AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS DE APOIO NA PERSPECTIVA
DO CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR
Milca
Severino Pereira1,
Marinésia Aparecida do Prado2
, Ana Lúcia de Melo Leão, Denise Nobre de Souza3
PEREIRA, M.S.;
PRADO, M.A.; LEÃO, A.L.M.; SOUZA, D.N. - Avaliação de servilos de apoio na perspectiva
do controle de infecção hospitalar.
Revista
Eletrônica de Enfermagem (online), Goiânia, v.1, n.1, out-dez. 1999.
Disponível: http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen/index
RESUMO. A qualidade dos serviços
de apoio constiui em importante condição para a prevenção e controle de infecção
hospitalar. Objetivo: Identificar e analisar o funcionamento e padrão de qualidade
dos serviços considerandos de infra-estrutura, em relação ao atendimento dos pré-requisitos
para o controle de infecção hospitalar. Metodologia: pesquisa descritiva analítica
realizada em hospitais públicos e privados. Os dados foram obtidos por entrevista
estruturada e check-list, ambos validados previamente, aplicados em supervisores
dos serviços. Resultado: Foram analisados 13 hospitais, 62 serviços, todos possuem
comissão de controle de I.H. A padronização dos procedimentos foram relatadas por
78% dos laboratórios; 45% das farmácia; 61% dos serviços de nutrição; 67% das lavanderias;
100% dos serviços de limpeza. A interação entre os serviços de apoio e a comissão
de controle de IH é maior nos hospitais públicos. Conclusão: mais de 50% dos hospitais
estudados apresentam um bom padrão de controle de IH, no que tange aos serviços
de apoio. UNITERMOS: infecção hospitalar, controle de infecção, qualidade
da assistência.
SUMMARY. The quality of the services of support is an important condition for the
prevention and control of Hospital Infections (HI). Objective: To identify and to
analyse the operation and pattern of quality of the service infrastructure, in relation
to the attendance to the requirements for the control of infection into hospital.
Methodology: Descriptive and analytic research accomplished at public and private
hospitals. Structured interview and checklist obtained the data, both previously
validated, applied in supervisors of the services. Result: Were analysed 13 hospitals
62 services and all have a Hospital Infections Control Commission (HICC). The procedures
standardisation was related by 78% of the laboratories; 45% of the drugstore; 61%
of the nutrition services; 67% of the laundries; 100% of the services of cleaning.
The interaction between the support services and the HICC is larger in the public
hospitals. Conclusion: more than 50% of the studied hospitals present a good pattern
of control of HI in what it means to the support services.KEY WORDS: Hospital
Infection, infection control, attendance quality
INTRODUÇÃO
O movimento
pela qualidade nos serviços de saúde é um fenômeno mundial em decorrência da crescente
conscientização de que na sociedade contemporânea, a qualidade é considerada um
requisito indispensável de sobrevivência econômica e, mais importante ainda, uma
responsabilidade ética e social1.
O controle de
infecção hospitalar (IH) encontra-se entre os parâmetros utilizados na avaliação
de qualidade da assistência , a vantagem da utilização desse parâmetro é a capacidade
que esta atividade tem de avaliar três elementos: a estrutura existente para a prestação
de serviços, o processo de realização das atividades de atendimento e os resultados
deste, com aumento ou diminuição da ocorrência de IH6,7.
Para que um
programa de controle de infecção hospitalar (PCIH) tenha êxito, é essencial que
haja participação ativa dos vários setores do hospital que lhes fornecem a infra-estrutura
mínima necessária à sua efetiva implantação.
Pode-se afirmar
que as condições dos serviços de apoio como laboratório de microbiologia, farmácia,
lavanderia, higiene e limpeza, serviço de nutrição e banco de sangue refletem a
qualidade do serviço de controle de infecção hospitalar (SCIH), uma vez que trabalham
em consonância buscando oferecer um bom padrão de assistência e atender às necessidades
para a implementação dos cuidados hospitalares.
O laboratório
de microbiologia tem um papel importante no apoio à SCIH nas diversas etapas da
investigação epidemiológica, pois auxilia diretamente no diagnóstico de infecções
e na identificação de pacientes com infecção ou colonização, cabendo-lhe realizar,
quando necessário, estudos para estabelecer as diferenças e semelhanças entre microrganismos,
realizar estudos do ambiente hospitalar e treinar o pessoal para as atividades de
controle 2,3.
A farmácia hospitalar
atua como um importante centro de distribuição e controle de medicamentos bem como
de normatização de germicidas e esterilizantes. Tem sido relatado a implicação de
produtos farmacêuticos manipulados sob condições inapropriadas como agentes causais
das IH 9.
A lavanderia
hospitalar é responsável pelo processamento da roupa e por sua distribuição em perfeita
condição de higiene e conservação, este serviço de apoio merece grande atenção uma
vez que as roupas são, usualmente, consideradas veículos condutores de microrganismos
que podem ser responsáveis por IH 10.
A limpeza é
um dos elementos primários e eficazes nas medidas de controle para romper a cadeia
epidemiológica das infecções, pois está diretamente ligada à remoção da sujidade
e contaminação dos artigos e das superfícies do hospital, como forma de garantir
aos usuários uma permanência em local asseado e em ambiente com menor carga de contaminação
possível, isto contribui para reduzir a possibilidade de transmissão de infecções,
oriundas de fontes inanimadas8, 11.
O serviço de
nutrição atua como integrante da cadeia epidemiológica das infecções veiculadas
por alimentos, uma vez que são várias as doenças causadas por contaminação alimentar,
que podem resultar em infecção cruzada ou intoxicação, decorrentes da estocagem
e da manipulação inadequada dos alimentos8.
Diante da importância
das doenças veiculadas pelo sangue, pelo seu alto custo e, principalmente, pela
alta mortalidade, o banco de sangue passou a ser objeto de avaliações, considerando
a coleta, o processamento, o armazenamento, os exames e as transfusões.
Assim sendo,
este estudo tem como objetivo identificar e analisar as condições de funcionamento
e padrão de qualidade dos serviços considerados de infra-estrutura, em relação ao
atendimento aos pré-requisitos para o controle de infecção hospitalar.
METODOLOGIA
Pesquisa realizada em hospitais públicos e privados,
com número de leitos igual ou superior a 100, localizados no município de Goiânia-
GO, no período de agosto/98 a julho/99.
Os dados foram
obtidos através de check- list e entrevista estruturada, previamente validados quanto
ao conteúdo por 5 profissionais que atuam em controle de IH. Visando verificar a
adequacidade dos instrumentos foi realizado teste piloto utilizando-se de 2 hospitais.
Após prévia
autorização da administração/ direção do hospital e aquiescência dos serviços de
apoio propostos para o estudo, os instrumentos foram aplicados nos encarregados
e supervisores.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram
do estudo 9 hospitais da rede privada, abrangendo 43 serviços de apoio e 4 hospitais
públicos, num total de 19 serviços de apoio. Portanto, foram analisados 13 hospitais
e 62 serviços: higiene e limpeza, lavanderia, farmácia, nutrição, laboratório de
microbiologia e banco de sangue.
Todos os hospitais
estudados possuem comissões de controle de infecção hospitalar em funcionamento.
Tabela I-
Distribuição dos serviços de apoio segundo o tipo de hospital.
Serviço
de Apoio
|
Hospital
Público
|
Hospital
Privado
|
Total
|
|
Nº
|
%
|
|||
Farmácia
hospitalar
|
3
|
9
|
12
|
92
|
Lavanderia
|
4
|
9
|
13
|
100
|
Nutrição/Dietética
|
4
|
9
|
13
|
100
|
Higiene
e limpeza
|
4
|
9
|
13
|
100
|
Laboratório
de microbiologia
|
3
|
7
|
10
|
77
|
Banco
de sangue
|
1
|
0
|
1
|
7,7
|
Total
de Serviços
|
19
|
43
|
62
|
|
Total
de Hospitais
|
4
|
9
|
13
|
O Banco
de sangue foi encontrado em apenas 01 hospital, os demais utilizam este serviço
terceirizado. É papel da vigilância sanitária avaliar a qualidade dos serviços prestados
pelos bancos de sangue.
Nos últimos
anos com o aparecimento de novas enfermidades e o aumento da importância de atividades
de vigilância tendentes a melhoria das condições de vida, o banco de sangue passou
a ser objeto de avaliações, considerando a coleta, o processamento, os exames e
as transfusões.
Concernente
ao serviço de banco de sangue, encontrado em apenas 01 hospital da rede pública,
verificamos que apresenta áreas separadas para triagem, coleta de material, realização
de exames e estocagem dos hemoderivados. Realiza teste sorológico e provas imunohematológicas,
descartando as amostras em baldes com Hipoclorito a 1%, e ainda, comprovam a monitorização
diária das geladeira com registros no mapa de controle de temperatura.
À medida
que se organizam as comissões e serviços de controle de infecção hospitalar, surge
a necessidade de conhecimento da característica epidemiológica bacteriana de cada
instituição, acarretando melhoria das técnicas e resultados microbiológicos8 . O laboratório
de microbiologia atua orientando a padronização e prescrição de antibióticos, gerando
e fornecendo relatórios sobre a distribuição de microrganismos identificados em
sítios corporais e unidades do hospital9 .
Um exame
microbiológico é resultado de uma sequencia de etapas que devem ser executadas com
cuidado, precisão e no menor tempo possível. Torna-se necessário que o laboratório
detenha o controle adequado de cada uma delas, orientando a padronização de rotinas
e checando a correta execução de suas atividades8 . O estudo
revelou que 76% dos serviços contavam com o microbiologista à frente das atividades,
78% possuíam padronização de seus procedimentos e realizavam controle de qualidade
dos meios de cultura e dos discos de antibiograma.
O isolamento
e a identificação correta em uma amostra biológica são essenciais para o conhecimento
das características microbiológicas das IH. Assim conhecer a sensibilidade "in
vitro" do agente infectado é necessário para que se faça a escolha do antimicrobiano
mais eficaz para o tratamento do processo infeccioso8 . Verificamos
que 78% dos serviços identificam bactérias até espécies e fornecem dados de sensibilidade
condensados e analisados.
Sobre o
descarte das amostras dos exames realizados 67% relatam autoclavar esses materiais
antes de desprezar no lixo, prática esta recomendada pelo MS, o qual preconiza que
resíduos de amostras clínicas e outros materiais a serem descartados deverão ser
acondicionados em sacos plásticos apropriados e, em seguida, autoclavados3 .
O sucesso
dos programas de controle de IH depende do envolvimento ativo do laboratório de
microbiologia. Os resultados do exames laboratoriais devem estar disponíveis de
modo prático e rápido, afim de poderem ser consultados pelo corpo clínico do hospital10 .
A farmácia
hospitalar deve possuir uma estrutura adequada para desenvolver uma assistência
farmacêutica eficaz e participa ativamente das ações de controle e prevenção da
IH. Recursos humanos capacitados, recursos materiais e área física compatível com
o perfil assistencial da instituição são requisitos básicos para viabilizar a atuação
da farmácia hospitalar8 .
A presença
do farmacêutico foi verificada em 78% dos serviços pesquisados. A farmácia em 56%
dos hospitais estava associada ao almoxarifado, e nem sempre o farmacêutico foi
encontrado coordenando as atividades, 89% das instituições adotam a padronização
de medicamentos.
O uso racional
do medicamento é a principal diretriz de um programa de assistência farmacêutica,
considerando-se que ao lado de sua ação terapêutica, todo medicamento tem um potencial
de risco de efeitos iatrogênicos. Esse risco é ainda maior para os potentes fârmacos
modernos entre os quais se destacam os antimicrobianos. O cenário atual da política
de medicamentos em nosso país, determina a necessidade de criação de normas e critérios
para a sua seleção8.
A distribuição
de medicamentos é um aspecto estratégico seja do ponto de vista de segurança do
paciente, do aspecto econômico do hospital ou em termos de controle de IH8.
A existência de um sistema de distribuição de medicamentos foi observada em 100%
dos serviços sendo que o método mais encontrado foi a distribuição por dose individualizada
(89%). Além do medicamento, todos relataram distribuir outros materiais médico-hospitalares,
via farmácia.
A seleção
de esterilizantes químicos, desinfetantes, saneantes e anti-sépticos e a vigilância
de sua utilização adequada são responsabilidade da farmácia7. Os nossos
dados revelam que em apenas 23% dos hospitais a seleção, diluição e fracionamento
desses produtos estava sob a responsabilidade da farmácia e a padronização foi verificada
somente em 45% das instituições. Resultados semelhantes foram detectados pelo Ministério
da saúde, que observou a padronização de germicidas, esterilizantes e anti-sépticos
em apenas 50% dos hospitais terciários estudados9.
A complexidade
de dietas, formulações, cardápios específicos e apropriados impõe a necessidade
de medidas rigorosas para desinfecção, preparo, armazenamento e distribuição do
alimento9.
É fundamental
a atuação do nutricionista na organização e direção do serviço de nutrição e dietética
(SND), pois além das funções administrativas fornece também assistência dietoterápica
adequada às necessidades dos pacientes e estabelece as rotinas do serviço. A presença
desse profissional foi verificada em todos os hospitais pesquisados.
Quanto à
padronização dos procedimentos 61% dos SNDs referiram possuir rotinas escritas para
o processamento do alimento desde a estocagem até a cocção.
O planejamento
físico do SND deve ser realizado por uma equipe multiprofissional sendo imprescindível
a presença de um profissional do controle de IH. O espaço deve ser bem dimensionado
e adequado às várias etapas envolvidas. A área destinada às unidades operacionais
do SND está subdividida em suja - corresponde àquelas de eliminação de resíduos
e limpa – corresponde aos setores de recebimento e preparação de alimentos, que
devem estar separadas por barreira física8. A separação física das áreas
suja e limpa foi verificada somente em 38% dos serviços, sendo que em 62% essa separação
era apenas técnica, o que contribui para a contaminação dos alimentos.
O SND deve
ser localizado no pavimento térreo, proporcionando fácil acesso externo para o abastecimento,
essa localização privilegia também a ventilação e iluminação naturais8.
34% dos profissionais entrevistados relataram ser inadequada a localização, iluminação
e ventilação de seus serviços. Quanto à escolha do piso, detalhes importantes devem
ser considerados, incluindo o tipo de material, que deve ser antiderrapante, resistentes
às substâncias corrosivas e impermeável, os ralos devem ser sinfonados para impedir
a entrada dos roedores8. Essas características foram observadas em 45%
dos hospitais estudados à exceção dos ralos sinfonados que não foi verificado em
nenhum SND, pois os mesmos ainda utilizam canaletas para o escoamento da água.
A área para
o armazenamento do alimento sob temperatura controlada destina-se `a estocagem de
alimentos perecíveis, em condições ideais de temperatura e umidade, considerando
a diversificação dos alimentos, recomendam-se três câmaras frigoríficas ou geladeiras,
afim de estocar carnes, laticínios/sobremesas e frutas/verduras8. O cumprimento
dessa recomendação foi detectada em 67% dos serviços pesquisados. A cocção é um
processo que vai eliminar os microrganismos e deve obedecer a um rigoroso controle
de tempo e temperatura, ao serem servidos, os alimentos quentes devem permanecer
no mínimo a 70ºC10. Esse controle de tempo e temperatura foi visto apenas
em 31% dos hospitais.
Na produção
especializada em lactário e de dietas especiais por sondas enterais, o processo
deve ocorrer em área própria e isolada, com pessoal paramentado obedecendo as técnicas
de assepsia específicas10. Essa preocupação com a área separada para
o preparo desse tipo de dieta foi vista apenas em 38% dos serviços visitados.
É importante
a presença de pia para a higienização de mãos, com sabão, escova para unhas, toalha
descartável e lixeira de pedal8. Observamos que somente 54% dos serviços
oferecem estrutura e condições adequadas para a higienização das mãos dos funcionários.
É obrigatório a utilização de uniforme completo nas dependências do SND, contendo
avental, gorro, máscara e sapato fechado8. Essa recomendação foi constatada
em todos os hospitais.
O serviço
de lavanderia é um dos setores de apoio a atividades assistenciais, responsável
pelo processamento da roupa e sua distribuição em perfeitas condições de higiene
e conservação em quantidade adequada a todas as unidades do hospital4.
Ao se organizar
uma lavanderia, todo o seu funcionamento deve estar descrito em manual de orientação,
este manual deve conter a especificação de cada atividade, a estrutura hierárquica,
normas e rotinas, mostrando claramente a execução e organização do trabalho4.
O estudo revelou que 67% dos hospitais possuem normas e rotinas escritas para o
processamento da roupa.
A coleta
da roupa suja deve ocorrer de forma a minimizar a contaminação do ambiente e das
pessoas que a manipulam. As roupas devem ser adequadamente acondicionadas em sacos
de tecido fechados e colocados em local destinado a esse fim, em caso daquelas contaminadas
com fluídos corpóreos, preferencialmente, são indicados sacos plásticos8.
Encontramos todos os serviços recolhendo a roupa suja em sacos de tecidos bem fechados
e 78% acondicionam as roupas contaminadas em sacos plásticos, devidamente separados
e identificados.
O transporte
da roupa suja e limpa deve ser feito em carro de uso exclusivo e fechado, devidamente
identificado evitando o cruzamento dos dois tipos de roupa a fim de garantir segurança
adequada ao funcionário e ao ambiente sem contaminação dos mesmos8. Verificamos
que 78% dos serviços transportam a roupa suja em carros fechados, separados da roupa
limpa, que em 67% dos locais também é protegida e transportada em carrinho fechado.
A principal
medida introduzida na moderna lavanderia hospitalar, para o controle das infecções,
foi a instalação da barreira de contaminação, que separa a lavanderia em dois espaços
distintos, as áreas suja e limpa4. Encontramos 89% dos serviços apresentando
esta separação física na sua estrutura.
A rouparia
é um elemento da área física, complementar à área limpa, e centraliza o movimento
de toda a roupa no hospital. A centralização em um único local permite um controle
eficiente da roupa limpa, do estoque e sua distribuição adequada, em qualidade e
quantidade, às diversas unidades do hospital4. O estudo mostrou que 78%
dos serviços possuem área física separada para o estoque e distribuição das roupas
e estas eram dispostas em prateleiras.
São de competência
do Serviço de higiene e limpeza a sua realização e manutenção, devendo existir manual
de técnica e rotina de limpeza das áreas críticas, semicríticas e não críticas,
como também coleta, acondicionamento e transporte dos resíduos. Todas as instituições
estudadas referiram apresentar padronização de normas e rotinas de suas atividades2.
Os resíduos
devem ser acondicionados em saco plástico de cor branca leitosa com símbolo do infectante,
este saco serviria de forro para recipiente adequado. As lixeiras têm necessariamente
de possuir tampa, a fim de impedir o acesso de vetores aos resíduos8.
Essa recomendação quanto ao saco plástico, foi verificada em 78% dos serviços, enquanto
apenas 23% destes utilizam lixeiras com tampa. Os materiais pérfuro-cortantes deverão
ser acondicionados em recipientes rígidos e reforçados 5,8,11. Essa prática foi observada em 100% dos SHLs.
A sala de
resíduo é necessária em todas as unidades geradoras, serve com um intermediário
interno para o armazenamento do lixo, ate o seu destino final, esta área deve estar
próxima à unidade, para possibilitar o recolhimento de resíduos sem causar acúmulo
na própria fonte que o gerou8. A presença desta sala de resíduo foi verificada
em apenas 11% dos hospitais. Todos os estabelecimentos de saúde devem ser dotados
de abrigo externo, sendo que a sua função é armazenar os resíduos oriundos das salas
de resíduo ou da própria fonte geradora, até que eles sejam coletados pelo serviço
Municipal8. Essa central de armazenamento foi encontrada em todos os
serviços pesquisados.
A limpeza
concorrente é realizada quando o paciente ainda se encontra na unidade, é feita
diariamente, ou de acordo com as necessidades e tem por finalidade a manutenção
da limpeza e a organização do ambiente8. Todo o material usado para a
limpeza deverá ser lavado e desinfetado diariamente e guardado em local apropriado 5,8. A limpeza
concorrente foi vista em todas as instituições, contudo esse cuidado com o material
utilizado foi verificado em 89% delas.
A limpeza
terminal é realizada após alta, óbito ou transferência do paciente da unidade, tem
por finalidade a redução da contaminação do ambiente, deve haver rigosa limpeza
do teto, do piso e das paredes, esta conduta é adotada por todos os serviços.
É obrigatório
que todo o pessoal envolvido no manuseio de resíduos de serviço de saúde receba
treinamento, cuidados médicos e equipamentos de segurança e proteção individual.
Os funcionários deverão receber treinamento especializado sobre a contaminação e
a desinfecção de resíduos e instruções para a autoproteção5.Todos os
hospitais referiram oferecer treinamento específico em limpeza hospitalar.
Os riscos
ocupacionais devidos aos agentes biológicos estão universalmente distribuídos na
estrutura de um hospital, sofrendo variações na proporção direta em que há contatos
mais intensos e diretos com pacientes, principalmente, no que se refere a excreções,
secreções, sangue e outros fluidos corporais11. Em todos os hospitais
estudados foi observado a preocupação com as medidas de biossegurança, principalmente
quanto a aquisição do equipamento de proteção individual.
Entretanto,
ainda é freqüente a não adoção do EPI pelo funcionário por ocasião do desempenho
de suas tarefas. Esta constatação indica ser necessário um programa de treinamento,
sensibilização e conscientização do trabalhador.
Para que
um serviço de controle de infecção hospitalar (SCIH) tenha êxito, é essencial que
haja participação ativa dos diferentes profissionais de saúde, assim faz-se necessário
haver uma maior integração do SCIH com os serviços de apoio, através de mudança
de atitudes operacionais e implantação de rotinas técnicas que assegurem à clientela
a qualidade do seu atendimento 2. Questionamos os responsáveis pelos serviços pesquisados,
acerca da relação/ interação do SCIH com o setor , sendo identificada uma interação
insuficiente em praticamente todos os serviços dos hospitais da rede privada, sendo
que em alguns casos havia um completo desconhecimento acerca da existência e do
funcionamento de um SCIH em sua instituição, figura I.
Quanto aos
serviços dos hospitais da rede pública todos apresentam maior interação/ parceria
com o SCIH, figura II.
FIGURA I- Porcentagem dos
Serviços de apoio que relataram desenvolver suas atividades em observância e parceria
às orientações do SCIH- hospitais da rede privada.
FIGURA II- Porcentagem dos
Serviços de apoio que relataram desenvolver suas atividades em observância e parceria
às orientações do SCIH- hospitais da rede pública.
É extremamente
importante que os serviços de apoio estejam interagindo-se com o SCIH. As normas
e rotinas estabelecidas para cada setor de apoio necessitam contemplar aspectos
técnicos relacionados à prevenção e controle de infecção hospitalar.
O trabalho
em equipe visa, ao nosso ver, agregar as exigências de cada setor com vistas ao
alcance do objetivo comum, qual seja, melhorar o nível da qualidade do atendimento
ao usuário dos serviços hospitalares.
Os serviços
de apoio/ infra-estrutura refletem na qualidade do controle de IH. O cumprimento
de normas técnicas estabelecidas revela-se em fatos preponderante nessa integração.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Claramente
ao se avaliar o desempenho dos serviços de controle de infecção hospitalar, é necessário
avaliar simultaneamente a infra- estrutura com que contam e dependem, isso inclui
a avaliação do funcionamento de setores e atividades a ele relacionados, considerados
essenciais para a efetiva vigilância e controle.
A presença
de profissional especializado como responsável técnico pelos serviços é um fator
relevante, uma vez que supõe-se que tenha a capacitação científica necessária para
implementar, em conjunto com o SCIH, medidas visando a redução dos fatores de riscos,
para o controle de IH, atinentes ao seu setor. A presença desse profissional como
responsável técnico pelos serviços foi amplamente verificada.
A padronização
dos procedimentos e o estabelecimento de normas e rotinas técnicas foi observada,
principalmente, nos serviços de higiene e limpeza, laboratório de microbiologia
e farmácia hospitalar.
Detectamos,
em alguns hospitais que a seleção, diluição e o fracionamento de germicidas não
estava a cargo da farmácia sendo realizada, principalmente, na central de material
esterilizado, sem as medidas de segurança necessárias. Demonstrando que apesar da
presença do farmacêutico ter sido relatada pela maioria das instituições, algumas
atividades de grande importância para o controle de IH, e de sua responsabilidade
e competência, não têm recebido a atenção merecida.
Verificamos
que apesar do serviço de nutrição e dietética relatar oferecer treinamento aos seus
funcionários em noções básicas de higiene e limpeza, alguns não contavam com estrutura
física mínima e condições necessárias para a higienização das mãos em hospitais
da rede privada. Os supervisores, de vários outros serviços de apoio estudados,
têm consciência de que o simples conhecimento das condutas corretas não viabiliza
sua efetiva implantação, uma vez que dependem das condições do hospital.
A preocupação
com as medidas de biossegurança foi observada em todos os hospitais, principalmente,
quanto à aquisição do EPI, contudo ainda não existe um nível de conscientização
formado acerca da importância do uso desse mecanismo de proteção. Ainda é comum
o desempenho de tarefas sem o EPI.
Identificamos
uma ineficaz participação do SCIH nos demais setores dos hospitais da rede privada,
visto que a grande maioria destes serviços relataram não possuírem interação com
o SCIH, em alguns casos até desconhecem a sua existência.
Em alguns
hospitais a constituição de um SCIH foi apontado como instrumento para atender às
prerrogativas legais, sendo encarada como uma atividade burocrática, distante dos
problemas de quem está envolvido com as necessidades do dia-a-dia.
Observamos
maior integração/parceria entre os SCIH e os serviços de apoio nos hospitais públicos.
Tal característica pode ser atribuída ao fato de todos eles, de alguma forma estarem
envolvidos com ensino, seja como hospital universitário, seja como campo de estágio.
A discussão
dos resultados obtidos sustenta a necessidade de uma definição mais clara da infra-estrutura
mínima hospitalar necessária para o controle de infecção hospitalar e de um sistema
de informação atualizado, acessível às Instituições de saúde, sobre os padrões e
características apontados pela literatura, para o adequado controle das infecções.
Os dados
encontrados indicam a importância de programas permanentes de treinamento, necessidade
de maiores esclarecimentos acerca da participação de cada setor no controle de IH,
para que, efetivamente, todos os aspectos técnicos conhecidos como indicadores de
qualidade sejam adotados.
Em linhas
gerais, os hospitais estudados apresentam um bom padrão de controle de IH, no que
tange aos serviços de apoio. O esforço dos profissionais e da própria instituição
na busca da superação das dificuldades está evidenciado na busca permanente de melhoria
da qualidade.
REFERÊNCIAS
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Williams and Wilkins, 1993.
Projeto e
Autores
Estudo Vinculado
à linha de pesquisa “Infecção Hospitalar" – Núcleo de Estudo e Pesquisas em
Infecção Hospitalar – NEPIH da Faculdade de Enfermagem - FEn –Universidade Federal
de Goiás – UFG. Financiado pelo CNPq
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