DOSE
UNITÁRIA ENTRE A 'TÉCNICA E A ÉTICA'
RESUMO
A busca pela atenção farmacêutica dentro de
um hospital passa sem sombra de dúvida pela forma de distribuição de
medicamentos que um hospital instala, por isso que é importante o sistema de
distribuição de medicamentos em uma unidade hospitalar. Um sistema de
distribuição de medicamentos eficaz garante uma maior qualidade no atendimento
ao paciente, fazendo com que o mesmo receba o medicamento na dose e na hora
certa. A escolha de um ou de outro sistema de distribuição depende de vários
fatores que podem aumentar ou diminuir a eficácia do sistema de distribuição de
medicamentos em um hospital. Esse trabalho relata os sistemas de distribuição
existente, em área hospitalar descrevendo as características de cada um, bem
como suas vantagens e desvantagens. Mostramos ênfase na importância da
distribuição de medicamentos, pelo sistema de dose unitária, como também a
importância de prestar um serviço de qualidade ao paciente e aos profissionais
que utilizam os sistemas de distribuição de medicamentos.
I-
INTRODUÇÃO
A elaboração de um sistema de distribuição de
medicamentos requer uma investigação em profundidade, de atividades que possam
garantir eficiência, economia e segurança.
A seqüência de eventos que envolvem a distribuição
de medicamentos começa quando o mesmo e adquirido e a partir de então um modelo
e seguido até sua administração ao paciente ou, por algum motivo seja devolvido
a farmácia, para se concluir o processo. Um sistema de distribuição deve
atender a todas as áreas da instituição onde são utilizados medicamentos e
correlatos (GARRINSON, 1979).
É importante ressaltar que a dispensarão de
medicamentos é uma atividade técnico-científica de orientação ao paciente, de
importância para a observância ao tratamento, portanto, eficaz,quando bem
administrada,devendo ser exclusividade do profissional tecnicamente habilitado
o farmacêutico. E que a distribuição racional de medicamentos consiste em
assegurar os produtos solicitados pelos usuários na quantidade e especificação
solicitadas, se forma segura e no prazo estabelecido, empregando métodos de
melhor custo versus eficácia e custo versus eficiência (GARRINSON,1979).
Na instituição hospitalar, o contato diário
do serviço de farmácia com as unidades de internação, demais serviços acontece,
principalmente, por meio do setor de distribuição fazendo dele o cartão de
apresentação da farmácia hospitalar.
Na prática existem quatro (04) tipos de
distribuição de medicamentos, a saber: coletivo, individual, combinado e dose
unitária (GARRINSON, 1979).
Na farmácia hospitalar os medicamentos
representam uma importante parcela no orçamento dos hospitais, portanto, é
necessário que haja a implementação de um sistema apropriado de distribuição
desses medicamentos, para assegurar seu uso racional, eficiente, econômico,
seguro e que esteja de acordo com o esquema terapêutico prescrito. Quanto maior
a eficácia do sistema de distribuição, mais garantido será o sucesso da
terapêutica e da profilaxia instauradas no hospital.
O sistema a ser escolhido e implantado no
hospital pelo profissional farmacêutico, deve seguir alguns critérios, de
acordo com os aspectos relacionados a seguir (GARRINSON, 1979).
2.
JUSTIFICATIVA
Na apresentação deste queremos demonstrar a
eficácia e a melhor maneira de utilização de serviços de distribuição de
medicamentos em dose unitária. Este trabalho vem demonstrar que existem vários
tipos de distribuição diversificando suas vantagens e desvantagens,
demonstrando de forma e simples a eficácia e ineficácia dos mesmos.
3.1 OBJETIVO GERAL
O objetivo maior deste trabalho é apresentar
às farmácias hospitalares, aos profissionais de enfermagem, corpo clínico do
hospital, postos de saúde, os sistemas utilizados na distribuição dos
medicamentos na área hospitalar. Esclarecendo assim sob melhor ótica, que o
sistema de dose unitária é e será uma melhor escolha, para a utilização do
sistema de distribuição.
3.2 OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
- Revisar
principais tipos de sistemas de distribuição de medicamentos;
- Analisar as
vantagens e as desvantagens entre os sistemas de distribuição em área
hospitalar.
- Abordar os
requisitos necessários para o funcionamento de cada sistema.
4.
METODOLOGIA
A investigação desta pesquisa caracterizou-se
como uma pesquisa bibliográfica, de cunho descritivo-analítico, numa abordagem
qualitativa, tendo em vista estar baseado num modelo dialético de análise, em
que se procura identificar as múltiplas facetas das práticas trabalhistas
desenvolvidas no ambiente hospitalar, na área da saúde e analisá-las à luz dos
fatores sociais, políticos e econômicos.
A realização da pesquisa se deu em duas
fases. Inicialmente procedeu-se a uma revisão na literatura especializada da
área de Farmácia sobre a questão da distribuição de medicamentos em dose
unitária.
A partir desses elementos redigiu-se o
presente trabalho tendo por critério apresentar criticamente os elementos
trazidos pelos diversos autores consultados no intuito de servir de base para
futuros aprofundando, assim, as discussões em torno da distribuição de
medicamentos em dose unitária.
5 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Distribuição de medicamentos é o ato de
entrega dos medicamentos ao paciente, prestando assim atenção farmacêutica a
cerca da utilização, posologia, contra indicações, interações medicamentosas,
indicação e contra – indicação dos mesmos, interação com alimentos.
A distribuição é o ato farmacêutico de
distribuir um ou mais medicamentos a um paciente, geralmente como resposta à
apresentação de uma prescrição elaborada por um profissional autorizado. Neste
ato, o farmacêutico informa e orienta o paciente sobre o uso adequado do
medicamento. São elementos importantes desta orientação, entre outros, a ênfase
no cumprimento do regime de dosificação, a influência dos alimentos, a interação
com outros medicamentos, o reconhecimento de reações adversas potenciais e as
condições de conservação do produto (ARIAS, 1999).
Na busca de alcançar esses objetivos, a
distribuição pode ser compreendida como um processo que envolve as seguintes
etapas principais:
● Recebimento da prescrição, certificando-se
da integralidade da mesma, antes de preparar ou autorizar a distribuição do
medicamento;
● Interpretação da prescrição, verificando
sua adequação ao paciente;
● Aviamento dos medicamentos, segundo
procedimentos e normas, visando a manter a precisão do perfil
farmacoterapêutico do paciente e, quando necessário, preparando os medicamentos
por meio de técnicas apropriadas;
● Distribuir os medicamentos segundo normas e
procedimentos estabelecidos, garantindo, dessa forma, a diminuição de erros
referentes ao processo de medicação;
● Comunicação com o paciente, fornecendo
informações básicas sobre o uso racional dos medicamentos prescritos para este;
● Registro do atendimento, segundo normas e
procedimentos estabelecidos, visando atividades de distribuição de
medicamentos, tendo em vista necessidades administrativas, técnicas e éticas
(ARIAS, 1999).
ASPECTOS
ADMINISTRATIVOS
Para haver racionalidade e eficácia na
distribuição, é fundamental que o setor de compras esteja diretamente envolvido
no processo. Além disso, são aspectos importantes: o controle de estoque, a
padronização, o envolvimento de recursos humanos treinados e capacitados para o
exercício das funções e o controle da qualidade de todos os processos
abordados. É de extrema importância que se consiga atender a todas as áreas do
hospital (MIRIAN e ELIAS, 2002).
ASPECTOS ECONÔMICOS
O farmacêutico deve sempre estar atento às
condições econômicas vigentes no país, pois as instituições hospitalares sofrem
interferência tanto da política econômica racional como da sua própria
economia. O farmacêutico, portanto, deve se preocupar com custos e receita
(MIRIAN e ELIAS, 2002).
Para alguns administradores hospitalares,
contratar profissionais menos especializados e menos experientes ainda é
considerado uma vantagem no aspecto econômico. Por isso, muitas vezes a
administração opta pela contratação de dois profissionais menos qualificados.
Embora tal ideologia ainda seja comum, muitas empresas têm percebido que a
melhor opção é exatamente a contrária, pois, com o tempo, a mão-de-obra mais
barata pode acarretar gastos muito maiores ou até mesmos erros danosos para o
hospital e/ou para a vida dos pacientes (MIRIAN e ELIAS, 2002).
De acordo com a organização Pan-Americana de
saúde os objetivos de um sistema de distribuição de medicamentos são:
a)Reduzir erros de medicação:
Os principais erros citados são de incorreta
transcrição da prescrição, erros de via de administração, erros de formas
farmacêuticas, falhas no planejamento terapêutico.
b)Distribuir os medicamentos de forma
ordenada e racional:
Significa facilitar a administração dos
fármacos por uma distribuição ordenada, segundo horários e pacientes, em
condições adequadas para a pronta administração dos medicamentos pela
enfermagem.
c)Prestar informações sobre os medicamentos:
A respeito de sua estabilidade,
características organolépticas, indicação terapêutica, contra-indicação.O
farmacêutico deve ter acesso as informações sobre o paciente (idade, peso,
diagnóstico, medicamentos prescritos), o que permite melhor avaliação da
prescrição médica e monitorização da farmacoterapia.A informação detalhada pode
alertar para eventuais reações adversas, interações medicamentosas, melhores
horários de absorção de determinados medicamentos e, até mesmo, para o não
cumprimento do plano terapêutico (CASSIANI e SILVA, 2004).
d)Reduzir os custos dos medicamentos:
Para isso, preconiza-se que a distribuição
deva ser diferenciada por paciente e para um período de 24 horas. Dessa forma,
ocorrerá naturalmente a diminuição dos gastos com doses excedentes e a melhora
do controle de estoque e faturamento.
e)Aumentar a segurança para os pacientes:
A segurança só será obtida pelo somatório dos
itens anteriores: adequação da terapêutica, redução de erros e racionalização
da distribuição.
SISTEMA DE DOSE
UNITARIA DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS
É uma quantidade ordenada de medicamentos com
forma e dosagens prontas para serem ministradas ao paciente de acordo com a
prescrição médica, num certo período de tempo (GARRINSON, 1979).
No final da década de 1950, com o lançamento
no mercado de medicamentos novos e mais potentes, mas também causador de
efeitos colaterais importantes iniciou-se a publicação de trabalhos sobre a
incidência de erros de administração de medicamentos em hospitais. Os
resultados mostraram a necessidade de que os sistemas tradicionais (coletivo e
individualizado) fossem revistos, visando melhorar a segurança na distribuição
e na administração dos medicamentos (GARRINSON,1979).
Foi neste contexto, que nos anos de 1960,
farmacêuticos hospitalares americanos desenvolveram o sistema de distribuição
por dose unitária.
Analisando os SDMs,o sistema de distribuição
por dose unitária é o que oferece melhores condições para um adequado seguimento
da terapia medicamentosa do paciente. Vários trabalhos científicos demonstraram
que este sistema é mais seguro para o paciente, visto que reduz a incidência de
erros, utiliza mais efetivamente os recursos profissionais e é mais eficiente e
econômico para a instituição (GARRINSON, 1979).
Estudos demonstraram que em hospitais que
adotaram o sistema de distribuição por dose unitária, houve uma importante
redução de gastos com medicamentos variando de 25% a 40%.
É importante fazer uma diferenciação entre o
sistema de distribuição por dose unitária e dose unitária de medicamento. O
conceito de distribuição por dose unitária é a distribuição ordenada dos
medicamentos com forma e dosagens prontas para serem administradas a um
determinado paciente de acordo com a prescrição médica, num certo período de
tempo. A dose unitária industrial corresponde à dose padrão comercializado
pelos laboratórios, fornecida em embalagem unitária, em que constam a correta
identificação do fármaco, prazo de validade, lote, nome comercial e outras
informações.
Portanto, serviços que adotem o sistema de
dose unitária propriamente dito deverão distribuir todos os medicamentos, em
todas as formas farmacêuticas, prontos para o uso sem necessidade de
transferências ou cálculos por parte da enfermagem (GARRINSON, 1979).
O perfil farmacoterapêutico deve conter os
seguintes dados sobre o paciente: idade, peso, diagnóstico, data de admissão,
número do leito, número da unidade assistencial. Com relação ao medicamento
deve incluir nome do fármaco de acordo com a Denominação Comum Internacional -
DCI ou Denominação Comum Brasileira - DCB forma farmacêutica, concentração,
dose, intervalo, via de administração, data do início e quantidade distribuída
por dia (JELDRES, 1993).
Para a implantação do sistema de dose
unitária é necessário um sistema de gerenciamento de medicamento efetivo,
seguro e recursos humanos qualificados. Ou seja, farmacêutico com conhecimento
básico de farmacoterapia para participar e elaborar adequadamente planos
terapêuticos e técnicos ou auxiliares de farmácia devidamente treinados.
Sistema de Distribuição Doses Unitárias
(SDMDU) é um sistema de distribuição que melhor representa o sistema de
distribuição com intervenção prévia do farmacêutico.
Em geral, deve-se reconhecer que os
princípios dos sistemas de Doses Unitárias são mais importantes que os
procedimentos, estes procedimentos foram recorrigidos pela Sociedade Americana
de Farmacêuticos dos Hospitais (ASHP) em boletins publicados em 1980 e 1989 e
que se pode resumir em seis princípios (CASSIANE e SILVIA, 2004).
Os medicamentos devem ser identificados até o
momento de sua administração, os medicamentos sem etiqueta representam em
perigo potencial para o paciente.
O serviço de Farmácia tem a responsabilidade
de reenvasar e etiquetar todas as doses de medicamentos que é usado nos
hospitais e isso deverá ser feito no serviço de Farmácia e sob a supervisão do
farmacêutico.
O ideal é que se dispense em cada ocasião a
medicação para um só horário, mas na prática é devido os circuitos de visita
dos médicos aos pacientes, esta distribuição se realiza na maioria dos
hospitais para 24hs, sempre tendo em vista que isto pode gerar erros e devendo
ser estabelecido procedimentos queminimizem esta possibilidade.
O farmacêutico deve receber a prescrição
original e em sua defesa uma cópia exata da mesma. Na atualidade, o médico pode
introduzir diretamente a prescrição no ordenador (prescrição eletrônica).
Os medicamentos não devem ser dispensados até
que o farmacêutico tenha avaliado a prescrição médica.
Tanto o perfil da enfermaria de planta como a
de farmácia, deve receber diretamente a ordem médica a partir de quando as
enfermeiras preparam o plano de medicação a administrar e farmácia de
distribuição a realizar. A enfermaria recebe a medicação enviada pela farmácia
e comprovará a concordância com a sua própria. Se for encontrada alguma
discrepância será porque um deles foi interpretado de forma diferente da
prescrição, necessitando um acordo com o médico. Desta forma muitos erros se
detectaram e se evitaram (CASSIANE e SILVIA, 2004).
Ao dispensar o medicamento certo, ao paciente
certo, na hora certa, levando-se em consideração que podem ser avaliados
diversos aspectos, tais como: erros de medicação, ou seja, verifica-se com a
dose unitária se esses erros são freqüentes; fidelidade das doses (comparar as
doses prontas com as prescrições médicas e verificar possíveis diferenças);
interações medicamentosas, reações adversas e outras causas podem ser
estudadas; acondicionamento dos fármacos pode ser estudado, considerando-se o
tipo de acondicionamento ao qual estão submetidos na dose unitária além de
proporcionar a administração hospitalar um sistema de distribuição de
medicamentos que seja financeiramente viável e oferecer recursos ao farmacêutico
para melhor integrar-se a equipe de saúde (BELTRAN, 1998).
A rotina operacional é cíclica, portanto deve
ser vista como um processo dinâmico. Cada passo tem sua importância não devendo
haver atropelos, sob pena de interromper o processo em qualquer fase que se
encontre.
No que tange aos profissionais e suas
competências observa-se que: o Médico prescreve na folha de prescrição médica
(duas vias); o Técnico em enfermagem: retiram do prontuário as cópias (segundas
vias) das prescrições médicas.
Já o Técnico em Enfermagem: vai ao posto de
enfermagem, enfermarias ou apartamentos e recolhe: cópias das segundas vias das
prescrições e receitas utilizadas para a retirada de medicamentos dos armários
de urgência.
Por sua vez, o Funcionário da farmácia
prepara: doses unitárias; bandejas contendo os medicamentos a serem repostos
nos armários com medicamentos de urgência (de acordo com as receitas) e
etiquetas das doses unitárias e revisa as receitas rubricando as (para
identificar quem preparou e ou aviou as doses e receitas, respectivamente.).
O Farmacêutico, a seu turno, verifica se as
doses unitárias estão de acordo com as segundas vias das prescrições médicas;
faz ou supervisiona o controle de estoque e registra as receitas de
psicotrópicos ou entorpecentes, de acordo com a legislação vigente; analisa o
perfil farmacoterapêutico do paciente e efetua ou supervisiona a reposição dos
medicamentos utilizados nas urgências.
O Técnico em enfermagem, por sua vez, recebe
e confere as doses unitárias e faz a reposição dos medicamentos utilizados na
urgência e reintroduz as segundas vias das prescrições nos prontuários se for o
caso.
Ao Enfermeiro competirá, assim, ministrar as
doses unitárias dos medicamentos (BELTRAN, 1998).
TIPOS DE
S.D.M.D.U.(SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS POR DOSE UNITÁRIA)
São três os tipos de sistema de distribuição
por dose unitária: centralizado; descentralizado e, ainda, um terceiro
denominado de combinação dos dois tipos.
No Sistema Centralizado as doses são
preparadas na farmácia central edistribuídas para todo o Hospital Pelo fato da
centralização, o controle de estoque e a supervisão da preparação das doses,
pelo farmacêutico, ficam mais contundentes.
No Sistema Descentralizado as doses são
preparadas nas farmácias satélite (descentralizadas) e ao final de cada
preparação, os quantitativos do consumo são enviados á Farmácia Central.
No Sistema Combinado diz-se que o sistema é
combinado, quando ao mesmo tempo em que as Farmácias Satélites estão atuando na
preparação de doses, a farmácia central deixará de operar e vice-versa. Este
esquema facilita a adequação aos horários de administração de doses e objetiva
uma redução nos recursos humanos, aproveitando da melhor forma possível, o
horário de trabalho do pessoal existente no quadro de funcionários da farmácia.
(BELTRAN, 1998).
São consideradas condições básicas para um
bom S.D.M.D.U.: a existência da comissão de farmácia e terapêutica (comissão de
padronização de medicamentos). Sem uma relação básica dos medicamentos a serem
consumidos no Hospital, fica difícil se preparar doses unitárias, levando-se em
consideração grande quantidade de especialidades farmacêuticas comercializadas
no Brasil e a preferência de cada médico por uma especialidade.
Há necessidade que normas sejam publicadas
como uma espécie de manual evitando, portanto, a omissão dos elementos que
trabalharão no sistema. Neste manual deverão constar, também, os objetivos do
sistema e suas vantagens (BELTRAN, 1998).
São consideradas vantagens do S.D.M.D.U.:
possibilitar uma maior interação do farmacêutico com os diversos profissionais
da saúde e com o paciente; reduzir os estoques das tarefas nos setores o que
evita perdas e desvios; diminuir as tarefas desenvolvidas pela enfermagem;
aumentar o controle sobre a utilização dos medicamentos; proporcionar maior
segurança do médico; rapidez na administração das doses; funcionamento mais
dinâmico do serviço de farmácia; redução no índice de erros de administração de
medicamentos; redução no tempo de distribuição de medicamentos; fácil adaptação
a computadores; higiene e organização são superiores as dos sistemas
tradicionais; viabilização econômica; prestigiar o hospital pelo melhor
controle e uso dos medicamentos; favorecer o perfil farmacoterapêutico do
paciente; oferecer assistência de alto nível e, ainda, por ser atividade mais
técnica é gratificante para o pessoal da farmácia.
Entretanto, são consideradas como
desvantagens: aumento das necessidades de recursos humanos e infra-estrutura da
farmácia hospitalar e exigência de investimento inicial.
ACONDICIONAMENTO E
EMBALAGEM DE DOSE UNITÁRIA
Um dos fatores de relevância no sistema de
distribuição de medicamentos por dose unitária é a forma pela qual são
acondicionados e embalados os medicamentos.
Na escolha do acondicionamento e/ou embalagem,
deve-se considerar: a adequação às condições físicas do hospital; as condições
financeiras da instituição; as considerações farmacológicas, tais como
estabilidade, fotossensibilidade, entre outros, além de suas vantagens
econômicas.
São consideradas etapas e fases desse
processo:
a) Etapa de preparação: antes de iniciar o
desenvolvimento de um programa que possa em prática o SDMDU, devem considerar
as fases preliminares preparatórias do mesmo.
b) Fase de diagnóstico: uma vez elaborado o
programa de implantação definitivo da SDMDU, deve-se conhecer todo o pessoal do
hospital: Equipe direta, chefes de unidades e o resto do pessoal, utilizando o
maior número de recursos comunicativos possíveis para garantir a máxima difusão
e um elevado grau de compromisso com o programa.
c) Etapa de desenvolvimento: estabelecimento
de cronograma de trabalho além de determinar umas fichas que compromete o
desenvolvimento do programa, resultado imprescindível.
O tempo utilizado para a implantação total do
programa dependerá de vários fatores:
a)Número de pacientes que fazem uso extensivo
do SDMDU;
b)Grau de complexidade das unidades clínicas;
c)Recursos disponíveis.
Uma boa resposta, não só reúne o conhecimento
e habilidades do pessoal do serviço de farmácia, sendo também de interesse e na
medida do possível, a organização e disciplina do pessoal médico e da
enfermaria da unidade (COUTO, 1999).
São considerados, assim, requisitos básicos
para o pessoal não facultativo da área de Dose Unitária: a capacidade para
interpretar e compreender a informação técnico-científica e a linguagem
simbólica associada aos processos distintos; a elaboração e acondicionamento de
medicamentos em DU, observando os procedimentos estabelecidos; o monitoramento
do bom funcionamento e posto as máquinas, materiais; a distribuição de
medicamentos em DU, segundo protocolo; a adaptação às novas situações
elaboradas geradas como conseqüência das inovações tecnológicas e
administrativas (manejo de programa informativos e dispositivos automatizados)
e o armazenamento e reposição de medicamentos na área
DESCRIÇÃO DO PROGRAMA
PARA IMPLANTAÇÃO (SDMDU)
O programa de implantação de SDMDU pode se
considerar dividido em três partes: A primeira se determina a Estrutura
pessoal, física e organizacional, na Segunda se explica o "Processo em si,
e a terceira a de recorrer a resultados e evolução do programa em seu
conjunto".
a) Estrutura física para Implantação (SDMDU)
Devem diferenciar a recepção das prescrições
médicas, a prescrição, a validação, a preparação das DU (dose unitária) de cada
paciente e a revisão do mesmo pelo farmacêutico.
A planificação do espaço necessário se
realizará em função do número de pacientes com distribuição em DU.
A área da DU esta bem comunicada com as
unidades clínicas, e unidades de Hospitalização (UH).
A UH deve contar com o espaço necessário para
um pequeno boletim de medicamentos que cubra urgências e de onde se coloque o
carro de DU.
b) Estrutura Pessoal para Implantação (SDMDU)
Dependerá o grau de automatização do SDMDU de
um responsável farmacêutico especialista na farmácia hospitalar; número total
de farmacêuticos um para cada 30.000 doses dispensadas /mês; farmacêutico
especialista com presença física durante o serviço de farmácia permanece aberto
e pessoal do farmacêutico qualificado (Técnicos em farmácia, auxiliares de
enfermaria com função de técnico especialista): Quanto por cada 30.000 doses
dispensadas/mês (COUTO,1999).
b.1.Conhecimentos e habilidades
O farmacêutico que trabalham no S.D.M.D.U.,
devem estar aptos epossuir conhecimentos e habilidades que lhes são
imprescindíveis, para desenvolver uma atividade eficiente em todo processo.
b.2.Equipamentos
Painel ou estantes com as gavetas dos
medicamentos perfeitamente identificados por ordem alfabética. Devem colocar-se
em forma de "U" ou "1" porque facilita a distribuição e
reposição das gavetas. Carros de distribuição: O número depende do número de
U.H. com D.U, assim como a capacidade de cada carro. Em cada gaveta pode ir a
medicação de um dos pacientes e para no máximo 24hs.
b.3.Suporte informático: facilitar todo o
processo de farmacoterapia individual
A fase de prescrição assistida pelo ordenador
esta atualmente desenvolvida em alguns hospitais. É fundamental que se imponha
para que o processo melhore a qualidade e eficiência. A fase de distribuição
resulta em necessidade informatizar porque existem softwares desenvolvidos e
validados. Os postos de trabalho necessários dependem da carga de trabalho e de
pessoal disponível.
Geladeiras e congeladores: precisam ser em
número necessário para armazenar os medicamentos que devem ser conservados
refrigerados ou congelados, uma vez reconstituídos e dispostos para sua
administração em D.U.
Impressos: é fundamental realizar um adequado
desenho dos modelos de impressos vão formar parte da história clínica do
paciente, ajustando-se as normas que a unidade de documentação clínica tenha
estipulado.
Os impressos básicos em DU devem incluir: o
modelo da "Prescrição médica" a validação do farmacêutico, a
distribuição e a administração.Alguns hospitais integram em um "impresso
único" todos os processos. E os demais citados, resultam necessários os
impressos correspondentes a "substituições genéricas, intercâmbios
terapêuticos e notificações", registro de "intervenções farmacêuticas",
indicadores de atividades e de qualidade e reclamações (CASSIANE e SILVIA,
2004).
c) Considerações Específicas de Embalagem das
Seguintes Formas Farmacêuticas
c.1.Líquidos para Uso Oral
O envase deve ser suficiente para liberar o
conteúdo total etiquetado. É aceitável que seja necessário um acréscimo de
volume conhecido, dependendo da forma de envase, do material e da formulação do
medicamento. A concentração do fármaco deve ser especificada em unidade de peso
por medida (mg/ml;g/ml). As seringas para administração orla não devem permitir
a colocação de agulha. Os envases devem permitir a administração de seu
conteúdo diretamente ao paciente.
c.2.Sólidos de Uso Oral
Para embalagem tipo blister, deve-se Ter um
verso opaco que permita imprimir informações e o outro deverá ser de material
transparente. O mesmo deve permitir fácil remoção do medicamento.
c.3.Medicamentos para Uso Parenteral
Uma agulha de tamanho apropriado deve ser
parte integral da seringa. A seringa deve estar pronta permitindo que o seu
conteúdo seja administrado ao paciente sem necessitar de instruções adicionais.
A proteção da agulha deve ser impenetrável, preferencialmente de um material
rígido, evitando acidentes. A seringa deve permitir fácil manuseio e
visualização de seu conteúdo.
c.4.Outras formas Farmacêuticas
Os medicamentos para uso oftálmico,
supositórios, ungüentos, entre outros, devem ser adequadamente etiquetados,
indicando seu uso, via de administração e outras informações importantes
(BELTRAN, 1998).
Assim sendo, são considerados requisitos para
implantação do sistema de distribuição por dose unitária: farmacêutico
hospitalar com treinamento específico para este fim; laboratório de
farmacotécnica; central de preparações estéreis; padronização de medicamentos;
dispositivo para entrega de doses unitárias; impressos adequados; máquinas de
soldar plástico; material de embalagens: sacos e potes plásticos; frascos de
plásticos, de vidro, de alumínio; caixas de madeiras ou acrílico; envelopadora;
envasadora; máquina de cravar frascos; rotuladora; impressora; máquina para
lavar frascos; terminal de computador.
Para garantir a manutenção da qualidade dos
produtos é de suma importância que para cada produto seja verificado em
publicações científicas atualizadas o tipo de envase mais apropriado. O
fracionamento ou reembalagem de medicamentos para o sistema de distribuição
individualizado e/ou por dose unitária deve se efetuar em condições semelhantes
às utilizadas pelo fabricante, de forma a impedir, tanto uma possível alteração
de estabilidade como a contaminação cruzada ou microbiana. Entre os materiais
mais utilizados estão os plásticos, laminados, vidros e alumínio
(BELTRAN,1998).
6- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compreender este processo de informações, que
envolve os recursos disponíveis e aplicá-los de forma racionalizada, estando
atento para as condições econômicas vigentes no país faz do farmacêutico um
profissional insubstituível e privilegiado no que tange a medicação. Aplicar
estes recursos de maneira correta nos sistemas de distribuição é tarefa do
farmacêutico que será o responsável pelo sucesso da implantação do sistema.
Cabe ressaltar ainda que, as falhas geradas
em uma gestão de estoques inadequada atingem de forma direta o paciente,
prejudicando ou inviabilizando a sua assistência. Sendo assim, a gestão de
estoques se reveste de valor especial, pois é um elo importante para que o
hospital ou qualquer empresa, nos dias de hoje, alcance o seu propósito final
que é proporcionar ao seu cliente um atendimento com qualidade.
Tendo em vista que o enfoque principal deste
trabalho, distribuição por dose unitária, ficou constatado que esse sistema
assegura tanto ao paciente, ao hospital e ao farmacêutico uma maior qualidade
de atendimento e maior controle de estoque, como conseqüência uma economia para
a unidade hospitalar.
O farmacêutico embasado na facilidade do
trabalho de um sistema eficaz e seguro, como da dose unitária se torna um
profissional fundamental para o sucesso de qualquer um dos sistemas de
distribuição.
7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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dosis unitarias. Revista de la O.F .I.L.
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Polacow. Farmácia hospitalar: um enfoque em sistema de saúde . São
Paulo: Malone, 2002.
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Grillo, NOGUEIRA, José Mauro. Infecção hospitalar: epidemiologia e
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PEREIRA, Gerson Augusto. Material
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FONTE:
WEBARTIGOS.COM | TEXTOS E ARTIGOS
GRATUITOS, CONTEÚDO LIVRE PARA REPRODUÇÃO. 11 A FONTE DO ARTIGO E INFORMAÇÕES DO AUTOR
DEVEM SER MANTIDAS. REPRODUÇÃO APENAS NA INTERNET. http://www.webartigos.com/
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