CICLO DA ASSISTÊNCIA
FARMACÊUTICA - PROGRAMAÇÃO DE MEDICAMENTOS
Programar
consiste em estimar quantidades a serem adquiridas para atendimento a
determinada demanda dos serviços, por determinado período de tempo. A
programação inadequada reflete diretamente sobre o abastecimento
e
o acesso ao medicamento.
OBJETIVOS
- Identificar quantidades
necessárias de medicamentos para o atendimento às demandas da população.
- Evitar aquisições desnecessárias,
perdas e descontinuidade no abastecimento.
- Definir prioridades e quantidades
a serem adquiridas, diante da disponibilidade de recursos.
REQUISITOS NECESSÁRIOS
- Dispor de dados de consumo e de
demanda (atendida e não atendida) de cada produto, incluindo sazonalidades
e estoques existentes, considerando períodos de descontinuidade.
- Sistema de informação e de gestão
de estoques eficientes.
- Perfil epidemiológico local
(morbimortalidade) – para que se possa conhecer as doenças prevalentes e
avaliar as necessidades de medicamentos para intervenção.
- Dados populacionais.
- Conhecimento da rede de saúde
local (níveis de atenção à saúde, oferta e demanda dos serviços,cobertura
assistencial, infra-estrutura, capacidade instalada e recursos humanos).
- Recursos financeiros para definir
prioridades e executar a programação.
- Mecanismos de controle e
acompanhamento.
PROCEDIMENTOS
- Definir critérios e métodos a
serem utilizados para elaboração da programação e o período de cobertura.
- Elaborar formulários apropriados
para o registro das informações.
- Efetuar levantamentos de dados de
consumo, de demanda, de estoques existentes de cada produto, considerando
os respectivos prazos de validade.
- Analisar a programação dos anos
anteriores e efetuar análise comparativa.
- Estimar as necessidades reais de
medicamentos.
- Elaborar planilha contendo:
relação dos medicamentos com as especificações técnicas, quantidades
necessárias e custo estimado para cobertura do período pretendido.
- Identificar fontes de recursos
para assegurar a aquisição dos medicamentos.
- Acompanhar e avaliar.
MÉTODOS DE PROGRAMAÇÃO
Existem
diversos métodos para se programar medicamentos. Os métodos mais utilizados
são: por perfil epidemiológico, por consumo histórico, por oferta de serviços.
Recomenda-se a combinação dos diversos métodos, para uma programação mais
ajustada:
- Perfil epidemiológico.
- Consumo histórico.
- Consumo Médio Mensal (CMM).
- Oferta de serviços.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO.
Método
que se baseia, fundamentalmente, nos dados de morbimortalidade,
considerando-se: dados populacionais, esquemas terapêuticos, freqüência de
apresentação das enfermidades em uma determinada população, capacidade de
cobertura, dados consistentes de consumo de medicamentos, oferta e demanda de
serviços na área de saúde.
Inicia-se
com um diagnóstico situacional de saúde da população, com análise das
enfermidades prevalentes, para as quais devem incidir as ações de intervenção
sanitária, para gerar impacto positivo na situação de morbimortalidade.
a) Procedimentos
- Listar os principais problemas de
saúde por grupo populacional e faixa etária.
- Relacionar os medicamentos
selecionados para o atendimento às enfermidades identificadas.
- Definir esquema terapêutico e as
quantidades de medicamentos necessárias por tratamento.
- Calcular a quantidade necessária
para o tratamento da população-alvo ou porcentagem da população a ser
atendida.
- Avaliar a repercussão financeira
e compatibilizar com os recursos existentes.
b) Vantagens e
desvantagens da programação por perfil epidemiológico
- Não requer dados de consumo
- Confiabilidade duvidosa em razão
da incerteza dos registros epidemiológicos
Aplicável quando:
a)
Não se dispõe de informações de utilização de medicamentos; e pode acarretar
programação superestimada.
b)
Deseja-se implantar novos serviços na rede de saúde.
CONSUMO HISTÓRICO
Método
que consiste na análise do comportamento do consumo de medicamentos, em uma
série histórica no tempo, possibilitando estimar as necessidades.
a) Requisitos
necessários
- Registros de movimentação de estoques
(entradas, saídas, estoque).
- Dados de demanda (atendida e não
atendida).
- Inventários com informações de,
pelo menos, 12 meses, incluídas as variações sazonais (que são alterações
na incidência das doenças, decorrentes das estações climáticas). Com esses
dados, dispõe-se de informações aproximadas das necessidades, desde que
não ocorram faltas prolongadas de medicamentos e que os registros sejam
confiáveis.
A
programação baseada apenas em dados de consumo reflete equívocos nem sempre
adequados à realidade e à terapêutica utilizada.
b) Procedimentos
- Efetuar levantamento de dados
(série histórica representativa do consumo no tempo – pelo menos 12
meses).
- Calcular o consumo de cada
medicamento (somam-se as quantidades consumidas e divide-se pelo número de
meses de utilização).
- Analisar a variação dos consumos
de cada medicamento, em função do tempo.
- Recomenda-se definir um ponto de
reposição, considerando o Consumo Médio Mensal e o tempo médio para
aquisição/re-suprimento.
- Quantificar as necessidades de
medicamentos.
A
programação de um estoque de segurança deve ser avaliada considerando a reserva
de recursos financeiros, muitas vezes escassos. Entretanto, exceções devem ser
consideradas em razão dos fatores que interferem no processo de aquisição, tais
como: demora no processo licitatório, distância geográfica, tempo médio na
reposição de estoques e periodicidade das aquisições.
c) Vantagens e
desvantagens
- Não requer dados de morbidade e
de esquemas.
- Dificuldade na obtenção de dados
de consumo fidedignos e/ ou que terapêuticos retratem a real necessidade
- Requer cálculos simplificados
- Não é confiável quando ocorrem
períodos prolongados de desabastecimento
CONSUMO MÉDIO MENSAL
(CMM)
Método
que consiste na soma dos consumos de medicamentos utilizados por determinado
período de tempo, dividido pelo número de meses em que cada produto foi
utilizado. Devem-se excluir perdas, empréstimos e outras saídas de produtos não
regulares.
a Cálculo da Consumo
Médio Mensal
Quantidade
consumida do produto em determinado período = Q
Número
de meses correspondente ao período em análise = N
CMM
= Q/N
Os
dados de consumo podem surgir de necessidades reais ou de distorções do
serviço, falta de produtos, substituições de medicamentos por outros, quando na
falta de algum; ou, ainda, de prescrições médicas irracionais, não apropriadas
do ponto de vista terapêutico, entre outros.
- Necessidade
– é a quantidade
de medicamentos prevista para uso, de acordo com o perfil epidemiológico
local. Varia de acordo com a oferta de serviços, nível de complexidade de
serviços de saúde, registros fidedignos e atualizados, entre outros.
- Demanda – são necessidades
identificadas, que são atendidas ou não.
Demanda total ou real – é a soma da demanda atendida e a
não atendida.
Demanda não atendida – quantidade de medicamento prescrito
e não atendido.
b) Cálculo da demanda
No
de dias em que faltou o medicamento = Demanda não-atendida
No
de dias de funcionamento da unidade x CMM
A
demanda não atendida pode ser calculada de várias formas, como por exemplo:
aplicação da fórmula ou por regra de três simples.
Exemplo 1: Na Unidade de Saúde de Arara, no mês
de maio (22 dias de funcionamento) foram distribuídos 1.100 comprimidos de
Captopril 25 mg durante os 11 primeiros dias de funcionamento da Unidade.
Sabe-se
que o CMM é de 3.000 comprimidos. Calcule a demanda total (atendida e não
atendida).
c) Cálculo pela fórmula
11
dias Demanda não-atendida
DNA
= nd1 x CMM/ nd onde:
DNA
– Demanda não atendida
nd1-
Número de dias sem o produto
nd
– Números de dias de funcionamento da Unidade
CMM
– Consumo Médio Mensal
Logo
: DNA = 11x 3000/22 = 1500
Demanda
total = Demanda atendida (1.100) + Demanda não atendida (1.500) = 2.600
d) Cálculo pela regra de
três
Se
em 11 dias foram consumidos 1.100 comprimidos
Em
22 dias serão consumidos X
X=
22 dias x 1.100/11= 2.200
e) Por que há diferença
nos resultados dos cálculos?
•
Quando se utiliza a fórmula,
considera-se o CMM.
•
Quando se aplica a regra de três, considera-se, apenas, o consumo nos dias do
atendimento.
MÉTODO POR OFERTA DE
SERVIÇOS
Método
utilizado quando se trabalha por serviços ofertados. Estimam-se as necessidades
de medicamentos em função da disponibilidade de serviços ofertados à
determinada população-alvo. São estabelecidas pelo porcentual de cobertura, não
sendo consideradas as reais necessidades existentes.
Procedimentos:
•
Levantar informações dos registros de atendimento na rede de serviços (postos e
centros de saúde, unidades mistas e hospitais).
•
Sistematizar as informações, relacionando os diagnósticos mais comuns e a
freqüência de ocorrência de doenças por determinado período de tempo.
•
Verificar os esquemas terapêuticos e quantidade por tratamento prescrita.
•
Estimar as necessidades.
•
Multiplicar o número de casos estimados para o atendimento de cada enfermidade
considerada. Multiplicar pela quantidade de medicamentos necessária ao esquema
terapêutico proposto, (x) população-alvo ou porcentual de cobertura da
população a ser atendida, (x) o período de tempo (meses ou anos).
FONTE
MINISTÉRIO
DA SAÚDE Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos Departamento
de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégica ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA
ATENÇÃO BÁSICA INSTRUÇÕES TÉCNICAS PARA SUA ORGANIZAÇÃO 2ª edição Série A.
Normas e Manuais Técnicos Brasília – DF 2006 Biblioteca Virtual em Saúde do
Ministério da Saúde: http://www.saude.gov.br/bvs
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Muito bom, me ajudou bastante!
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