PRINCIPAIS REQUISITOS A
SE CONSIDERAR NAS CENTRAIS DE MANIPULAÇÃO PARTE 1
SISTEMAS DE MANIPULAÇÃO FRACIONAMENTO E REENVASE
Denise
de Oliveira Kühner
Farmacêutica
especialista em Farmácia Hospitalar.
Pós-graduada
pela Universidade Veiga de Almeida - RJ
1 – FUNCIONALIDADE
A
análise prévia da implantação de central de farmacotécnica deve prever, através
da demanda, da área física disponível e do fluxo de pessoas e materiais, qual a
melhor disposição de equipamentos e materiais que garantam
que
as solicitações sejam atendidas da forma mais ágil e com o menor custo
possível, sem comprometimento da qualidade final do produto ou do serviço
oferecido.
2 – EQUIPAMENTOS
A
escolha do equipamento necessário depende do espaço físico disponível, das
características da unidade hospitalar e das especialidades médicas (como por
exemplo, oncologia/hematologia clínicas, unidades de tratamento intensivo,
hospital
pediátrico, emergência em hospital geral) que influenciam no tipo de
manipulação necessária.
As
áreas controladas devem ter acesso limitado e estar dispostas suficientemente
distantes do local de operações da farmácia, para minimizar a contaminação de
fluxo de materiais e pessoas dentro e fora da área.
Os
processos de digitação, confecção de rótulos e registros devem ser feitos fora
da área controlada. As cabines de fluxo laminar, destinadas ao preparo de
produtos de risco III devem obrigatoriamente possuir ante-sala grau C.
2.1 – INSTALAÇÃO DOS
EQUIPAMENTOS
Os
equipamentos devem ser instalados de forma a permitir fácil operação /
manutenção, devem ser também calibrados periodicamente com registro das
calibrações no equipamento (etiqueta afixada) e em livro próprio para este fim.
As
manutenções preventivas, preditivas e corretivas devem ser anotadas em livro
próprio.
Devem
estar instalados de forma que, periodicamente, possam ser fácil e totalmente
limpos. Devem ser escolhidos, se possível, de modo a permitir esterilização,
por vapor, aquecimento a seco ou outro método. A utilização de qualquer
equipamento como auxiliar só é permitida se o mesmo estiver em funcionamento
quando for feita a validação da sala controlada.
2.2 – CONTROLE DE
QUALIDADE DOS EQUIPAMENTOS
Para
verificação da total eficiência e uniformidade de trabalho em um equipamento,
deve estar sempre disponível um manual descrevendo os métodos seguros e
eficazes para operação de cada peça do equipamento.
O
equipamento usado em todas as fases do serviço deve ser calibrado, ter
manutenção prevista e ser monitorado de acordo com esquemas que garantem a
segurança de sua função. Os procedimentos, os reagentes, o pessoal e os
dispositivos de monitoramento devem estar disponíveis para conduzir as
atividades acima.
Os
resultados devem ser documentados para incluir os testes realizados e as ações
corretivas tomadas, caso estes estudos revelem variação dentro dos limites
definidos.
3 – EDUCAÇÃO,
TREINAMENTO E AVALIAÇÃO DE PESSOAL
O
farmacêutico, profissional responsável por assegurar a aplicação do melhor
procedimento técnico, deve supervisionar todas as atividades e garantir que o
pessoal de apoio esteja adequadamente treinado para o desempenho das mesmas.
Ambos devem participar de programas visando aumento/manutenção das competências
na manipulação.
Os
programas incluem o treinamento no uso adequado dos equipamentos,
como
balanças e instrumentos de medição; as noções da importância na precisão das
medições; as técnicas farmacêuticas necessárias para preparação das diversas
formas; as propriedades das formas farmacêuticas e
os
fatores relativos à estabilidade; o armazenamento e procedimentos de
manipulação; o manuseio de medicamentos nocivos na área de manipulação,
incluindo os procedimentos para evitar exposição, procedimentos de emergência
na exposição do manipulador e localização de equipamentos de segurança na área;
o uso e interpretação dos símbolos e abreviações químicas nas prescrições e nos
produtos; os cálculos farmacêuticos.
Os
funcionários manipuladores devem ser treinados para atender às cópias das
prescrições médicas; organizar e controlar as atividades no setor; cumprir as
diretrizes administrativas; manusear com cuidado os manuais de funcionamento do
setor; manter a chefia informada sobre qualquer irregularidade ocorrida;
dispensar os medicamentos destinados a cada paciente, quando prontos e
etiquetados e manter o local de trabalho limpo e
arrumado.
Os
funcionários manipuladores de produtos estéreis devem receber treinamento
especial e avaliação teórica e prática, registradas e arquivadas nos programas.
Os parâmetros que devem ser implantados nos programas de treinamento incluem
técnica asséptica; fatores de contaminação da área crítica; monitoramento
ambiental; espaço físico, equipamentos e suprimentos; terminologia e cálculos
relativos aos compostos estéreis; documentação sobre os produtos; procedimentos
de garantia da qualidade; procedimentos sobre as
preparações
assépticas; técnica para paramentação e calçamento das luvas; conduta geral na
área controlada.
Todo
pessoal envolvido na manutenção da limpeza deve receber treinamento específico
com conceitos básicos sobre assepsia e fatores de contaminação das áreas.
A
técnica asséptica empregada por cada funcionário manipulador deve ser observada
e avaliada durante a orientação e o treinamento.
O
farmacêutico responsável deve possuir conhecimento suficiente sobre as áreas de
controle e qualidade ambiental, sobre os componentes e testes dos produtos
finais; sobre procedimentos assépticos, técnicas de esterilização, embalagens,
equipamentos e seleção de sistemas fechados.
3.1 – PARAMENTAÇÃO
MÍNIMA DE ACORDO COM A CLASSIFICAÇÃO DAS SALAS:
Os
funcionários manipuladores devem sempre utilizar uniformes limpos para
circulação nas áreas controladas, toucas, máscaras, botas ou propés e luvas
cirúrgicas estéreis de uso único.
Os
uniformes devem ser confeccionados de tecido que libere o mínimo de material
particulado. Recomenda-se o uso de capotes com punhos elásticos. Durante o
preparo, as luvas podem ser enxaguadas frequentemente com álcool a 70% e devem
ser trocadas quando sua integridade estiver comprometida ou a cada hora.
4 – COMUNICAÇÕES
4.1 – INFORMES MÉDICOS (prescrições médicas)
A
avaliação da prescrição médica deve observar legibilidade e ausência de
rasuras, identificação do profissional prescritor, identificação do leito do
paciente, nome e identificação das substâncias prescritas – nome genérico,
concentração / dosagem, forma farmacêutica, quantidade, modo de usar, local e
data.
Cada
prescrição deve ser avaliada quanto à compatibilidade e viabilidade dos
componentes entre si e suas concentrações máximas.
Se
a dose ultrapassar os limites ou se forem detectadas interações medicamentosas
que possam por risco à saúde do paciente, o profissional prescritor deve
confirmar a prescrição médica. Na ausência ou negativa de confirmação, o
farmacêutico tem a faculdade de não / dispensar o produto, expondo os motivos
por escrito.
CLASSE 10
v capuz
v Protetor total para face
v macacão
v botas
v luvas
CLASSE 100
v capuz
v Cobertura para barba e bigode
v macacão
v botas
v luvas
CLASSE 1.000
v capuz
v Cobertura para barba e bigode
v macacão
v botas
v luvas
CLASSE 10.000
v capuz
v Cobertura para barba e bigode
v macacão
v botas
v luvas
CLASSE 100.000
v Cobertura para cabelo
v Cobertura para barba e bigode
v macacão ou sobretudo
v sapatos próprios
v luvas
4.2 – INFORMES
FARMACÊUTICOS
(Rótulos)
Os
rótulos confeccionados pelo Serviço de Farmácia, para identificação dos
medicamentos e do destino dos mesmos, têm como propósito primário a divulgação
de informações específicas ao usuário dos medicamentos.
A
rotulagem feita com uso de lápis ou caneta e o emprego de etiquetas adesivas
devem ser vetados, pois não garantem a segurança da identificação. Não deve
haver sobreposição de rótulos, conter rasuras ou ser ilegível. Deve aderir
firmemente à embalagem e estar posicionado de modo a possibilitar leitura
quando o medicamento estiver sendo administrado. Não podem ser alterados por
outrem que não o pessoal do serviço de farmácia habilitado para tal. Devem
possuir tamanho suficiente para permitir inspeção visual do
medicamento
contido na embalagem.
No
rótulo deve constar: o nome do paciente, nome da(s) substância(s),
leito/clínica, concentração, prontuário, veículo para reconstituição ou
infusão, data da preparação, via, tempo e horário de administração, validade
(mês e ano), rubrica do manipulador, lote e data de fabricação, indicação de
conservação e emprego de equipos especiais (se necessário), além de indicações
especiais, como: misture bem antes de usar, não mastigar, etc.
A
indicação da concentração deve ser feita utilizando-se o sistema métrico (mcg,
mg, g ou ml e l), incluindo-se menção da concentração total da embalagem, ou
seja: se um pacote possui 2 comprimidos de 300 mg, por exemplo, deve haver a
seguinte indicação: 600 mg, com 2 comp de 300 mg cada. Ou 500 mg, como 100
mg/ml – 5 ml.
Quaisquer
instruções especiais ou procedimentos requeridos pelo paciente em relação à
preparação, armazenamento e administração devem ser parte do rótulo ou
acompanhar a medicação, através de ficha anexada à embalagem do medicamento. É
recomendável a prática de orientar o paciente sobre o regime
terapêutico,
para assegurar compreensão e aderência ao tratamento.
As
embalagens pequenas podem apresentar, no rótulo, apenas o número do prontuário,
nome da substância, concentração e nome do paciente, mas devem ser afixadas em
um cartão com todas as informações adicionais necessárias.
5 – SEGURANÇA
Os
visitantes e pessoas não treinadas não devem ter acesso às áreas de
manipulação. Se necessário o acesso de qualquer funcionário ou pessoa estranha
às áreas de manipulação para manutenção de equipamentos ou outros fins, este
deve ser instruído sobre os procedimentos de paramentação, higiene e
acompanhados por pessoal autorizado.
6 – GARANTIA DA
QUALIDADE
Para
assegurar qualidade das formulações a farmácia deve possuir um Sistema de
Qualidade bem documentado e monitorado, que incorpore e descreva todas as
práticas de manipulação.
Esse sistema deve
garantir que:
v – as operações sejam especificadas por
escrito, com o cumprimento das exigências de boas práticas de manipulação;
v – os equipamentos sejam calibrados com
documentação comprobatória;
v – a formulação seja corretamente
preparada, segundo procedimentos apropriados, manipulada e conservada para
manter a qualidade até seu uso;
v – sejam realizadas auditorias internas
para melhoria contínua;
v – exista programa de treinamento
inicial e contínuo, adaptado de acordo com a necessidade;
v – exista programa de arquivamento por
período estabelecido legalmente, dos documentos exigidos para as substâncias e
medicamentos sujeitos a controle especial;
v – seja continuamente verificada a
prática ideal de distribuição para cada medicamento visando a garantia de
qualidade na atribuição da nova validade;
v – seja feita seleção das
características físicas, químicas e biológicas, para garantir a
reprodutibilidade das mesmas em lotes sucessivos, utilizando como uma das fontes
de informação os laudos de análise dos medicamentos, fornecidos pelo fabricante
do produto.
Em
relação às rotinas de trabalho, os funcionários manipuladores devem ser
estimulados a esclarecer suas dúvidas; os insumos empregados devem ter a
identidade, a qualidade e a pureza esperadas; os processos críticos devem ser
validados para que os procedimentos garantam a qualidade proposta para o
produto final;
O
ambiente de produção deve estar de acordo com a manipulação proposta, em
relação à limpeza, monitoramento e controle; deve haver avaliação apropriada da
estabilidade, para atribuir a validade do lote e assegurar que os produtos
tenham a potência, pureza, qualidade e características adequados até o final do
prazo de validade estabelecido; deve haver garantia de cumprimento dos
processos conforme o estabelecido, sob controle permanente; as condições de
preparação e os procedimentos devem prevenir confusões; devem existir rotinas
para investigação e correção das falhas ou problemas na preparação, nos testes
ou nos produtos, com separação adequada entre as funções de controle de
qualidade e as funções de produção.
A
qualidade do medicamento manipulado está diretamente vinculada ao risco
potencial inerente a cada um, ou seja, o item Imprescindível (I) é o item que
pode influir em grau crítico na qualidade, segurança e eficácia do produto; o
item Necessário (N), pode influir em grau menos crítico na qualidade; o item
Recomendável (R), pode influir na qualidade em grau não crítico e o item
Informativo (In), oferece subsídios para melhor interpretação dos demais itens,
sem afetar a qualidade, segurança e eficácia.
6.1 – VALIDAÇÃO DO
PROCESSO
A
validação e o registro anual dos procedimentos assépticos garantem o preparo de
produtos estéreis de qualidade aceitável. Para a maioria das técnicas de
preparo, o processo de validação é o método de adequação da técnica asséptica.
É recomendável que cada indivíduo envolvido na preparação de produtos estéreis
complete o processo de validação antes de manipular os produtos.
Este
processo deve ser acompanhado de procedimento escrito, que inclua avaliação da
técnica através de uma simulação para verificar a possibilidade de contaminação
microbiológica durante todas as etapas do manuseio dos produtos estéreis. A
esterilidade do produto final é uma função cumulativa de todas as etapas da
preparação e é
determinada
pela etapa do processo mais crítica, que provê a mais baixa probabilidade de
esterilidade.
Para
avaliação das etapas, o processo é realizado do mesmo modo que o preparo normal
do produto, exceto que um meio de cultura específico é utilizado no lugar de
algum produto empregado na manipulação.
Se
não houver crescimento bacteriano, fica evidente o uso de técnica asséptica. Se
houver crescimento, todo o processo precisa ser revisto e as ações corretivas
providenciadas, antes da realização de novo teste.
6.2 - REENVASE /
EMBALAGEM DOS PRODUTOS MANIPULADOS
Certas
precauções devem ser tomadas visando a manutenção da qualidade dos
medicamentos, ou seja, a operação de empacotamento deve ser isolada, o mais
possível, das outras atividades farmacêuticas; cada medicamento deve ser
envasado em área específica, somente um fármaco por vez.
Do
mesmo modo, os rótulos da área de empacotamento devem ser os destinados ao
medicamento que está sendo manipulado.
Ao
ser completado o empacotamento, todo o estoque de medicamentos, todos os
rótulos não utilizados e todos os pacotes prontos devem ser removidos da área
de embalagem.
O
sistema de impressão de rótulos precisa ser “zerado” após cada operação de
empacotamento, para que se tenha certeza de que o próximo rótulo está sendo
impresso para o procedimento subsequente.
Antes
de se começar cada sessão de empacotamento, deve ser realizada avaliação
organoléptica do medicamento (verificação de cor, odor, aparência e marcas).
Todos
os equipamentos e sistemas devem ser operados e utilizados de acordo com as
instruções do fabricante ou outras instruções estabelecidas.
Se
possível, outro funcionário que não o manipulador, deve verificar que todos os
procedimentos tenham sido seguidos conforme as normas estabelecidas.
O
registro de controle das operações de empacotamento deve ser arquivado e deve
constar a descrição completa do produto (nome, forma farmacêutica, dose,
concentração, via de administração); a identificação do fornecedor do produto /
número de lote; o lote atribuído pela farmácia, se houver; as datas de validade
do produto fabricado e do manipulado; o número de unidades embaladas e a data
das operações; as iniciais do operador e do conferente; o registro dos
materiais de embalagem e dos equipamentos utilizados; a amostra do rótulo e, se
possível, do produto embalado, que só deve ser descartada após o vencimento,
com avaliação periódica para verificação de sinais de deterioração.
Todos
os medicamentos devem ser embalados e estocados à temperatura e umidade
ambiente controladas para minimizar degradação causada por calor ou umidade.
Não devem ser ultrapassados os limites de temperatura de 23ºC e 75% de umidade.
Todos
os procedimentos relativos às rotinas de empacotamento e reenvase devem ser
escriturados em manual de normas, com revisão periódica determinada. Os
manipuladores devem entender completamente os procedimentos antes de começar os
trabalhos.
7. VALIDADE DAS
FORMULAÇÕES PREPARADAS, MAGISTRAIS E REENVASADAS
É
responsabilidade do farmacêutico a determinação da validade do medicamento
manipulado, de acordo com as características de cada substância, da embalagem e
das condições de armazenamento a que o
medicamento
deve ser submetido.
Todo
produto manipulado deve apresentar no rótulo um prazo de validade apropriado
com indicação das condições para conservação, que seja compatível com a
estabilidade da substância ativa ou da forma farmacêutica, considerando-se
todos os aspectos de acondicionamento e conservação.
As
fontes de informação sobre a estabilidade físico-química dos medicamentos devem
incluir uma referência de compêndios oficiais, recomendações dos produtores dos
mesmos e pesquisas científicas publicadas.
Deve
ser implantado um procedimento operacional com diretrizes para estabelecer o
prazo de validade dos produtos manipulados, além de arquivo dos resultados.
Para
garantia da qualidade ou atribuição da nova validade, o prazo de validade de um
medicamento manipulado não deve ser superior a 25% do tempo entre a data de
manipulação e a validade do lote adquirido. O tempo máximo não deve superar 6
meses.
7.1 – ESTABILIDADE E
COMPATIBILIDADE DOS PRODUTOS
A
determinação do período no qual o produto pode ser administrado após a
dispensação deve basear-se na informação disponível sobre estabilidade e nas
necessidades do paciente em relação à terapia. Como geralmente os produtos em
questão sofrem alterações em suas propriedades físicas e químicas e são
manipulados
para administração imediata, sua nova validade dependerá de sua estabilidade
nas soluções onde estiver diluído.
Torna-se
necessário, para verificação das condições de estabilidade e integridade, a comparação
entre os diferentes laudos de um mesmo produto, a fim de conferir a fidelidade
das especificações, pois certas propriedades descritas nos laudos, como
higroscopicidade, fotossensibilidade, termolabilidade ou risco de contaminação
podem requerer armazenamento em local diferente do original.
Quando
um produto comercial for usado como fonte de ingrediente ativo, sua validade
pode ser aplicada à validade do produto manipulado.
Usualmente,
estabelece-se como validade os seguintes prazos, de acordo com a forma
farmacêutica:
v Medicamento uso externo – 8 dias
(emulsões dermatológicas, pomadas, etc.)
v Preparados estéreis multi-doses –
devem ser afixadas etiquetas para marcar data do início de utilização (soluções
oftálmicas, insulinas) e as formulações devem ser guardadas em geladeiras ou
frigoríficos.
v Soluções orais – 30 dias da
preparação, armazenados em geladeiras ou frigoríficos.
v Sólidos orais – se reenvasados no: -
1º semestre do ano – validade até dezembro - 2º semestre do ano – validade até
30/06 do ano seguinte
Para
validades mais curtas do que um semestre, considera-se a fornecida pela
indústria fabricante, de acordo com o lote.
v Líquidos orais: reenvasados no 1º
semestre reenvasados no 2º semestre
Na
realização de auditoria de validades, deve-se gerar uma listagem dos
medicamentos próximos a vencer, com a finalidade de priorizar as saídas
daqueles medicamentos com vencimento mais próximo.
7.2 – ATRIBUIÇÃO DE
NÚMEROS DE LOTE
Cada
conjunto de produtos manipulados deve receber um único número de lote. Em
hipótese alguma deve haver números de lotes iguais para produtos diferentes, ou
números diferentes para a mesma bateria de produtos. Os lotes podem ser
numéricos, alfa-numéricos ou alfabéticos. Para manutenção da integridade das
substâncias é necessário avaliar os seguintes níveis de estabilidade:
v – química, onde cada ingrediente ativo
retém sua integridade e potência estabelecidas dentro dos limites especificados
pelos laudos de análise;
v – física, na manutenção das
propriedades originais como aparência, paladar, uniformidade, dissolução e
suspensão;
v – microbiológica, preservando-se a
esterilidade ou resistência a crescimento bacteriano, de acordo com as
especificações;
v – terapêutica, desde que o efeito
terapêutico se mantenha inalterado
v – toxicológica, quando não ocorre
aumento significativo na toxicidade.
Os
fatores que afetam a estabilidade incluem as propriedades de cada ingrediente,
sejam eles terapeuticamente ativos ou inativos.
8. RISCOS DE
CONTAMINAÇÃO
É
imprescindível a presença dos farmacêuticos no aperfeiçoamento da qualidade, no
gerenciamento dos riscos e nos programas de controle de infecções nas
organizações hospitalares, para divulgação junto à equipe hospitalar dos
resultados dos testes de controle de qualidade, que garantem a segurança das
preparações estéreis.
As
contaminações podem ocorrer por processos assépticos prolongados, processos
complexos, exposição do produto ao ar atmosférico ou estocagem por período
prolongado de tempo.
8.1 – CLASSIFICAÇÃO DOS
RISCOS
Os
produtos estéreis são classificados em três níveis de risco para o paciente,
variando do menor (nível 1) ao maior risco (nível 3). Quando não for possível a
classificação adequada do nível de risco, os procedimentos devem ser tomados
como os empregados para o nível 3.
O
processo de combinação de vários ingredientes estéreis em um único recipiente,
para depois subdividir o produto em alíquotas requer procedimentos adicionais
de controle de qualidade. Deve haver verificação dos cálculos associados a este
processo e ser realizada e documentada por um segundo farmacêutico.
Quando
o procedimento envolve duas fases de adição de produtos em recipientes
estéreis, o risco de contaminação associado ao processo também é maior.
Os
farmacêuticos devem exercer seu julgamento profissional para decidir qual nível
de risco se aplica a determinado produto ou situação. Devem ser considerados os
fatores que aumentam potencialmente o risco para o paciente,
como
as rupturas nos frascos, a complexidade dos compostos, as vias de
administração, o comprometimento imunológico do paciente, o uso de compostos
não estéreis, o crescimento bacteriano no produto final, as condições de
armazenamento e o tempo decorrido entre o manuseio da preparação e a
administração.
Classificação
dos medicamentos nos níveis de risco, conforme o tempo e a temperatura, antes
da administração completa:
8.1.1 – RISCO NÍVEL 1
(BAIXO RISCO)
Quando
há prevalência das seguintes situações:
v O produto acabado é composto por
produtos estéreis – todos os produtos envolvidos no coquetel são estéreis e há
emprego de equipamentos estéreis (seringas, equipos); o processo de manipulação
é simples e rápido; há emprego de sistemas fechados.
v Produtos compostos a partir de
matérias primas não estéreis ou com componentes envases ou equipamentos não
estéreis.
v Produtos preparados por combinação
múltipla de matérias primas estéreis e não estéreis.
Utiliza-se
reenvase de produtos estéreis (de frascos ou ampolas) com correlatos também estéreis;
a transferência dos injetáveis estéreis é realizada através de bomba mecânica
com adição subsequente de produtos estéreis por
seringa.
Também,
quando os produtos são estocados à temperatura ambiente e administrados
completamente, em no máximo vinte e oito horas após a preparação; são estocados
sob refrigeração por sete dias ou menos antes da
completa
administração a um paciente, em período que não exceda vinte e quatro horas ou
congelados por trinta dias ou menos antes da completa administração a um
paciente, em período que não exceda vinte e quatro horas.
Exemplos:
Infusões
simples; administração de soluções oftálmicas com preservativos e soluções de
NPT, glicose e aminoácidos transferidas para bolsas estéreis pelo método
gravitacional com adição subsequente de substâncias em seringas estéreis.
8.1.2 – RISCO NÍVEL 2
(OU ALTO RISCO, CATEGORIA I, MANIPULADO EM GRAU A, EM ÁREA GRAU C)
Quando
há prevalência das seguintes situações:
v A mistura dos medicamentos envolve
confecção primária de uma mistura de componentes, que seriam depois
transferidos para o recipiente final; todos os produtos são preparados com
equipamentos e insumos estéreis em sistemas fechados; o processo envolve várias
manipulações de produtos estéreis, executadas por período longo de tempo o
procedimento envolve o preparo de frascos multi-dose, sem preservativos, para
administração a mais de um paciente ou quando a manipulação é preparada para
administração via bomba de infusão.
v Quando os produtos são estocados sob
refrigeração por sete dias, congelados por trinta dias ou administrados em, no
máximo, vinte e oito horas após preparo e armazenamento à temperatura ambiente.
Exemplos:
NPT
para administração após sete dias de preparo; injeções para uso em bombas
infusoras portáteis; seringas pré-enchidas sem preservativos; preparo de
misturas de substâncias, com aspiração do ar antes da administração.
8.1.3 – RISCO NÍVEL 3
(ALTO RISCO, CATEGORIA II)
v Uso de substâncias, equipamentos e
embalagens não estéreis, para preparação do medicamento estéril.
v Uso de sistemas abertos ou preparo de
mistura inicialmente em sistema aberto para posterior transferência para o
recipiente estéril.
Exemplos:
Injeções
de morfina preparadas a partir de comprimidos ou pós; NPT manipulada a partir
de aminoácidos em pó; NPT esterilizadas por filtração final.
8.2 – MÉTODOS DE
ESTERILIZAÇÃO
Esterilidade
é a ausência de bactérias e outros microorganismos. As formulações devem sempre
ser absolutamente estéreis (um produto não pode ser relativamente estéril).
Se
a formulação é uma solução, deve ser livre de material particulado, ou seja,
não pode possuir substâncias móveis e insolúveis no recipiente, como celulose,
vidro, borrachas de rolha, fibras de algodão ou de vestimenta, metal ou
plástico. No caso das suspensões, o material particulado é substância ativa ou
ingrediente
e não contaminante.
As
formulações devem ser igualmente livres de pirogênio ( produtos de metabolismo
de bactérias), pois sua presença significa crescimento bacteriano em
determinada etapa do processo de manipulação.
Os
métodos de esterilização empregados são: filtração estéril; autoclavação;
esterilização por calor seco; esterilização química ou irradiação.
O
farmacêutico deve garantir que o método empregado é apropriado para os
componentes dos produtos manipulados e não altera as propriedades do produto
final.
O
método mais frequentemente empregado é a filtração estéril, utilizando-se filtros
de 0,22 µm.
Produtos
viscosos ou colóides devem utilizar filtros de 0,45 µm. A filtração é utilizada
para remoção de partículas das soluções (material particulado ou
microorganismos), em materiais química ou fisicamente instáveis à esterilização
pelo calor, gás ou radiação.
A
filtração não é uma esterilização terminal e, após o procedimento, o produto
estéril está assepticamente combinado com o seu recipiente.
O
filtro mais empregado nas manipulações é o “filtro de membrana”, que consiste
em lâminas de plástico finas e microporosas. Estes filtros só devem ser
utilizados para esterilização de soluções expelidas de seringas.
Para
garantir que um filtro antibacteriano não sofreu ruptura durante o processo de
filtração de um produto, imediatamente devem ser implantados testes de
integridade em todos os filtros, através do acoplamento de uma seringa ao
filtro (após a lavagem do mesmo em água destilada) e imersão do mesmo em água,
para medição das bolhas de ar liberadas em comparação com o estabelecido pelo
fabricante. Um valor inferior ao estabelecido pelo fabricante indica que houve
ruptura do filtro.
9. ROTINAS DE TRABALHO
Para
alcançar seus objetivos, a farmacotécnica precisa possuir uma mecânica de
funcionamento que permita atribuir a responsabilidade aos funcionários que
participam da elaboração e controle dos medicamentos; seguir, de forma
detalhada, a fabricação, manipulação ou fracionamento de cada medicamento, com
garantia da qualidade; reduzir os desvios da qualidade ao mínimo possível e
identificar a origem e as características de qualquer produto.
Antes
de se começar a manipulação, devem ser observadas as características do
medicamento como cor, odor e aspecto. É necessário realizar inspeção visual,
para garantir ausência de partículas, de separação de fases, alterações de cor
e exatidão dos rótulos.
Ao
término da manipulação de um fármaco deverão ser retiradas todas as unidades
que sobraram, as etiquetas não utilizadas e limpar os equipamentos.
É
necessário o conhecimento dos medicamentos manipulados (após consulta no manual
de bancada) para poder garantir a estabilidade do medicamento em relação à
composição química, fotossensibilidade, higroscopia e os requisitos para o
armazenamento.
9.1 – MATERIAIS E
MANIPULAÇÃO
Antes
do uso, cada medicamento ou insumo, assim como o material de embalagem, deve
ser inspecionado visualmente em relação a danos, defeitos e prazo de validade.
As
atividades que possam gerar liberação de partículas, como a retirada de
insumos, soluções de grande volume e medicamentos de suas embalagens
secundárias ou de embarque, devem ser feitas fora da área controlada, antes do
processo de assepsia.
Os
itens que liberam normalmente quantidades inaceitáveis de material particulado
(caixas de embarque, toalhas de papel ou livros de referência) não devem ser
levados para a área controlada.
A
embalagem usada para garantir a esterilidade ou estabilidade de certo produto
(invólucros de seringas capas de agulhas) é exceção.
Os
correlatos empregados no manuseio das soluções devem ser retirados sempre ao
término da seção para manter sanitização do local. Devem haver áreas destinadas
ao armazenamento de produtos de risco III, enquanto sofrem processo de
quarentena. O tráfego desnecessário de pessoas nas áreas de
armazenamento
deve ser evitado.
9.2 – LIMPEZA
O
descarte de invólucros, seringas utilizadas, caixas e agulhas deve ser
realizado pelo menos diariamente e mais frequentemente se necessário, para
manter sanitização do local e prevenir acúmulos na área controlada.
Os
recipientes destinados ao lixo devem manter-se sempre abaixo da mesa da bancada
e devem ser removidos da área controlada antes de serem esvaziados. A limpeza
da área controlada deve ser monitorada para limitar o acesso de pessoas e não
permitir que seja compartilhada entre funcionários,
mesmo
que sejam habilitados ao trabalho na área crítica.
É
necessário garantir que os funcionários estejam devidamente paramentados, com
uniformes e coberturas limpos; que a vestimenta seja colocada e retirada fora
da área crítica; que as portas se mantenham fechadas; que haja limite de
estoque de produtos em uso constante; que o mobiliário libere o mínimo de
material particulado; que o controle de temperatura e umidade seja efetivo e
que a agenda de limpeza e manutenção esteja sendo rigorosamente cumprida.
Os
desinfetantes devem ser alternados periodicamente, para prevenir o
desenvolvimento de micro-organismos resistentes. Os refrigeradores, prateleiras
e freezers devem ser mantidos limpos.
Os
mops, esponjas e desinfetantes para uso nas salas classificadas devem ser
cuidadosamente selecionados e exclusivos de cada sala, confeccionados de
material que libere o mínimo de partículas. Se reutilizados, devem ser
desinfetados após cada limpeza.
As
superfícies das áreas críticas devem ser limpas antes e depois de cada processo
de manipulação. O chão deve ser limpo diariamente. O exterior da capela de
fluxo laminar, bem como o mobiliário deve ser limpo semanalmente e após cada
evento que possa aumentar o risco de contaminação. As paredes devem ser limpas
pelo menos uma vez por mês. Para o preparo de produtos com risco III de
contaminação, as paredes devem ser limpas semanalmente.
9.3 – EMBALAGEM E
AVALIAÇÃO DO PRODUTO FINAL
A
seleção da embalagem do produto final adquirida de preferência em fabricantes
licenciados é crucial para a manutenção da integridade do mesmo durante toda a
vida útil do medicamento.
Se
for empregado procedimento asséptico de enchimento, a embalagem deve estar
estéril no momento do enchimento. O produto final deve ser inspecionado quando a
manipulação estiver completa e novamente por ocasião da dispensação. Esta
avaliação inclui vazamentos, integridade da embalagem, turvação da solução ou
separação de fases, coloração e volume. Para os lotes de produtos classificados
nos níveis II e III deve ser recolhida uma alíquota de amostra para avaliação
microbiológica.
O
farmacêutico deve verificar a composição correta, as concentrações e as
embalagens.
9.4 – TRANSPORTE DE
PRODUTOS MANIPULADOS PARA FORA DA FARMÁCIA
Os
farmacêuticos devem participar ativamente no desenvolvimento das normas e
procedimentos, para garantir o uso seguro de produtos estéreis ao serem
distribuídos para os pacientes. As normas devem descrever como o produto é
transportado para fora da farmácia, como é estocado, os métodos de devolução,
reciclagem e descarte.
Os
produtos estéreis devem ser protegidos de variações extremas de temperatura ou
iluminação que possam interferir em sua estabilidade. Devem ser especificadas
as condições de armazenamento e embalagem para proteção durante o transporte,
assim como as instruções para os transportadores.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
1)
AMERICAN SOCIETY OF HEALTH-SYSTEM PHARMACISTS. “The ASHP Technical Assistance
Bulletin on Compounding Nonsterile Products in Pharmacies”; Am. J. Hosp. Pharm.
V. 51, p1441-48 1994.
2)
AMERICAN SOCIETY OF HEALTH-SYSTEM PHARMACISTS. “ASHP Guidelines On Quality
Assurance for Pharmacy-prepared Sterile Products”; Am. J. Hosp. Pharm. V. 57,
p. 1150-1163, 2000.
3)
National Coordinating Committee on Large Volume Parenterals – “Recommended
Procedures for In-use Testing of Large Volume Parenterals Suspected of
Contamination or of Producing a Reaction in a Patient”; Am. J. Hosp. Pharm. V.
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4)
National Coordinating Committee on Large Volume Parenterals – “Recommendations
for the labeling on large volume parenterals”; Am. J. Hosp. Pharm. V. 35, p.
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5)
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Assistance Bulletin on Single Unit and Unit Dose packages of Drugs”; Am. J.
Hosp. Pharm. V. 42, p378-9 1985.
6)
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Assistance Bulletin on Repackaging Oral Solids and liquids in Single Unit and
Unit Dose Packages”; Am. J. Hosp. Pharm. V. 40, p451-452 1983.
7)
AMERICAN SOCIETY OF HEALTH-SYSTEM PHARMACISTS. ASHP- “The ASHPtechnical
Assistance Bulletin on Quality Assurance for Pharmacy-prepared sterile
products”; Am. J. Hosp. Pharm. V. 50, p2386-2398 1993.
8)
David W. Bates; Diane D. Cousins; Elizabeth Flynn; “Consensus Development
Conference Statement on the Safety of Intravenous Drug Delivery Systems:
Balancing Safety and Cost”; Special Report - Hospital Pharmacy; V: Number 2,
150–155; 2000 disponível em: www.factsandcomparisons.com
9)
FDA Concept Paper: “Drug Products That Present Demonstrable Difficulties for
Compounding Because of Reasons of Safety or Effectiveness” - U.S. Food and Drug
Administration • Center for Drug Evaluation and Research ; disponível em:
www.fda.org
10)
Inaraja, M.T; Castro, J; Martinez, M. J – “Formas Farmacêuticas Estériles:
mezclas intravenosas, citostáticos, nutrición parenteral” - Libro de Farmácia
Hospitalaria – Sociedad Española de Farmácia Hospitalaria – 3a Edición – 2002
11)
Arias, J; Paradela, A; Conheiro, A et cols – “Farmacotecnia: Formas
Farmacêuticas No Estériles” - Libro de Farmácia Hospitalaria – Sociedad
Española de Farmácia Hospitalaria – 3a Edición – 200
As
opiniões manifestadas nesta obra são de inteira responsabilidade do autor,
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representando necessariamente o pensamento da Eurofarma. Esta obra é
patrocinada pela Unidade Hospitalar da Eurofarma Laboratórios Ltda.
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