MANUAL DE ESTRUTURAÇÃO DE ALMOXARIFADOS DE MEDICAMENTOS E
PRODUTOS PARA A SAÚDE, E DE BOAS PRÁTICAS DE ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIÇÃO
PARTE 1
APRESENTAÇÃO
Os
medicamentos são produtos diferenciados de suma importância para a melhoria ou
manutenção da qualidade de vida da população. A preservação da sua qualidade
deve ser garantida desde sua fabricação até a dispensação ao paciente. Desta
forma, as condições de estocagem, distribuição e transporte desempenham papel
fundamental para a manutenção dos padrões de qualidade dos medicamentos.
Assim
é imprescindível que o ciclo logístico da Assistência Farmacêutica (aquisição,
programação, armazenamento, distribuição e dispensação) tenha a qualidade e a
racionalidade necessárias, de modo a disponibilizar medicamentos seguros e
eficazes, no momento certo e nas quantidades adequadas.
Um
dos componentes essenciais do sistema de fornecimento de medicamentos é a
estocagem em local bem localizado, bem construído, bem organizado e seguro.
Este pressuposto torna imprescindível o planejamento detalhado da montagem e
funcionamento dos almoxarifados de medicamentos.
A
Assistência Farmacêutica conceituada como “grupo de atividades relacionadas com
o medicamento, destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade”,
desempenha papel essencial para a saúde. No município de São Paulo a
Assistência Farmacêutica, como toda a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), vive
momento ímpar, decorrente da descentralização administrativa em subprefeituras.
A
descentralização da gestão da saúde, através das respectivas coordenadorias das
subprefeituras criou o fato da necessidade das estruturas do gabinete da SMS
apoiarem a estruturação de alguns serviços, e dentre eles, a montagem dos
almoxarifados de medicamentos.
A
construção deste “Manual de Estruturação de Almoxarifados de Medicamentos e
Produtos para a Saúde e, Boas Práticas de Armazenamento e Distribuição”, tem o
objetivo de apoiar as iniciativas das coordenadorias de saúde quanto à montagem
e organização de seus almoxarifados de medicamentos.
O
manual em questão não se propõe a esgotar o assunto, mas sim, oferecer
diretrizes e procedimentos básicos que possam assegurar a qualidade e a
segurança dos medicamentos estocados e distribuídos, dentro das dependências
das unidades do SUS municipal.
Assim,
a Parte I trata da estruturação dos almoxarifados de medicamentos e produtos
para a saúde quanto às instalações físicas, que são exigidas pelas Normas
Técnicas vigentes.
A
Parte II enfoca as boas práticas de armazenamento e distribuição, oferecendo
diretrizes para que o almoxarifado cumpra bem a sua função de receber, estocar,
guardar, conservar e controlar os medicamentos, garantindo a manutenção de seus
padrões de qualidade.
A
Parte III foi fundamentada em documento da Organização Mundial da Saúde e traz
diretrizes para o recebimento de doações de medicamentos.
Destacamos
que a normatização sobre a estocagem de medicamentos é igualmente aplicável
para os produtos para a saúde.
Esperamos
que as informações aqui contidas sejam úteis para a estruturação dos
almoxarifados e que possam garantir a manutenção do padrão de qualidade dos
medicamentos dispensados no âmbito do SUS municipal.
PARTE I - ESTRUTURAÇÃO DE ALMOXARIFADOS DE MEDICAMENTOS E
DE PRODUTOS PARA A SAÚDE
Os
almoxarifados precisam ser estruturados para desempenhar as atividades de:
v Recebimento;
v Estocagem e guarda;
v Conservação e
v Controle de estoque.
Dentro
deste contexto, para o melhor desempenho de suas atribuições, os almoxarifados
devem ser construídos conforme as orientações que seguem.
1. Localização
A
localização do almoxarifado deve ser planejada, em função da logística de
distribuição,
ou seja, que o mesmo tenha localização estratégica em relação às unidades de
saúde que serão abastecidas a partir do mesmo.
2. Área física
A
área física deverá ser projetada de acordo com a demanda de cada subprefeitura.
3. Estrutura física
externa
Deve
ter espaço suficiente para a manobra dos caminhões que farão a entrega dos
produtos. Deve conter plataforma para carga e descarga, com altura
correspondente à base da carroceria de um caminhão, o que corresponde a
aproximadamente 100 cm.
Esta
área de carga e descarga deve ter cobertura, para evitar a incisão direta de
luz sobre os produtos durante a descarga e, eventualmente, chuva.
O
local deve possuir rampas que permitam facilidade de locomoção dos carrinhos
contendo os produtos e devem ser estabelecidos procedimentos especiais para o
recebimento em dias chuvosos. As portas externas devem ser confeccionadas em
aço e em tamanho adequado para a passagem dos caminhões.
A
iluminação externa deve ser considerada como medida de segurança. O local
também deve contar com serviço de segurança por 24 horas.
O
edifício deve se apresentar em bom estado de conservação: isento de rachaduras,
pinturas descascadas, infiltrações, etc. Este ponto é especialmente importante
para o caso da necessidade de locação do imóvel.
Os
arredores devem estar limpos e não devem existir fontes de poluição ou
contaminação ambientais próximas ao mesmo. O local deve ter placa de
identificação (por exemplo, Prefeitura do Município de São Paulo,
Subprefeitura...).
4. Estrutura física
interna
As
instalações devem ser projetadas de acordo com o volume operacional do
almoxarifado. Mas as condições físicas devem ser observadas qualquer que seja o
tamanho do mesmo:
v Piso – deve ser plano, de fácil
limpeza e resistente para suportar o peso dos produtos e a movimentação dos
equipamentos;
v Paredes – constituídas de alvenaria,
devem ser pintadas com cor clara, lavável e devem apresentar-se isentas de
infiltrações e umidade. Pelo menos uma das quatro paredes deve receber
ventilação direta, através de abertura localizada, no mínimo, a 210 cm do piso.
Esta abertura deve estar protegida com tela metálica para evitar a entrada de
insetos, pássaros, roedores, etc;
v Pé direito – A altura mínima
recomendada é de 6 m na área de estocagem e de 3 m nas demais áreas;
v Portas – de preferência esmaltadas ou
de alumínio, contendo fechadura e/ou cadeado;
v Teto – de preferência de laje, mesmo
que do tipo pré-moldada. Deve-se evitar telhas de amianto porque absorvem muito
calor;
v Sinalização interna – As áreas e
estantes, além dos locais dos extintores de incêndio, precisam ser
identificadas;
v Instalações elétricas – devem ser
mantidas em bom estado, evitando-se o uso de adaptadores. O quadro de força
deve ficar externo à área de estocagem e as fiações devem estar em tubulações
apropriadas. É sempre bom lembrar que os curtos-circuitos são as causas da maioria
dos incêndios.
5. Equipamentos
Os
equipamentos devem ser pensados em função do espaço físico e do volume
operacional do almoxarifado.
v Estantes – são adequadas para
medicamentos desembalados ou acondicionados em pequenas caixas. As estantes
modulares de aço ou de madeira revestida por fórmica, são mais indicadas porque
permitem fácil manuseio. A profundidade ideal é de 60 cm, podendo ser de 40 cm
em alguns casos. As tintas utilizadas nas estantes devem ter secagem rápida,
para que não fiquem impregnadas nas embalagens;
v Estrados – são apropriados para caixas
maiores, não devem ultrapassar 120 cm no lado maior;
v Escadas – para movimentação dos
estoques quando os medicamentos estiverem desembalados ou acondicionados em
caixas menores;
v Empilhadeira – para quando o
almoxarifado fizer uso de sistema de armazenagem vertical: estrados ou
“pallets”. As pilhas não devem ultrapassar a altura de 1,5 m ou conforme a
informação do fabricante do produto. Assim, evitam-se os desabamentos e as
alterações das embalagens por compressões;
v Carrinhos para transporte - a escolha
dos mesmos depende do volume operacional do almoxarifado;
v Sistema de condicionamento de ar –
utilizado para o controle adequado da temperatura nos locais de armazenagem de
medicamentos. Devem ser pensados em função das condições dos ambientes. Em São
Paulo as temperaturas se elevam muito no verão, desta forma, a instalação deste
sistema deve ser considerada;
v Ventiladores – na impossibilidade de
instalação de aparelhos de ar condicionado, deve ser previsto o uso de
ventiladores;
v Exaustores – são úteis porque ajudam
na ventilação do ambiente;
v Termômetros – são recomendados os
termômetros que registram as temperaturas máximas e mínimas para a medição na
área de estocagem. Também devem ser usados termômetros adequados para a medição
das temperaturas das câmaras frias ou refrigeradores;
v Higrômetro – usado para a medição da
umidade nas áreas de armazenamento;
v Armários de aço com chave – destinados
ao armazenamento de medicamentos sujeitos a controle especial, quando o volume
estocado é pequeno. No geral é preferível dispor de sala fechada para este fim;
v Extintores de incêndio – devem ser
adequados aos tipos de materiais armazenados e devem estar fixados nas paredes
e sinalizados conforme normas vigentes. É recomendável a consulta ao Corpo de
Bombeiros sobre os locais apropriados para a instalação dos mesmos, bem como
sobre a sinalização e especificações necessárias. Devem ter ficha de controle
de inspeção e etiqueta de identificação contendo a data da recarga;
v Câmara fria – utilizada,
principalmente, para a conservação entre 2 e 8ºC de volumes maiores de
medicamentos termolábeis;
v Refrigerador – para estocagem entre 2
e 8ºC;
v Outros:
Ø Caixas plásticas para transporte;
Ø Caixas de isopor para transporte;
Ø Cesto com tampa;
Ø Lacres;
Ø Armários, escrivaninhas e cadeiras;
Ø Aparelho de fax;
Ø Linha de telefone direta;
Ø Máquinas de calcular;
Ø Pontas de rede (internet);
Ø Computadores;
Ø Impressoras.
6. Áreas do almoxarifado
O
almoxarifado pode estar destinado à estocagem de medicamentos e produtos para a
saúde. Para tanto, devem ser previstos setores separados para os mesmos.
Recomenda-se que cada setor (medicamentos e produtos para a saúde) tenha
profissional responsável.
Deve
ser estruturado para conter as seguintes áreas:
v Recepção – Área destinada ao
recebimento dos produtos, na qual devem ser realizadas a verificação, a
conferência e a separação dos mesmos.
v Expedição – Área destinada à
organização, preparação, conferência e liberação dos produtos.
v Vestiário – Destinado ao pessoal da
carga e descarga.
v Refeitório
v Sanitários
v Armazenamento
1. Geral
o
local deve ser ventilado. Os medicamentos devem ser armazenados em estantes ou
estrados. As estantes ou estrados devem ser protegidos da luz e devem permitir
a livre circulação de pessoas e equipamentos. Recomenda-se o espaço de
aproximadamente 150 cm entre as estantes. Os estrados devem manter distância de
80 cm entre si. No caso do uso de empilhadeiras, considerar o giro da mesma;
2. Medicamentos sujeitos
a controle especial
Recomenda-se
que haja sala reservada para o armazenamento destes medicamentos e, neste caso,
a mesma deve atender às especificações sobre ventilação, temperatura, condições
de luminosidade e umidade que também são necessárias para a área de
armazenamento geral. A melhor localização da sala é próxima à área
administrativa, porque permite maior controle do acesso das pessoas;
3. Medicamentos
termolábeis
Devem
ser armazenados em equipamentos apropriados para conservação a frio (câmara
fria ou refrigerador). A escolha de qual deles será utilizado depende do volume
de medicamentos que precisam ser armazenados.
4 Administração
Recomenda-se
que a sala da administração tenha aproximadamente 10 m2 e que o acesso seja
independente das demais áreas do almoxarifado.
É
importante ressaltar que a recepção e a expedição podem ou não estar
localizadas no mesmo espaço, no entanto, este espaço deve estar separado das
outras áreas do almoxarifado.
FONTE:
Prefeitura do Município
de São Paulo , Secretaria Municipal da Saúde Coordenação de Desenvolvimento da
Gestão Descentralizada – COGest Área Temática de Assistência Farmacêutica
ÁREA TEMÁTICA DE
ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA – COGest/SMS.G:
Chizuru
Minami Yokaichiya , Dirce Cruz Marques, Fabiola Sulpino Vieira, Sandra
Aparecida Jeremias, Sueli Ilkiu, Vilberto Crispiniano de Oliveira
COLABORADORES Cristina Fujii de Castro, Sílvia
Regina Ansaldi da Silva, Sônia Maria A. Cintra Gonçalves, Vera Marta Takayama,
Shirley Araújo Oliveira
Maria
Cecília M. Greco, Ronaldo José de Oliveira, Eduardo Teixeira de Oliveira
APOIO LOGÍSTICO Milton Salas Augusto & equipe
IMPRESSÃO CEFOR - SMS São Paulo, 2003
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