segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

FARMACOTÉCNICA HOSPITALAR PARTE 4

FARMACOTÉCNICA HOSPITALAR PARTE 4



FORMAS FARMACÊUTICAS SÓLIDAS

As formas farmacêuticas sólidas são resultantes da transformação de transformação de fármacos em pós, os quais poderão ser dispensados diretamente nesta forma ou servirem de intermediários para outras formas farmacêuticas, como comprimidos, granulados e cápsulas.

VANTAGENS

1. Menor custo de acondicionamento e embalagem
2. Maior estabilidade química, física e microbiana
3. Boa aceitação e fácil administração
4. Possibilidade de controlar a biodisponibilidade
5. Menor sensação de gosto

FORMAS FARMACÊUTICAS EM PÓS

São formas farmacêuticas sólidas e secas constituídas por um ou mais componentes, que passaram por processos de pulverização e que apresentam a mesma tenuidade.

VANTAGENS

v  Fácil deglutição, fácil dissolução e fácil absorção.

DESVANTAGENS

v  Baixa uniformidade de doses, sabor mais realçado que outras F.F, baixa estabilidade química.

CLASSIFICAÇÃO DOS PÓS

QUANTO À APLICAÇÃO

v  Uso interno: podem constituir solução no momento da administração.
v  Uso externo: devem possuir boa espalhabilidade e tenuidade e não devem causar irritação local.

QUANTO A CONSTITUIÇÃO

v  Pós simples:
v  Pós compostos:

QUANTO AO TAMANHO DA PARTÍCULA

v  Pó muito grosso:
v  Pó grosso:
v  Pó medianamente grosso:
v  Pó fino:
v  Pó muito fino:

GRANULOMETRIA DOS PÓS

A granulometria dos pós pode interferir em processos de mistura, dissolução e biodisponibilidade. Ou seja, o tamanho das partículas interfere na biodisponibilidade através da variabilidade dos seguintes fatores:

a) Velocidade de dissolução;

b) Suspensibilidade;

c) Uniformidade na distribuição;

d) Tecnologia de obtenção de comprimidos e cápsulas;

e) Penetrabilidade (partículas inaladas: 1 a 5 μm);

f) Espalhabilidade (não aspereza < 100 μm)

ETAPAS DE OBTENÇÃO DE PÓS

Operações preliminares

Operações mais utilizadas para material vegetal e separação de corpos sólidos. Caracterizadas principalmente pela triagem ou monda, divisão grosseira e secagem

Operação principal – Mistura ou homogeneização

v  Pulverização (trituração) no gral
v  Levigação com líquidos
v  Espatulação
v  Fricção no tamis

O tamis é o instrumento utilizado para fazer a tamisação. É constituído por um aro de diâmetro variável, apresentando uma das extremidades fechada com uma tela aplicada de modo a ficar bem esticada, como uma peneira.

Como preparação farmacêutica, um pó é uma mistura de fármacos e ou substâncias químicas finamente divididas e na forma seca. Alguns pós são destinados ao uso interno e outros ao uso externo. Os pós podem ser administrados sob a forma simples ou serem ponto de partida para outras formas farmacêuticas como papéis e cápsulas

MODIFICAÇÕES DEVIDO A REDUÇÃO DO TAMANHO DAS PARTÍCULAS

a) Cor
b) Cheiro e sabor
c) Volume
d) Densidade
e) Higroscopia
f) Solubilidade

INCOMPATIBILIDADES

a) Misturas eutéticas

São misturas que se liquefazem a temperatura ambiente. O ponto de fusão da mistura é menor do que a dos dois pós isoladamente, podendo liquefazer-se ou formar uma pasta. Exemplos:

1. Acetanilida e cânfora;
2. Ácido acetilsalicílico e fenol;
3. Antipirina e mentol;
4. Cânfora e mentol;

Para minimizar esse efeito, deve-se usar um pó absorvente, como o óxido de magnésio, o fosfato tricálcio, o gel de sílica, talco, amido ou a lactose.

Problemas relacionados à manipulação de pós.

Problema
Medida corretiva
Formação de mistura eutética (pós se liquefazem à temperatura ambiente após serem misturados em determinada proporção).
Interpor entre os pós incompatíveis um pó absorvente de elevada temperatura de fusão (exs: MgCO3, MgO, caulim, amido, talco, etc.).
Formação de misturas explosivas (trituração de agentes oxidantes e redutores fortes).
Evitar ou interpor pós inertes entre o agente oxidante e o redutor.
Pós Higroscópicos (absorvem umidade do ar) e Deliqüescentes (se liquefazem total ou parcialmente).
Controlar a umidade relativa do ar, granular os pós, manipular evitando a exposição à atmosfera úmida, adicionar um pó absorvente à preparação.
Pós eflorescentes (aqueles que possuem água de hidratação que é liberada tornando o pó pastoso ou liquefeito).
Substituir o pó hidratado pelo anidro ou secar o pó antes de manipula-lo.
Pós leves e “fofos”.
Compactar com álcool ou óleo mineral.
Pós de difícil escoamento.
Acrescentar estearato de magnésio em concentração inferior a 1%.
Pós com carga estática.
Neutralizar as cargas com laurilsulfato de sódio em concentração inferior a 1%.
Incorporar líquidos à pós.
Além do líquido acrescentar um pó absorvente; concentrar o líquido até uma consistência mais viscosa.

PAPEIS MEDICAMENTOSOS OU SACHES

Os pós também podem ser acondicionados em envelopes ou papéis medicamentosos. Neste caso, a distribuição será feita por divisão geográfica ou com medidores de volume ou peso, principalmente para fármacos potentes.

USO:

v  Para acondicionar pó em doses individuais.
v  Proteção dos pós após pesagem

TIPO:

v  Papel impermeável, papel vegetal.
v  Recomendado: para substâncias não higroscópicas.

FORMA:

v  retangular.  Ex: 10 x 8 cm 22

EXIGÊNCIAS

v  Estabilidade
v  Homogeneidade:

1. Tamanho de partículas semelhantes
2. Técnica adequada – Misturador em V
3. Gral – Mistura geométrica

PÓS-EFERVECENTES

A efervescência destina-se a proporcionar um paladar agradável, corrigindo eventualmente o gosto de certos fármacos utilizando as propriedades ácidas do CO2, o qual vai ainda atuar secundariamente como estabilizante da mucosa gástrica, podendo aumentar a absorção do medicamento.

A efervescência é conseguida à custa da reação de um carbonato ou bicarbonato com um ácido orgânico, como o cítrico ou o tartárico, na presença da água usada para a ingestão do medicamento, produzindo-se a liberação de CO2. Geralmente usa-se uma quantidade fixa e arbitrária de ácido tartárico, ácido cítrico ou NaH2PO4, podendo ainda associarem-se estes três compostos.

A quantidade de NaHCO3 que é necessária adicionar pode-se calcular em função da acidez conferida pelos ácidos e o NaH2PO4, de tal modo que a reação entre eles em presença de água, gera uma solução próximo da neutralidade.

Os pós efervescentes constituem uma fórmula dotada de má conservação, pois absorvem facilmente umidade atmosférica dada a grande superfície que apresentam. É por isso que eles são geralmente substituídos por granulados, menos sujeitos a esta alteração.

REGRAS GERAIS PARA A PREPARAÇÃO DE PÓS EFERVESCENTES

Além das regras utilizadas para a preparação de pós compostos, deve-se:

a - Logo após a pulverização e tamisação de cada um dos pós presentes na fórmula, secar cada um desses pós em estufa à 50-60°C durante 20 minutos.

b - Pulverizar e tamisar isoladamente cada um dos pós secos, misturá-los em um gral. Secar o pó composto obtido em estufa à 50°C durante 20 minutos aproximadamente.

c - Após o término da etapa anterior, caso necessário, tamisar a mistura final obtida. embalar, rotular e registrar conforme as mesmas exigências dos pós compostos acima descritas.

GRANULADO

Granular é uma operação farmacêutica de dar forma utilizada para aglomerar substâncias pulverizadas através da aplicação de pressão e/ou adição de aglutinantes.

GRANULAÇÃO

Processo em que pequenas partículas são transformadas em partículas maiores – aglomerados permanentes .

É o processo através do quais partículas em pó são conduzidas a se aderirem umas às outras para formar entidades multiparticuladas grandes denominadas grânulos.

OS GRÂNULOS SÃO OBTIDOS POR 3 MOTIVOS

1. Para se obter uma forma farmacêutica final em escala magistral e industrial

2. Para a produção de comprimidos em escala industrial

3. Para promover o revestimento

RAZÕES PARA A GRANULAÇÃO EM COMPRIMIDOS

1. Evitar a separação (segregação) de constituintes numa mistura de pós.

2. Melhorar as propriedades de fluxo da mistura: facilidade de escoamento.

3. Aumento da densidade: reduz o volume permitindo melhor compressibilidade.

4. Melhorar as características de compactação da mistura: maior compressibilidade.

5. Aumento da dissolução: devido a sua alta porosidade.

RAZÕES PARA A GRANULAÇÃO COMO F.F FINAL

1. Mais estéticos
2. Não aderem entre si: evita a umidade
3. Mais agradáveis de ingerir
4. Posologia mantida x colheres
5. Efervescentes – melhor conservação – menor superfície de contato

MÉTODOS DE OBTENÇÃO DE GRANULADOS

1. Granulação por Fusão

a. Aquecer (90-105°C) substâncias medicamentosas
b. Pela ação da água e do calor ocorre a fusão superficialmente aglomerando-se sob a forma de pasta – crivo
c. Ex: ácido cítrico, bicarbonato de sódio e sulfato de Mg

2. Granulação por via seca

Mistura dos pós → Compactação → Calibração (tamis)

Granulação por via úmida

Mistura dos pós → Umectação → Granulação (tamis) → Secagem → Calibração (tamis)

CÁPSULAS:

As cápsulas são receptáculos obtidos por moldagem, em geral, utilizadas para ingestão de fármacos em doses pré-estabelecidas.

O invólucro da cápsula oferece relativa proteção dos agentes externos, facilita a administração e, devido suas alta solubilidade e digestibilidade no organismo, libera rapidamente o fármaco de seu interior.

As cápsulas  gelatinosas são constituídas de gelatina. Estas podem, ainda, ser de consistência dura (cápsulas gelatinosas duras), se fabricadas incluindo maiores quantidades de glicerina, sorbitol e polietilenoglicol, apresentam-se de consistência flexível e elástica (cápsulas gelatinosas moles).

Estas, ao contrário das cápsulas duras, podem acondicionar soluções oleosas, suspensões e emulsões. Independentemente do tipo de cápsulas, na produção do invólucro de gelatina devem ser adicionados conservantes devido à natureza da sua composição.

O preenchimento das cápsulas gelatinosas duras pode ser manual, com  auxílio de pequenos encapsuladores manuais, ou encapsuladores semiautomáticos, ou ainda, com máquinas totalmente automatizadas.

Em contra partida o preenchimento das cápsulas moles envolve uma etapa de soldagem de duas metade das unidades, o que é possível com o uso de máquinas próprias para esse fim. Por esse motivo, nas farmácias de manipulação e em pequenos laboratórios são mais comumente empregadas as duras. Exemplos: Cápsula de Ácido Fólico, Cápsulas de Cáscara Sagrada e Cápsulas de Ácido acetilsalicílico.

VANTAGENS

v  – Fácil deglutição;
v  – Fácil de ser identificável;
v  – Farmaceuticamente elegante;
v  – Mascaram características organolépticas desagradáveis;
v  – Fácil formulação;
v  – Fabricação a seco;
v  – Número de adjuvantes reduzidos;
v  – Risco reduzido de contaminação cruzada;
v  – Conteúdo pode ser dispersado;
v  – Limitado potencial de incompatibilidade;
v  – Menos equipamentos para a manipulação;
v  – Fácil identificação;
v  – Menos exigências de validação;
v  – Menos etapas de produção;
v  – Boa estabilidade;
v  – Versatilidade para o preparo de fórmulas;
v  – Boas características de biodisponibilidade;
v  – Protegem o fármaco de agentes externos;
v  – Boa resistência física;
v  – Boa aceitação pelos pacientes;
v  – Permite a elaboração de sist. de lib. modificada.

DESVANTAGENS

v  – Maior custo
v  – Não é friccionável
v  – < Uniformidade de peso
v  – Efeito no tgi
v  – Armazenamento em condições controladas
v  – Limitações de uso
v  – Incompatíveis com substâncias higroscópicas, deliquescentes, eflorescentes e que formem misturas eutéticas
v  – Não são adequadas para fármacos muito solúveis (ex.: cloreto de potássio, brometo de potássio, cloreto de amôneo)

COMPOSIÇÃO DO INVÓLUCRO

v  – Gelatina ou outras substâncias* (ex.: amido, hpmc);
v  – Agentes surfactantes;
v  – Opacificantes (ex.: dióxido de titânio);
v  – Conservantes;
v  – Antioxidantes;
v  – Edulcorantes;
v  – Corantes e flavorizantes certificados.

CLASSIFICAÇÃO

v  – Cápsulas moles (“softgel”)
v  – Cápsulas duras
v  – Cápsulas gastroresistentes (liberação entérica)
v  – Cápsulas de liberação modificada(liberação prolongada

CÁPSULAS GELATINOSAS DURAS:

Usadas para drogas sólidas. Os invólucros vazios são feitos de uma mistura de gelatina, açúcar e água e podem ser transparentes ou coloridas. São formadas por duas peças que se unem após o enchimento com a droga pulverizada. São utilizadas para substâncias secas e granulosas (Ex.: Adalat: nifedipina).

Podemos fazer cápsulas com revestimento entérico com a finalidade de se evitar a desintegração no estômago, sendo a desintegração no intestino. Usada também quando a substância é irritante da mucosa gástrica, podendo provocar náuseas e vômitos.

Para se conseguir liberação lenta de uma droga no trato digestivo, de maneira a ser assegurada uma absorção contínua e prolongada desta substância, é aplicado um verniz de desintegração lenta, em diferentes números de capas, de maneira que no trato digestivo, as mesmas se desintegrem em tempos diferentes. Esses grânulos são introduzidos em cápsulas, chamadas cápsulas de ação sustentada

ESPECIFICAÇÕES DE QUALIDADE PARA CÁPSULAS GELATINOSAS DURAS

v  – Conteúdo de umidade (dessecação a 105.C): 10 a 16%.
v  – Dimensões: de acordo com a sua forma e tamanho.
v  – Solubilidade: • mínimo 15 minutos insolúvel em água a 25.C. • dissolver em 15 minutos em solução de ácido clorídrico 0,5% p/v, a 36-38.C.
v  – Resistência à fratura: não devem quebrar ou rachar facilmente
v  – Odor: • não devem apresentar odor estranho quando armazenado em um frasco hermeticamente fechado durante 24h nas condições de temperatura entre 30 a 40.C.
v  – Defeitos do invólucro: • deve se observar a forma, a superfície, a espessura da parede, a cor e a impressão (quando aplicável).

CONDIÇÕES IDEAIS PARA ARMAZENAMENTO E MANIPULAÇÃO

Armazenamento:

v  - Umidade: 45 – 55% ur
v  - Temperatura: 20 – 25o c

Manipulação:

v  - Umidade: entre 30 a 40% ur (usp pharmacists’ pharmacopeia, 2005), máx. 60% ur (agemed).
v  -Temperatura : 25 . 5ºc (agemed).

CÁPSULAS ELÁSTICAS OU MOLES:

São cápsulas preparadas com película de gelatina com adição de glicerina ou sorbitol para tornar a gelatina elástica. Podem ser de várias formas e são usadas para conter líquidos, suspensões, materiais pastosos ou pós.

CÁPSULAS MOLES: “SOFTGEL

v  uma única parte
v  conteúdo hermeticamente selado
v  diversos formatos e tamanhos
v  destinam preferencialmente a acondicionar líquidos
v  0,2 até 5g

VANTAGENS:

v  •Fácil deglutição
v  •Maior preferência pelos pacientes
v  •Maior biodisponibilidade
v  •Fármacos susceptíveis à hidrólise ou oxidação
v  •Incorporação de fármacos empregados em altas doses e com baixa capacidade de compressão
v  •Precisão no encapsulamento (±1 a 3%)

DESVANTAGENS

preparação complexa.
inadequada para líquidos c/ teor de h2o . 5%

CONTEÚDO

Pode ser:

v  – Sólido, liquido (não aquoso) ou pastoso
v  – Ingrediente(s) ativo(s)
v  – Solventes
v  – Diluentes
v  – Lubrificantes
v  – Agentes desintegrantes.

TAMANHO

TAMANHO DAS CÁPSULAS N°
CAPACIDADE MÉDIA (MG)
VOLUME MÉDIO (ML)
5
Até 65mg
0,130ml
4
65mg a 100mg
0,210ml
3
130mg a 200mg
0,300ml
2
200mg a 350mg
0,370ml
1
350mg a 550mg
0,500ml
0
550mg a 750mg
0,680ml
00
750mg a 975mg
0,950ml
000
975mg a 1400mg
1,370ml

Observações.: existem diferenças de capacidade relacionadas com a reologia do pó, tenuidade, densidade, pressão usada no enchimento, etc. Exemplo: uma cápsula n° 0 pode conter 520mg de Ácido AcetilSalicílico e 715mg de bicarbonato de sódio, ou ainda 325mg de sulfato de quinina.

A dosificação correta das cápsulas duras depende de três fatores fundamentais:

a) Escolha do invólucro com capacidade adequada
b) Método de enchimento (manual ou automático)
c) Produto a encapsular (densidade/umidade).

CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES

As cápsulas devem ser completamente preenchidas, e a tampa não foi feita para acondicionar os pós, e sim servir de barreira. Se a quantidade de fármaco for menor que a capacidade total da cápsula, é necessário acrescentar um diluente para seu completo
enchimento, como a lactose, a celulose microcristalina, amido ou uma mistura chamada de excipiente padrão:

Estearato de Magnésio....................... 0,5%
Aerosil............................................... 1,0%
Lauril Sulfato de Sódio................... 1% a 2%
Talco.................................................. 30%
Amido de milho............. qsp.............. 100%

EXCIPIENTES

DILUENTES

a) Amido: Concentração Máxima: Não há.

v  Incompatibilidade: Não há
v  Contra Indicação: Não há

b) Lactose: Concentração Máxima: 90%.

v  Incompatibilidade: Grupo amino ( Reação de Maillard)
v  Contra Indicação: Pacientes com intolerância à Lactose

c) Manitol: Concentração Máxima: 90%.

v  Incompatibilidade: Fe, Al, Cu.
v  Contra Indicação: Crianças.

d) Fosfato de Cálcio Dibásico

v  Concentração Máxima: Não definida.
v  Incompatibilidade: Fármacos sensíveis a pH alcalino derivados da tetraciclina.
v  Outros: Celulose microcristalina, Carbonato de Cálcio.

LUBRIFICANTES

a) Dióxido de Silício (Aerosil):

v  Concentração: 0,1 – 1,0 %
v  Incompatível: Dietilestilbestrol

b) Estearato de Magnésio:

v  Concentração: 0,2 – 2,0 %
v  Incompatível: substâncias ácidas

c) Talco:

v  Concentração: 1 – 10,0 %.

AGENTES MOLHANTES

Recomendado para fármacos lipossolúveis.

a) Lauril Sulfato de Sódio: Concentração: 1 a 2%
b) Incompatível: Alcalóides, Substâncias ácidas, etc.
c) Docusato Sódico: Concentração: 0,5%. Incompatível: eletrólitos

MÉTODO DE ENCHIMENTO DAS CÁPSULAS

A cápsula é uma das formas farmacêuticas mais difundidas em manipulação. No entanto, a prática envolvendo cápsulas é muitas vezes imprecisa, pois os métodos geralmente utilizados para o enchimento, se baseiam na capacidade em termos de peso. Este parâmetro (peso) varia muito conforme a densidade do pó a ser encapsulado, o que pode gerar alguns inconvenientes no cálculo de excipiente e tamanho da cápsula a ser empregada.

Este método consiste em encher as cápsulas pressionando o seu corpo contra o pó várias vezes até o completo enchimento. Em seguida esta cápsula é pesada e seu peso relacionado com a sua capacidade. Assim, seleciona-se o nº preciso de cápsulas vazias que serão envasadas. Se ao final do processo, a capacidade de pó da ultima cápsula for insuficiente, adiciona-se um diluente.

Por isso, o “método volumétrico” de enchimento de cápsulas é muito mais preciso, já que as cápsulas têm a capacidade constante em termos de volume.

PROCEDIMENTO PARA MANIPULAÇÃO

1. Passo: processo em que o manipulador deverá pesar os pós especificados na ficha de pesagem, observando as respectivas quantidades;

2. Passo: a pesagem deverá ser precisa e muito cuidadosa;

3. Passo: ao iniciar a pesagem, tarar a balança com papel de pesagem sobre o prato;

4. Passo: pesar os pós um a um com o auxilio de espátula. Para a pesagem de Pellets deve utilizar sempre espátula de plástico ou chifre – não utilizar espátula de aço inox;

5. Passo: os pós devidamente pesados deverão ser pulverizados em gral de porcelana ou de vidro individualmente;

6. Passo: misturar os pós em um único gral seguindo a REGRA DO MISTÃO ou
REGRA GEOMÉTRICA (maior sobre o menor);

7. Passo: passar o conteúdo para uma provera graduada a verificar o volume obtido por aquela quantidade de pó;

8. Passo: verificar a necessidade de diluente e escolher a cápsula ideal de acordo com o volume obtido no passo 7 dividido pela quantidade de cápsulas da formulação;

9. Passo: com o auxilio de um saco plástico, misturar bem os pós e o distribuir sobre a placa encapsuladora;

10. Passo: encapsular;

11. Passo: lustrar as cápsulas;

12. Passo: acondicionar.

REVESTIMENTO DE FORMAS FARMACÊUTICAS SÓLIDAS

Existem fármacos que por serem irritantes ao estômago ou sensíveis ao baixo valor do pH do suco gástrico (entre 1,0 e 2,5) devem passar intactos pelo estômago para serem absorvidos no intestino.

O intestino delgado é uma das principais vias de absorção para os fármacos devido:

v  – pH adequado
v  – Grande área de superfície disponível para a absorção no seu interior (aproximadamente 6 metros de comprimento)

O revestimento gastro-resistente é uma técnica utilizada na preparação de formas farmacêuticas para que resistam, sem alteração, à ação do suco gástrico devendo, porém, desagregar-se rapidamente no suco intestinal.

O planejamento dos revestimentos entéricos baseia-se no tempo de trânsito necessário para a passagem da forma farmacêutica do estômago até os intestinos. Isso pode ser obtido com revestimentos de espessura suficiente para resistir à dissolução no estômago

RAZÕES PARA REVESTIR AS CÁPSULAS

1) Proteger fármacos que se decomponham em meio ácido, tais como enzimas e alguns antibióticos;

2) Prevenir mal-estar gástrico e náuseas devido à irritação provocada pelo fármaco, como por exemplo, o AAS;

3) Administração de fármacos para a ação local nos intestinos, como os anti-parasitários;
4) Quando for importante que o princípio ativo não sofra diluições antes de atingir o intestino, como, por exemplo, mesalazina e sulfassalazina (anti-inflamatório intestinal – colite).

SUBSTÂNCIAS USADAS PARA O REVESTIMENTO

1) Goma laca;
2) Ftalato de hidroxipropilmetilcelulose (HPMC);
3) Copolímero do ácido metacrílico/metacrilato de metila (Eudragit L-100);
4) Acetaftalato de polivinil e Acetoftalato de celulose;
5) Formaldeído e Acetona

SOLUÇÃO IDEAL PARA REVESTIMENTO

O método mais viável para uso magistral por ser simples e rápido é o proposto por Lachman empregando:

Solução de acetoftalato de celulose adicionada manualmente ou diluída com solventes apropriados para aspersão nas cápsulas, a qual é composta por:

• Acetoftalato de celulose............................ 5%
• Polietilenoglicol 8000.............................. 15%
• Monoleato de sorbitano......................... 0,3%
• Corante amarelo..................................... 0,05%
• Dióxido de titânio......................................0,5%
• Vanilina (0,1%), óleo de rícino............... .0,25%
• Álcool etílico............................................ 12%
• Acetona......................... Qsp................... 100%

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  1. VOIGT, R. Tratado de tecnologia farmacêutica Zaragoza: Acribia, 1982. 769p.

FONTE


APOSTILA TEÓRICA DE FARMACOTÉCNICA I Prof. Herbert Cristian de Souza 2012-02 - Blog do curso de Farmácia da UNIPAC Araguari www.farmaciaunipac.com.br

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