CICLO DA ASSISTÊNCIA
FARMACÊUTICA - ARMAZENAMENTO
Conjunto
de procedimentos técnicos e administrativos que tem por finalidade assegurar as
condições adequadas de conservação dos produtos.
Atividades envolvidas
Ø Recepção/recebimento de medicamentos.
Ø Estocagem e guarda de medicamentos.
Ø Conservação de medicamentos.
Ø Controle de estoque.
Recepção/recebimento
Ato
de conferência, em que se verifica a compatibilidade dos produtos solicitados e
recebidos – ou seja, se os medicamentos entregues estão em conformidade com as
condições estabelecidas em Edital.
Para
tanto, normas e procedimentos técnico-administrativos devem ser elaborados, bem
como instrumentos de controle para o registro das informações. No ato do
recebimento realizam-se dois tipos de conferências, que envolvem especificações
técnicas e administrativas:
Especificações técnicas: são relacionadas aos aspectos
qualitativos e legais (cumprimento da legislação), em relação a:
Ø Especificações dos produtos – nome da
substância (Denominação Comum Brasileira – DCB), forma farmacêutica,
concentração, apresentação e condições de conservação e inviolabilidade.
Ø Registro sanitário do produto – nenhum
produto pode circular sem número do registro, que deve constar na embalagem.
Ø Certificado de Análise ou Laudo de
Controle de Qualidade – documento emitido pelo setor de Controle de Qualidade
do fabricante do produto, que assegura a qualidade do medicamento.
Ø Responsável técnico – deve ser
observado se nas embalagens dos medicamentos constam: o nome do farmacêutico, o
número de inscrição/registro no Conselho Regional de Farmácia e a unidade da
federação no qual está inscrito.
Ø Embalagem/rotulagem – os medicamentos
devem ser entregues nas embalagens originais, devidamente identificadas e sem
sinais de violação, aderência ao produto, umidade ou inadequação em relação ao
conteúdo.
Ø Lote – é a quantidade de medicamento
produzida em determinado ciclo de fabricação, cuja característica essencial é a
homogeneidade.
Ø Número do lote – consiste numa combinação
distinta de números e/ou letras que identificam o lote produzido e deve constar
o número na Nota Fiscal.
Ø Validade – é a data-limite da vida
útil do medicamento, que deve estar expressa na embalagem e no produto.
Recomenda-se constar em Edital de Licitação o prazo de validade por tempo
suficiente para seu pleno consumo, considerando as condições de entrega, da
distribuição e de transporte – exceto em casos excepcionais, de medicamentos de
validade curta.
Ø Transporte – verificar se as condições
de transporte dos medicamentos são satisfatórias. As transportadoras devem
estar devidamente autorizadas pela Anvisa e atender à legislação vigente.
Especificações
administrativas: são
características quantitativas referentes à conformidade do pedido em relação ao
produto recebido.
Ø Análise da documentação fiscal.
Ø Verificação do nome do produto por
denominação genérica.
Ø Prazo de entrega, quantidade, preço
unitário e total.
Ø Contagem física da quantidade em
unidade e embalagem (solicitada x recebida).
a) Procedimentos
Ø Verificar se as especificações
técnicas e administrativas estão em conformidade com a Nota Fiscal e o pedido.
Ø Conferir quantidades. Atestar o
recebimento. Carimbar, assinar e datar a Nota Fiscal.
Ø Registrar a entrada dos medicamentos
com todas as especificações do produto, tanto do fornecedor quanto da Nota
Fiscal no sistema de controle existente (fichas ou informatizado).
Ø Avaliar a entrega do fornecedor, por
meio de formulário específico, registrar, anexar cópia da avaliação à Nota
Fiscal.
Ø Notificar ocorrências no recebimento.
Ø Arquivo e controle de documentação.
Ø Encaminhar documento fiscal ao setor
de pagamento e divulgar junto aos setores a entrada do produto.
b) Cuidados no
recebimento de produtos
- Não escrever ou rasurar o
documento fiscal que acompanha o produto. Qualquer observação deve ser
feita em documento anexo – de preferência, em formulário padronizado,
timbrado e assinado.
- Arquivar cópia do documento
referente à movimentação de produtos em separado (entradas, saídas, inventários,
doações, remanejamentos, incinerações, devoluções, perdas etc).
- Não atestar recebimento (assinar)
em notas fiscais ou qualquer documento com pendência de produtos,
quantidades incompletas, ou que tenham sido recebidas por outras pessoas
ou setores sem conferência. Ou seja, só o documento pode dar o atesto.
- Entregas em desacordo com as
especificações solicitadas (forma farmacêutica, apresentação,
concentração, rótulo, envase, embalagem, condições de conservação, lote,
validade) devem ser registradas em livro ata e/ou em boletim de
ocorrências. O fornecedor deve ser informado por ofício e a Nota Fiscal
deve ficar bloqueada. Só liberar para pagamento após resolução do
problema.
Ø Suspeita de qualidade de produtos ou
falsificação deve ser informada à Vigilância Sanitária local para as devidas
providências.
Ø Após o recebimento ou entrega de
produtos, deve-se registrar as ocorrências, datar e assinar.
Ø Todo procedimento e providências
adotadas em relação às ocorrências no recebimento, distribuição, dispensação,
outras, devem ser registradas, e cópias devem ser arquivadas.
Ø Devoluções de medicamentos pelas
unidades de saúde só devem ser recebidas com justificativas, em prazos de
validade compatíveis ao tempo de utilização e assinadas pelo responsável pela
devolução.
Para
tanto, devem ser elaboradas normas e procedimentos para todas as etapas do
processo com divulgação às unidades de saúde.
Planejamento e
organização do armazenamento deve incluir:
Ø Estrutura física – área física e
instalações adequadas (físicas, elétricas, sanitárias), com boa localização e
condições ambientais adequadas.
Ø Estrutura organizacional – layout,
organização interna, segurança, equipamentos e acessórios.
Ø Estrutura funcional – definição e
controle das atividades, elaboração de normas e procedimentos operacionais e
instrumentos de controle, acompanhamento e avaliação, sistema de informação
eficiente e eficaz.
Ø Recursos humanos qualificados – o
pessoal envolvido no armazenamento de medicamentos deve ter competência para
assegurar que os produtos ou materiais sejam adequadamente armazenados e
manuseados, sendo treinado para as tarefas que lhe sejam atribuídas.
Ø Manual de Normas e Procedimentos
a) Central de
Abastecimento Farmacêutico (CAF)
Área
física destinada à estocagem e guarda dos produtos, visando à manutenção das
suas características físico-químicas, conforme suas especificidades.
A
denominação Central de Abastecimento Farmacêutico é utilizada especificamente
para medicamentos, sendo assim chamada para diferenciar-se dos termos
inadequados: almoxarifado, depósito, armazém e outros espaços físicos
destinados à estocagem de todos os tipos de materiais.
b) Características de
uma CAF
Para
assegurar condições ideais de conservação dos produtos e estabilidade dos
medicamentos, uma CAF deverá atender a alguns requisitos:
Ø Localização – devem ser localizadas em
lugares de fácil acesso para o recebimento e distribuição dos produtos; dispor
de espaço suficiente para circulação e movimentação de pessoas, produtos,
equipamentos e veículos.
Ø Dimensão – o dimensionamento varia em
função da quantidade e tipos de produtos a serem estocados, modalidade de
aquisição; periodicidade da compra; tempo da entrega de medicamentos pelos
fornecedores; sistema de distribuição (se centralizado ou descentralizado);
quantidade de equipamentos; recursos humanos; áreas necessárias à
funcionalidade do serviço (área administrativa, recepção/ expedição) e áreas
específicas de estocagem. Não existe padrão estabelecido para determinar o
tamanho adequado de uma Central de Abastecimento Farmacêutico.
Ø Identificação externa – deve ser
caracterizada por meio de nome e/ou logotipo que a identifique.
Ø Sinalização interna – a CAF deve
sinalizar os espaços e áreas por meio de letras ou placas indicativas nas
estantes, locais de extintores de incêndio, entre outros.
Ø Condições ambientais – condições
adequadas de temperatura, ventilação, luminosidade e umidade.
Ø Higienização – manutenção de limpeza e
higiene deve ser prioridade. As áreas de armazenamento devem estar sempre
limpas, isentas de poeira e outras sujidades. A limpeza, além de demonstrar
organização, é uma norma de segurança, que deve ser rigorosamente seguida.
Ø Equipamentos e acessórios suficientes
– dispositivos necessários à movimentação e estocagem dos produtos.
Ø Segurança – devem ser estabelecidos
mecanismos e equipamentos de segurança à proteção das pessoas e dos produtos em
estoque.
c) Instalações
Instalações Físicas
Ø Piso – plano, para facilitar a
limpeza, e suficientemente resistente para suportar o peso dos produtos e a
movimentação dos equipamentos. A espessura do piso deve estar de acordo com o
quantitativo de cargas, para que ele não venha a rachar ou sofrer fissuras.
Ø Paredes – de cor clara, pintura
lavável, isentas de infiltrações e umidade.
Ø Portas – pintadas a óleo,
preferencialmente esmaltadas ou de alumínio, com dispositivo de segurança
automática.
Ø Teto – o teto deve possuir forro
adequado, em boas condições. Recomenda-se usar telha de fibra de vidro, telhas
térmicas com uso de poliuretano, lã de vidro, colocação de exaustores, entre
outras alternativas que facilitem uma boa circulação de ar. As telhas de
amianto devem ser evitadas porque absorvem muito calor.
Ø Janelas – devem possuir telas para
proteção contra entrada de animais.
Ø Instalações elétricas – sabe-se que a
maioria dos incêndios é provocada por curtos-circuitos.
A
manutenção permanente das instalações elétricas deve ser prioridade dos
responsáveis pelo setor. Os seguintes cuidados devem ser observados:
Ø Desligar diariamente todos os
equipamentos, exceto os da rede de frio, antes da saída do trabalho.
Ø Evitar sobrecarga de energia, com o
uso de extensões elétricas.
Ø Usar um equipamento por tomada, não
fazendo uso de adaptadores.
Ø Solicitar contrato de manutenção
elétrica ou realizar vistorias periódicas nas instalações.
Instalações sanitárias – devem ser
apropriadas e sem comunicação direta com as áreas de estocagem.
d) Organização interna
É
a disposição racional do espaço físico dos diversos elementos e recursos
utilizados no serviço (materiais, equipamentos, acessórios e mobiliários), de
maneira adequada, possibilitando melhor fluxo e utilização eficiente do espaço
para a melhoria das condições de trabalho e garantia da qualidade dos produtos
estocados.
Para
organização interna devem ser observados diversos fatores que envolvem: layout,
conforto térmico; organização; a ordenação dos produtos em áreas apropriadas,
de acordo com as características dos produtos; dos equipamentos e acessórios;
medidas de segurança; sinalização interna das áreas; identificação dos
produtos; limpeza etc.
A
ordem influi na operacionalidade das atividades, circulação interna, em função
do espaço disponível e conservação dos produtos.
Limpeza
é requisito indispensável para manutenção da conservação adequada dos produtos.
O
controle deverá ser rigoroso, pelas implicações legais que a responsabilidade
requer. Deve-se manter sistema de informação eficiente, evitando perdas e
desperdícios.
Ø Layout – consiste na disposição e
forma de organização do espaço físico, dos equipamentos, mobiliários,
acessórios, materiais, possibilitando um fluxo adequado, permitindo a
utilização eficiente do espaço físico, para melhor aproveitamento da área
disponível, maior agilidade na execução das atividades e melhoria das condições
de trabalho.
Ø Fluxo – é o caminho percorrido pelo
medicamento desde sua programação até a dispensação.
A
organização interna da Central de Abastecimento Farmacêutico deve constar de
áreas que contemplem as necessidades do serviço, considerando o volume e os
tipos de produtos a serem estocados, a saber:
Estocagem
Estocar
consiste em ordenar adequadamente os produtos em áreas apropriadas, de acordo
com suas características específicas e condições de conservação exigidas
(termolábeis, psicofármacos, inflamáveis, material médico-hospitalar etc).
Para
a estocagem adequada de diferentes tipos de produtos a serem armazenados,
deve-se dispor de área física, instalações apropriadas, equipamentos,
acessórios, normas e procedimentos, pessoal treinado.
a) Objetivos
Ø Reduzir perdas por quebra, expiração
de validade; reduzir tempo gasto na movimentação dos produtos;diminuir
acidentes no trabalho; aproveitar mais o espaço físico; aumentar a eficiência
do processo de estocagem.
Ø Assegurar a disponibilidade do
medicamento, insumos, produtos para saúde, em tempo oportuno e nas quantidades
necessárias.
Ø Aumentar a eficiência do processo de
estocagem.
b) Áreas de estocagem
O
serviço deverá dispor de áreas suficientes de armazenamento dos produtos que possibilitem
o estoque ordenado dos diferentes tipos de medicamentos e materiais,
assegurando as condições adequadas para manutenção da sua integridade.
Dependendo dos tipos de produtos a serem armazenados e das condições de
conservação exigidas, deve-se dispor de áreas específicas para estocagem de
produtos de controle especial, tais como: área para termolábeis, psicofármacos,
imunobiológicos, inflamáveis (os de grande volume devem ser armazenados em
ambiente separado), material médico-hospitalar, produtos químicos e outros
existentes.
As
áreas de estocagem devem estar bem sinalizadas, de forma que permitam sua fácil
visualização. A circulação, nessa área, deve ser restrita aos funcionários do
setor. É o local onde são desenvolvidas as atividades
operativas,
devendo ficar preferencialmente próxima à entrada, para melhor acompanhamento
das ações:
Ø Área de recepção – área de recebimento
e conferência de produtos. Obrigatoriamente deverá situar-se junto à porta
principal e constar de normas e procedimentos escritos para recebimento de
medicamentos
Ø Área de expedição – local destinado à
organização, preparação, conferência e liberação dos produtos.
Ø
Pode
estar ou não no mesmo espaço físico da recepção, porém, distintamente
separadas, dependendo da dimensão da área física.
Ø Área para grandes volumes – área
destinada ao armazenamento de soluções de grandes volumes: soros, solução de
ringer lactato, solução polieletrolítica etc.
Ø Área para medicamentos de controle
especial – área destinada à guarda e controle de medicamentos que exigem
cuidados especiais. Em razão da especificidade e custos financeiros envolvidos,
esses medicamentos não devem ficar na área de estocagem geral. Na falta de
espaço disponível, podem ser guardados em armários.
Os
psicotrópicos e entorpecentes, por serem produtos sujeitos à legislação
específica e causarem dependência física e/ou química, exigem controle
diferenciado, por meio de formulários próprios e prestação de contas aos órgãos
fiscalizadores. O local deve ter controle exclusivo do farmacêutico e
somente
permissão do acesso de pessoas autorizadas.
Ø Área para termolábeis – área reservada
aos medicamentos sensíveis a temperatura, sendo indispensável o controle
ambiental nos locais de estocagem.
Ø Área para estocagem geral – local onde
ficam os medicamentos que não exigem condições especiais, porém, os mesmos
cuidados para manutenção da estabilidade.
c) Condições para a
estocagem de medicamentos
Para
se realizar uma estocagem correta, há que se estabelecer condições técnicas e
procedimentos operacionais.
Ø Áreas de armazenagem devem ser livres
de poeira, lixo, roedores, insetos. Os interiores devem apresentar superfícies
lisas, sem rachaduras, sem desprendimento de pó ou infiltrações na parede.
Ø Os medicamentos devem ser ordenados de
forma lógica, que permita fácil identificação dos produtos, por forma
farmacêutica; em ordem alfabética por princípio ativo, da esquerda para a
direita; rotulagem de frente para facilitar a visualização e rapidez na
entrega.
Ø Deve-se manter distância entre os
produtos, e entre produtos e paredes, piso, teto e empilhamentos, a fim de
facilitar a circulação interna de ar. Manter uma distância mínima de 50 cm da
parede, solo, teto, e entre os produtos e cada um desses itens, para evitar
formação de zonas de calor. Não se deve encostar medicamentos junto às paredes,
ao teto, ou em contato com o chão, por causa da umidade.
Ø As caixas de medicamentos não devem
ficar próximas de condicionadores de ar, estufas, sobre geladeiras ou freezers.
Ø Manuseio – o manuseio inadequado dos
medicamentos pode afetar a sua integridade e estabilidade. Por isso, não se
deve arremessar caixas, arrastar ou colocar muito peso sobre elas. Todos os
funcionários, incluindo motoristas, devem ser treinados quanto ao manuseio e
transporte adequados dos medicamentos.
Ø Embalagens – os medicamentos devem ser
conservados nas embalagens originais. Além da proteção, isso facilita a
identificação e a verificação dos lotes e validades. Ao serem retirados da
caixa, as embalagens devem ser identificadas.
Ø As caixas que forem abertas devem ser
sinalizadas, indicando a violação e a quantidade retirada . Deve ser lacrada
posteriormente.
Ø Os medicamentos cuja embalagem esteja
danificada ou suspeita de contaminação devem ser retirados dos estoques,
mantidos em área separada, até que as providências necessárias sejam tomadas.
Ø Devem-se seguir as recomendações do
fabricante em relação às condições de armazenamento, que figuram no rótulo,
para conservação dos produtos: “temperatura ambiente controlada”, “refrigerador”,
“ temperatura ambiente”. Na ausência de instruções específicas, o produto deve
ser armazenado em temperatura ambiente controlada.
Ø Validade – armazenar os produtos por
ordem de prazo de validade: os que vão vencer primeiro devem ser armazenados à
esquerda e na frente. A observância dos prazos de validade deve ser monitorada
rigorosamente, para evitar perdas. Os medicamentos devem ser distribuídos por
ordem cronológica de validade, sempre pela validade mais antiga.
Ø Empilhamento - Observar o empilhamento
máximo permitido para o produto (ver recomendações do fabricante); as pilhas
devem obedecer às recomendações dos fabricantes, quanto ao limite de peso e
resistência. Não ultrapassar cinco caixas e uma altura máxima de 2,5m, para
evitar desabamentos e deformações por compressões. Devem ser mantidas a certa
distância das paredes. O empilhamento deve ser feito em sistema de amarração,
mantendo espaços de circulação de ar para evitar desabamentos.
Ø Contato com o solo – o contato direto
com o solo cria pontos de acúmulo indesejáveis de umidade que se depositam nas
embalagens e posteriormente pode afetar o produto.
Ø Poeira – a poeira funciona como
elemento catalisador de umidade e corrosão. Graças ao seu elevado poder
higroscópico, absorve umidade para superfície do produto. As prateleiras e
áreas de estocagem devem ser mantidas limpas e isentas de poeiras. O chão deve
ser limpo com pano úmido e por lavagem.
Ø Inspeção sistemática – a inspeção nos
estoques deve ser uma prática de rotina, para identificar possíveis alterações
nos produtos, que possam comprometê-los ou oferecer risco às pessoas. Produtos
rejeitados pela inspeção, suspeitos e/ou passíveis de análise devem ser
armazenados na área de quarentena.
Ø Volume e peso do material – os itens
mais volumosos e mais pesados devem ficar próximo à área de saída, para
facilitar a movimentação. Devem ser colocados em estrados ou pallets (tipo
especial de estrado que veremos adiante).
Ø Rotatividade nos estoques – entre os
itens de material mantidos em estoque, existem aqueles que têm maior
movimentação, em virtude de sua utilização. Por isso deve-se realizar
periodicamente rodízio nos estoques, para evitar seu envelhecimento, minimizar
o número de viagens entre as áreas de estocagem e a expedição; otimizar o tempo
despendido na expedição do material, com menor desgaste físico dos operadores.
Ø Medicamentos termolábeis – são
medicamentos que necessitam de temperatura entre 18 e 22ºC. Quando armazenados
em locais quentes e sem ventilação estão sujeitos a alterações em suas
propriedades físico-químicas. Fazem-se necessários aparelhos condicionadores de
ar, que permitem o controle da temperatura ambiente.
Ø Medicamentos de controle especial –
deve-se dispor de armário especial para guarda dos produtos. O tamanho depende
do consumo e do estoque.
Ø Produtos diferentes – Não devem ser
armazenados no mesmo estrado, para evitar troca na entrega.
Ø Nas áreas de estocagem de medicamentos
não podem ser armazenados outros insumos, principalmente material de limpeza e
de consumo.
Ø Medicamentos deteriorados ou vencidos
– as perdas de medicamentos são inaceitáveis. Isso acarreta sérios problemas,
inclusive de ordem penal, tendo em vista que se trata de dinheiro público. Para
tanto, as validades devem ser monitoradas; o pessoal deve ser orientado a
respeito, e no caso de ocorrência de perda por validade, os medicamentos devem
ser retirados das prateleiras, as embalagens devem ser identificadas e deve-se
entrar em contato com a Vigilância Sanitária local para orientação sobre o
recolhimento do produto.
Ø Medicamentos interditados – devem ser
identificados nas embalagens e podem ficar em áreas separadas, se houver
espaço, ou na própria prateleira. De acordo com os procedimentos internos,
encaminhar à Vigilância Sanitária local ou devolver ao Laboratório, comunicando
imediatamente as unidades de saúde, para suspensão do uso e recolhimento.
Deve
existir sistema de controle de entradas e saídas, com o número do lote, que
possibilite identificar e rastrear os produtos, além de procedimentos para essa
situação.
Ø Medicamentos devolvidos – para evitar
a sua redistribuição, medicamentos com problemas de qualidade ou devolvidos por
alguma razão devem ficar separados dos demais, até que sejam tomadas
providências quanto ao seu destino. Devem ser mantidos registros das
devoluções.
Todas
as situações devem constar no manual de normas e procedimentos que deve ser
divulgado junto às unidades de saúde e aos servidores.
d) Formas de estocagem
de medicamentos – a
estocagem dos produtos depende da dimensão do volume e de produtos a serem
estocados, do espaço disponível e das condições de conservação exigidas.
Ø Estocagem em estrados / pallets /
porta-pallets – estrados são plataformas horizontais de tamanhos e materiais
variados, de fácil manuseio, utilizadas para estocagem de produtos de grandes
volumes. Os porta-pallets são estruturas reforçadas, destinadas a suportar
cargas a serem estocadas nos vários níveis, com bom aproveitamento do espaço
vertical.
Ø Estocagem em prateleiras – forma de
estocagem mais simples e econômica para produtos leves e estoques reduzidos,
preferencialmente, devem ser de aço, nunca de madeira ou cimento.
Ø Estocagem por empilhamento – o
empilhamento deve obedecer às recomendações do fabricante quanto ao limite de
peso. Em regra, as pilhas não devem ultrapassar uma altura de 1,5m, para evitar
desabamentos e alterações nas embalagens, por compressões. Depende do tipo e
volume de produtos. A estocagem por empilhamento deve ser feita em sistema de
amarração das caixas, mantendo-se distanciamento entre elas e entre as paredes,
para uma boa circulação de ar.
Conservação de
medicamentos
Conservar
medicamentos é manter os produtos em condições ambientais apropriadas para
assegurar sua estabilidade e integridade durante seu período de vida útil.
Para
que os medicamentos sejam bem conservados, alguns procedimentos técnicos e
administrativos devem ser adotados.
a) Temperatura – a temperatura é uma condição
ambiental diretamente responsável por grande número de alterações e
deteriorações dos medicamentos. Elevadas temperaturas são contra-indicadas para
medicamentos porque podem acelerar a indução de reações químicas e ocasionar
decomposição dos produtos, alterando a sua eficácia.
Para
o controle da temperatura, é necessária a utilização de termômetros nas áreas
de estocagem, com registros diários em mapa de controle, registro mensal
consolidado, elaboração de relatórios, com gráficos demonstrativos, para
intervenção e correção de eventuais anormalidades.
Temperatura de
conservação – segundo
a Farmacopéia Americana (USP):
Ø Ambiente – temperatura entre 15º e
30ºC – com controle mediante termostato. Recomenda-se temperatura próxima a
20ºC.
Ø Quente – temperatura acima de 30ºC.
Ø Fria ou refrigerada – entre 2º e 8ºC.
Ø Local fresco – ambiente cuja temperatura
situa-se entre 8º e 15ºC.
Ø Em congelador: temperatura entre 0º e
-20ºC.
Ø Para produtos que requerem baixa
temperatura, há necessidade de equipamentos de temperatura controlada entre 10º
e 20ºC.
b) Umidade – dependendo da forma farmacêutica do
medicamento, a umidade elevada pode afetá-la, favorecer o crescimento de fungos
e bactérias e desencadear algumas reações químicas.
Os
medicamentos armazenados em áreas úmidas podem sofrer alterações na
consistência, sabor, odor, cor, tempo de desintegração. Por isso, não devem ser
encostados em paredes, teto, em contato direto com o chão, próximos a
banheiros, áreas úmidas e com infiltrações.
Produtos
sensíveis à umidade devem ser conservados em frascos hermeticamente fechados ou
conter substâncias dessecantes. Alguns produtos, em razão da elevada
sensibilidade à umidade, trazem invólucros de sílica gel para a devida
proteção. Orientar para que não sejam retirados das embalagens.
Ø Umidade relativa – deve se manter ente
40 e 70%. A medição é feita com higrômetro ou psicrômetro.
c) Luminosidade – a incidência direta de raios
solares sobre os medicamentos acelera a velocidade das reações químicas,
alterando sua estabilidade. Essa ação leva à ocorrência de reações químicas
(principalmente, óxido-redução). O local de estocagem deve possuir iluminação
natural adequada; em caso de iluminação artificial, recomenda-se a utilização
de lâmpadas fluorescentes (luz fria).
Os
efeitos da luminosidade dependem da fonte de luz, intensidade e tempo de
exposição. Para proteção dos medicamentos fotossensíveis, utilizam-se
embalagens de cor âmbar e embalagem em blister de alumínio.
d) Ventilação – uma boa circulação interna de ar
deve ser mantida para conservação dos produtos. Elementos vazados nas janelas
facilitam a ventilação natural.
e) Equipamentos e
acessórios – são
dispositivos de ação mecânica, necessários à execução e movimentação dos
produtos.
Ø Estrados /pallets – são plataformas
horizontais de tamanhos variados, fácil manuseio, movimentação e transporte,
cuja finalidade é estocar produtos de grande volume. Recomenda-se o tamanho de
1m2, para melhor adequação aos espaços. Quanto menor o estrado, mais fácil de
manusear, limpar e movimentar. Não são recomendáveis estrados de grandes
dimensões ou fixos, porque dificultam os deslocamentos e, principalmente, a
limpeza. Existem em diversos tipos (madeira, plástico, fibra, alumínio,
borracha); dimensões; formas (retangular e quadrado), o que vai depender da
necessidade do serviço e da área disponível, para evitar desperdícios de
espaços com quantidades desnecessárias. O Estrados de madeira – a madeira é
muito utilizada em razão da sua rigidez, resistência a choques, impactos e
deformações, baixo custo e facilidade no manuseio. Porém, não é recomendável,
porque acumula muita poeira e absorve muita umidade, retendo água.
Ø Estrados de plásticos – são os
estrados mais utilizados atualmente, pelo fato de serem menos propensos a danos
físicos, possibilitarem fácil limpeza, manuseio, além da grande diversidade de
cores, o que dá um layout diferente ao ambiente. Para os produtos
imunobiológicos e outros da rede de frio, recomenda-se utilizar os estrados de
borracha. Os estrados não devem ser rentes ao chão. Devem manter certa altura
do solo, para evitar acúmulo de poeiras e sujidades, facilitando a limpeza.
Ø Cestas de marfinite – utilizadas para
guardar material médico-hospitalar. Ajustáveis, de diversas cores e tamanhos.
Ø Armários de aço – para guarda de
material controlado.
Ø Arquivos de aço – destinados ao
armazenamento de medicamentos sujeitos ao controle especial, quando o volume
estocado é pequeno. Quando houver grandes quantidades, é imprescindível dispor
de sala fechada para este fim.
Ø Extintores de incêndio – devem ser
adequados aos tipos de materiais armazenados, fixados nas paredes e
sinalizados, conforme as normas vigentes. Deve-se consultar o corpo de
bombeiros sobre os locais apropriados para sua instalação, bem como sobre a
sinalização e especificações necessárias, para ministrar palestras e
treinamento aos funcionários. Cada extintor deve conter uma ficha de controle,
com data de inspeção e etiqueta de identificação contendo a data da recarga.
Ø Câmara fria e refrigeradores –
utilizados principalmente para a conservação de produtos que exigem temperatura
de conservação entre 2 e 8ºC.
Ø Exaustores eólicos/ventiladores –
equipamentos utilizados em locais quentes ou que ultrapassem os 30º C. Ajudam
na renovação do ar circulante.
Ø Empilhadeiras – são veículos
destinados à elevação, transporte e estocagem de materiais. Utilizadas
geralmente em armazenamento vertical (palletizado) em Centrais de Abastecimento
de grande porte e grandes volumes. Para aquisição de empilhadeiras, devem-se
considerar alguns fatores: peso, carga, dimensão, freqüência, altura das
elevações, espaços para manobra, ambiente do trabalho, espaço dos corredores,
portas de acesso, tipo de rodagem, tipo de piso etc. Convém consultar quem
trabalha com elas, engenheiro ou técnicos especializados. Existem inúmeras
marcas e modelos no mercado. Recomenda-se, antes de fazer aquisição de uma
empilhadeira, elaborar um projeto com o layout, porque ela altera toda
estrutura do espaço físico, mudanças no piso (industrial), fluxos etc.
Tipos de empilhadeira
Ø Manuais – Utilizadas para transporte
de pequena capacidade de carga, velocidade e raio de ação.
Ø Elétricas – Utilizadas em pisos
especiais, regulares e lisos, permite boa manobra e baixo custo de manutenção.
Ø Armações – são prateleiras com
estruturas de aço em unidades segundo as necessidades da estocagem. Suportam
maior volume de peso; são fáceis de montar e desmontar; têm grande durabilidade
e são imunes à ação de insetos e roedores.
Ø Estantes/prateleiras – são móveis
constituídos de prateleiras reguláveis, desmontáveis, destinadas a estocar
materiais de peso leve e quantidades limitadas, sendo as mais recomendadas as
de aço. São de fácil remoção e movimentação, apresentam boa resistência e não
empenam com facilidade. São as mais recomendadas para o armazenamento de
pequenos volumes.
Ø Forma de arrumação – as estantes devem
ser arrumadas de costas entre si e mantidas a uma distância mínima da parede de
pelo menos 50cm, para uma boa circulação interna de ar, evitando-se zonas de
calor.
Procedimento para
numeração alfa-numérica:
Ø Numeram-se as estantes.
Ø Numera-se cada prateleira com letras
de baixo para cima.
Ø Numeram-se os compartimentos, de baixo
para cima e da esquerda para direita.
Ø Marca-se a estante da esquerda para
direita e de baixo para cima.
Ø Uma letra indicará a coluna da estante
e outra indicará a altura (prateleira).
Ø Estabelece-se o código de localização.
Ø Estante de madeira – é desaconselhável
seu uso para estocagem de medicamentos, em razão do tipo de madeira utilizada,
que nem sempre é de boa qualidade. Não se recomenda o uso de prateleiras de
madeira, por causa da umidade.
Ø Acessórios – fichários e pastas
suspensas, placas indicativas, material de escritório.
Ø Termômetros – instrumentos utilizados
para o controle de variação de temperaturas nos locais de estocagem.
Ø Higrômetros – são instrumentos
utilizados para controle de umidade.
f) Segurança – devem ser elaboradas normas e
procedimentos de segurança, além de medidas preventivas para evitar riscos de
quedas, deteriorações, desvios e incêndios, entre outros. A falta de
equipamentos de prevenção contra incêndios e a não manutenção das instalações
elétricas são fatores que contribuem para o aumento de riscos no setor.
Ø Cada extintor deve possuir uma ficha
de controle, etiqueta de identificação (protegida para não ser danificada), com
a data de recarga.
Ø Deve-se sensibilizar os funcionários e
elaborar avisos e cartazes que estimulem o cumprimento de normas de segurança,
entre outros, tais como: “Proibido fumar, beber, guardar alimentos nas
dependências da Central de Abastecimento Farmacêutico”. Algumas medidas de
controle e segurança:
Ø Controle de entrada/saída – dispor de
uma área para recepção e expedição dos produtos.
Ø Acesso de pessoas – o acesso deve ser
restrito e limitado somente às pessoas que trabalham no setor.
Ø Empilhamento – o cuidado no empilhamento
dos produtos é fundamental para evitar acidentes de trabalho e desabamentos dos
produtos. A informação sobre o limite máximo de empilhamento deve ser
observada. Essa informação é fornecida pelo próprio fabricante.
Ø Utilização de inseticidas – pela possibilidade
de contaminação dos medicamentos, o uso deve ser evitado.
Ø Higiene – a limpeza do ambiente deve
ser diária, para evitar acúmulo de poeira, papéis ou caixas vazias de papelão,
que possam criar condições para propagação de insetos e roedores. O lixo deve
ser depositado em recipientes tampados, sendo descartado todos os dias.
FONTE
MINISTÉRIO
DA SAÚDE Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos Departamento
de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégica ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA ATENÇÃO
BÁSICA INSTRUÇÕES TÉCNICAS PARA SUA ORGANIZAÇÃO 2ª edição Série A. Normas e
Manuais Técnicos Brasília – DF 2006 Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério
da Saúde: http://www.saude.gov.br/bvs
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