ARMAZENAMENTO DE MEDICAMENTOS PARTE 1
INTRODUÇÃO
O armazenamento e a distribuição são as etapas do ciclo da Assistência
Farmacêutica que visam, como finalidades precípuas, a assegurar a qualidade dos
medicamentos através de condições adequadas de armazenamento e de um controle
de estoque eficaz, bem como a garantir a disponibilidade dos medicamentos em
todos os locais de atendimento ao usuário (Cosendey, 2000).
Nos sistemas mais modernos, espera-se que as equipes responsáveis pelo
armazenamento e distribuição comprometam-se com o processo de cuidado. Devem
assumir para si a co-responsabilidade na preparação dos produtos, de forma que
as unidades usuárias os recebam, na medida do possível, prontos para uso; por
exemplo, medicamentos fracionados e devidamente rotulados.
É mais razoável admitir, ainda, que a equipe do almoxarifado municipal
seja mais especializada nos cuidados de estocagem. É mais fácil dispor, nesse
nível, dos equipamentos e infra-estrutura necessária à preservação dos
medicamentos do que em uma unidade básica de atendimento. Dessa forma, o
almoxarifado municipal deve co-responsabilizar-se com a adequada estocagem nas
suas unidades usuárias, provendo apoio técnico, informação e supervisão quanto
ao processo de trabalho, garantido, assim, a qualidade do medicamento
até seu fornecimento ao usuário final – o paciente.
No Brasil, os almoxarifados dedicados exclusivamente à armazenagem de
medicamentos têm sido denominados como Centrais de Abastecimento Farmacêutico
(CAF).
O armazenamento constitui-se como um conjunto de procedimentos técnicos
e
administrativos que envolve diversas atividades (Vecina Neto &
Reinhardt Filho, 1998).
v ‘Recebimento de Medicamentos’ – ato de
examinar e conferir o material quanto à quantidade e documentação.
v ‘Estocagem ou guarda’ – arrumação do
material em certa área definida, de forma organizada, para maior aproveitamento
de espaço possível e dentro de parâmetros que permitam segurança e rapidez.
v ‘Segurança’ – capacidade de manter o
material sob cuidados contra danos físicos, furtos e roubos.
v ‘Conservação’ – capacidade de manter
assegurada as características dos produtos, durante o período de estocagem.
v ‘Controle de Estoque’ – monitoramento da
movimentação física dos produtos (entrada, saída e estoque).
v ‘Entrega’ – entrega do material de acordo
com as necessidades do solicitante, garantindo adequadas condições de
transporte, preservação da identificação até o consumidor final e
rastreabilidade do produto.
O principal objetivo do armazenamento é o de garantir sua qualidade sob
condições adequadas e controle de estoque eficaz, bem como de garantir a
disponibilidade dos produtos em todos os locais de atendimento, assegurada a
qualidade do produto desde o recebimento até sua entrega ao usuário. Ainda
podemos detalhar melhor outros objetivos:
v receber materiais de acordo com as
especificações determinadas nos processos de programação e aquisição;
v guardar os produtos dentro das condições
recomendadas, respeitadas as
v especificidades (termolábeis,
fotossensíveis, inflamáveis etc.), incluindo a segurança da equipe e do
ambiente de trabalho;
v localizar de forma pronta, ágil e
inequívoca;
v assegurar os produtos e os valores
patrimoniais inerentes, protegendo-os contra desvios e perdas;
v preservar a qualidade dos produtos;
v entregar de forma a garantir a
disponibilidade adequada e oportuna nas unidades usuárias.
ESTABILIDADE DE MEDICAMENTOS
Um aspecto importante numa discussão quanto à estocagem dos medicamentos
é que são constituídos de fármacos. Os fármacos são entidades químicas ou
biológica com ação no organismo. Para que o fármaco exerça o máximo da ação
benéfica desejada e o mínimo de efeitos adversos, é necessário que o
medicamento mantenha preservadas as condições de estabilidade. A estabilidade
é, assim, a propriedade de um produto em preservar – dentro de limites
estabelecidos e sob determinadas condições ambientais – as mesmas
características físicas, químicas e farmacológicas, durante seu período de vida
útil. Esse espaço de tempo, no qual se assegura sua integridade, representa o
período de validade.
A estabilidade pode ser classificada em (Defelipe, 1985):
v ‘Física’ – as propriedades físicas
originais, incluindo aparência, sabor, uniformidade e dissolução deverão
permanecer praticamente inalteradas.
v ‘Química’ – cada ingrediente ativo deverá
reter sua integridade e sua potência
v declarada no rótulo dentro de limites
especificados.
v ‘Microbiológica’ – a esterilidade ou
resistência ao crescimento de microorganismos deverá permanecer dentro dos
limites estabelecidos. Agentes antimicrobianos presentes devem manter sua
eficácia dentro dos limites especificados.
v ‘Terapêutica’ – a atividade terapêutica
deverá permanecer inalterada.
v ‘Toxicologia’– não deverá ocorrer aumento
significativo de toxicidade.
Nossos sentidos nos permitem com razoável facilidade identificar a perda
da estabilidade física, através das características organolépticas dos
produtos, como por exemplo, a inspeção visual. Alguns sinais físicos de perda
de estabilidade são apresentados no Quadro 1. Cabe, no entanto, lembrar que,
quando a perda de estabilidade física pode ser percebida, a estabilidade
química e microbiológica já estão previamente comprometidas, acarretando
prejuízos importantes para a ação terapêutica e possível ganho de ação toxicológica.
Quadro 1 – Sinais indicativos
de possíveis alterações na estabilidade de medicamentos
FORMAS FARMACÊUTICAS
ALTERAÇÕES VISÍVEIS
Comprimidos
v Quantidade excessiva de pó
v Quebras, lascas, rachaduras na superfície
v Manchas, descoloração, aderência entre os
comprimidos ou formação de depósitos de cristais sobre o produto
Drágeas
v Fissuras, rachaduras, manchas na superfície
Cápsulas
v Mudança na consistência ou aparência
(amolecimento ou endurecimento)
v Pós e grânulos Presença de aglomerados
v Mudança na cor ou endurecimento
Pós efervescentes
v Crescimento da massa e pressão gasosa
Cremes e pomadas
v Diminuição do volume por perda de água
v Mudança na consistência
v Presença de líquido ao apertar a bisnaga
v Formação de grânulos, grumos e textura
arenosa
v Separação de fases
Supositórios
v Amolecimento, enrugamento ou manchas de óleo
Soluções/xaropes/ elixires
v Precipitação
v Formação de gases
Soluções injetáveis
v Turbidez, presença de partículas, vazamento,
formação de cristais e mudança na coloração
Emulsões
v Quebra da emulsão, mudança na coloração e no
odor
Suspensões
v Precipitação, presença de partículas,
grumos, cheiro forte, mudança na coloração, entumecimento e liberação de gases
Tinturas/extratos
v Mudança de coloração, turbidez e formação de
gases
Fonte: Defelipe (1985).
Existem fatores intrínsecos e extrínsecos que afetam a estabilidade dos
medicamentos e sua ação natural do tempo já está considerada na atribuição do
prazo de validade dos medicamentos. Estes fatores se distribuem da seguinte
forma:
Fatores Intrínsecos – ligados
à tecnologia de fabricação:
v interação entre fármacos e os solventes ou
adjuvantes;
v pH;
v qualidade do recipiente;
v presença de impurezas;
Fatores Extrínsecos’ – fatores
ambientais, ligados às condições de transporte e estocagem:
v ligados à temperatura;
v luminosidade;
v ar (oxigênio, gás carbônico e vapor d’água);
v umidade.
Como se pode ver, geralmente temos algum controle sobre os fatores
extrínsecos, dado que estão ligados a fatores ambientais sobre os quais podemos
exercer controle. Cabe atentar para o fato de que um fator intrínseco ao qual
muitas vezes não se dá a devida atenção é a qualidade do recipiente. Sempre que
alteramos o recipiente ou envase fornecido pelo fabricante, alteramos o prazo
de validade para um novo valor não determinado. Por essa razão, a legislação
atual (Anvisa, 2000) somente autoriza o fracionamento em unidades hospitalares
e desde que garantidas as Boas Práticas de manipulação.
Os principais fatores ambientais controláveis, com ação na estabilidade
dos
medicamentos, são a temperatura ambiente, a luminosidade e a umidade, já
que tanto as reações químicas quanto as biológicas são aceleradas com o aumento
dos valores desses fatores. O prazo de validade ou o tempo previsto para a
perda de estabilidade de um medicamento é verdadeiro apenas se respeitadas as
indicações farmacopéicas de conservação dos mesmos.
TEMPERATURA
Condição ambiental diretamente responsável pelo maior número de
alterações e deteriorações nos medicamentos.
v Os medicamentos devem ser armazenados em
locais ventilados, a maioria deles à temperatura ambiente em torno de 25 ºC,
sendo aceitável uma variação no intervalo entre15 ºC-30 ºC. As faixas
farmacopéicas de temperatura em função de sua classificação são apresentadas no
Quadro 2.
v Elevadas temperaturas são contra-indicadas
para os medicamentos porque podem acelerar a indução de reações químicas e
biológicas, ocasionando a decomposição dos produtos e alterando os prazos de
validade.
Para o controle da temperatura, é necessária a utilização de termômetros
nas áreas de estocagem, com registros diários em mapa de controle, registro
mensal consolidado e elaboração de relatórios, através de gráficos
demonstrativos, para correção de eventuais anormalidades.
Os medicamentos particularmente sensíveis à ação da temperatura são
chamados ‘termolábeis’ e requerem, em geral, temperatura refrigerada ou fresca.
Algumas formas farmacêuticas, por exemplo, supositórios, são
caracteristicamente termolábeis independentemente do fármaco.
Quadro 2 – Faixas de
temperatura segundo a classificação farmacopéica
TEMPERATURA PARA CONSERVAÇÃO
DE MEDICAMENTOS
v FRIA OU REFRIGERADA 2-8 ºC
v FRESCA 8-15 ºC
v AMBIENTE 15-30 ºC
v QUENTE Acima de 30 ºC
Fonte: Comissão Permanente de Revisão da Farmacopéia Brasileira (CPRFB,
1988).
LUMINOSIDADE
A incidência direta de luz, principalmente de raios solares, sobre os
medicamentos acelera a velocidade das reações químicas (principalmente
óxido-reduções), alterando a estabilidade dos mesmos. Os produtos
particularmente sensíveis à ação da luz são chamados ‘fotossensíveis’.
Os efeitos da luminosidade dependem da fonte de luz, grau de intensidade
e tempo de exposição. Para proteção dos medicamentos fotossensíveis,
utilizam-se embalagens de cor âmbar ou de papel alumínio, em virtude da
opacidade das mesmas. Os problemas da estocagem poderão ser minimizados se
houver a preocupação, na aquisição, de especificar corretamente a embalagem
adequada.
VENTILAÇÃO
Circulação interna de ar, que deve ser mantida para conservação
satisfatória dos produtos e equilíbrio da temperatura em todos os pontos do
ambiente.
UMIDADE
Dependendo da forma do medicamento, a alta umidade pode afetar sua
estabilidade ao desencadear reações químicas (acelerar a degradação química),
biológicas (crescimento de fungos e bactérias) e físicas (amolecimento de
cápsulas). As cápsulas exercem grande poder de atração e adsorsão pela umidade,
principalmente as de gelatina, que, por serem sensíveis à umidade, devem ser
armazenadas em locais frescos ou climatizados.
Os medicamentos armazenados em áreas úmidas podem sofrer alterações na
consistência, sabor, odor, turvação, tempo de desintegração. Por isso,
recomenda-se não encostar medicamentos nas paredes, teto, em contato direto com
o chão, próximos a banheiros ou junto a áreas com muitas infiltrações.
Os produtos sensíveis à umidade devem ser conservados e distribuídos em
frascos hermeticamente fechados ou contendo substâncias dessecantes. Alguns,
devido à elevada umidade, trazem invólucros de sílica gel para a devida
proteção, não devendo ser retirados das embalagens.
O grau de umidade para armazenamento de medicamentos não deve
ultrapassar 70%. A medição da umidade é feita por meio de higrômetros ou
psicrômetros, sendo os últimos de uso mais fácil. A umidade relativa do ar é
calculada pela relação entre a temperatura seca e a temperatura úmida. Os
gráficos para o cálculo visual em geral são fornecidos com o equipamento.
TIPOS DE ALMOXARIFADO
Dependendo do volume a ser estocado, o almoxarifado poderá ser de
movimentação manual ou movimentação mecanizada. A movimentação manual é
utilizada quando o almoxarifado movimenta materiais de pequeno peso e volume,
estocados em estantes de pequena ocupação vertical ou pallets colocados sobre o
piso. Os de movimentação mecanizada
são os que movimentam materiais de grande volume e peso, geralmente
estocados em pallets colocados em racks verticais. Nesse caso, será necessário
o uso de empilhadeiras, devendo ser previsto espaço necessário para
movimentação e guarda das mesmas, bem como manutenção preventiva e corretiva.
A economia no uso em equipamentos e infra-estrutura adequados à
necessidade certamente acarretará em prejuízos posteriores quanto à perda de
medicamentos, necessidades de mobilização de espaços físicos adicionais para
estocagem dos produtos, dano à saúde dos pacientes que porventura venham a
tomar medicamentos fora das condições de qualidade.
É de fundamental importância que os municípios busquem alternativas para
se estruturarem em sistema de rede ou centrais de abastecimento centralizadas
regionalmente ou consorciadas para melhor otimização de recursos e garantia das
condições ideais de conservação.
As CAFs centralizadas em nível microrregional, regional, ou
intermunicipal seriam responsáveis pelo recebimento, armazenamento e
distribuição direta às unidades de dispensação dos municípios, de acordo com
suas demandas mensais, sendo abastecidas mediante cronograma de distribuição
programada por meio de prestação de contas, acompanhamento e controle pelas
referidas unidades assistidas.
ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO
SERVIÇO
Para funcionalidade do serviço, deve-se levar em conta diversos aspectos
ou
requisitos básicos:
v ‘Localização’ – o almoxarifado deve estar
localizado com acesso adequado aos meios de transporte, distante de fontes de
calor e contaminação.
v ‘Identificação externa’ – deve apresentar
identificação visível (nome, logotipo, indicativo luminoso e/ou sinalizações).
v ‘Dimensionamento’ – a área física deve ser
adequada para conter os produtos a que se destina acondicionar, consideradas a
rotatividade e periodicidade de movimentação dos produtos (compras ou
recebimentos e entrega).
v ‘Acesso’ – deve ser fácil, com plataformas
para facilitar os procedimentos de carga e descarga nos meios de transporte
utilizados, vias de acesso desobstruídas, área de manobra para carros e
caminhões.
v ‘Comunicação’ – devem existir os meios que
permitam a comunicação ágil e fácil com as unidades fornecedoras e usuárias,
como telefone, fax, Internet etc.
v ‘Instalações físicas’ – devem existir
instalações elétricas e sanitárias adequadas, equipamentos e acessórios.
v ‘Condições ambientais’ – o ambiente geral
deve ser propício, apresentar condições adequadas quanto à temperatura,
ventilação, luminosidade e umidade, permitindo ainda boa circulação e estar
organizado de forma a permitir a fácil limpeza e controle de pragas.
v ‘Higienização’ – deve ser mantida a limpeza
do ambiente e dos equipamentos, como geladeiras e armários para controlados. Os
revestimentos de parede e piso devem permitir a lavagem;
v ‘Segurança’ – o número e o posicionamento de
portas e janelas devem permitir o controle do acesso de pessoas não
autorizadas; deve dispor de sistema de segurança apropriado à proteção das
pessoas e dos produtos em estoque;
v ‘Equipamentos e acessórios suficientes’ –
devem ser adequados às necessidades, levando-se em consideração o tipo e volume
de produtos, a forma de organização do estoque e a movimentação necessária.
ORGANIZAÇÃO DA CAF
A CAF é uma construção destinada ao recebimento, estocagem, guarda e
expedição de medicamentos e insumos farmacêuticos, visando a assegurar a
conservação adequada dos produtos em estoque.
A organização do espaço físico deve garantir a separação física dos
principais processos desenvolvidos: recebimento, quarentena, estocagem geral e
específica, expedição e área para produtos impróprios para uso (vencidos,
danificados ou adulterados) enquanto se providencia seu destino final.
Determinar o tamanho de um almoxarifado é uma tarefa complexa e os
cuidados deverão ser tanto maiores quanto maior o número de itens a serem
estocados e, consequentemente, do espaço físico a ser comprometido, sendo
aconselhável, dependendo da situação, contar com o auxílio de um engenheiro ou
um arquiteto para essa tarefa.
Para um planejamento adequado de uma CAF, faz-se necessário identificar
as
necessidades dos serviços, conhecer os produtos a serem estocados em
quantidade, volume, rotatividade, características específicas, periodicidade
das aquisições, intervalo de tempo de entrega pelos fornecedores, sistema de
distribuição (se centralizado ou não) e organização planejada para o espaço
físico (pallets, estantes simples ou estantes de pallets) para que se possa adequar
as instalações e definir os equipamentos necessários (MSH, 1997; Vecina Neto
& Reinhardt Filho, 1998). Os cálculos serão baseados no volume, em metros
cúbicos, a ser ocupado pela carga máxima de estocagem, com base em dados
retrospectivos, se existirem e forem confiáveis ou, na ausência destes, em
dados estimados. A OMS dispõe da publicação How do Estimate Warehouse Space for
Drugs (Battersby & Garnett, 1993), que fornece exemplos desse tipo de
cálculo.
No enfoque moderno de gestão de estoques, just in time (JIT), busca-se,
cada vez mais, minimizar estoques, maximizando seu giro e reduzindo espaço
necessário para estocagem, reduzindo risco de perdas e de imobilização de
capital.
ASPECTOS ESTRUTURAIS
CONSTRUTIVOS
Uma CAF, para garantir condições adequadas de conservação e assegurar
estabilidade e preservação das características dos produtos em estoque, deve
atender a alguns requisitos básicos:
v ‘Piso’ – deve ser plano (para facilitar a
limpeza) e suficientemente resistente, para suportar o peso dos produtos e a
movimentação dos equipamentos. A espessura do piso deve estar de acordo com as
especificações técnicas (em torno de 12 a 16 cm).
v ‘Paredes’ – cor clara, pintura lavável,
isentas de infiltrações e umidade.
v ‘Portas’ – esmaltadas ou de alumínio, com
dispositivo de segurança automático.
v ‘Teto’ – telhas térmicas, de lã ou fibra de
vidro. Deve-se evitar telhas de amianto porque absorvem muito calor.
v ‘Instalações Elétricas’ – é sabido que a
maioria dos incêndios são provocados por curtos-circuitos. A manutenção
permanente das instalações elétricas deve ser priorizada pelos responsáveis
pelo setor.
Os seguintes cuidados devem
ser observados:
Ø desligar todos os equipamentos, exceto os da
rede de frio, diariamente, antes
Ø da saída do trabalho;
Ø evitar sobrecarga de energia com o uso de
extensões elétricas;
Ø usar um equipamento por tomada, não fazendo
uso de adaptadores;
Ø solicitar contrato de manutenção elétrica ou
realizar vistorias periódicas nas instalações.
v ‘Instalações Sanitárias’ – devem ser
apropriadas e sem comunicação direta com as áreas de estocagem.
EQUIPAMENTOS E ACESSÓRIOS DE
ARMAZENAGEM
São todos os itens (objetos, mobiliário, equipamentos, acessórios)
utilizados na
armazenagem para facilitar a movimentação e estocagem, visando a
otimizar os recursos disponíveis e melhor aproveitamento dos espaços.
v ‘Empilhadeiras’ – veículos manuais ou
elétricos, destinados ao transporte de produtos. Usados em armazenamento
vertical, de grandes quantidades, em centrais de armazenamento de grande porte.
v ‘Carrinho para transporte de medicamentos’ –
existem em diversas formas e tamanhos para atender às necessidades específicas.
v ‘Cestas de marfinite’ – utilizadas para
estocagem de produtos leves. São práticas, ajustáveis, de diversos tamanhos e
cores, e ocupam pouco espaço.
v ‘Exaustores eólicos’ – acessório utilizado
em áreas quentes, porque ajudam na renovação do ar circulante, melhorando a
ventilação, sem consumo de energia elétrica.
v ‘Termômetros’ – instrumentos usados para
medição da temperatura ambiente nas áreas de estocagem, e a adoção de possíveis
medidas de controle.
v ‘Higrômetros’ – usados para medição da
umidade.
SEGURANÇA
Em uma CAF pode haver riscos de desvios, perdas, deteriorações e
incêndios, devido, principalmente, aos tipos de produtos manuseados. Existem
dois níveis de segurança ambiental voltada à preservação do ambiente interno e
externo, dos produtos e dos funcionários, e a individual, voltada para a
proteção dos últimos.
A falta de equipamentos de prevenção contra incêndios e a não existência
de manutenção das instalações elétricas, dentre outros, são fatores que
contribuem para aumentar os riscos no setor. Por isso, medidas de segurança
devem ser adotadas para garantir a devida proteção das pessoas, do ambiente e
dos produtos em estoque.
v ‘Controle único da porta de entrada/saída’ –
para facilitar o controle do acesso dos produtos e pessoas ao serviço, é
recomendado, quando possível, que seja mantido o controle único da
entrada/saída.
v ‘Empilhamento’ – o cuidado no empilhamento
dos produtos é fundamental para a preservação dos produtos, assim como evitar
acidentes de trabalho e desabamentos dos produtos (que podem acarretar perdas).
v ‘Instalações elétricas’ – ver item de
instalações.
v ‘Não fumar nas dependências da CAF’.
v ‘Uso de equipamento de proteção individual’
– capacetes e luvas.
v ‘Sinalização adequada do ambiente’ – uso das
convenções normatizadas (por exemplo, canalização de energia elétrica, gás,
esgoto).
v ‘Cuidado especial com produtos específicos’
– como inflamáveis, quimoterápicos (em caso de quebra e exposição indevida
podem contaminar os indivíduos e o ambiente).
v Medidas de prevenção contra incêndio:
extintores de incêndio.
v É necessário dispor de equipamentos de
prevenção contra incêndio em todas as áreas, com fácil acesso, indicação no
local dos equipamentos, instruções escritas sobre utilização destes e
treinamento de pessoal.
v Os extintores de incêndio devem ser fixados
nas paredes, sinalizados através
v da demarcação de áreas abaixo deles, com um
círculo ou seta larga, na cor
v vermelha e com bordas amarelas, na dimensão
de 1 x 1m.
v Os extintores deverão possuir uma ficha de
controle de inspeção, etiqueta de
v identificação (protegida para não ser
danificada) com a data de recarga.
ORGANIZAÇÃO INTERNA
A organização interna da CAF está condicionada às características dos
produtos a serem estocados. Deve estar bem sinalizada, de forma que permita
fácil identificação e visualização dos produtos e sua localização, bem como dos
processos inerentes a ela, de forma a impedir contaminações de fluxo. Não se
pode, por exemplo, correr o risco de expedir um produto cuja entrega no estoque
ainda não foi processada ou um produto já foi destinado ao descarte. De acordo
com a funcionalidade e necessidade do serviço é que se pode proporcionar o
tamanho da CAF e a forma do layout, conforme dito anteriormente. Para tanto,
deve-se contar com um profissional adequado, como engenheiro ou arquiteto, para
elaborar projeto específico à necessidade local.
ÁREAS BÁSICAS FUNDAMENTAIS
a) Área administrativa:
Área destinada às atividades operacionais, que deve estar localizada,
preferencialmente, na entrada, para melhor acompanhamento das ações e o fluxo
de pessoas e produtos.
b) Área de recepção:
Área destinada ao recebimento e à conferência de produtos.
Obrigatoriamente,
deve ficar situada junto à porta principal e conter normas e
procedimentos escritos e fixados na parede.
c) Área de expedição:
Local destinado à organização, preparação, conferência e liberação dos
produtos.
d) Área de produtos
rejeitados:
Local destinado à guarda de produtos inservíveis enquanto aguardam a
destinação específica. Outras áreas básicas, como vestiários, banheiros e
refeitórios, dependerão se o porte do almoxarifado as comporta.
ÁREAS ESPECÍFICAS
Dependendo da necessidade específica, pode-se ter área para termolábeis,
área para grandes volumes, controle especial (psicofármacos e alto custo),
imunobiológicos, inflamáveis, material médico-hospitalar, produtos químicos e
área de estocagem geral (área onde devem ficar os medicamentos que não se
enquadram em condições específicas de armazenagem).
LAYOUT
Disposição racional do espaço físico disponível dos diversos elementos e
recursos utilizados no serviço de armazenamento (produtos, equipamentos,
acessórios, mobiliários, e pessoal) de forma adequada, possibilitando melhor
fluxo e utilização das áreas disponíveis.
Abaixo temos como exemplo uma
possibilidade de organização com a área de estantes à frente e área de pallets
na retaguarda, garantido espaço adequado de movimentação.
Exemplo de organização interna
de uma CAF
As áreas de recebimento e expedição devem ser separadas; no entanto,
para melhor controle, é ideal que sejam adjacentes, uma única entrada, a
depender da rotatividade dos produtos:
v estrados em espaço delimitado para grandes
volumes e afastados da parede;
v estantes numeradas, organizadas uma de
costas para outra e afastadas da parede. Não existe limite padrão. Algumas
literaturas falam 50 cm, outras, 80 cm, 1 m etc. Deve ser adequado ao espaço
físico disponível, bem como o volume dos produtos a serem movimentados. O que
não se deve é encostar medicamentos junto ao teto, chão e paredes por causa da
umidade;
v fluxo interno bem definido (caminho a ser
percorrido);
v sinalização interna, letras ou placas
indicativas das estantes, ruas, locais de
v extintores de incêndio etc;
v espaço dos corredores bem dimensionado para
circulação dos equipamentos e transporte de medicamentos;
v materiais mais pesados e de maior saída
devem ficar próximos à área de expedição.
FONTE : MINISTÉRIO DA SAÚDE
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Excelente exposição, quem nunca entrou num setor de almoxarifado consegue ter uma boa ideia do local e procedimentos. Parabéns.
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