ANTI - INFECTANTES
ANTIPARASITÁRIOS ANTI-HELMÍNTICOS
ISABELA
HEINECK
As
helmintíases representam grave problema de saúde publica, com variedade
relacionada
ao saneamento básico, grau de escolaridade, condições socioeconômicas hábitos
de higiene e idade, entre outras.
A
elefantíase, por exemplo, e a segunda principal causa de incapacidade
permanente em todo o mundo (causa deformação de pernas e genitais), e os
ancilostomídeos provocam anemia grave, um dos mais importantes problemas
materno-infantis1.
O
aumento da susceptibilidade dos indivíduos infectados concomitantemente com
ancilostomídeos e bactérias, protozoários, ou infecções virais, incluindo o vírus
da imunodeficiência humana (HIV) e tuberculose, também e de considerável preocupação
na saúde publica.
Os
principais sintomas dessas doenças são dor abdominal, obstrução intestina , depleção
de carboidratos, anemia, desnutrição, fraqueza, diarreia, anorexia, prurido e deformação.
O tratamento das helmintíases e feito com terapia farmacológica oral, em
diferentes doses e posologias.
Os
anti- helmínticos são considerados relativamente eficazes e seguros.
ALBENDAZOL
Tem sido considerado como primeira escolha para algumas helmintíases
intestinais, como para o tratamento de ancilostomíase por Ancylostoma duodenale
e Necator americanus .
Tem
eficácia comparável a outros anti- helmínticos que atuam contra Ascaris
lumbricoides e Trichiuris trichiura, para este ultimo deve ser
utilizado em regime de multiplas doses.
Revisão
Cochrane avaliou o tratamento de massa de filarióse linfática com albendazol em
monoterapia ou como coadjuvante de outros agentes antifiláricos; em comparação a
placebo, determinou menor densidade de filarias em seis meses; mostrou eficácia
discretamente menor do que ivermectina e semelhante em comparação a
dietilcarbamazina; dada a diversidade de resultados, não foi possível mostrar o
efeito de albendazol sobre parasitos adultos e larvários, quer isolado ou em combinação
com outros fármacos.
Para
estrongiloidíase (Ancylostoma braziliense) e larva migrans cutanea (A.
caninum), albendazol tem sido indicado como opção a ivermectina.
E
recomendado para hidatidiase (E. granulosus), sendo usado como
coadjuvante de ressecção cirúrgica ou drenagem percutânea do cisto.
Albendazol
mostrou-se capaz de reduzir o numero de lesões císticas viáveis na eurocisticerciase
causada por Taenia solium em pacientes adultos.
Anti-helmínticos
tem sido indicados para tratar anemia em grávidas causada principalmente por
ancilostomídios. No entanto, revisão Cochrane de tres estudos (1.329 mulheres) não
observou resultado significante na anemia materna após a utilização de dose única
de albendazol ou mebendazol durante o segundo trimestre da gravidez.
O
esquema de dose única se limita a algumas indicações e a dose em crianca ate 2
anos deve ser reduzida para 200 mg.
DIETILCARBAMAZINA
Tem uso restrito para tratamento de filariase linfática,tendo
efeito sobre microfilarias e parasitos adultos. O resultado de esquemas de dose
única de dietilcarbamazina isolada, associada com albendazol e ivermectina com
albendazol sobre filariase foi medido após 2 anos.
O
tratamento com dietilcarbamazina isolada e associada com albendazol
demonstraram significantes benefícios de longo prazo em reduzir a
microfilaremia (P < 0,05), com redução desprezível sobre a
antigenemia.
De
acordo com a revisão sistemática conduzida por Reddy e colaboradores, o uso
combinado e em dose unica de dietilcarbamazina e albendazol reduziu a prevalência
de microfilaremia de 16,7% para 5,3% e de ivermectina e albendazol de 12,6%
para 4,6%.
A
diferença entre as combinações não foi estatisticamente significante. Em
programa indiano de eliminação de filariase linfática, dose única anual de
dietilcarbamazina, isolada ou em associação com albendazol, mostrou que a prevalência
de microfilaremia decresceu significantemente com ambas as estratégias, com
maior declínio com a associação (72% vs. 51%) que também determinou maior redução
de antigenemia (62%; P < 0,001) e de ovos dos parasitos (49% vs.
97%).
Outra
comparação entre dietilcarbamazina isolada (300 mg, em dose anual) e associada a
albendazol (400 mg) mostrou perfis de segurança similes.
IVERMECTINA
É considerado fármaco de primeira escolha para o tratamento da
estrongiloidiase humana e para oncocercose, sendo preferida a dietilcarbamazina
em razão de graves reações associadas a destruição das microfilarias.
Também
e util em escabiose, filariase e larva migrans cutanea. Como tratamento em
massa para erradicação de filariose linfática, ivermectina e dietilcarbamazina foram
avaliadas em relação ao numero de formas parasitarias adultas.
Ivermectina
e dietilcarbamazina destruíram 96% e 57% das microfilarias e reduziram sua produção
em 82% e 67%, respectivamente. Em tratamentos de longo prazo corre-se o risco
de toxicidade.
PRAZIQUANTEL
É
a primeira escolha na esquistossomose causada por todas as espécies de Schistosoma.
Estudos apontam resultados positivos no uso de praziquantel em combinação com
albendazol no tratamento da cisticercose, após ressecção cirúrgica. No entanto,
o beneficio desta combinação ainda não esta claro.
OXAMNIQUINA
É a opção ao praziquantel no tratamento de esquistossomose.
Seu
uso no Brasil, desde a decada de 1970, indica efetividade de cura parasitológica
em torno de 80%, havendo comunicados de menor eficácia em tratamento de
esquistossomose em outros países.
Em
pediatria representa recurso importante, pois praziquantel nao e produzido em apresentações
farmacêuticas adequadas para uso em crianças. Oxamniquina é relativamente bem
tolerada, tendo como efeitos adversos comuns náuseas, vômitos, sonolência,
tontura e, mais raramente, convulsões.
REFERÊNCIAS
1.
REDDY, M.et al. Oral drug therapy for multiple neglected
tropical diseases. A
Systematic Review. JAMA, Chicago,
Ill, v. 298, n. 16, p. 1911-1924, 2007.
2. KEISER, J.; UTZINGER, J. Efficacy of
current drugs against soil-transmitted helminth infections. Systematic review
and meta-analysis. JAMA, Chicago, Ill, v. 299, n. 16, p. 1937-1948, 2008.
3.
De CARLI, G.A.; TASCA, T.; MACHADO, A. R.L. Parasitoses Intestinais. In:
DUCAN,
B. B. et al. Medicina Ambulatorial: Condutas de atenção primaria baseada em
evidencias. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 1465-1475.
4. ADDISS, D. et al. Albendazole for
lymphatic filariasis. Cochrane Database of
Systematic Reviews). In: The Cochrane
Library, Issue 7, 2010. Art.No. CD 003753.
5. WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO model
formulary 2008. Geneva. 2008.
6. ABBA, K.; RAMARATNAM, S.; RANGANATHAN,
L. N. Anthelmintics for people with neurocysticercosis. Cochrane Database of
Systematic Reviews. In: The Cochrane Library, Issue 7, 2010. Art. No. CD
000215.
7. HAIDER, B. A. et al. Effect of
administration of antihelminthics for soil transmitted helminths during
pregnancy. Cochrane Database of Systematic Reviews. In: The Cochrane Library,
Issue 7, 2010. Art. No. CD005547. DOI: 10.1002/14651858. CD005547.pub2. php>.
8. SUNISH, I. P. et al. Impact of single
dose of diethylcarbamazine and other antifilarial drug combinations on
bancroftian filarial infection variables: assessment after 2 years. Parasitol.
Int., [S.l.], v. 55, n. 3, p. 233-236, 2006.
9. RAJENDRAN, R. et al. Community-based
study to assess the efficacy of DEC plus ALB against DEC alone on bancroftian
filarial infection in endemic areas in Tamil Nadu, south India. Trop. Med.
Int. Health, [S.l.], v. 11, n. 6, p. 851-861, 2006.
10. YONGYUTH, P. Adverse reactions of 300
MG diethylcarbamazine, and in a
combination of 400 MG albendazole, for a
mass annual single dose treatment, in Secretaria de Ciência, Tecnologia e
Insumos Estratégicos/MS – FTN 148
migrant workers in Phang Nga province. J.
Med. Assoc. Thai., Bangkok, TH, v. 90, n. 3, p. 552-563, 2007.
11. BRITISH MEDICAL ASSOCIATION; ROYAL
PHARMACEUTICAL SOCIETY OF GREAT BRITAIN. British national formulary.
Anthelmintics. 59. ed. March 2010. London: BMJ Publishing Group: Royal
Pharmaceutical Society of Great Britain, 2007.
12. STRONG, M.; JOHNSTONE, P.
Interventions for treating scabies. Cochrane Database of Systematic Reviews,
Issue 7, 2010. Art. No.: CD000320. DOI:10.1002/14651858. CD000320.pub2.
13. STOLK, W. A. et al. Effects of
ivermectin and diethylcarbamazine on microfilariae and overall microfilaria
production in bancroftian filariasis. Am. J. Trop. Med. Hyg., Mclean,
Va., US, v. 73, n.5, p. 881-887, 2005.
14.
FERRARI, M. L. A. et al. Efficacy of oxamniquine and praziquantel
in the treatament of Schistosoma mansoni infection: a controlled trial. Bull.
WHO, [S.l.], v. 81, p. 190- 196, 2003.
15. BYGOTT, J. M.; CHIODINI, P. L.
Praziquantel: neglected drug? Ineffective treatment? Or therapeutic choice in
cystic hydatid disease? Acta Trop. Aug., [S.l.], v. 111, n. 2, p. 95-101,
2009.
16. SACONATO, H.; ATALLAH, A.
Interventions for treating schistosomiasis mansoni. Cochrane Database of
Systematic Reviews. In. The Cochrane Library, Issue 7, Art. No. CD 000528.
Nenhum comentário:
Postar um comentário