FARMACOTÉCNICA HOSPITALAR PARTE 5
TABLETES OU COMPRIMIDOS:
Segundo
a Farmacopéia Brasileira 2° edição: “comprimidos são preparações
farmacêuticas sólidas, de Formato variado, geralmente cilíndricas ou
lenticulares, obtidas pela compressão de substâncias medicamentosas secas,
acondicionadas ou não em excipientes inertes”.
Devem
apresentar características de tamanho e forma bem definidos, seu teor, a sua
friabilidade, a umidade do comprimido, uniformidade de conteúdo, a
desintegração e dissolução devem ser compatíveis como método usado para sua
fabricação e em acordo com a finalidade a qual se destina sua administração
(UFC, 2009).
Sua
utilização mais comum e segura dá-se por via oral (Uso interno), porém pode ser
utilizados externamente como comprimidos vaginais (aplicação local), podem ser
injetados como pellets, ou podem ser utilizados também como antissépticos como
é o caso dos comprimidos de formol (DESTRUTI, 1998).
São
formas farmacêuticas sólidas contendo princípios ativos, com vários tamanhos,
formas, peso, dureza, espessura, características de desintegração, etc.
São
obtidos pela compressão de pós ou granulados, em que onde uma elevada pressão é
aplicada ao sistema até que este se rearranje e deforme, dando origem a uma
massa compacta, ou seja, um corpo rígido de forma bem definida. Sua grande
maioria é destinada à via oral, sofrendo desagregação na boca, estômago ou
intestino.
VANTAGENS
1.
Maior precisão de dosagem e menor variabilidade de conteúdo;
2.
Facilidade de manuseio, administração e transporte pelo usuário;
3.
Maior estabilidade física e microbiológica;
4.
Melhor adequação à produção em escala industrial
5.
Menor custo;
DESVANTAGENS
1.
Não é uma forma farmacêutica emergencial;
2.
Impossibilidade de adaptação de posologia individual;
3.
Impossibilidade de obtenção econômica de quantidades reduzidas, dado ao custo
elevado do equipamento;
4.
Permite e facilita em grandes proporções a automedicação;
5.
Impossibilidade de administração a lactentes e idosos.
CLASSIFICAÇÃO
a) Quanto à forma
a.
Circular
b.
Alongado
c.
Quadrado, etc.
b) Quanto ao perfil
a.
Plano
b.
Convexo
c.
Côncavo
d.
Chanfrados
c) Quanto à superfície
a.
Revestimento por película
b.
Revestimento por açúcar + verniz: drágeas
d) Quanto a cadencia e
desagregação
a.
Liberação imediata
b.
Liberação modificada (retardada, prolongada, controlada e repetida)
Para
que possamos entender melhor suas formas de utilização vamos descrever aqui os
tipos de comprimidos com as quais podemos nos deparar:
COMPRIMIDOS COMUNS:
Utilizados
por via oral, juntamente com um líquido para deglutição adequado, normalmente
água para sua maior dissolução do fármaco (vai de acordo com a posologia do
medicamento e de acordo com a substância ativa nesse), não possuem revestimento
especial e sua desintegração se inicia rapidamente e boa parte no
estomago.
COMPRIMIDOS DE USO
EXTERNO:
Trata-se
justamente das pastilhas de formol que citamos, essas pastilhas são dissolvidas
para produção de soluções assépticas e esterilizantes (DESTRUTI, 1998).
COMPRIMIDO SUBLINGUAL:
Usado
principalmente quando se deseja efeito rápido, como ocorre com alguns
medicamentos para o coração, eles são absorvidos ainda na boca após sua
deposição debaixo da língua, ou seja, não passam pelo fígado e portanto não são
metabolizados, alcançando a corrente sanguínea de forma rápida e promovendo o
efeito também dessa forma. Esse tipo de comprimido deve ser pequeno e ser de
fácil desintegração (DESTRUTI, 1998)
COMPRIMIDO DE DISSOLUÇÃO
NA LÍNGUA:
NÃO
SE TRATA DE COMPRIMIDO SUBLINGUAL! Trata-se das conhecidas pastilhas. Essas
deve ter grande superfície de contato para que liberem rapidamente o princípio
ativo e promovam seu efeito, normalmente local. Sua dissolução completa deve se
dar entre 30 e 60 minutos (DESTRUTI, 1998).
COMPRIMIDO EFERVESCENTE:
A
medida que ele se dissolve na água ele libera gazes que provocam o aparecimento
das bolhas, esse gás liberado é quem favorece sua desintegração. Sua formulação
normalmente leva ácido cítrico, ácido tartárico, bicarbonato de sódio e
carbonato de sódio.
Esses
comprimidos, mais que qualquer outro devem ser acondicionados em locais com
baixa umidade. No momento da utilização, caso não forme a borbulhação
característica, esse comprimido possivelmente sofreu algum tipo de degradação
ou inativação, perdendo portanto sua utilidade e deve ser descartado (DESTRUTI,
1998).
COMPRIMIDO
REVESTIDO:
O
revestimento dado ao comprimido serve como capa protetora á várias intempéries,
tais como umidade, luz, a ação degradante do próprio oxigênio do ar, mas
principalmente tende a proteger o princípio ativo da ação do suco gástrico no
momento da ingestão do comprimido (DESTRUTI, 1998).
PELLETS:
São
comprimidos cilíndrico e estéreis que são implantados na pele. Eles liberam o princípio
ativo durante dias ou até meses (DESTRUTI, 1998).
COMPRIMIDOS
VAGINAIS:
São
de ação local, colocados diretamente na vagina e normalmente visam efeito
microbicida ou efeito regenerador (DESTRUTI, 1998).
CLASSIFICAÇÃO EM RELAÇÃO
A SUA CEDÊNCIA:
Os
comprimidos podem ser classificados de acordo com o tipo liberação que
possuem:- Comprimidos de Liberação Imediata (convencional): Tem sua
liberação, como o próprio nome diz, imediatamente após sua administração.
Neste
tipo todo o sistema é concebido para favorecer a Liberação, sendo utilizados
excipientes muito hidrossolúveis e/ou desagregantes, de forma a aumentar a
velocidade de libertação do fármaco da forma farmacêutica.
A
velocidade de dissolução é aproximada a velocidade de absorção. Podem ser:
v desintegráveis,
v mastigáveis,
v efervescentes,
v sublinguais
v e bucais (AMARAL, 2003).
Os
comprimidos destinados a liberação imediata podem ser triturados ou mastigados
antes da sua administração (UFC,2009).
COMPRIMIDOS DE LIBERAÇÃO
MODIFICADA:
Possui
tempo de liberação diferente da imediata. O sistema farmacêutico não constitui
apenas um suporte mecânico, intervindo na dissolução e na libertação das
substâncias ativas há na verdade uma modulação da cinética de liberação.
A
dissolução da substância ativa pode ocorrer, mas esta fica aprisionada no
interior do sistema farmacêutico, sendo a velocidade de liberação menor que a
velocidade de dissolução (AMARAL, 2003).
Podem
ser de liberação retardada e prolongada.Se o comprimido tem características de
liberação modificada NÃO pode ter sua
estrutura física destruída antes da administração. Se destruída sua estrutura,
sua finalidade é completamente perdida (UFC, 2009).
A
libertação controlada de fármacos não significa apenas o prolongamento da
duração da ação, mas implica também a previsibilidade e a reprodutibilidade das
cinéticas de libertação do fármaco isso aumente o nível de segurança e
sustentação da ação (AMARAL, 2003).
VANTAGENS DOS
COMPRIMIDOS DE LIBERAÇÃO MODIFICADA:
v O crescente interesse no
desenvolvimento desse tipo de forma deve-se às seguintes vantagens:
v Redução da frequência de administração
- melhor adesão do doente devido a maior comodidade do tratamento (AMARAL,
2003).
v Maior segurança e eficácia das substâncias
ativas devido a manutenção da biodisponibilidade do fármaco no organismo do
paciente, ou seja, não oscilação do nível de fármaco no plasma e diminuição da
toxicidade dada pelos picos de tomadas (AMARAL, 2003).
v Diminuição dos efeitos secundários indesejáveis
(AMARAL, 2003).
v Redução de gastos com medicamentos, já
que esses exigem menos tomadas diárias;
DESVANTAGENS
DESSA FORMA:
v Se o sistema de liberação prolongada
não possui liberação inicial, é necessário um tempo maior para se alcançar a
concentração mínima efetiva (CME).
v Se o fármaco for do tipo 2 ou 4 (baixa
absorção pelo TGI) pode haver menor biodisponibilidade deste ou mesmo
concentração nula deste fármaco no plasma sanguíneo.
v Falhas no sistema (comprimido) podem
levar a liberação do fármaco de forma errada levando a graves problemas tais
como liberação excessiva do fármaco e consequente toxicidade.
v Pode ocorrer acúmulo.
QUAIS FÁRMACOS PODEM E
PRECISAM SER ACONDICIONADOS EM COMPRIMIDOS DE LIBERAÇÃO MODIFICADA?
v O fármaco cogitado deve possuir boa
estabilidade aos diferentes pHs do Trato Gastro Intestinal e deve resistir
também as enzimas presentes;
v Sua absorção ou excreção não podem ser
muito rápidas ou lentas e o fator excreção é diretamente proporcional ao volume
de distribuição;
v O fármaco deve ser compatível aos
elementos utilizados na formação da matriz9não reagentes);
v Deve ser escolhido fármaco com uma
margem terapêutica que dê segurança frente aos possíveis problemas já citados
nessa pequena revisão.
v Deve possuir um peso molecular menor,
para que difusão pela membrana do comprimido e claro pelas membranas
plasmáticas seja satisfatória;
v O fármaco selecionada não pode ser de
dosagens altas;
v E claro, deve ser um fármaco utilizado
em doenças crônicas. Não há sentido em se fazer essa formulação para um fármaco
de tomadas esporádicas.
COMPRIMIDOS DE LIBERAÇÃO
RETARDADA:
As
formas de libertação retardada apenas libertam o fármaco, de uma forma
imediata, depois de um determinado período de tempo após a administração
(AMARAL, 2003)
COMPRIMIDOS DE LIBERAÇÃO
PROLONGADA:
Nas
formas de libertação prolongada a velocidade de libertação das substâncias
ativas é inferior à que se verifica com as formas de libertação convencional
administradas pela mesma via, permitindo obter uma ação terapêutica sustentada
(AMARAL, 2003).
TECNOLOGIA DAS FORMAS DE
LIBERAÇÃO MODIFICADA
As
matrizes dos Sistemas de liberação modificada é quem determinam a cinética da
liberação do medicamento. Essas matrizes geralmente são feitas de polímeros de
natureza hidrofílica ou inerte, mas também podem ser matrizes insolúveis
(feitas de ceras, ou de polímeros insolúveis) isso dependerá das
características do fármaco e a da forma de liberação escolhida (PEZZINI; SILVA;
FERRAZ, 2007).
Existe
ainda o sistema de liberação por reservatório. Nestes sistemas, um reservatório
(núcleo) contendo o fármaco é revestido por uma membrana polimérica. O núcleo
pode ser um comprimido, um grânulo, um pélete ou um minicomprimido. O fármaco é
liberado por difusão através da membrana de revestimento, que pode ser
microporosa ou não apresentar os poros (PEZZINI; SILVA; FERRAZ, 2007).
ADJUVANTES OU
EXCIPIENTES
Os
adjuvantes em comprimidos são adicionados à formulação para melhorar certas
características, como a forma, tamanho, escoamento do pó, a desagregação,
dissolução, aceitabilidade pelo paciente, etc.
DILUENTES
São
adicionados aos pós para obter comprimidos com peso conveniente. Podem ser:
a.
Solúveis: lactose, sacarose, cloreto de sódio, manitol;
b.
Insolúveis: amido, celulose microcristalina (Avicel);
c.
Mistos: mistura dos solúveis com insolúveis.
ABSORVENTES
São
incorporados para absorver a água da umidade atmosférica ou residual dos pós
que provoquem a alteração da forma farmacêutica. Retém ainda a água de extratos
fluidos ou tinturas. Exemplos: Amido e
lactose.
AGLUTINANTES
São
substâncias que aumentam o contato entre as partículas, devido a sua alta
capacidade de agregação e compactação. São produtos de longa cadeia, como:
v Açucares: lactose, glucose, manitol,
sacarose;
v Mucilagens: goma arábica, goma de
amido, goma agraganta;
v Polímeros: PVP
DESAGREGANTES
Acelera
a dissolução ou a desagregação dos comprimidos na água ou nos líquidos do
organismo. Os desagregantes atuam geralmente por três processos:
a.
Dissolvendo-se na água, abrindo canalículos que facilitam a desagregação dos
comprimidos: lactose, glicose e cloreto de sódio;
b.
Reagindo com a água ou com ácido clorídrico do estômago e libertando gases,
como o oxigênio ou gás carbônico: carbonato, bicarbonato, misturas
efervecentes;
c.
Inchando em contato com a água e abrindo assim canalículos que facilitam a
desagregação dos comprimidos: amido;
LUBRIFICANTES
Facilita
o deslizamento do pó ou granulado para a máquina de compressão, e diminuem a
tendência do produto a se aderir as punções. Talco, estearato de magnésio e
amido
MÁQUINA DE COMPRESSÃO
As
máquinas de compressão do tipo excêntricas são constituídas por punções, sendo um
inferior e um posterior, por uma câmara de compressão ou matriz, cujo fundo é
formado pela punção inferior e por uma peça móvel distribuidora de pó.
Formatos
dos punções que determinam a forma dos comprimidos e sulcos.
1
– Face chata lisa;
2
– Côncavo raso;
3
- Côncavo padrão;
4
– Côncavo fundo
As
punções e matrizes são de aço temperado especial e algumas vezes o punção
superior tem gravado o nome do laboratório, de um símbolo ou o do medicamento a
se preparar.
FASES DA COMPRESSÃO
A.
Formação da câmara de compressão. A punção superior dá brilho e a dureza ao
comprimido, e faz a compressão propriamente dita.
B.
Nesta câmara de compressão é distribuído o pó a ser comprimido. É a punção
inferior que ajusta a altura da matriz (ou câmara), regulando a quantidade de
pó a ser comprimida.
C.
Ocorre verdadeiramente a compressão. A punção superior se abaixa comprimindo o
pó.
D.
Pela ação o alimentador (que irá adicionar mais pó para a compressão de um
segundo comprimido), o primeiro comprimido é expulso da máquina, e em seguida
inicia-se um novo ciclo de compressão.
A
força de compressão define a forma e dureza do comprimido. Já as máquinas de
compressão automáticas chamadas de Máquinas rotativas, os punções inferiores e
superiores, assim como as matrizes, são montadas face a face sobre a mesma
coroa circular, animada de movimento contínuo sempre no mesmo sentido.
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FONTE
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TEÓRICA DE FARMACOTÉCNICA I Prof. Herbert Cristian de Souza 2012-02 - Blog do curso de Farmácia da UNIPAC
Araguari www.farmaciaunipac.com.br
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