ESTUDOS DE ESTABILIDADE
ACELERADA
Estudos
projetados para acelerar a degradação química ou mudanças físicas de um produto
farmacêutico pelo uso de condições de estocagem forçadas. Os dados assim
obtidos, juntamente com aqueles derivados dos estudos de longa duração, podem
ser usados para avaliar efeitos químicos prolongados em condições não
aceleradas e para avaliar o impacto de curtas exposições a condições fora
daquelas estabelecidas no rótulo, como podem ocorrer durante o transporte. Os
resultados dos estudos acelerados nem sempre são indicativos de mudanças
físicas.
ESTUDOS DE ESTABILIDADE
DE LONGA DURAÇÃO
Estudos
projetados para verificação das características físicas, químicas, biológicas e
microbiológicas de um produto farmacêutico, durante e depois do prazo de
validade esperado. Os resultados são usados para estabelecer ou confirmar a
vida média projetada e recomendar as condições de estocagem.
ESTUDOS DE ESTABILIDADE
DE ACOMPANHAMENTO
Estudos
realizados para verificar que o produto farmacêutico mantém suas
características físicas, químicas, biológicas, e microbiológicas conforme os
estudos iniciais realizados.
LOTE
Quantidade
de um produto obtido em um único processo ou série de processos, cujas
características essenciais são a homogeneidade e qualidade dentro dos limites
especificados.
LOTE EM ESCALA PILOTO
Um
lote de produto farmacêutico produzido por um processo totalmente
representativo simulando o lote de produção industrial e estabelecido por uma
quantidade mínima equivalente a 10% do lote industrial previsto, ou quantidade
equivalente à capacidade mínima do equipamento industrial a ser utilizado.
PERÍODO DE UTILIZAÇÃO
Período
de tempo durante o qual uma preparação reconstituída ou uma forma farmacêutica
acabada em recipientes multidose abertos pode ser usada.
PRAZO DE VALIDADE
Data
limite para utilização de um produto farmacêutico definido pelo fabricante, com
base nos seus respectivos testes de estabilidade, mantidas as condições de
armazenamento e transporte estabelecidas pelo mesmo.
TESTES DE ESTABILIDADE
Conjunto
de testes projetados para obter informações sobre a estabilidade de produtos
farmacêuticos visando definir sua vida-média e período de utilização em
embalagem e condições de estocagem especificadas.
VIDA DE PRATELEIRA
Período
de tempo durante o qual um produto farmacêutico, se estocado corretamente, é
esperado manter suas especificações como determinado pelos estudos de
estabilidade em um número de lotes de produtos. A vida-média é usada para
estabelecer o prazo de validade de cada produto.
ZONAS CLIMÁTICAS
Espaço
ou zona geograficamente delimitada de acordo com os critérios de temperatura e
umidade aplicável quando da realização de estudos de estabilidade. O Brasil
situa-se na Zona Climática IV (quente/úmida).
2. DISPOSIÇÕES GERAIS
2.1.
Os principais objetivos e usos dos estudos de estabilidade estão descritos
abaixo.
|
Tipo
do Estudo
|
Uso
|
|
Selecionar
formulações e recipientes adequados (do ponto de vista da estabilidade).
|
Acelerado
|
Desenvolvimento
do Produto
|
|
Determinar
o prazo de validade e as condições de estocagem.
|
Acelerado e Longa
Duração
|
Desenvolvimento
do Produto e Documentação de Registro
|
|
Substanciar vida-média da
estabilidade declarada.
|
Longa
Duração
|
Documentação
de Registro
|
|
Verificar se não foi introduzida
nenhuma mudança na
formulação ou no processo de
fabricação que possa afetar
adversamente a estabilidade do
produto
|
Longa
Duração
|
Garantia da Qualidade em geral,
incluindo
Controle de Qualidade
|
2.2.
Os estudos de estabilidade acelerada realizados por um período de 6 meses podem
ser aceitos de forma provisória, como requisito para o registro de um produto
farmacêutico.
2.3.
Os estudos de estabilidade acelerada fazem parte de um programa que permite
projetar um período de vida útil provisório. Vencido o período definido como
provisório, o período de vida de prateleira deve ser confirmado mediante a
apresentação de um estudo de estabilidade de longa duração;
2.4.
Fica estabelecido um período de vida de prateleira tentativo de 24 meses nas
seguintes condições:
a)
A substância ativa é considerada estável (não degradável facilmente); os
estudos de estabilidade acelerada foram realizados segundo este Guia e nenhuma
mudança significativa foi observada;
b)
Dados de apoio mostram que para formulações similares foi atribuída uma vida de
prateleira de 24 meses ou mais.
c)
O fabricante dará continuidade aos estudos de longa duração até cobrir a vida
de prateleira proposta e os resultados obtidos deverão ser apresentados após a
conclusão do estudo.
2.5.
Produtos contendo substâncias ativas menos estáveis e formulações não adequadas
para estudos experimentais com estocagem a temperaturas elevadas (ex:
supositórios) necessitam de estudos de estabilidade de longa duração mais
abrangentes. A vida de prateleira proposta não deve exceder duas vezes o
período do estudo de longa duração.
2.6.
O estudo de estabilidade deve ser executado com o produto farmacêutico em sua
embalagem primária original. Tratando-se de produtos armazenados a granel,
devem ser apresentados estudos que garantam a manutenção das especificações
propostas para o produto nesta condição. Assim, o prazo e as condições de armazenagem
destes produtos até a etapa de embalagem primária, entre outros parâmetros que
se fizerem necessários, devem ser estabelecidos.
2.7.
Documentações adicionais, tais como: estudos de foto estabilidade, determinação
e quantificação de produtos de degradação, e outros que se façam pertinentes de
acordo com as propriedades do produto/substância ativa em questão; poderão ser
necessárias para comprovação da estabilidade de
produtos
farmacêuticos.
2.8.
Quando o produto farmacêutico for acondicionado em recipientes que representam
uma barreira para o vapor de água (por exemplo, recipientes de vidro como
ampola, frasco-ampola, seringas de vidro preenchidas, etc.), não há necessidade
de realizar o estudo em condições de alta umidade relativa.
2.9.
O protocolo do estudo de estabilidade deve contemplar avaliações físicas,
químicas, físico-químicas e microbiológicas, quando for o caso. Deve-se
avaliar, também, a presença ou formação qualitativa e quantitativa de
subprodutos e/ou produtos de degradação, utilizando-se metodologia adequada e
validada.
3. SELEÇÃO DE LOTES
3.1.
Para fins de registro: três lotes.
3.2.
Os lotes a serem amostrados devem ser representativos do processo de
fabricação, tanto em escala piloto quanto escala industrial.
3.3.
Os lotes devem ser fabricados a partir de diferentes lotes de substância ativa.
3.4.
Em estudos de acompanhamento, os lotes de produção devem ser amostrados de
acordo com o plano abaixo:
a)
Um lote por ano para formulações estáveis;
b)
Um lote anual, considerando o pior caso, para produtos farmacêuticos com mesma
composição e concentrações diferentes.
c)
Um lote a cada 3-5 anos para formulações cujo perfil de estabilidade seja
conhecido, a menos que
tenha
ocorrido uma mudança que impactue nas características do produto, por exemplo,
formulação ou processo de fabricação.
4. CONDIÇÕES DE
ESTOCAGEM
4.1.
O estudo de estabilidade acelerada deve ser realizado a 40ºC ± 2ºC / 75% UR ±
5% UR.
4.1.1.
Para produtos que devem ser estocados em refrigerador os estudos de
estabilidade acelerada devem ser conduzidos a 25ºC + 2ºC / 60% UR + 5% UR.
4.1.2.
Para produtos em base aquosa embalados em recipientes semipermeáveis, os
estudos de estabilidade acelerada devem ser conduzidos a 40ºC + 2ºC e não mais
que 25% UR + 5% UR.
4.1.3.
Quando mudanças significativas (veja abaixo) ocorrem durante o estudo de
estabilidade acelerada, novo estudo deve ser realizado.
Uma
mudança significativa numa condição acelerada é definida como:
a)
Perda de 5% na potência em relação ao valor inicial do lote;
b)
Qualquer produto de degradação acima do limite especificado;
c)
O pH do produto acima do limite especificado;
d)
A dissolução do produto fora do limite especificado para 12 cápsulas ou
comprimidos;
e)
O produto não atende às especificações para aparência e propriedades físicas
como cor, separação de fase, dureza, etc.
4.2.
O estudo de estabilidade de longa duração deve ser realizado a 30ºC ± 2ºC / 65%
UR ± 5% UR.
4.2.1.
Para produtos que devem ser estocados em refrigerador os estudos de
estabilidade de longa duração devem ser realizados a 5ºC + 3ºC.
4.2.2.
Para produtos que devem ser estocados em freezer os estudos de estabilidade de
longa duração devem ser conduzidos a – 20ºC + 5ºC.
4.2.3.
Para produtos em base aquosa, embalados em recipientes semipermeáveis (soluções
em bolsas plásticas, gotas nasais em frascos plásticos, e assemelhados), os
estudos de estabilidade de longa duração devem ser conduzidos a 30ºC + 2ºC /
35% UR + 5% UR.
5. FREQÜÊNCIA DOS TESTES
5.1.
Estudos acelerados: 0, 1, 2, 3 e 6 meses. Deverão ser realizados todos os
testes descritos em monografia específica de cada produto.
5.2.
Estudos de longa duração: 0, 6, 9 e 12 meses, e anualmente após o primeiro ano
até o tempo de vida de prateleira declarado no registro. Deverão ser realizados
todos os testes descritos em monografia específica de cada produto.
5.3.
Para estudos de acompanhamento, as amostras devem ser testadas em intervalos de
6 meses para confirmação da vida de prateleira prevista ou a cada 12 meses para
produtos já estabelecidos. Formulações altamente estáveis podem ser testadas
após 12 meses e no final da vida de prateleira. Produtos contendo substâncias
menos estáveis devem ser testados a cada 3 meses no primeiro ano, cada 6 meses
no segundo ano e depois anualmente até o tempo de vida de prateleira
estabelecido.
6. TOLERÂNCIA NAS
CONDIÇÕES DE ESTOCAGEM
O
local de estocagem deve manter a temperatura num limite de + 2ºC e + 5% UR. A
temperatura e umidade reais de estocagem devem ser monitoradas durante o estudo
de estabilidade. Pequenas variações devido à abertura de portas são
consideradas inevitáveis. O efeito de variações devido à falha no equipamento
deve ser acompanhado pela pessoa responsável e reportado caso impactue no
resultado do estudo. Variações que excedam estes limites (isto é, + 2ºC e/ou +
5% UR) por mais de 24 horas devem ser descritos no relatório do estudo e seu
impacto avaliado.
7. RELATÓRIO DE
ESTABILIDADE
7.1.
O relatório de estabilidade deve apresentar detalhes do projeto do estudo, bem
como resultados e conclusões. Os resultados devem ser apresentados em tabela e
em gráfico.
7.2.
No relatório devem constar também:
a)
número de lote;
b)
tamanho do lote;
c)
condições de armazenamento;
d)
resultado dos testes;
e)
data de fabricação do lote;
f)
tipo de material de acondicionamento;
g)
número de amostras testadas por lote;
h)
número de amostras analisadas por período;
8. VIDA DE PRATELEIRA E
CONDIÇÕES DE ESTOCAGEM RECOMENDADAS
8.1.
Depois de avaliada a estabilidade do produto, uma das seguintes recomendações
deve ser indicada na embalagem primária e secundária do produto farmacêutico:
a)
manter a temperatura ambiente (15ºC à 30ºC);
b)
manter entre 2ºC e 8ºC, sob refrigeração;
c)
manter congelado (- 5ºC à - 20ºC);
d)
manter abaixo de - 18 ºC;
8.1.1.
Informações adicionais como: proteger da luz, manter em lugar seco e outras
devem ser incluídas quando necessário;
9. CONSIDERAÇÕES
ADICIONAIS
9.1.
Em caso de produtos que requeiram reconstituição ou diluição, deve constar o
período pelo qual o produto mantém a sua estabilidade depois da reconstituição,
nas condições de armazenamento determinadas;
9.2.
Os estudos devem ser conduzidos utilizando o diluente especificado para
reconstituição do produto farmacêutico ou, se existir mais de um, com aquele
que estime obter o produto farmacêutico reconstituído menos estável.
9.3.
Se não puder ser demonstrada que a substância ou produto permanecerá dentro dos
critérios de aceitação quando estocados à 30ºC + 2ºC / 65% UR + 5% UR para a
duração do período de reteste proposto (substância ativa) ou vida de prateleira
(produto terminado), as seguintes opções devem ser consideradas: (1) redução do
período de reteste ou vida de prateleira; (2) uso de uma embalagem primária
mais protetora; (3) inclusão de precauções adicionais no rótulo.
ESTUDO DE ESTABILIDADE
DE PRODUTOS NOVOS – PLANO DE ESTUDO
DE ESTABILIDADE REDUZIDO
1. INTRODUÇÃO
Bracketing
e Matrixing são modelos reduzidos de plano de estudo de estabilidade, baseados
em princípios diferentes. Entretanto, considerações cuidadosas e justificativas
científicas devem preceder o uso do estudo utilizando estes modelos.
Modelos
reduzidos podem ser aplicados ao estudo de estabilidade formal de muitos tipos
de produtos, embora justificativas adicionais devam ser apresentadas para
certos sistemas complexos de liberação de fármacos, nos quais existe um grande
número de potenciais interações.
A
aplicação dos modelos reduzidos deve ser justificada. Em certos casos, a
condição descrita nesse Guia é suficiente para o uso, enquanto em outros casos,
justificativa adicional deve ser apresentada. O tipo e o nível de justificativa
em cada caso dependerá dos dados de apoio disponíveis.
2. DEFINIÇÕES
2.1. BRACKETING
Modelo
do plano de estabilidade no qual somente amostras dos extremos de certos
fatores, por exemplo: dosagem, tamanho da embalagem; são testadas na mesma
freqüência existente no estudo completo. O modelo assume que a estabilidade de
qualquer nível intermediário é representada pelos extremos testados.
Quando
um limite de dosagem é testado o bracketing é aplicado se as dosagens são
idênticas ou muito próximas (por exemplo: mesma granulação para compressão de
comprimidos com pesos diferentes ou cápsulas com peso de enchimento diferente,
mas com a mesma composição). Bracketing pode ser aplicado para recipientes com
diferentes tamanhos ou mesmo recipiente, mas com enchimento diferente.
2.2. MATRIXING
Modelo
do plano de estabilidade no qual um sub-lote, selecionado de um número total de
amostras possíveis para todos os fatores de combinação, é testado numa
freqüência especificada. A intervalos de tempo subsequentes, outro sub-lote de
amostra para todos os fatores de combinações é testado.
O
modelo assume que a estabilidade de cada sub-lote de amostras testadas
representa a estabilidade de todas as amostras a determinado intervalo de
tempo. As diferenças nas amostras para o mesmo produto devem ser identificadas
como, por exemplo: lotes com revestimentos diferentes, dosagens diferentes,
tamanhos diferentes de um mesmo recipiente de embalagem e, em alguns casos,
tamanhos diferentes de recipientes.
3. PROCEDIMENTO
3.1. BRACKETING
3.1.1. FATORES DO MODELO
São
variáveis (por exemplo: dosagem, tamanho do recipiente e/ou enchimento) a serem
avaliadas no modelo do estudo por seu efeito na estabilidade do produto.
3.1.2. DOSAGEM
Pode
ser aplicado para estudos com múltiplas dosagens de formulações idênticas ou
próximas. Exemplos:
a)
Cápsulas de diferentes dosagens, utilizando a mesma mistura, com enchimentos
diferentes;
b)
Comprimidos de diferentes dosagens, com o mesmo granulado, com pesos
diferentes;
c)
Soluções orais com diferentes dosagens, mas com formulações que diferem somente
nos excipientes menores (por exemplo: corantes, aromatizantes, etc.).
Nos
casos em que entre as várias dosagens são usados excipientes diferentes o
bracketing geralmente não deve ser aplicado.
3.1.3. TAMANHO DO
RECIPIENTE E/OU ENCHIMENTO
Bracketing
pode ser aplicado a estudos nos quais tanto o tamanho do recipiente ou o
enchimento variam, enquanto as outras características permanecem constantes.
Deve-se selecionar cuidadosamente os extremos comparando-se as várias
características do recipiente que podem afetar a estabilidade do produto.
Essas
características incluem a espessura da parede do recipiente, a geometria de
fechamento, a área de superfície do volume, headspace, taxa de permeabilidade
do vapor d’água ou oxigênio por unidade de dosagem ou volume, conforme
apropriado.
3.1.4. CONSIDERAÇÕES DE
MODELO E POTENCIAIS DE RISCO
Se
depois de iniciados os estudos, um dos extremos deixar de ser comercializado, o
estudo pode ser mantido para apoiar as dosagens intermediárias.
Se
houver diferença na estabilidade dos extremos, os intermediários não devem ser
considerados mais estáveis que o extremo menos estável.
3.2. MATRIXING
3.2.1. FATORES DE MODELO
O
modelo matrixing pode ser aplicado para dosagens com formulações idênticas ou
próximas.
Exemplos:
a)
Cápsulas de diferentes dosagens, utilizando a mesma mistura, com enchimentos
diferentes;
b)
Comprimidos de diferentes dosagens, com o mesmo granulado, com pesos
diferentes;
c)
Soluções orais com diferentes dosagens, mas com formulações que diferem somente
nos excipientes menores (por exemplo: corantes, aromatizantes, etc.).
Com
justificativa, o modelo matrixing pode ser aplicado, por exemplo, para
diferentes dosagens onde ocorre alteração em relativa quantidade de substância
ativa e excipientes; ou onde diferentes excipientes são usados; ou para
diferentes recipientes.
3.2.2. CONSIDERAÇÕES DO
MODELO
Para
este modelo, em condições de estocagem acelerada ou de longa duração, devem ser
tomados cuidados para garantir a realização dos testes no mínimo em três pontos
de tempo, incluindo inicial e final, para cada combinação de fatores
selecionada.
3.2.3. APLICABILIDADE E
GRAU DE REDUÇÃO
Os
fatores abaixo devem ser considerados quando da utilização do matrixing:
a)
Conhecimento da variabilidade de dados;
b)
Estabilidade esperada do produto;
c)
Disponibilidade de dados de apoio;
d)
Diferenças na estabilidade do produto em um fator ou entre fatores e/ou
e)
Combinação de fatores no estudo.
Se
o modelo matrixing for considerado aplicável, o grau de redução que pode ser
feito de um modelo completo depende da combinação de fatores a ser avaliada.
Quanto maior o número de fatores associados ao produto e maior número de níveis
de cada fator, maior será o grau de redução que pode ser considerado.
Entretanto, nenhum modelo reduzido pode prever adequadamente a vida-média de um
produto farmacêutico.
3.2.4. RISCO POTENCIAL
Devido
à quantidade reduzida de dados coletados, o modelo matrixing em fatores que não
a frequência, geralmente tem menor precisão na estimativa, projetando uma
vida-média menor que aquela obtida num estudo completo.
4. AVALIAÇÃO DOS DADOS
Os
dados de estudo de estabilidade num modelo reduzido devem ser tratados da mesma
maneira que os dados de um modelo de estudo completo.
ESTUDO DE
FOTOESTABILIDADE
1. FOTOESTABILIDADE
O
teste tem como objetivo demonstrar que uma exposição à luz não resulta em
alterações significantes no produto.
São
recomendados testes em:
a)
Produto exposto
b)
Produto em sua embalagem primária
c)
Produto em sua embalagem final
1.1. AS FONTES DE LUZ
São
descritas duas opções para a realização dos testes. Para o teste deve-se manter
um controle apropriado da temperatura, a fim de minimizar os efeitos de
alterações localizadas deste fator.
Opção 1:
Utilizar
uma fonte de luz similar ao padrão de emissão D65/ID65, como uma lâmpada
fluorescente artificial combinando emissão visível e UV. D65 é o padrão
internacional reconhecido para luz do dia como definido na ISO 10977(1993).
ID65 é o equivalente ao padrão de luz indireta de interiores. Para fonte de luz
emitindo radiação significativa abaixo de 320nm, deve ser utilizado filtro(s)
para eliminar tais radiações.
Opção 2:
A
amostra deve ser exposta à combinação descrita abaixo:
a)
Lâmpada branca fluorescente fria similar à ISO 10977(1993)
b)
Lâmpada fluorescente UV com espectro distribuído entre 320nm e 400nm, e emissão
máxima de energia entre 350nm e 370nm.
1.2. PROCEDIMENTO
Para
estudos de confirmação, amostras devem ser expostas a não menos que 1,2milhões
de Lux/hora, integrados à não menos que 200Watts/hora de luz UV/m2.
As
amostras devem ser expostas lado a lado utilizando o sistema químico validado
actinométrico, assegurando que a exposição foi garantida; ou a uma duração
apropriada quando as condições são monitoradas por radiômetros ou luxímetros
calibrados.
Se
amostras protegidas - por exemplo, em papel alumínio; forem utilizadas como
controles para avaliação das alterações provocadas pela temperatura induzida no
processo, estas devem ser colocadas junto com as amostras em teste.
1.2.1. SISTEMA
ACTINOMÉTRICO
Trata-se
de um sistema para monitoramento de exposições próximas à lâmpada fluorescente
UV.
a)
Prepare uma solução aquosa de quinino monocloridrato diidratado 2% peso/volume
(se necessário, dissolva à quente).
b)
Amostra: 10ml solução de quinino em ampola de 20ml incolor, selada
hermeticamente.
c)
Controle: 10ml solução de quinino em ampola de 20ml incolor, selada
hermeticamente, e embrulhada em papel alumínio.
d)
Promova uma exposição luminosa da amostra e do controle em fonte de luz por um
tempo apropriado.
e)
Após a exposição, determine as absorbâncias da amostra e do controle à 400nm e
cubeta de 1cm.
f)
A alteração observada deve ser > 0,9AU.
Normalmente,
os estudos em produtos são tratados iniciando com o teste de exposição total do
produto e em seguida, se necessário ao produto na embalagem primária e
secundária. Os testes dão sequencia à medida que os resultados demonstram que o
produto é adequadamente protegido da exposição à luz.
Normalmente,
somente um lote da substância ativa é testado durante a fase de
desenvolvimento; e depois as características de fotoestabilidade devem ser
confirmadas em um lote selecionado, classificando a substância ativa como
fotoestável ou fotossensível. Se os resultados dos estudos de confirmação se
apresentarem
divergentes, outros dois lotes devem ser testados. As amostras devem ser
selecionadas conforme descrito no Guia.
Em
alguns produtos onde tem sido demonstrado que a embalagem primária é
completamente fotoprotetora, tais como: tubos de alumínio ou enlatados; os
testes são direcionados apenas para o produto exposto.
Pode
ser apropriado testar certos produtos como infusões líquidas, cremes tópicos,
etc. para garantir sua fotoestabilidade em uso. A extensão destes testes
depende do uso dos produtos.
Os
processos analíticos usados devem ser adequadamente validados.
1.3. APRESENTAÇÃO DAS
AMOSTRAS
Cuidados
devem ser tomados para garantir preservadas as características físicas das
amostras sob teste, tais como resfriamento e/ou posicionamento das amostras em
recipientes lacrados, propiciando minimizar alterações de estado físico, a
citar: sublimação, evaporação ou fusão. Estas ações são tomadas a fim de
estabelecer o mínimo de interferência com a irradiação das amostras sob teste.
Possíveis interações entre as amostras e materiais utilizados em sua proteção
ou componentes dos recipientes devem sempre ser
consideradas
e quando não relevantes ao processo, descartadas.
Quando
as amostras estão sendo testadas fora da embalagem primária, devem ser
posicionados de maneira a promover o máximo de exposição à fonte de luz.
Se
a exposição direta não é adequada, por exemplo: devido oxidar o produto; a
amostra deve ser colocada em um recipiente inerte, transparente e protegido
adequadamente.
Se
houver necessidade de testar o produto nas embalagens primária e secundária, as
amostras devem ser colocadas horizontalmente ou transversalmente em relação à
fonte de luz, definidas pela maior uniformidade na exposição. Alguns ajustes devem
ser necessários, tratando-se de recipientes maiores.
1.4. ANÁLISE DAS
AMOSTRAS
Ao
final do período de exposição, as amostras devem ser examinadas para qualquer
alteração das propriedades físicas (em geral, aparência, limpidez ou cor da
solução; ou dissolução/desintegração para formas como cápsulas, etc.), teor e
produtos de degradação, por métodos validados adequadamente para
produtos
desejados resultantes de processos de degradação fotoquímica.
Tratando-se
de pós, as amostras devem utilizar porções representativas nos testes
individuais. Para comprimidos, os testes devem ser conduzidos com uma
quantidade apropriada; por exemplo, 20 comprimidos ou cápsulas. Caso tenham
sido utilizadas amostras protegidas como controle, as análises
devem
ser realizadas concomitantemente.
1.5. AVALIAÇÃO DOS
RESULTADOS
Dependendo
das alterações obtidas durante os estudos de fotoestabilidade, rótulos ou
embalagens especiais podem ser necessários para evitar a exposição à luz, de
maneira a assegurar a estabilidade do produto durante o prazo de validade
proposto.
FONTE : ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária: www.anvisa.gov.br
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