ESTUDO DAS MEDIDAS DE CONTROLE DAS INFECÇÕES HOSPITALARES
RELACIONADAS A UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL
André
Soares dos Santos
RESUMO
Este estudo
foi desenvolvido através da revisão de literatura com a finalidade de promover
uma apresentação direta dos meios de prevenção e controle de infecção
hospitalar em Unidades de Terapia Intensiva neonatal, para isso foram
consultados bancos de dados eletrônicos com seleção e descarte de materiais
recorrentes. O período de corte utilizado compreendeu os anos de 1997 a
2010. O estudo aponta medidas eficazes
de prevenção e controle de infecções em unidades neonatais, inserindo
mecanismos para a diminuição efetiva de internações de recém-nascidos nessas
unidades, conscientizando profissionais e familiares quanto a importância da
execução de tais métodos para alcançar o perfeito estado de bem estar físico e
psíquico destes neonatos.
Descritores: Unidade de terapia intensiva, neonatal, infecções hospitalares,
controle de infecção, prevenção de infecções.
ABSTRACT
This study was developed through the literature review in order to promote a direct presentation of the means of prevention and control of nosocomial infection in neonatal intensive care units, were consulted for this electronic databases with selection and disposal of the applicants. The cutoff period used comprised the years 1997 to 2010. The study highlights effective measures for prevention and control of infections in neonatal units, inserting mechanisms for efficient reduction in hospitalizations of newborns in these units, educating professionals and families about the importance of implementation of such methods to achieve the perfect state of wellness physical and mental of these neonates.
Keywords: intensive care unit, neonatal infections, hospital infection control, infection prevention.
INTRODUÇÃO
Segundo Mussi-Pinhata e Nascimento
(¹) de maneira geral, infecções hospitalares
são quaisquer infecções que não estejam presentes ou incubadas no momento da
admissão hospitalar e, portanto, adquiridas durante a hospitalização ou até 72
horas após esta.
Segundo Lopes, Rossetto, Belei,
Capobiango e Matsuo(²), a infecção hospitalar pode ser dita: infecção
endógena, quando se verifica a partir de microorganismos do próprio paciente,
geralmente imunodeprimido. Corresponde a 2/3 das infecções hospitalares;
infecção exógena é adquirida a partir de microorganismos estranhos ao paciente,
sendo veiculada pelas mãos da equipe de saúde, nebulização, uso de
respiradores, vetores, por medicamentos ou alimentos contaminados; infecção
cruzada é transmitida de paciente a paciente, geralmente através das mãos da
equipe de saúde.
Em
1994 realizou-se um estudo de prevalência das infecções hospitalares em 103
hospitais terciários, localizados em capitais brasileiras, com o objetivo de
diagnosticar o problema das infecções hospitalares, direcionando planos de
ações e investimentos. A taxa de infecção hospitalar foi de 13%. A prevalência
de infecção hospitalar da unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal foi a mais
alta (46,9%), seguida da Unidade de Queimados (38,2%) e da UTI pediátrica
(32,9%) .( MUSSI-PINHATA, M. M.,
NASCIMENTO, S. D. Infecções
neonatais hospitalares. Jornal de
Pediatria. v.7, n.1, p.S81-S96, 2001).
Segundo Pinheiro, Nicoletti,
Boszczowsk, Puccini e Ramos.(³) Os problemas universais no controle de infecção
ocorrem em países desenvolvidos e em desenvolvimento e compreendem: número de
pessoal e recursos financeiros inadequados, relutância dos funcionários do
hospital em modificar condutas e uso excessivo de agentes antimicrobianos.
No
Brasil, o Controle das Infecções Hospitalares começou em 1983, com a publicação
pelo Ministério da Saúde da Portaria nº 196, obrigando todos os hospitais
brasileiros a criarem Comissões de Controle de Infecções Hospitalares.
No
final da década de 80, surgem as primeiras associações de profissionais em
Controle de Infecções Hospitalares: APECIH em São Paulo, AMECIH em Minas
Gerais, ABIH, etc., promovendo encontros e congressos sobre o assunto. A partir
daí, observou-se maior participação dos hospitais públicos e privados com a
real obrigatoriedade das comissões trabalhando com pessoal capacitado e
treinado.
A
metodologia passiva (Portaria n º 196/83) começou a ser substituída pela busca
ativa de coleta de dados.
Em 1992,
o Ministério da Saúde publicou a portaria nº 930, em substituição à nº 196, de
1983, instituindo o método ativo de busca e especificando a necessidade de um
médico e um enfermeiro com formação epidemiológica e com dedicação exclusiva à
Comissão de Infecção Hospitalar (um enfermeiro para cada 200 leitos).
Em
1997, o Ministério da Saúde publicou a lei nº 9.431 determinando a
obrigatoriedade de manutenção pelos hospitais do país de programa de vigilância
hospitalar e, em 1998, publicou a portaria nº 2.616, instituindo o número de
profissionais necessários a uma comissão de controle de infecções hospitalares
e suas atribuições, bem como obrigações municipais, estaduais e federais no
referente ao controle de infecções hospitalares. (Disponível em: Disponível em: http://www.jped.com.br/conteudo/99-75-S31/port_print.htm
As infecções hospitalares são mais
freqüentes e, geralmente, mais graves em recém-nascidos. Além das várias
peculiaridades desta fase da vida, que levam à maior susceptibilidade à
infecção, a sobrevivência de um número crescente de recém-nascidos prematuros decorrente
do elevado tempo de internação em unidades de terapia intensiva neonatal, onde
são submetidos a procedimentos invasivos e ao uso de antimicrobianos de largo
espectro, são responsáveis por esta condição. As
taxas gerais de infecção nas UTI Neonatais variam de 6 a 25%, sendo maior nos
recém nascidos pré-termo com peso menor que 1500g, principalmente nos menores que
1000g.
Além
de causar proporção substancial das mortes perinatais, neonatais e pós-natais,
a infecção neonatal hospitalar associa-se com custos hospitalares elevados,
pois a hospitalização de crianças com infecção é três vezes mais prolongada do
que daquelas que não adquirem infecção. ( MUSSI-PINHATA, M. M., NASCIMENTO, S.
D. Infecções neonatais hospitalares. Jornal de Pediatria. v.7, n.1,
p.S81-S96, 2001)
Embora todas as infecções adquiridas
por crianças nascidas no hospital possam ser consideradas hospitalares, as
infecções que se manifestam precocemente, na primeira semana de vida,
freqüentemente são causadas por microorganismos transmitidos da mãe para a
criança e têm epidemiologia distinta daquelas infecções nosocomiais adquiridas
mais tardiamente no período neonatal. Usualmente, as infecções neonatais são
divididas em infecções de início precoce, de origem materna (< 3 a 7 dias de
vida) e em infecções de origem tardia (> 3 a 7 dias de vida), que seriam
aquelas adquiridas após o nascimento e, portanto, de origem não materna.
As infecções no período neonatal têm
características que não são observadas em nenhum outro grupo de pacientes.
Consideramos o recém nascido como bacteriologicamente estéril, que adquirirá a
flora bacteriana normal nas primeiras horas e nos dias iniciais de vida. A
susceptibilidade aumentada às infecções se correlaciona com algumas
deficiências do sistema imunológico e fragilidade das barreiras cutâneas e
mucosas do neonato. Estas defesas são, ainda menores no neonato pré-termo e de
baixo peso. Durante a internação, o neonato é exposto a uma variedade de
patógenos maternos e hospitalares, que se tornam invasivos pelo status
imunológico deficitário. Estes fatores favorecem a disseminação de
microrganismos hospitalares e a colonização do prematuro por uma flora
patogênica, aumentando os riscos para infecção hospitalar e óbito neonatal.
Considerando
esse contexto, para o CDC (Centers of Disease Control) são consideradas como
infecções neonatais hospitalares aquelas adquiridas no período intraparto (de
origem materna até 48h de vida), durante a hospitalização ou até 48h após a
alta, com exceção às infecções transplacentárias, como a rubéola, a
citomegalovirose, hepatite tipos B e C, herpes simples, a síndrome de
imunodeficiência adquirida, a toxoplasmose e a sífilis.( LOPES, G. K, ROSSETTO,
E. G., BELEI, R. A., CAPOBIANGO, J. D., MATSUO. T. Estudo epidemiológico das
infecções neonatais no Hospital Universitário de Londrina, Estado do Paraná. Acta Sci. Health Sci, v.30, n.1, p.
55-63, 2008).
No
Brasil, segundo a portaria nº 2616/98 do Ministério da Saúde, que orienta as
ações de controle de infecção hospitalar, classifica toda infecção neonatal
como hospitalar, exceto aquelas adquiridas por via transplacentária ou
associadas à rotura de membranas amnióticas por período superior a 24 horas
antes do parto. ( MUSSI-PINHATA, M.
M., NASCIMENTO, S. D. Infecções
neonatais hospitalares. Jornal de
Pediatria. v.7, n.1, p.S81-S96, 2001).
Os
principais fatores de risco para infecção de recém-nascidos podem ser divididos
em intrínsecos e extrínsecos. Fatores intrínsecos incluem características como
idade gestacional, gênero, peso ao nascer, severidade da doença e grau de
desenvolvimento imunológico. Fatores extrínsecos incluem a duração da hospitalização,
o uso de procedimentos invasivos (cateteres arteriais e venosos, cânulas
traqueais, sonda gástrica ou gastro-duodenal, derivações
ventrículo-peritoniais, drenos torácicos, etc), as características da exposição
ao ambiente hospitalar e ao pessoal do hospital (relação enfermagem/paciente,
área física, treinamento do pessoal, técnicas de higiene e de controle de
infecção hospitalar e o padrão de uso de antimicrobianos na unidade.(MUSSI-PINHATA,
M. M., NASCIMENTO, S. D. Infecções
neonatais hospitalares. Jornal de
Pediatria. v.7, n.1, p.S81-S96, 2001).
Em geral, recém-nascidos em boas condições permanecem internados por
pouco tempo e não são submetidos a procedimentos invasivos. Dessa maneira, a
exposição ao pessoal é o fator de risco mais importante para estas crianças.
Por outro lado, crianças em unidades de terapia intensiva neonatal têm
hospitalização prolongada e exposições freqüentes a procedimentos invasivos e
grande manipulação por parte dos profissionais de assistência , com freqüentes cuidados nos quais se utilizam as mãos.
A maior influência na ocorrência de infecção hospitalar é o baixo peso
ao nascer. A predisposição à infecção destas crianças é devida à combinação de
vários fatores de risco em conseqüência da imaturidade das defesas imunológicas
e do sistema de suporte de vida, que promove ruptura de suas barreiras normais
de defesa. Assim é que estas são submetidas ao uso de cânulas endotraqueais e
ventiladores mecânicos que interferem com as defesas locais pulmonares, ao uso de
cateteres que permitem a entrada de microorganismos da flora cutânea à corrente
sanguínea, a mecanismos que reduzem a acidez gástrica como o uso de
bloqueadores H2, à hiperalimentação parenteral, que pode veicular agentes
patogênicos, ao uso prolongado e freqüente de antimicrobianos como
cefalosporinas e aminoglicosídeos, cuja pressão seletiva promove a colonização
com patógenos resistentes. Podemos citar também a permanência prolongada em
unidades de terapia intensiva facilitando a colonização com a flora bacteriana
de gram-negativos potencialmente patogênicos existentes no ambiente e nas mãos
do pessoal e com cepas de Staphylococcus aureus (que são repetidamente
recuperadas das mãos e narinas de 30 a 50% do pessoal hospitalar), facilitando
a infecção, principalmente em unidades superlotadas com um número reduzido de
profissionais atuantes.
A prevenção e o controle das
infecções bacterianas neonatais representam um desafio para todos aqueles
envolvidos nos cuidados hospitalares aos recém-nascidos.
As medidas de prevenção e controle das infecções hospitalares visam minimizar a transmissão exógena e endógena de microorganismos patogênicos. Estas medidas se aplicam à gestante, ao ambiente hospitalar, à equipe assistencial e ao próprio recém-nascido.
As medidas de prevenção e controle das infecções hospitalares visam minimizar a transmissão exógena e endógena de microorganismos patogênicos. Estas medidas se aplicam à gestante, ao ambiente hospitalar, à equipe assistencial e ao próprio recém-nascido.
O presente estudo busca abordar
as infecções hospitalares relacionadas às unidades de
terapia intensiva neonatal, correlacionar medidas de controle e prevenção de
tais infecções e proporcionar o que seria um dos principais meios para a
redução dos níveis de infecção hospitalar: a conscientização de profissionais
de saúde e visitantes como familiares, da necessidade essencial de execução
de tais medidas para que haja o
aprimoramento da efetiva assistência e promoção da diminuição da taxa de longa permanência de neonatais em unidades de
terapia intensiva. Um simples gesto como a lavagem adequada das mãos reduziria
o risco de contaminação em vários casos.
JUSTIFICATIVA
A dificuldade encontrada para a
implantação de medidas que ofereçam uma redução ou até mesmo a eliminação das
infecções hospitalares se encontram no fato de quase não haver estudos
direcionados à unidades neonatais, a maioria dos estudos publicados fazem parte
de longas pesquisas executadas com adultos e seus dados são extrapolados para a
faixa etária pediátrica ou neonatal.
Estudos direcionados para tal clientela se torna cada vez mais
importante, uma vez que com o progresso da neonatologia a sobrevida de
recém-natos prematuros de muito baixo peso e recém-natos com alguma malformação
que era considerada incompatível com a vida, hoje sua expectativa de
sobrevivência tem atingido altos níveis, concomitantemente a este fato
aumentaram também as taxas de internações de recém-natos de baixo peso em
unidades de terapias intensivas neonatais aumentando a possibilidade de
aquisição de alguma infecção hospitalar.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo com abordagem
qualitativa do tipo revisão de literatura, onde busca-se identificar a produção
cientifica sobre o controle e prevenção de infecções hospitalares relacionadas ao setor de terapia intensiva neonatal .
Foi realizada uma busca nas bases de dados
on-line da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando-se os descritores de
assunto controle de infecção combinado
com unidade de terapia neonatal, serão
utilizados como critérios de inclusão neste estudo artigos científicos
publicados em periódicos nos últimos 10 anos (2000-2010), com a temática
relacionada a enfermagem, na língua portuguesa, com aderência ao controle de
infecções neonatais e publicados no Brasil. Foram descartadas teses,
dissertações, monografias e artigos recorrentes.
No banco de dados da LILACS, utilizando os descritores
controle de infecções combinado com unidade de terapia neonatal foram
encontrados 25 artigos relacionados ao tema, destes 04 foram selecionados por
atenderem a temática.
Na MEDLINE, utilizando os descritores controle de infecções
hospitalares combinado com unidade de terapia neonatal foram encontrados 34
artigos relacionados ao tema, deste nenhum foi selecionado por não atender aos
critérios de inclusão deste estudo.
Na BDENF, utilizando
os descritores controle de infecções hospitalares combinado com unidade de terapia intensiva
neonatal foram encontrados 6 artigos relacionados ao tema, deste 02 foram
selecionados por atenderem a temática proposta, os demais foram descartados por
tratarem-se de teses, dissertações ou eram recorrentes.
Nos resultados
obtidos, foi realizada a leitura rigorosa e elaborada a tabela 1.
BANCO DE DADOS
|
ARTIGOS
|
AUTOR
|
ANO
|
LILACS
|
Infecção
hospitalar em Unidade de terapia neonatal: Há influência do local de
nascimento
|
Pinheiro,
Monica de Souza B; Nicoletti, Christiane; Boszczowsk, Icaro; Puccini, Dilma
Mineko T; Ramos, Sonia Regina T. S.
|
2009
|
LILACS
|
A prevenção e o controle
das infecções hospitalares na Terapia Intensiva Neonatal: propostas
governamentais, institucionais e estratégias adotadas pelos profissionais de
saúde
|
Lucas, Eduardo Alexander
Júlio César Fonseca.
|
2007
|
REFERENCIAL TEÓRICO
As
infecções hospitalares são infecções que o paciente adquire enquanto internado,
e contam com uma incidência de 5 a 25 % nas Unidades de terapia intensivas
(UTIs) neonatais.
Os
profissionais envolvidos na assistência ao recém-nascido de alto risco possuem
uma grande responsabilidade em prevenir a transmissão de infecções na UTI neonatal ; para tanto ,uma avaliação
das práticas utilizadas por cada membro da equipe deve ser levada em conta. O
envolvimento de uma comissão de infecção hospitalar ativa e participante, vem
colaborar para a prevenção e a redução da infecção neonatal, a colaboração nas
rotinas, procedimentos e na elaboração de
guias de prevenção das infecções.
As medidas de precaução e controle de infecções
hospitalares tem como objetivo evitar a transmissão nosocomial de doenças. Para
ocorrer a transmissão das infecções no ambiente hospitalar são necessários três
elementos:
1.Fonte de
infecção: Pacientes ,funcionários e ,ocasionalmente os visitantes, objetos
inanimados e superfícies do ambiente hospitalar , incluindo equipamentos e
medicamentos.
2.Hospedeiro
susceptível: Pacientes no ambiente hospitalar possuem fatores que os tornam
mais susceptíveis aos microrganismos, principalmente pacientes que possuem o
sistema imunológico ainda em formação, como recém-nascidos.
3.Meios de
transmissão: A transmissão ocorre por diversos meios como exemplo podemos
citar, o contato, a via aérea, o meio de um veículo comum ou os vetores.
O contato é o mais freqüente e importante meio
de infecções hospitalares. Pode ocorrer através das mãos dos profissionais;
através das luvas quando não trocadas entre um paciente e outro ; pelo contato
entre pacientes e também através de instrumentos contaminados.
As gotículas são geradas pela pessoa que é a
fonte e ocorre durante a tosse , espirro , aspiração de secreções, realização
de procedimentos (como broncoscopia) e mesmo pela conversação habitual . Quando
estas partículas são depositadas na conjuntiva, mucosa nasal ou na boca do
hospedeiro susceptível, ocorre a transmissão do agente. As partículas podem
atingir uma distância de um metro. Essa forma de transmissão não é aérea porque
as gotículas não permanecem suspensas no ar.
A transmissão aérea ocorre quando os
microrganismos estão em pequenas partículas suspensas no ar (≤5 μm) ou
gotículas evaporadas que permanecem suspensas no ar por longa tempo. Os
microrganismos carreados desta forma são disseminados por correntes de ar e
podem ser inalados por hospedeiros susceptíveis, mesmo a longas distâncias.
Veículo comum ocorre quando os microrganismos
são transmitidos por veículo comum como alimentos, água, medicamentos ou mesmo
equipamentos.
Vetores são moscas, mosquitos, etc, que
transmitem microrganismos.
Medidas de controle e prevenção gerais
Para
controle das infecções hospitalares em unidade de terapia intensiva neonatal, é
extremamente importante que a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar,
implante e fiscalize a execução das seguintes medidas gerais de precaução:
· Treinamento adequado dos profissionais envolvidos na assistência ao
recém-nato, com ênfase especial à lavagem /higienização das mãos;
· Área física adequada;
· Pias e materiais para lavagem adequada das mãos em número suficiente;
· Racionalização na utilização de antimicrobianos e de procedimentos
invasivos;
· Reconhecimento prévio de contato com doenças infecto-contagiosas;
· Medidas adequadas de isolamento, com leitos e quartos/ enfermarias
disponíveis para esta finalidade;
· Internação criteriosa;
· Atenção e supervisão em relação às visitas de familiares.
Lavagem das mãos
Estudos têm demonstrado que 90% das infecções hospitalares adquiridas
podem ser prevenidas com boa técnica de lavagem das mãos, em colaboração com
outras medidas de assepsia.
A lavagem das mãos é essencial nos
seguintes casos:
· Recomenda-se que todo o profissional que entre na assistência a
neonatais retire anéis, pulseiras e relógios, e lave as mãos e antebraço com
sabão anti-séptico durante 3 minutos;
· Lavar as mãos por 30 segundos antes e depois de manusear algum
paciente;
· Antes de executar ou auxiliar em qualquer procedimento.
Visitas e funcionários
· Limitar e controlar a circulação de visitas e de pessoal que não
trabalhe na unidade;
· Não está recomendada a entrada de funcionários ou visitantes enfermos
na unidade;
· A visita de irmãos poderá ser permitida quando: idade maior que 3 anos
e vacinação em dia e sem sintomas ou sinais de processos infecciosos
instalados.
Uso de indumentárias
· Funcionários devem utilizar uniformes restritos à unidade, caso seja
necessário retirar-se do setor, utilizar um avental por cima do uniforme;
· Visitas e funcionários de outro setor deverão utilizar aventais ao
entrarem;
· Uso de avental individual a cada paciente quando da realização de
procedimento que necessitem de levar o neonato ao colo;
· O uso de máscara, gorro, e avental esterilizado deverá ser mantido nos
procedimentos como cateterismo umbilical, dissecção de veia, cateter percutâneo
periférico, instalação de diálise peritonial e exosanguíneo transfusão.
Curativos
Realizar curativo do coto umbilical durante troca de fraldas, entre os
procedimentos utilizar-se da lavagem das mãos;
· Proceder a troca de curativos cirúrgico a cada 12-14 horas ou quando
necessário utilizando técnica asséptica;
Ambiente material
· Uso de material individual para cada paciente;
· Desinfetar com solução desinfetante (clorexidina alcoólica a 5,0% ou
hipoclorito de sódio, todos os materiais de uso comum;
· Desinfecção do piso e superfícies da unidade com solução desinfetante
(clorexidina a 0,5%), no mínimo a cada 24 horas e quando necessário;
· Esterilização de mamadeiras e chupetas;
· Evitar comer ou beber dentro da UTI neonatal, pois farelos e restos
alimentares atraem vetores de infecções.
Trocas
e desinfecções
· Trocar os circuitos de respiradores e umidificadores a cada 72 horas;
· Trocar o reanimador manual (quando em uso) a cada 72 horas e após a
alta hospitalar;
· Incubadoras; Desinfecção concorrente com hipoclorito a 0,5%, na parte
exterior, e limpeza com água na parte interna, para evitar a inalação dos
desinfetantes, cada 24 horas. A desinfecção terminal com solução desinfetante
cada 7 dias, por ocasião da alta ou quando necessário;
· Troca do filtro da incubadora cada 3 meses;
· Troca dos frascos e conexões de aspiração endotraqueal (quando em uso)
cada 24 horas;
· Troca dos frascos de drenagem torácica cada 24 horas;
· Troca de sonda gástrica cada 7 dias, no caso de sondas de permanência
curta;
· Troca do frasco e equipo de soro com nutrição parenteral cada 24
horas; no caso das demais soluções e medicações contínuas, trocar o equipo e
conexão cada 48 horas e o frasco seringa cada 24 horas.
É necessário o controle das trocas e desinfecções dos equipamentos e
materiais, através de etiquetas que contenham as informações necessárias como:
Data da troca ou desinfecção, data da realização da próxima troca ou
desinfecção, material utilizado, nome do funcionário que realizou o
procedimento, o conteúdo deve vir anexado ao material através de etiquetas
ou cartões.
CONCLUSÃO
As
infecções hospitalares constituem um grave problema de saúde pública, tanto
pela sua alta capacidade de transmissão como pelos elevados custos para o
governo. Os meios de transmissão e de prevenção devem ser constantemente
inseridos no contexto da assistência multiprofissional ao neonato. É fato que a
Comissão de Controle de Infecções Hospitalares tem um problema em suas mãos: a
relutância de profissionais em se adaptar ao “novo”, nós lidamos com
microorganismos em constante mutação, portanto mutante também serão as medidas
implantadas pela comissão, o treinamento continuado e implantação do aprendizado pelos
recursos humanos fará parte essencial do sucesso de tais medidas.
Grave problema também se constitui no
sucateamento de hospitais, a falta de materiais, profissionais mal remunerados
executando horas extras ou até mesmo a sobrecarga de trabalho, causando
distrações e mal ou nenhuma implantação das informações já adquiridas.
Estudos nesse sentido devem ser incentivados,
uma vez que são poucos, com este tipo de abordagem e geralmente os que são
publicados, fazem parte de uma
estimativa dos dados adquiridos em pesquisas com adultos e que seus
dados acabam sendo transformados em parâmetros neonatais.
REFERÊNCIAS
1- MUSSI-PINHATA,
M. M., NASCIMENTO, S. D. Infecções
neonatais hospitalares. Jornal de
Pediatria. v.7, n.1, p.S81-S96, 2001.
2- LOPES,
G. K, ROSSETTO, E. G., BELEI, R. A., CAPOBIANGO, J. D., MATSUO. T. Estudo
epidemiológico das infecções neonatais no Hospital Universitário de Londrina,
Estado do Paraná. Acta Sci. Health Sci,
v.30, n.1, p. 55-63, 2008.
3- PINHEIRO, M. S. B, NICOLETTI, C., BOSZCZOWSK,
I., PUCCINI, D. M. T., RAMOS, S. R. T. S. Infecção
hospitalar em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal: há influência do local de nascimento? Revista
Paulista de Pediatria, 2009; 27(1): 6-14.
4- CARVAÇHO, E. S., MARQUES, S. R. Infecção hospitalar em pediatria.
Jornal de Pediatria, 1999; 75 (1): S31-S45.
5- BRASIL,
Ministério da Saúde, Portaria 196,
de 24 de junho de 1983. Brasília, DOU de 28 de junho, 1983.
6- BRASIL, Ministério da Saúde, Lei 9431, de 06 de janeiro de 1997. Brasília,
1997.
7- ROSSI, F.,
S., CECCON, M. E. J. R, KREBS, V. L. J. Infecções estafilocócicas adquiridas nas unidades de terapia
intensiva neonatais. Disponível em: http://www.pediatriasaopaulo.usp.br/upload/html/1095/body/06.htm. Acessado em 15
de agosto de 2010.
7- BRASIL, Ministério
da Saúde, Portaria
2616, de 12 de maio de 1998. Brasília, 1998.
10- ZANON, U. Infecções hospitalares:
prevenção, diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro: Editora Atheneu,1997.
Trabalho
apresentado à Universidade Gama Filho como requisito à conclusão do curso de
especialização em Prevenção e Controle de Infecções Hospitalares.
Pós-Graduando
do curso de especialização Prevenção e Controle de Infecções Hospitalares. Bacharel
em Enfermagem
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