ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO NO PROGRAMA
SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF)
Luciano da Silva Pereira[1]
Maria Gorete Nicolette Pereira[2]
RESUMO
O Programa Saúde da Família (PSF) é
uma estratégia de reorientação do modelo assistencial de saúde dinamizado pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), mediante a implementação de equipes
multiprofissionais em unidades básicas de saúde onde estas equipes são
responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas
em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da
saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais
frequentes, e na manutenção da saúde desta comunidade. Com a atual legislação,
o farmacêutico pode integrar a equipe de saúde realizando atendimento ao
paciente, bem como participar de toda organização da atenção farmacêutica e
gerenciamento de compras. O objetivo dessa pesquisa foi analisar a importância
do profissional farmacêutico no Programa Saúde da Família no atendimento
primário à população, bem como conhecer os motivos da falta do profissional
farmacêutico nos PSFs, identificar suas funções no Programa Saúde da Família, conhecer
sobre a legislação que determina a inclusão do farmacêutico no Programa Saúde
da Família e realizou-se um levantamento de dados quantificando a existência do
profissional no Estado de Mato Grosso. Conclui-se que a atuação do farmacêutico
na rede pública de saúde já é vista pelo Ministério da Saúde como uma das
grandes forças para a promoção da saúde e também para o gerenciamento sustentável
do sistema, em que as diretrizes estabelecidas pelo SUS ajudam na inclusão do
farmacêutico nas equipes multiprofissionais. Porém, algumas barreiras ainda
devem ser superadas para que realmente os municípios possam contemplar os seus
PSFs com este profissional.
Palavras-chave: PSF. Equipe
Multiprofissional. Farmacêutico.
ABSTRACT
The Brazilian public health is
experiencing a period of restructuring, in which some initiatives are being
promoted in order to make more effective primary health care, one of these
initiatives is the implementation of the PSF - Family Health Program. The
Family Health Program is a strategy to reorient the health care model promoted
by the SUS, through the implementation of multidisciplinary teams in primary
health care units where these teams are responsible for monitoring a number of
families, located in a geographical area . The teams work with the actions of
health promotion, prevention, recovery, rehabilitation of diseases and
disorders more frequent, and in maintaining the health of this community. With
the current legislation the pharmacist can integrate the healthcare team
performing patient care as well as participate in any health care organization
and management of pharmaceutical purchases. The primary objective of this study
was to analyze the importance of the pharmacist in the family health program in
primary care populations, as well as knowing the reasons for the absence of the
pharmacist in PSFs, identify their roles in family health program, learn about
legislation determining the need for pharmacists in family health program and
has been a survey of data quantifying the existence of the professional in the
State of Mato Grosso. It is concluded that the actions of the pharmacist in the
public health is already seen by the Ministry of Health as a major force for
promoting health and also for the sustainable management of the system, where
the guidelines established by the SUS help for pharmacists in multidisciplinary
teams. But still some barriers must be overcome so that municipalities can
actually contemplate their PSFs with this professional, and the lack of
resources is a major difficulties, and not knowing the importance of this work
which reflects in its final insertion in the health care primary users of the
Unified Health System
Key-words: PSF. Multidisciplinary
Team. Pharmacy.
INTRODUÇÃO
O PSF é considerado como um
instrumento relativamente novo de reforma na política sanitária de saúde e vem
provocando profundas alterações na operação política do Brasil ,em que foi
concebido pelo Ministério da Saúde em 1994, com o objetivo de proceder à
reorganização da prática assistencial em novas bases e critérios para melhoria
da qualidade de vida, em que o atendimento hospitalar era designado somente
para cura de doença, o que destacava um modelo tradicional de assistência à
saúde orientado para a cura de doenças e no hospital, não existindo um foco
especifico para cada situação de emergência. O propósito da implantação do PSF
foi reorganizar a prática assistencial em novos critérios e bases,
estabelecendo um modelo pautado na família e na comunidade, buscando a
prevenção e promoção da saúde (LIMA, 2003).
Até o ano de 2005 o profissional
farmacêutico ainda não estava inserido na atenção básica de saúde, sendo que
somente no dia 03 de março de 2006 foi autorizado o ato legal pela portaria
nº.698 e 154 de 24 de janeiro de 2008, que inclui a participação do
profissional farmacêutico na atenção básica de saúde, inclusive no núcleo de
apoio à saúde da família, ambas do Ministério da Saúde, em que mostra a
necessidade do farmacêutico na atenção básica para atuar no ciclo de
assistência farmacêutica preceituado pelo PSF e em todos os locais ou programas
que envolvam o uso racional de medicamento, minimizando erros e melhorando a
qualidade de vida do paciente (OLIVEIRA, 2010).
Com a participação do farmacêutico na
atenção básica busca-se fornecer aos pacientes informações sobre o uso de
medicamento e suas variantes como a interação medicamento-medicamento,
medicamento-alimento, medicamento-álcool, posologia, terapêutica medicamentosa,
efeitos colaterais no momento da dispensação; além da dispensação, o
profissional farmacêutico tem ainda atribuição no planejamento, aquisição e
armazenamento dos medicamentos, realizar um levantamento epidemiológico da
população com visitas a conhecer as doenças mais prevalentes, minimizando assim
situações de riscos de doenças, otimizar as compras e diminuir a sobrecarga do
Hospital Central com ações que são de responsabilidade dos PSF (BRANDÃO, 2005).
Foi realizada uma busca de dados
pertinentes ao assunto proposto, tendo como fonte de informações pesquisas
bibliográficas, obtidos por intermédio de livros, revistas, sites da internet,
publicações e periódicos, sendo que o presente projeto de pesquisa teve como
objetivo confirmar a importância e atuação do profissional farmacêutico no
Programa Saúde da Família, o que tem gerado nos níveis educacionais e
profissionais várias discussões sobre sua atuação, necessitando conhecer as
dificuldades encontradas durante o período de formação do profissional para
atuar na atenção primária e os motivos da falta de políticas públicas para
inserção deste profissional no âmbito do PSF.
Sabe-se que na saúde pública existem
algumas iniciativas que estão sendo reestruturadas e desenvolvidas no sentido
de tornar mais eficaz a atenção primária básica ao paciente, em que se pode
perceber essas mudanças no PSF - Programa de Saúde da Família e no Núcleo de
Apoio à Saúde da Família (NASF).
Conforme a legislação, o farmacêutico
pode integrar a equipe em virtude do atendimento aos pacientes, bem como
participar de toda a organização da atenção farmacêutica e gerenciamento de
compra.
Considerando a importância do
atendimento primário de saúde a toda população e com a inclusão do profissional
farmacêutico nos PSF, é necessário definir o seu papel na prevenção, promoção,
e recuperação da saúde e organização diferenciada, embasados nos conhecimentos
científicos e práticos do profissional. Neste sentido, essa pesquisa assume
relevância ímpar, pois com a implementação da assistência farmacêutica, além da
informação mais detalhada ao paciente, a classe poderá inclusive implantar a
assistência farmacêutica na área de farmacovigilância e toxicologia.
1. OBJETIVOS
1.1 Geral
Analisar a importância do profissional
farmacêutico no Programa Saúde da Família no atendimento primário à população.
1.2 Específicos
Conhecer os motivos da falta do
profissional farmacêutico nos PSFs.
Identificar as funções do farmacêutico
no Programa Saúde da Família.
Conhecer sobre a legislação que
determina a inclusão do farmacêutico no Programa Saúde da Família.
Realizar um levantamento de dados
quantificando a existência do profissional no Estado de Mato Grosso.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Saúde pública é a ciência que possui
condições para evitar doenças, permitindo a longevidade dos seres humanos com
qualidade de vida, tendo como objetivos a promoção da saúde física e mental por
meio de ações organizadas da comunidade, no sentido de melhorar e manter as
condições de saneamento do meio ambiente, controlar as infecções, organizar os
serviços médicos e paramédicos, fazer diagnóstico precoce e tratar
preventivamente as doenças assegurando a cada indivíduo da comunidade um padrão
de vida minimamente compatível à manutenção da saúde (ROCHA, 2008).
Na 8ª Conferência Nacional de Saúde,
realizada em 1986, recomendou-se a reestruturação do Sistema Nacional de Saúde,
o que resultou na criação de um Sistema Único de Saúde, o SUS, com comando
único em cada esfera de governo, em que os municípios e as unidades federadas
teriam suas funções próprias a desenvolver suas atividades com foco principal
da promoção à saúde, seguindo as diretrizes do Sistema Único de Saúde no
sentido de reforçar o poder político, administrativo e financeiro dos estados e
municípios. A competência para cuidar da saúde deixa de ser hegemônica da União
e começam a acontecer, então, as grandes mudanças estruturais na proposta na
área de saúde conforme a constituição de 1988 (LIMA, 2003).
Um projeto dinamizador do SUS é a
estratégia de Saúde da Família, que está condicionada pela evolução histórica e
organizada do sistema de saúde no Brasil que, com a velocidade de expansão da
saúde da família, comprova adesão de gestores estaduais e municipais aos seus
princípios. A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação
do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes
multiprofissionais em unidades básicas de saúde (BRASIL, 2011).
As equipes atuam com ações de promoção
da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais
frequentes e responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias
localizadas em uma área geográfica delimitada, a responsabilidade pelo
acompanhamento das famílias coloca para as equipes a necessidade de ultrapassar
os limites classicamente definidos para a atenção básica no Brasil,
especialmente no contexto do SUS (BRASIL, 2011).
Promoção da saúde foi utilizada por
Sigerist (1946), sendo uns dos primeiros a descrever – lá definindo as quatro
tarefas primordiais da medicina: a promoção da saúde, a recuperação do enfermo,
a prevenção da doença e a reabilitação, e ao listar os principais pontos de um
programa nacional de saúde, Sigerist (1946) destaca a educação gratuita
universal, boas condições de vida e trabalho, oportunidades para descanso e
recreação como as três mais importantes, deixando a atenção médica na quarta
posição (BECKER, 2001).
2.1 Programa Saúde da Família (PSF)
Em 1994 foi criado o Programa de Saúde
da Família (PSF), também sob a esfera do Ministério da Saúde, tendo o primeiro
documento oficial intitulado “Programa Saúde da Família: Dentro de Casa”. Sua
distinção em relação ao PAC configura-se pela incorporação à equipe pelas
profissões de auxiliar de enfermagem e médico, ocasionando a diminuição da
população e do território delimitados ao atendimento por equipe, assim como a
redução do montante de Agente Comunitário de Saúde (ACS). No mesmo ano de sua
criação, o PSF passa a ter outra visão empreendida pelo Ministério da Saúde,
que deixa progressivamente de reconhecê-lo como um programa verticalizado e
focalizado, endereçando-o como uma estratégia para a reorientação do modelo de
ações às necessidades provindas da saúde (COSTA, 2010).
Criado com o propósito de reorganizar
a prática da atenção à saúde e substituir o modelo tradicional, levando a saúde
para mais perto da família e, com isso, melhorar a qualidade de vida dos
brasileiros, o PSF prioriza as ações de prevenção, promoção e recuperação da
saúde das pessoas, de forma integral e contínua. O Programa de Saúde da
Família, enquanto alternativa de reorganização da atenção à saúde, nasce do
contexto histórico e conceitual da moderna promoção da saúde, e tem plena
identidade com seus princípios definidores (ROCHA, 2008).
O trabalho de equipes da Saúde da
Família é o elemento fundamental para a busca permanente de comunicação e troca
de experiências e conhecimentos entre os integrantes da equipe e desses com o
saber popular do Agente Comunitário de Saúde (ACS). A Constituição Federal de
1988 define as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS): a universalização, a
equidade, a integralidade, a descentralização, a hierarquização e a
participação da comunidade. Com esses princípios o processo de construção do
Sistema Único de Saúde visa reduzir os desafios ainda existentes entre os
direitos sociais garantidos em lei e a capacidade efetiva de oferta de ações e
serviços públicos de saúde à população brasileira (Ministério da Saúde, 2000).
Esses princípios ainda não são atingidos
em sua plenitude, em que o modelo assistencial predominante no país
caracteriza-se pela prática “hospitalocêntrica” (paciente somente no hospital),
pelo individualismo e pela utilização irracional dos recursos tecnológicos
disponíveis e pela baixa resolubilidade, gerando alto grau de insatisfação para
todos os participantes do processo, gestores, profissionais de saúde e
população que utiliza os serviços. Como consequência, a situação “prevenir para
não remediar” foi sendo reescrita com o abandono da prevenção e promoção da
saúde em todas as suas dimensões em que a rede básica de saúde, constituída
pelos postos, centros ou unidades básicas de saúde passou a ser acessória e
desqualificada, o que era para ser básico tornou-se descartável e o Ministério
da Saúde definiu a partir de 1994 como resposta intencional aos eventos
ocorridos a implantação do Programa Saúde da Família – PSF (ANJOS &
OLIVEIRA, 2010).
Criado pela Portaria GM nº. 1.886/97,
o Programa Saúde da Família corresponde ao nível primário de atenção a uma
parcela territorializada da população local e composta por diversas equipes,
que acompanham determinadas localidades, em que determinou como membros da
equipe um número mínimo de agente comunitário de saúde, auxiliar de enfermagem ou
técnico de enfermagem, médico, enfermeiro estando aberta a inserção de outros
profissionais (BESEN et al, 2007).
Complementada pela Portaria 154/08,
que também criou os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) em que foram
inseridos mais profissionais com o objetivo de complementar os trabalhos, entre
eles está o farmacêutico, o qual é responsável pela aquisição, dispensação e
orientação para o uso racional de medicamentos nos âmbitos individual e
coletivo resumido no conceito de assistência farmacêutica (BRASIL, 2008).
O PSF, ao priorizar a atenção básica,
não faz uma opção econômica pelo mais barato, nem pela simplificação, nem
política por qualquer forma de exclusão, mas um componente articulado com todos
os níveis, de forma a oferecer conhecimento à clientela e o acompanhamento
detido dos casos, permitindo ordenar os encaminhamentos e racionalizar o uso da
tecnologia e dos recursos terapêuticos mais caros (LOURENÇO, 2009).
Com isso o PSF representa tanto uma
estratégia para reverter a forma atual de prestação de assistência à saúde como
uma proposta de reorganização da atenção básica como eixo de reorientação do
modelo assistencial, correspondendo a uma nova concepção de saúde não mais
centrada somente na assistência à doença, mas na promoção da qualidade de vida
e intervenção nos fatores que a colocam em risco pela incorporação das ações
programáticas de uma forma mais abrangente e do desenvolvimento de ações
intersetoriais, assim ao encaminhar os pacientes tem-se a garantia de
referência e menos desperdício, o Programa Saúde da Família amplia o acesso de
todos aos benefícios (DAB, 2011).
No trabalho diário no Programa Saúde
da Família surgem preocupações e problemas, sendo que nem sempre aparecem de
forma evidente, uma das questões mais presentes é a da fidelidade do programa
para com seus princípios básicos, entre eles a promoção da saúde e com isso os
desafios a serem enfrentados pela equipe do PSF é a busca do equilíbrio entre
as pressões da demanda espontânea e da produção de procedimentos, e das
necessidades impostas pelo princípio da responsabilidade (BECKER, 1997).
De acordo com dados disponibilizados
pelo Ministério da Saúde:
A saúde da família caracteriza-se como
a porta de entrada prioritária de um sistema hierarquizado, regionalizado de
saúde e vem provocando um importante movimento de reorientação do modelo de
atenção à saúde do SUS. Visando apoiar a inserção da Estratégia Saúde da
Família na rede de serviços e ampliar a abrangência e o escopo das ações da
Atenção Primária bem como sua resolutividade, além dos processos de
territorialização e regionalização, o Ministério da Saúde criou o Núcleo de
Apoio à Saúde da Família – NASF, com a portaria GM n. 154, de 24 de janeiro de
2008, Republicada em 04 de março de 2008 (BRASIL, 2008).
O Programa Saúde da Família atualmente
conta com 40.867 equipes de saúde credenciadas nos bancos de dados do
Ministério da Saúde que cobrem 53,49% da população brasileira em 5.290
municípios, o que correspondem a mais de 102 milhões de pessoas. No Estado de
Mato Grosso conta atualmente com 643 equipes de saúde da família credenciadas
no Ministério da Saúde, atendendo mais 1.902 milhões, correspondendo a 62.67%
dos mato-grossenses. As equipes são formadas por um médico, um enfermeiro, um
auxiliar de enfermagem ou técnico de enfermagem e seis agentes comunitários de
saúde. Quando ampliadas, contam com um odontólogo, um auxiliar de consultório,
um técnico em higiene dental (THD) e algumas ainda contam com o profissional
farmacêutico (DAB, 2011).
Pensar sobre a integralidade das ações
e serviços de saúde também significa pensar sobre as ações e serviços de
assistência farmacêutica, considerando que a maioria das intervenções em saúde
envolve o uso de medicamentos e que este uso pode ser determinante para a
obtenção de menor ou maior resultado, é imperativo que a assistência
farmacêutica seja vista sob ótica integral. Não é suficiente considerar que se
está oferecendo atenção integral à saúde quando a assistência farmacêutica é
reduzida à logística de medicamentos (adquirir, armazenar e distribuir). É
preciso agregar valor às ações e aos serviços de saúde, por meio do
desenvolvimento da assistência farmacêutica (BRASIL, 2006).
Para tanto é necessário integrar a
assistência farmacêutica ao sistema de saúde; ter trabalhadores qualificados;
selecionar os medicamentos mais seguros, eficazes e custo-efetivos; programar
adequadamente as aquisições; adquirir a quantidade certa e no momento oportuno;
armazenar, distribuir e transportar adequadamente para garantir a manutenção da
qualidade do produto farmacêutico; gerenciar os estoques; disponibilizar
protocolos e diretrizes de tratamento, além de formulário terapêutico;
prescrever racionalmente; dispensar (ou seja, entregar o medicamento ao usuário
com orientação do uso); e monitorar o surgimento de reações adversas, entre
tantas outras ações (BRASIL, 2006).
2.2. Atuação do Farmacêutico no PSF
O ato legal que determina a inclusão
do profissional farmacêutico na atenção básica, inclusive no Programa Saúde da
Família (PSF), foi publicado no dia 30 de março de 2006 sob Portaria nº. 698
pelo Ministério da Saúde. A norma define que o custeio das ações de saúde é de
responsabilidade das três esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), nacional,
estadual e municipal, criando os blocos de financiamento de Atenção Básica,
Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar, Vigilância em
Saúde, Gestão do SUS e assistência farmacêutica (ABRANTES, 2006).
A presença do profissional
farmacêutico faz-se necessária em todos os locais em que haja presença de
medicamentos, de modo que o uso dos mesmos seja realizado de maneira adequada e
segura, atendendo ao que se propõe por meio deles (OLIVEIRA, 2010).
A assistência farmacêutica pode ser
entendida como uma atividade essencial para o adequado atendimento das
necessidades dos indivíduos que fazem uso dos diversos serviços de saúde
disponíveis. De modo de produzir, programar, adquirir, armazenar, distribuir e
dispensar. (SILVA E NASCIMENTO, p. 34, 2009).
A assistência farmacêutica em seu
componente básico destina-se à aquisição de medicamento e insumos de
assistência farmacêutica no âmbito da atenção básica em saúde, e aquelas relacionadas
a agravos e programas de saúde específicos, já no componente estratégico
destina ao financiamento para custeio de ações de assistência farmacêutica nos
seguintes programas de saúde estratégicos: como tuberculose (TB), controle de
endemias, malárias, doenças de Chagas entre outras doenças endêmicas e
antirretrovirais do Programa DST/AIDS (ABRANTES, 2006).
Com a inserção do farmacêutico no PSF
muda-se a história do Programa e da atenção básica, uma vez que a levará à
adesão ao tratamento, ao uso racional dos medicamentos, ao barateamento dos
gastos na aquisição dos produtos e à diminuição das internações hospitalares desnecessárias,
dentre outros benefícios.
Hoje no Brasil, apesar de 51% dos
brasileiros não terem acesso aos medicamentos, desperdiça-se anualmente cerca
de 20% desses produtos, tanto no setor público, quanto no privado, e quanto aos
80% dos medicamentos aproveitados, ainda existe o risco de serem mal
utilizados, o que pode impedir que o paciente apresente resposta terapêutica
esperada pelo médico (ABRANTES, 2006).
Segundo Lérida do Conselho Federal de
Farmácia (2006), em muitos municípios brasileiros pessoas com pouca
qualificação assumem as secretarias de saúde e postos-chave ligados à área de
medicamento, os gestores não contratam o farmacêutico pelo desconhecimento de
suas atribuições profissionais e não sabem das inúmeras vantagens que os
serviços desse profissional pode vir a propiciar à população, quando suas
alegações muitas vezes são no sentido de não disporem de recursos para a
contratação (ABRANTES, 2006).
A chegada do farmacêutico na atenção
básica vai aproximá-lo da sociedade e estimulá-lo a atuar dentro da equipe
multiprofissional, dando um novo avanço na saúde diária, definindo o custeio de
ações inerentes à assistência farmacêutica encerra uma década de discussões
sobre a necessidade do farmacêutico atuar na atenção básica, em que quem ganha é
a sociedade brasileira, que passa a ter maior proteção, com mais segurança
sobre o uso de medicamento, sendo também um ganho ao farmacêutico que, com essa
portaria, amplia o seu espaço de atuação e o SUS pelo atendimento correto e
eficaz à população, prezando pela universalidade e legalidade do atendimento
(ABRANTES, 2006).
Em razão da quantidade de medicamentos
não prescritos serem adquiridos em estabelecimentos farmacêuticos como
drogarias e farmácias e estes dependem de orientações adequadas para o seu uso
correto, o farmacêutico é o profissional de saúde mais indicado para contribuir
favoravelmente nos cuidados primários de saúde (OSHIRO & CASTRO, 2002).
Devido à baixa compreensão das
orientações dadas pelo médico durante a consulta se tornar um dos fatores mais
alarmantes e frequentes no uso incorreto de medicamentos, sendo de suma
importância que o paciente compreenda a natureza do seu tratamento, como
possíveis efeitos adversos, duração e doses adequadas durante o tratamento,
conforme vários critérios estabelecidos na consulta e diagnóstico, porém no ato
da atenção farmacêutica, esse profissional há de saber avaliar aspectos sociais
e comportamentais dos seus pacientes para que possa orientá-los corretamente,
adaptando as orientações ao dia-a-dia do orientando, e assim diminuindo ao
máximo sua interferência nos hábitos do usuário, é importante que as
informações sejam acessíveis e de fácil compreensão a todos os níveis de
entendimento do paciente (ANJOS & OLIVEIRA, 2010).
Segundo Veber (2008), a atenção
farmacêutica no PSF sofre grandes problemas, pois a formação acadêmica é inadequada
e extremamente tecnicista, voltada apenas para o medicamento. Por isso, há
alguns anos inclui-se no currículo generalista para a formação do farmacêutico,
com o intuito de formar profissionais aptos a trabalhar com a comunidade, com
análise dos problemas culturais, sociais e biológicos para direcionar a
orientação, voltando o foco do seu trabalho para o paciente em vez do
medicamento.
Conforme a Resolução CFF Nº. 417/2004,
o código de ética ressalta a inserção do profissional de farmácia na atenção
básica, efetivando o papel desse profissional na saúde coletiva, não tendo a
função substitutiva de outros profissionais como médico, mas sim preencher
algumas lacunas no sistema de saúde, quando é necessário realizar uma
complementação de informações em prática para melhoria da qualidade de vida do
paciente (CIPOLLE et al., 2006).
Como um ganho considerável para a
sociedade, a descentralização do SUS gera uma organização local mais eficiente
e mais próxima às demandas da comunidade, proporcionando atendimento de melhor
qualidade, mas alguns pontos negativos, como a má gestão orçamentária, impedem
o alcance do ponto ideal na prestação dos serviços, impedindo a compra de todos
os medicamentos da demanda, a compra de equipamentos, a oferta de cursos de
aperfeiçoamento aos servidores, a contratação de profissionais em número
adequado (RAMSAUER, 2007).
O PSF bem implantado no município,
dispondo de estrutura física, com equipes capacitadas e equipamentos adequados,
melhora a qualidade de vida dos idosos, diminui o número de mortes de crianças
por causas evitáveis, aumenta a quantidade de gestantes que chegam saudáveis e
bem informadas ao parto, melhora os índices de vacinação, os diabéticos e
hipertensos são bem diagnosticados, tratados e acompanhados, diminuindo assim
filas para atendimento nos hospitais da rede pública de saúde (BRASIL, 2001).
O profissional farmacêutico no PSF
desenvolve ações positivas, evidenciando benefícios tanto para os usuários como
para a equipe composta, como o uso correto dos medicamentos, oferecendo
informações como indicações, contraindicação, efeitos colaterais, interações
com alimentos e outros medicamentos, custo do tratamento, prestando assistência
e atenção farmacêutica, promove informações sobre prevenção de doenças
transmitidas com o ato sexual como AIDS e outras, educação para a saúde,
informando também prevenção e cuidados com a pressão alta, diabetes,
planejamento familiar, vacinas para minimizar os problemas, acompanhamento do
paciente para esclarecer suas dúvidas quanto ao seu tratamento, seguindo as
orientações médicas e interagindo ainda com o médico na escolha do melhor
tratamento, planejamento, supervisão, distribuição, compra, armazenamento e
dispensação de medicamento aos pacientes, colaborando também com os outros
profissionais para o atendimento adequado à comunidade, participação nas
discussões sobre a política de medicamentos oferecidos nas farmácias do setor
público e assistência à saúde da comunidade, além de auxiliar nas campanhas
realizadas pela equipe multiprofissional, a fim de ajudar nos diversos temas
abordados no dia a dia (SEVERINO, 2008).
O profissional, no âmbito do
atendimento do SUS, por meio dos seus conhecimentos, pode propor a ampliação e
normatização do acesso da população à homeopatia, no sentido de reafirmação dos
princípios da reforma sanitária de universalização, equidade, integralidade e
da construção de um SUS mais humanizado e efetivo, pois, ao desenvolver o atendimento
pela homeopatia, estimula a utilização dos recursos naturais, buscando a cura
do organismo, e valoriza a relação médico-paciente numa ação generalista,
atendendo a todas as faixas etárias por uma tecnologia simples e um custo que
atenda às condições socioeconômicas e culturais do país, atendendo assim de
doenças epidêmicas a crônicas, não transmissíveis e as lesionais, em médio
prazo e ser capaz de reduzir a demanda por intervenções emergências e
hospitalares, assim contribuindo com a redução de gastos do dinheiro público
(VEBER, 2008).
2.3. Diagnóstico do Farmacêutico no
PSF e NASF na Região Norte Mato-grossense
A portaria de número 698/GM, de
30/03/2006, define que o custeio das ações da saúde é de responsabilidade das
três esferas de gestão do SUS. Em seu parágrafo terceiro, foram criados blocos
de financiamento, que incluem a assistência farmacêutica. Em seu artigo 20, que
trata da organização da assistência farmacêutica, está expresso que o custeio
de ações e serviços inerentes a ela será de responsabilidade do Governo Federal
(CIPOLLE et al., 2006).
No PSF, o farmacêutico irá assumir
tarefas que, devido à sua ausência no Programa, são realizadas por médicos e
enfermeiros, a exemplo do acompanhamento dos doentes crônicos (hipertensos e
diabéticos) à luz da assistência farmacêutica. A inserção do farmacêutico no
PSF vai mudar a história do Programa e da atenção básica, uma vez que levará à
adesão ao tratamento, ao uso racional dos medicamentos, ao barateamento dos
gastos na aquisição dos produtos e à diminuição das internações hospitalares
desnecessárias, dentre outros benefícios (ANJOS & OLIVEIRA, 2010).
Saúde da Família caracteriza-se como a
porta de entrada prioritária de um sistema hierarquizado, regionalizado de
saúde e vem provocando um importante movimento de reorientação do modelo de
atenção à saúde no SUS. Visando apoiar a inserção da Estratégia Saúde da
Família na rede de serviços e ampliar a abrangência e o escopo das ações da
Atenção Primária, o Ministério da Saúde criou o Núcleo de Apoio à Saúde da
Família - NASF, com a Portaria GM nº 154, de 24 de Janeiro de 2008, republicada
em 04 de Março de 2008.O NASF deve ser constituído por equipes compostas por
profissionais de diferentes áreas de conhecimento, para atuarem em conjunto com
os profissionais das equipes saúde da família, compartilhando as práticas em
saúde nos territórios sob responsabilidade das equipes de SF no qual o NASF
está cadastrado (DAB, 2012).
Existem duas modalidades de NASF: o
NASF 1, que deverá ser composto por, no mínimo, cinco das profissões de nível
superior (psicólogo; assistente social; farmacêutico; fisioterapeuta;
fonoaudiólogo; profissional da educação física; nutricionista; terapeuta
ocupacional; médico ginecologista; médico homeopata; médico acupunturista;
médico pediatra; e médico psiquiatra) vinculado de 08 a 20 equipes saúde da
família; e o NASF 2, que deverá ser composto por, no mínimo, três profissionais
de nível superior de ocupações não-coincidentes (assistente social;
profissional de educação física; farmacêutico; fisioterapeuta; fonoaudiólogo;
nutricionista; psicólogo e terapeuta ocupacional), vinculado a, no mínimo, 03
equipes saúde da família. Fica vedada a implantação das duas modalidades de
forma concomitante nos Municípios e no Distrito Federal (DAB, 2012).
QUADRO 1: Profissionais do NASF 1 de
Alta Floresta - MT
223605 - Fisioterapeuta geral
|
Vínculo empregatício
|
Contrato por prazo determinado
|
223810 - Fonoaudiólogo
|
Vínculo empregatício
|
Contrato por prazo determinado
|
224105 - Avaliador físico orientador
fisiocorporal
|
Vínculo empregatício
|
Contrato por prazo determinado
|
251510 - Psicólogo clinico psicólogo
acupunturista psicólogo da saúde
|
Vínculo empregatício
|
Contrato por prazo determinado
|
411005 - Auxiliar de escritório em
geral
|
Vínculo empregatício
|
Estatutário
|
223710 - nutricionista
|
Vínculo empregatício
|
Estatutário
|
223605 - fisioterapeuta geral
|
Vínculo empregatício
|
Contrato por prazo determinado
|
Fonte: http://cnes.datasus.gov.br 2012
Quadro 2: Profissionais do NASF 1 de
Guarantã do Norte - MT
224105 - Avaliador físico orientador
fisiocorporal
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Vínculo empregatício
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Estatutário
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225105 - Médico acupunturista
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Vínculo empregatício
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Estatutário
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223810 - Fonoaudiólogo
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Vínculo empregatício
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Estatutário
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223605 - Fisioterapeuta geral
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Vínculo empregatício
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Estatutário
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223710 - Nutricionista
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Vínculo empregatício
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Estatutário
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223605 - Fisioterapeuta geral
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Vínculo empregatício
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Estatutário
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223605 - Fisioterapeuta geral
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Vínculo empregatício
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Estatutário
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411005 - Auxiliar de escritório
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Vínculo empregatício
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Estatutário
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223405 - Farmacêutico
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Vínculo empregatício
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Estatutário
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225250 - Médico ginecologista e
obstetra
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Vínculo empregatício
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Estatutário
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Fonte: http://cnes.datasus.gov.br 2012
Conforme dados do Cadastro Nacional
dos Estabelecimentos de Saúde (CNES NET) do Ministério da Saúde, pode-se
observar que na região norte do Estado de Mato Grosso, existem dois Núcleos de
Apoio à Saúde da Família, localizados nos municípios de Alta Floresta e
Guarantã do Norte, que atendem os requisitos do programa, sendo eles o NASF 1,
e a inserção do profissional farmacêutico está contemplado somente no NASF do
município de Guarantã do Norte, conforme informações retiradas do CNES no mês
de abril de 2012 (DATASUS, 2012).
No trabalho desenvolvido pela equipe
do NASF e das equipes da saúde da família devem haver discussões para gestão do
cuidado, como, por exemplo, reuniões e atendimentos conjuntos, constituindo
processo de aprendizado coletivo. Dessa maneira, o NASF não se constitui porta
de entrada do sistema para os usuários, mas apoio às equipes de saúde da
família e tem como eixos a responsabilização, gestão compartilhada e apoio à
coordenação do cuidado que se pretende pela saúde da família. O NASF está
dividido em nove áreas estratégicas, sendo elas: atividade física/práticas
corporais; práticas integrativas e complementares; reabilitação; alimentação e
nutrição; saúde mental; serviço social; saúde da criança/ do adolescente e do
jovem; saúde da mulher e assistência farmacêutica (OLIVEIRA, 2010).
A chegada do farmacêutico na atenção
básica, inclusive no PSF, vai aproximá-lo da sociedade e estimulá-lo a atuar
dentro da equipe multiprofissional. Para a saúde pública, a norma é um avanço.
Além de definir o custeio de ações e serviços inerentes à assistência
farmacêutica, ela encerra uma década de discussões sobre a necessidade do
farmacêutico atuar na atenção básica. O farmacêutico não poderia ficar à margem
do contexto da atenção básica, ganha o usuário, que passa a ter mais proteção,
mais segurança sobre o uso de medicamento, ganha, ainda, o farmacêutico, vez
que a portaria inaugura uma nova fase na profissão, marcada pela sua identidade
com a saúde pública (LIMA, 2003).
Segundo levantamento e dados
registrados no sistema do DATASUS do Ministério da Saúde, sistema este em que
os municípios têm a obrigação de realizar a atualização dos profissionais que
estão inseridos nos diversos programas e ações realizadas na saúde pública,
mostra que em vários municípios a presença do profissional farmacêutico não
está inserida no PSF, o que necessita ainda de uma sensibilização por parte das
autoridades ou mesmo da classe desses profissionais, para que, juntos, possam
definitivamente inseri-lo dentro desta equipe multiprofissional, que visa à
melhoria do atendimento ao usuário e a melhoria no uso racional do medicamento
(DATASUS, 2012).
Conforme o DATASUS (2012), o município
de Colíder/MT, no mês de abril, possuía cadastradas 05 unidades do PSF, sendo
elas: Bom Jesus, Celídio Marques, Nova Galileia I, Sagrada Família I e Santa
Clara, que possuem a quantidade de funcionários exigidos para o funcionamento
da unidade, sendo agentes comunitários, cirurgião dentista, técnicos de
enfermagem, enfermeiro, técnico em saúde bucal, médico e auxiliar em saúde
bucal. Porém, a presença do profissional farmacêutico ainda não estava inserida
(DATASUS, 2012).
O município de Matupá/MT, possui
cadastrados no sistema do DATASUS 04 unidades do PSF, sendo elas: Unidade Saúde
da Família do Centro, Bairro Jardim das Flores, Bairro União e outro na
União/Padovani, tendo em sua equipe profissionais como agente comunitário,
psicólogo, técnico em enfermagem, assistente social, cirurgião dentista,
auxiliar em saúde bucal e médico, restando identificada assim a falta do
profissional farmacêutico no atendimento ao usuário nos PSF (DATASUS, 2012).
No município de Novo Mundo/MT,
conforme dados do DATASUS, o município possui cadastradas 03 unidades de Saúde
da Família, sendo: Catarina Zinmafini, Dórico Pereira de Araújo e Novo Mundo,
contendo em seu quadro de funcionários agente comunitário, cirurgião dentista,
médicos, enfermeiro, auxiliar em saúde bucal, técnico em enfermagem, agente de
saúde, médico ginecologista, médico em radiologia e um profissional
farmacêutico (DATASUS, 2012).
Conforme dados o município de Guarantã
do Norte/MT, possui cadastrados no DATASUS 08 unidades do PSF, sendo PSF
Aeroporto, Centro, Cidade Nova, Santa Maria, São Cristóvão, 13 de Maio, Cotrel
e Jardim Araguaia, contendo na equipes profissionais como enfermeiro, auxiliar
em saúde bucal, técnico em enfermagem, agente comunitário, médicos, agente de
higiene e segurança e cirurgião dentista, sem a inclusão do profissional
farmacêutico (DATASUS, 2012).
Também fazem parte da atenção básica
do PSF os programas de controle da tuberculose, da hanseníase, de hipertensão,
da diabetes, de saúde mental e de saúde bucal. Em todos esses programas o
farmacêutico vai atuar. São, portanto, novas portas abertas ao profissional
(BRANDÃO, 2005).
3. DISCUSSÃO
De acordo com a Lei Orgânica da Saúde
(Lei 8080/90) que constituiu o SUS, é assegurado ao cidadão brasileiro o
direito aos serviços de saúde. Em seu art. 6º incluem-se os campos de atuação
para a execução das ações de assistência terapêutica integral, inclusive
farmacêutica, garantindo ações vinculadas aos serviços farmacêuticos.
Sendo utilizado desde seu início, em
1994, o Programa Saúde da Família tem como objetivo a assistência coletiva, a
formação de uma estratégia de educação e conscientização sanitária e a
prevenção de doenças, em que vários profissionais estão sendo inseridos. Mais
recentemente foi incluso o profissional farmacêutico, o qual vem contribuindo
na dispensação e mo uso racional de medicamentos, na contribuição funcional na prevenção
da saúde, desenvolvendo uma educação sanitária, coleta e armazenamento de
material biológico para análises laboratoriais, pesquisas de possíveis agentes
etiológicos de maior incidência na comunidade, além de participar ativamente
das demais atividades realizadas pela equipe multiprofissional para oferecer ao
cidadão um atendimento eficaz e seguro.
Outro fator importante é a interação
entre os profissionais envolvidos, para que as equipes de trabalho mantenham um
diálogo entre os diferentes campos de atuação e que não haja uma disputa de
saberes de um sobre o outro, ou seja, de forma que ocorra uma comunicação
horizontal, a fim de garantir ao paciente um atendimento de qualidade e com o
envolvimento de todos os profissionais da saúde, desde a consulta básica
realizada pelo médico até a dispensação do medicamento realizada pelo
farmacêutico.
Segundo o Ministério da Saúde, nos
municípios em que o PSF está bem implantado, com equipes capacitadas e dispondo
de estrutura física e equipamentos adequados, diminui o número de mortes de
crianças por causas evitáveis; aumenta a quantidade de gestantes que chegam
saudáveis e bem informadas ao parto; melhora a qualidade de vida dos idosos;
melhora os índices de vacinação; os hipertensos e diabéticos são diagnosticados,
tratados e acompanhados; os casos de tuberculose e hanseníase são localizados e
tratados; diminuem as filas para atendimento nos hospitais da rede pública de
saúde. A inserção do profissional farmacêutico no PSF incorpora ações
positivas, no sentido do uso racional dos medicamentos e na sua dispensação,
bem como na contribuição do conhecimento cientifico que este profissional
possui, realizando as orientações pertinentes a hipertensos, diabéticos durante
as reuniões do HiperDia, já com as gestantes no acompanhamento durante seu
período de pré-natal, a fim de garantir uma proteção a mãe e a criança e também
na comunidade em geral ,evidenciando benefícios tanto para a equipe quanto para
os usuários.
Para Anjos (2010), que cita que,
segundo a Organização Mundial da Saúde, conceitua-se como a prática
profissional na qual o paciente é o principal beneficiário das ações do
farmacêutico, sua atuação profissional inclui uma somatória de atitudes,
comportamentos, corresponsabilidades e habilidades na prestação da
farmacoterapia, com o objetivo de alcançar resultados terapêuticos eficientes e
seguros, privilegiando a saúde e a qualidade de vida do paciente.
Nos estudos de Pereira & Freitas
(2008), fica evidente que antes do SUS, o farmacêutico não tinha contato com os
pacientes, pelo fato de que sua participação ainda não era prevista na equipe
de saúde e o medicamento não era considerado insumo estratégico, e que, devido
à sua ausência na equipe multiprofissional, as atividades pertinentes a esse
profissional eram desempenhadas por médicos e enfermeiros.
Alonso (2012) destaca que é importante
que o farmacêutico desenvolva algumas habilidades diferenciadas que são
exigidas na área pública para que o princípio do SUS possa ser exercido em toda
sua amplitude assistencial, conhecer as etapas do ciclo da assistência
farmacêutica, saber fazer diagnósticos epidemiológicos para elaboração do
REMUME (Relação Municipal de Medicamentos Essenciais) e não se limitar
simplesmente à logística do sistema, sendo necessário ter afinidade com as
diretrizes, ser articulador, criativo e principalmente saber atuar em equipe
multiprofissional.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho pretendeu
estimular as discussões sobre a importância da inserção do profissional
farmacêutico dentro das atividades do PSF nos municípios, buscando um
profissional conhecedor do perfil epidemiológico da sua região, comunicativo,
educador e líder e que necessita estar inserido nas discussões e ações que
envolvam a assistência farmacêutica, garantido assim a qualidade e a promoção
de saúde do usuário.
A atuação do farmacêutico na rede
pública de saúde já é vista pelo Ministério da Saúde como uma das grandes
forças para a promoção da saúde e também para o gerenciamento sustentável do
sistema, em que as diretrizes estabelecidas pelo SUS ajudam na inclusão do
farmacêutico nas equipes multiprofissionais.
Porém, algumas barreiras ainda devem
ser superadas para que realmente os municípios possam contemplar os seus PSFs
com este profissional, tendo em vista que a falta de recursos é um dos grandes
dificultadores. Outro fator que contribui é o não conhecimento da importância
desse profissional que se reflete na sua inserção definitiva no atendimento da
saúde primária aos usuários do Sistema Único de Saúde.
Assim que o Ministério da Saúde
obtiver êxito na inserção do farmacêutico em todos os PSFs, a comunidade será
contemplada com inúmeros benefícios, dos quais pode-se citar que auxiliaria em
uma melhor adesão ao tratamento por ter um contato direto com o paciente usuário
do SUS no esclarecimento de suas dúvidas sobre questões relacionadas aos
medicamentos em uma linguagem mais acessível, principalmente pelo seu
conhecimento aprofundado nas interações medicamentosas. Outro ponto importante
está relacionado ao trabalho junto à equipe multiprofissional, auxiliando nas
campanhas educativas, informando também
os métodos de prevenção e tratamento, e, na parte administrativa, o
acompanhamento desde o levantamento da compra, armazenamento e dispensação dos
medicamentos, pois isso contribui para a diminuição dos custos e oferece ao
usuário as orientações quanto à forma correta do tratamento após a prescrição
pelo médico.
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75-83.Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas vol.42 nº.1 São Paulo 2006
[1] Acadêmico do 9º semestre do curso de graduação Bacharelado
em Farmácia Generalista, Faculdade de Colíder (FACIDER), Colíder (MT). E-mail: jjuscc@gmail.com. Endereço
para correspondência: Avenida Senador Julio Campos, 995. Loteamento Trevo.
Bairro: Centro. CEP: 78.500-000. Colíder – Mato Grosso, Brasil.
[2] Orientadora. Enfermeira especialista em Saúde do
Trabalhador e Docência Universitária. Discente do mestrado profissionalizante
em Saúde Coletiva do INSES/Sinop. Docente do curso de graduação em Enfermagem
Unirondon, Cuiabá (MT). E-mail: goreteepaixao@hotmail.com
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