GERENCIAMENTO DE RISCO NO ARMAZENAMENTO DE MEDICAMENTOS E
MATERIAIS MÉDICO-HOSPITALARES NO HOSPITAL REGIONAL DE PONTA GROSSA
ALMEIDA,
Fernanda Pailo1
DUTRA,
Jhenifer2
FILIPAK,
Deisy3
ANDRADE,
Rayza Assis4
FERREIRA
NETO, Carolina Justus Buhrer5
RESUMO
Introdução:
O gerenciamento de risco consiste em um processo complexo de ações multidisciplinares
que tem como finalidade identificar e prevenir eventos adversos. O
armazenamento tem como objetivo principal garantir a qualidade dos medicamentos
e materiais médico-hospitalares utilizados no ambiente hospitalar, pois possui
potencial de risco ao paciente. Da mesma forma, a
identificação
inadequada de medicamentos durante o processo de estocagem pode gerar erros de dispensação.
Estabelecer medidas preventivas no processo de armazenamento, de modo a
prevenir erros de medicação, visando o aumento da segurança do paciente usuário
do Hospital Regional de Ponta Grossa. Reestruturação física da Central de
Abastecimento Farmacêutico (CAF) do Hospital Regional de Ponta Grossa. As
condições ambientais da CAF foram adequadas.
As
estantes foram identificadas e os medicamentos foram agrupados segundo o
critério de similaridade por forma farmacêutica. Observou-se o critério de
demanda, priorizando a estocagem dos itens de maior rotatividade em local de
maior acesso. Instituiu-se que lotes iguais do mesmo produto devem ser agrupados,
possibilitando que os lotes de vencimento anterior do prazo de validade sejam
os primeiros a serem dispensados. Foram adotadas etiquetas diferenciadas para
os medicamentos potencialmente perigosos. Fármacos com denominações semelhantes
foram identificados com destaque nas etiquetas, através de diferentes tamanhos
de fonte. Para diferentes concentrações de mesma forma farmacêutica adotou-se
sequência padronizada de cores para destaque das mesmas.
Como
prática frequente adotou-se a inspeção do estoque para verificação de possíveis
alterações ou degradações visíveis. Com a organização da CAF e com a adoção de
medidas adicionais de segurança acredita-se minimizar a possibilidade de erros
de medicação.
PALAVRAS CHAVE
Eventos
Adversos. Segurança do Paciente. Farmacovigilância.
1Acadêmica
do Curso de Farmácia UEPG -fernandapailo@hotmail.com
2
Acadêmica do Curso de Farmácia UEPG -jhenidutra@gmail.com
3
Acadêmica do Curso de Farmácia UEPG -deisinha_filipak@hotmail.com
4
Acadêmica do Curso de Farmácia UEPG -ra_yza@hotmail.com
5
Msc., Professora Assistente DEFAR -UEPG -carolbferreira@uol.com
INTRODUÇÃO
O
gerenciamento de risco, uma preocupação recente entre hospitais e profissionais
de saúde, consiste em um processo complexo de ações multidisciplinares que tem
como finalidade identificar e prevenir eventos adversos. A gestão de riscos
garante a qualidade da assistência e segurança do paciente no que concerne à
medicamentos (farmacovigilância); materiais e equipamentos médico-hospitalares
(tecnovigilância); saneantes; e sangue e hemoderivados (hemovigilância).1-3
O
armazenamento é uma das etapas do ciclo da assistência farmacêutica, e
corresponde a um conjunto de procedimentos técnicos e administrativos que têm
como objetivo principal garantir a qualidade dos medicamentos e materiais
médico-hospitalares utilizados no ambiente hospitalar.
Podem
ser citadas como atividades incluídas no processo de armazenamento:
v -recepção ou recebimento: consiste em
examinar e conferir os produtos quanto à quantidade solicitada, à documentação
e demais especificações exigidas, quando da sua entrada no estoque do hospital 4.
v -estocagem ou guarda: é a organização
dos produtos em locais apropriados, obedecendo às necessidades específicas de
estocagem de certos fármacos, visando otimização do espaço físico e da
movimentação, permitindo rapidez e segurança 4.
v -segurança: proteção dos produtos
contra roubos, perdas e danos 4.
v -conservação: proteção dos produtos
contra agressões externas, como ação da temperatura, umidade, pH, etc. É a
manutenção das características de cada produto, durante o período de 4 estocagem
.
v -controle de estoque: consiste em
monitorar e registrar entradas e saídas dos produtos 4.
v -entrega ou distribuição: consiste não
apenas em entregar os produtos de acordo com as necessidades dos pacientes, mas
em garantir que durante esta distribuição tenham-se condições adequadas de
transporte e preservação da identificação, com rastreabilidade dos produtos 4.
Praticamente
todas estas atividades possuem direta ou indiretamente potencial de risco ao
paciente hospitalizado, pois todo e qualquer problema envolvendo medicamentos e
materiais médico-hospitalares pode acarretar consequências indesejadas.
Problemas na estocagem e conservação, por exemplo, podem danificar o produto
por ação físico-química e/ou microbiológica, anulando seu
efeito
terapêutico e até produzindo efeitos indesejáveis e tóxicos.
Da
mesma forma, a identificação inadequada de medicamentos durante o processo de
estocagem pode gerar erros de dispensação, podendo ocorrer confusão
especialmente entre fármacos com denominações semelhantes, com mesma forma
farmacêutica e entre diferentes concentrações.
Ainda
em se tratando da identificação de medicamentos, alguns deles necessitam de
métodos adicionais de identificação, como é o caso dos Medicamentos
Potencialmente Perigosos (MPPs), os quais possuem maior potencial do que outros
em gerar lesões graves ou fatais se utilizados de forma
incorreta5,
sendo necessário, portanto, uma atenção e cuidado maiores a fim de se evitarem
erros envolvendo estes medicamentos.
Com
relação aos métodos de armazenamento e organização dos medicamentos e materiais
médico-hospitalares na Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF), existem
aspectos comuns a serem considerados nesta organização, tais como:
v -similaridade: agrupamento por classe
terapêutica, forma farmacêutica5
v -demanda: a localização deve facilitar
a rotatividade dos produtos5
v -condições especiais: uso restrito,
inflamáveis, quarentena5
v -capacidade física da área de
armazenamento, tais como tamanho e altura do teto5,6
v -equipamentos em geral5
A
conferência dos medicamentos é feita periodicamente, para além da contagem de
estoque, haver também uma visualização quanto a alterações físicas ou data de
validade deste.
Estes
critérios de armazenamento permitem que os medicamentos e materiais
médico-hospitalares sejam localizados de forma pronta, ágil e inequívoca, além
de preservar a segurança da equipe e do ambiente de trabalho e manter a
qualidade dos produtos estocados5.
OBJETIVO
Estabelecer
medidas preventivas no processo de armazenamento, de modo a prevenir erros de medicação,
visando o aumento da segurança do paciente usuário do Hospital Regional de
Ponta Grossa.
METODOLOGIA
Reestruturação
física da CAF do Hospital Regional de Ponta Grossa.
RESULTADOS
As
janelas da CAF foram protegidas com persianas garantindo a ausência de luz
solar direta. Para garantir a temperatura do ambiente, a CAF foi equipada com
refrigeração de ar, com ambiente controlado de temperatura e umidade, com
monitoramento e registro realizados duas vezes ao dia.
Os
medicamentos termossensíveis foram armazenados em refrigerador com temperatura
interna controlada, monitorada e registrada duas vezes ao dia.
As
estantes foram identificadas com números e as prateleiras com letras conforme o
Mapa de Endereçamento da CAF do Hospital Regional de Ponta Grossa. Os
medicamentos foram agrupados segundo o critério de similaridade por forma
farmacêutica.
Observou-se
o critério de demanda, priorizando a estocagem das formas farmacêuticas de
maior rotatividade em local de maior acesso. Instituiu-se que lotes iguais do
mesmo produto devem ser agrupados, possibilitando a operacionalização do
sistema FEFO (first expiry, first out) -o primeiro que expira é o primeiro de
sai, sendo que itens de menor prazo de validade são armazenados à esquerda e à
frente.
Através
do sistema de controle de estoque os lotes de medicamentos e materiais
médico-hospitalares com vencimento do prazo de validade nos 90 dias
subsequentes são identificados e armazenados na área de quarentena para
posterior descarte. Da mesma forma, itens com possíveis contaminações,
deteriorações
e lotes apreendidos para descarte são segregados à área de quarentena.
Como
prática frequente adotou-se a inspeção do estoque para verificação de possíveis
alterações ou degradações visíveis.
De
forma geral os medicamentos e materiais médico-hospitalares foram identificados
com etiquetas de prateleira de fundo de cor branca e inscrição na cor preta,
com as informações: nome, apresentação e concentração, quando aplicável.
Visando o aumento da segurança no armazenamento foram adotadas identificações
diferenciadas para as etiquetas de prateleira:
v -etiquetas de fundo branco e letras
rosa para os MPPs.
v -etiquetas com destaque, através de
diferentes tamanhos de fonte, para fármacos com denominações semelhantes, como
por exemplo, DOPAMINA e DOBUTAMINA.
v -etiquetas com destaque de cores para
diferentes concentrações de mesma forma farmacêutica.
Adotou-se
a sequência: amarela > cinza > verde > rosa > branca. A cor amarela
sempre destaca a maior concentração e a branca a menor, mesmo na ausência de
concentrações intermediárias.
Instituiu-se
a identificação adicional de embalagens secundárias de MPPs com etiqueta de
fundo de cor rosa com a inscrição “dupla checagem” na cor branca, no processo
de recebimento, garantindo que armazenamento dos mesmos seja realizado com
maior segurança.
CONCLUSÃO
Com
a organização da CAF e com a adoção de medidas adicionais de segurança
acredita-se minimizar a possibilidade de erros de medicação.
REFERÊNCIAS
1.
Feldman LB. Gerenciamento de Risco no Processo de Assistência em Saúde:
depoimento. [01/07/2009]. Revista Nursing. Entrevista concedida à Vanessa
Navarro.
2.
Gerência de Risco. Universidade Estadual de Londrina: portal webHU. Disponível
em: www.hu.uel.br/index.php. Acesso em: 26 abr. 2011.
3.
Kuwabara CCT. Gerenciamento de risco em tecnovigilância: aplicação dos
conceitos seis sigma e técnica delphi para o desenvolvimento e validação de
instrumento de avaliação de material médico-hospitalar. 2009. Tese (Doutorado
em Enfermagem)-Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em:
www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-07102009-145936/pt-br.php.
Acesso
em: 26 abr. 2011.
4.
Silva MT. Armazenamento e distribuição de medicamentos e produtos para a saúde.
In: Ferracini FT, Borges Filho WM. Prática farmacêutica no ambiente hospitalar:
do planejamento à realização. São Paulo: Atheneu, 2010. p.107-124.
5.
Tuma IL, Carvalho FD, Marcos JF. Programação, aquisição e armazenamento de
medicamentos e produtos para saúde. In: Novaes MRCG, Souza NNR, Néri EDR,
Carvalho FD, Bernardino, HMOM, Marcos JF. Guia de boas práticas em farmácia
hospitalar e serviços de saúde. São Paulo: Ateliê Vide o Verso, 2009. p.
149-190.
6.
Sakai MC, Lima MF, Souza AB. Armazenamento de medicamentos. In: Storpirtis S,
Mori ALPM, Yochiy A; Ribeiro E, Porta V. Ciências farmacêuticas -farmácia
clínica e atenção farmacêutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
p.153-160.
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