CICLO DA ASSISTÊNCIA
FARMACÊUTICA – GESTÃO DE MATERIAL
Conjunto
de atividades que visam ao suprimento adequado dos serviços de acordo com as
necessidades requeridas, em qualidade e quantidades adequadas, em tempo correto
e menor custo.
O
objetivo fundamental da administração de materiais é determinar quando e quanto
adquirir para repor o estoque, o que deixa claro que a estratégia de
abastecimento é determinada pelo usuário.
Logística de materiais
É
o planejamento, controle eficiente e eficaz de estoques de produtos, da origem
aos consumidores. Para uma gestão adequada de materiais, diversos aspectos e
atividades estão envolvidos: normalização, padronização, especificação,
classificação e codificação dos produtos.
Normalização
Refere-se
aos instrumentos necessários à especificação dos materiais. Apesar da
importância, em geral, os serviços não dispõem de um catálogo de materiais, com
padronização dos produtos utilizados, devidamente classificados e codificados.
Padronização
É
uma forma de normalização que objetiva selecionar e tornar mais eficiente o
processo de aquisição, com menor número de itens, maior qualidade e
racionalizando os custos, a quantidade de itens estocados e diversidade dos
produtos, de acordo com critérios estabelecidos.
Especificação técnica
Descrição
técnica detalhada de cada medicamento: nome, apresentação, forma farmacêutica,
dosagem, características físico-químicas, critérios de qualidade e outros
requisitos.
A
especificação detalhada serve de instrumento norteador para subsidiar o
processo de aquisição, gestão de estoques, controles, e ainda otimiza tempo,
evita compras erradas e inadequadas, qualifica melhor o processo e facilita a
emissão de relatórios, entre outros.
Classificação
Consiste
no agrupamento de materiais segundo a forma, dimensão, tipo, uso e outros
requisitos, segundo critérios pré-definidos, para determinados fins de
suprimento. Há três tipos de codificação usados na classificação de material: o
alfabético, o alfanumérico e o numérico, também chamado de decimal, além do
código de barras.
v Alfabético: este código tem por
constituição somente letras e sua característica principal é a fixação por meio
de processo mnemônico mediante a associação e combinação de letras com as características
do material.
v Alfa-numérico: o sistema alfa-numérico
é uma combinação de letras e números e normalmente é divido em grupos e
classes.
v Numérico ou Decimal: é o mais
utilizado, pela sua simplicidade e com possibilidades de itens em estoque e
informações.
Codificação
A
codificação é uma variação da classificação de materiais. O número de dígitos,
dos grupos e subgrupos, depende do tamanho do sistema. Define um grupo de
números para identificar o grupo de materiais; outro para o subgrupo ou classe
de materiais; e um terceiro conjunto numérico para o item ou número
identificador, além de um dígito verificador ou de controle.
Esse
tipo de estrutura de códigos contém até 100 grupos (de 00 a 99); em cada grupo,
será possível incluir até 100 subgrupos e o sistema comporta até 1.000 itens em
cada subgrupo. O código deve ser capaz de identificar o produto de modo que a
um determinado código corresponda a um e apenas a um produto, e vice-versa.
Controle de estoque
Atividade
técnico-administrativa que visa subsidiar a programação e aquisição de
medicamentos, na manutenção dos níveis de estoques necessários ao atendimento
da demanda, evitando-se a superposição de estoques ou desabastecimento do
sistema, mantendo-se o equilíbrio.
O
gerenciamento de estoques reflete quantitativamente e qualitativamente nos
resultados obtidos ao longo do exercício financeiro.
Objetivos
v Equilibrar demanda e suprimento e
corrigir distorções, e/ou situações-problema identificadas. Por isso a gestão
dos estoques ocupa destaque na gestão de material.
v Assegurar o suprimento, garantindo a
regularidade do abastecimento.
v Estabelecer quantidades necessárias às
demandas e evitar perdas.
v Identificar o tempo de reposição dos
estoques, quantidades e periodicidade.
v Fornecer dados e informações ao setor
de compras para execução da aquisição e reposição dos estoques.
v Manter inventários periódicos para
avaliação das quantidades e condições dos estoques.
v Identificar problemas, avaliar
rotatividade dos estoques, itens obsoletos e danificados entre outros.
v Manter os estoques em níveis
economicamente satisfatórios, no atendimento às necessidades requeridas.
Importância do controle
de estoque
- Proporcionar subsídios para se
determinar as necessidades de aquisição.
- Garantir a regularidade do
abastecimento.
- Eliminar perdas e desperdícios.
Requisitos necessários
para um controle de estoque eficiente
Registro
das informações, precisão da informação, objetividade e rapidez. As informações
devem ser claras e precisas estando disponíveis quando necessário.
Responsabilidade pelo
controle de estoque
Um
controle de estoque eficiente é resultante da soma de esforços conjuntos de
todos os envolvidos no serviço. Para tanto, os funcionários devem estar
conscientes das suas responsabilidades e ser permanentemente treinados para o
bom desempenho das suas atividades.
Tamanho do estoque
O
grande desafio da administração de materiais é o dimensionamento correto dos
estoques, para atendimento às reais necessidades com regularidade no abastecimento.
É necessário um controle eficiente e a utilização de instrumentos para registro
das informações que facilitem o acompanhamento.
Os
estoques devem ser bem dimensionados para não causar prejuízo institucional,
excesso de material em relação à demanda real ou desabastecimento. Para
dimensionar o tempo de reposição (período decorrido entre a solicitação até a
entrega do produto) devem-se considerar os prazos necessários para execução das
aquisições.
Elementos de previsão de
estoque
Os
elementos de gestão de estoques, segundo Dias (1996), são os principais
parâmetros necessários à adequação, aos interesses e às necessidades da
quantidade nos estoques. Constituem a própria gestão dos estoques e, por meio
deles, são definidas as quantidades a serem adquiridas, em intervalos de tempo
compatíveis.
a) Consumo Médio Mensal
(CMM) média
estatística dos consumos em um determinado período de tempo (mês/ano). Ou seja,
a soma do consumo de produtos utilizados em determinado período de tempo,
dividido pelo número de meses de utilização (total). Quanto maior o período de
coleta dos dados, maior a segurança nos resultados.
b) Estoque Máximo (EMX) – quantidade máxima de produtos que
deve ser mantida em estoque, que corresponde ao estoque de reserva, mais a
quantidade de reposição.
c) Estoque Mínimo (EMI) segurança ou de reserva – menor
quantidade em estoque para atender o CMM, em determinado período de tempo,
enquanto se processa o pedido de compra, considerando-se o tempo de reposição
de cada produto (tempo de re-suprimento). O Estoque Mínimo varia de acordo com
o CMM e o tempo de reposição de cada produto.
d) Tempo de Reposição
(TR) – é o espaço de
tempo decorrido entre a data da solicitação da aquisição, até a data do
recebimento do material.
e) Ponto de Reposição
(PR) – quantidade
existente no estoque, que determina a emissão de um novo pedido.
f) Tempo/quantidade de
reposição/re-suprimento (TR)/(QR)
– tempo decorrido entre a solicitação da compra e a entrega do produto,
considerando o tempo gasto na emissão do pedido, a tramitação do processo de
compra, o tempo de espera, a entrega do fornecedor, a entrada nos estoques, até
a disponibilidade para a utilização do medicamento. Ou seja, a quantidade
necessária para atender a demanda requerida em função do Consumo Médio Mensal
definido. A reposição de medicamentos depende da periodicidade da aquisição.
A
unidade de cálculo do TR (tempo de reposição) é o mês.
Se
determinado medicamento demora 15 dias entre o pedido da compra e a entrega
pelo fornecedor, o TR será igual a ½ (mês).
Se demorar uma semana, o TR será ¼.
Se um mês, o TR será igual a 1.
Se levar dois meses, o TR será igual a 2 – e assim sucessivamente.
g) Ponto de
re-suprimento ou de reposição (PR) –
quantidade existente no estoque, que determina a emissão de um novo pedido de
aquisição. Momento que sinaliza a reposição de determinado item do estoque.
h) Quantidade de
reposição ou a ser adquirida (QR) –
quantidade de reposição de medicamentos, que depende da periodicidade da
aquisição.
QR:
Quantidade de Reposição.
CMM:
Consumo Médio Mensal.
TR:
Tempo de Reposição.
EMI:
Estoque Mínimo.
EA:
Estoque Atual.
QR
= (CMM x TR + EMI) – EA
i) Intervalo de
re-suprimento (IR) –
espaço de tempo entre dois re-suprimentos consecutivos, ou seja, o período de
tempo para qual está determinada a quantidade de re-suprimento considerando o
lote econômico de
compra.
Sistema de controle
Qualquer
que seja a forma de controle adotada, informatizado ou manual (fichas de
controle de estoques), formulários para registro das informações, inventário,
relatórios de acompanhamento etc. pode ser utilizada mais de uma forma de
controle.
a) Controle por sistema
informatizado – para
implementação de um sistema informatizado, são necessários a organização do
serviço, o registro eficiente das informações, o conhecimento das necessidades
de informações a serem trabalhadas, a identificação dos tipos de relatórios
utilizados, entre outros.
O
sistema informatizado só agiliza o processo. Se não existir um controle eficiente,
esse sistema não irá solucionar os problemas – pelo contrário, poderá
aumentá-los.
b) Controle manual – Ficha de Controle de Estoque – se o
controle é feito manualmente, devem ser utilizadas fichas de controle de
estoque.
Ficha de controle de estoque
Instrumento
de controle simples, eficiente, quando não se tem um sistema informatizado.
a) Dados que devem
constar em uma Ficha de Controle de Estoque:
- Identificação do produto:
especificação (nome, forma farmacêutica, concentração e apresentação) e o
código do medicamento.
- Dados da movimentação do produto:
quantidade (recebida e distribuída), dados do fornecedor e requisitante
(procedência/destinatário e número do documento), lote, validade, preço
unitário e total.
- Dados do produto: consumo mensal,
estoque máximo e mínimo, e ponto de reposição.
b) Organização das
Fichas de Controle
- As fichas de controle devem ser
organizadas em ordem alfabética (pelo nome genérico), numeradas e datadas.
- Ao término de cada mês, somam-se
as entradas e saídas, confrontando os estoques físicos com as fichas,
corrigindo as distorções e atualizando-as.
- O registro das entradas e saídas
deve ser dado de forma diferenciada: as entradas em cor vermelha e as
saídas nas cores azul ou preta, para fácil identificação das informações.
Inventário
Inventário
é a contagem física dos estoques para verificar se a quantidade de medicamentos
estocada está em conformidade com a quantidade registrada nas fichas de
controle ou no sistema informatizado.
Objetivos
- Permitir identificar divergências
entre os registros e o estoque físico.
- Possibilitar avaliar o valor
total (contábil) dos estoques para efeito de balanço ou balancete, no
encerramento do exercício fiscal.
Periodicidade
- Diariamente, de forma aleatória,
como forma de monitoramento dos produtos, especialmente em determinados
grupos de medicamentos: de controle especial, dispensação excepcional,
alto custo e os de maior rotatividade.
- Semanal, pela contagem por
amostragem seletiva de 10 a 20% dos estoques.
- Trimestral ou semestral.
- Anual, obrigatoriamente, ao fim
do ano-exercício, para atualização dos estoques e prestação de contas.
- Por ocasião do início de uma nova
atividade, função, término de gestão, encerramento do ano em exercício,
após período de afastamento, férias etc.
Tipos de inventário
- Geral – realizado anualmente, com
fins contábeis e legais, para incorporação dos seus valores ao balanço
ativo da instituição e para a programação orçamentária do próximo
exercício.
- Periódico – realizado em
intervalos de tempo (mensal, bimensal, trimestral, semestral, etc.).
- Permanente ou contínuo –
realiza-se sem intervalo de tempo, sempre após a entrada e saída de
produtos, o que permite eliminar prontamente as falhas e causas.
Procedimentos
- Elaborar instrumento padrão
(formulário), com as especificações de todos os produtos, lote, validade,
quantidades previstas, quantidades em estoque, diferenças (para mais e
para menos) e porcentual de erros.
- Designar responsáveis para
contagem.
- Proceder à arrumação física dos
produtos, para agilizar a contagem.
- Retirar da prateleira os produtos
vencidos ou prestes a vencer, bem como os deteriorados e dar baixa nos
estoques.
- Comunicar, por escrito, à
administração e unidades de saúde a data de início e finalização do inventário.
- Atender a todos os pedidos
pendentes antes do início do inventário.
- Revisar as fichas de controle
(somando entradas e saídas).
- Realizar a contagem. Cada item do
estoque deve ser contado duas vezes. A segunda contagem deve ser feita por
uma equipe revisora. No caso de divergência de contagem, efetuar uma
terceira contagem.
- Confrontar os estoques das fichas
com o estoque físico.
- Atualizar os registros dos
estoques, fazendo os ajustes necessários.
- Elaborar o relatório e encaminhar
cópias às áreas competentes.
- Cuidados: Suspender o atendimento
durante o período de inventário, exceto casos excepcionais.
- As entradas e saídas de
medicamentos devem ser lançadas somente após a finalização do inventário,
para evitar risco de dupla contagem do mesmo produto.
- No caso de divergências nos
estoques: registrar a ocorrência, rastrear as notas fiscais de
entrada,documentos de saída, registros de ocorrências de devolução,
remanejamentos, perdas e validade vencida, para identificar as possíveis
falhas.
- Revisar as somas das entradas e
saídas das fichas de controle, para avaliar se houve erro na soma ou
registros etc.
- Em caso de desvio de
medicamentos, comunicar por escrito à área competente para as providências
cabíveis.
Documentação e arquivo
O
controle da documentação e arquivo é imprescindível ao serviço, para
acompanhamento do registro das informações e avaliação do processo.
a) Arquivo – arquivar consiste em classificar,
guardar e conservar, ordenadamente e de forma segura, toda a documentação
utilizada. Quanto maior a diversidade do serviço e atividades desenvolvidas,
maior a necessidade de registros das informações.
b) Como arquivar – existem diversas formas e métodos:
ordem numérica crescente da documentação (mês a mês), ordem alfabética, ordem
cronológica ou por requisitante, entre outros.
c) Procedimentos:
- Designar responsável para
organizar e controlar o arquivo.
- Não permitir que as pessoas
utilizem ou retirem documentos do arquivo sem autorização (apenas o
responsável pelo arquivo pode retirar documentos).
- Em caso de necessidade, o
solicitante deverá assinar um documento de requisição, datar, assinar e
entregar ao responsável.
- Arquivar a cópia da solicitação
junto ao documento consultado e/ou retirado.
- Entregar sempre as cópias, nunca
os originais.
- Fazer, periodicamente, revisão do
arquivo da documentação do setor, principalmente documentos fiscais,
verificando a ordenação, numeração dos documentos, rasuras, assinaturas
etc. Essa rotina poderá contribuir para que não ocorram problemas, quando
da realização de auditorias.
d) Eliminação de
documentos – para
eliminar documentos é preciso constituir uma equipe para avaliar sua
importância como instrumento administrativo, valor e finalidade, definindo o
que se deve preservar ou destruir. Após a eliminação, elaborar relatório,
fundamentando as decisões, listar os documentos eliminados, datar e assinar.
Toda essa rotina deve estar fundamentada na legislação que regulamenta as
atividades de arquivo.
FONTE
MINISTÉRIO
DA SAÚDE Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos Departamento
de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégica ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA
ATENÇÃO BÁSICA INSTRUÇÕES TÉCNICAS PARA SUA ORGANIZAÇÃO 2ª edição Série A.
Normas e Manuais Técnicos Brasília – DF 2006 Biblioteca Virtual em Saúde do
Ministério da Saúde: http://www.saude.gov.br/bvs
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