quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

SERVIÇOS DE SAÚDE : UM ESTUDO DE CASO EM PAULO AFONSO-BA

SERVIÇOS DE SAÚDE

LUCIANA PEREIRA DE SOUZA



O padrão de utilização de serviços de saúde de um determinado grupo populacional é principalmente explicado por seu perfil de necessidades em saúde,

Hulka e Wheat, (citado por TRAVASSOS E OUTROS, 2000, p.134). Está condicionado também, por inúmeros outros fatores internos e externos ao setor, relacionados tanto à forma como está estruturada a oferta de serviços Wennberg, (citado por TRAVASSOS E OUTROS, 2000, p. 134) quanto às preferências e escolhas do usuário.

A disponibilidade, o tipo, a quantidade de serviços e recursos (financeiros, humanos, tecnológicos), a localização geográfica, a cultura médica local, a ideologia do prestador, entre outros, são aspectos da oferta que influenciam o padrão de consumo de serviços de saúde (TRAVASSOS E OUTROS, 2000).

A população brasileira é de 172.385.826 habitantes, segundo dados do censo de 2001 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -IBGE, e encontra-se irregularmente distribuída em um território de 8,5 milhões de Km2, com um quantitativo de municípios em cada estado e em cada região muito variável.

A região mais populosa é o Sudeste, que concentra 71.662.769 habitantes (42,6% da população total do país).

As menos populosas são o Centro-Oeste, com 11.675.381 habitantes e o Norte, com 12.666.944 habitantes, respectivamente 6,9% e 7,5% HULKA, B. & WHEAT, J. 1985. Patterns of utilization: a patient perspective. Medical Care 23(5):438-460.12 WENNBERG JE 1985. On patient need, equity, supplier-induced demand and the need to assess the outcome of common medical practices. Medical Care 23(5): 512-520. da população total do país.

O Nordeste, segunda região mais populosa, tem 47.250352 habitantes ou 28,1% da população nacional, e o Sul tem 25.033.302 habitantes, o que representa 14,9% da população total do país.

Assim, o Brasil, país considerado em desenvolvimento, embora apresente uma taxa de esperança de vida média de aproximadamente 67 anos e alguns índices socioeconômicos de países desenvolvidos, possui indicadores sócio-sanitários bastante contrastantes.

O país ainda apresenta, em algumas regiões, elevadas taxas de mortalidade infantil, e de coeficiente de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias. O setor de saúde, como segmento prestador de serviços e cujas ações se refletem profundamente na sociedade, deve adotar uma prática gerencial apropriada capaz de alterar esse quadro mórbido e preocupante (LOPES E FILHO, 2003).

No contexto brasileiro, os serviços de saúde padecem em analogia ao vocabulário médico, de uma "infecção generalizada", e, por isso mesmo, depende dos mais diversos esforços para promover sua recuperação.

Boa parte dos municípios brasileiros sequer possui um único hospital, motivo pelo qual não é raro que pacientes se desloquem e até se instalem, por dias e meses a fio, submetendo-se a tratamento em municípios vizinhos ou mais distantes de suas origens, o que contribui para sufocar e estrangular, ainda mais, o sistema de atendimento. Isso denota falta de uma gestão adequada na distribuição de recursos humanos, de leitos e de medicamentos, de acordo com as carências de cada município (SILVA, 2006).

Silva (2006) afirma que contribuir para a prestação dos serviços de saúde, com vistas a torná-lo eficiente não é uma tarefa fácil. A saúde é um direito de todos
e um dever do Estado. O direito à saúde implica não apenas no oferecimento da medicina curativa, mas também na medicina preventiva, dependente, por sua vez, de uma política social e econômica adequadas.

Assim, o direito à saúde compreende a saúde física e mental, iniciando pela medicina preventiva, esclarecendo e educando a população, higiene, saneamento básico, condições dignas de moradia e de trabalho, lazer, alimentação saudável na quantidade necessária, campanhas de vacinação, dentre outras.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE informam que de 2002 a 2005, houve um aumento em 17,8% do número de estabelecimentos de saúde no país. Em 2002, 146 cidades não tinham unidades de saúde e, em 2005, apenas seis dos 5.564 municípios brasileiros não possuíam este tipo de estabelecimento.

Nesse mesmo período, a terceirização cresceu em todas as regiões, principalmente no Nordeste.

Para Travassos e outros (2000), o sistema de saúde brasileiro é constituído por uma complexa rede de prestadores e compradores de serviços, simultaneamente inter-relacionados, complementares e competitivos, formando uma complicada multiplicidade entre o setor público e privado.

Compõe-se por três principais subsetores: o público, com serviços financiados e prestados pelo Estado, nos seus diversos níveis; o privado (lucrativo e não lucrativo), financiado por sistemas de reembolso, que podem ser recursos públicos ou privados; e o de seguros privados, financiados diretamente pelo consumidor ou pelas empresas empregadoras (em geral de forma parcial), com diferentes níveis de preços e subsídios.

O setor público está mais presente no Norte e Nordeste, no entanto quase 70% das unidades privadas atendem ao Sistema Único de Saúde -SUS.

O hospital referente ao estudo de caso desta monografia é caracterizado como hospital de média complexidade, detém grande serviço de emergência com perfil de urgência em cirurgia geral, clínica médica, ortopedia, pediatria e maternidade da microrregião de Paulo Afonso -BA, com mais de 10 mil atendimentos por mês, para uma população de 22 municípios dos Estados de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e da Bahia, é cadastrado no Ministério da Saúde como rede privada, porém 100% dos seus usuários são do Sistema Único de Saúde -SUS.

O consumo de serviços de saúde é função das necessidades e do comportamento dos indivíduos em relação a seus problemas de saúde, bem como das formas de financiamento e dos serviços e recursos disponíveis para a população.

A Constituição brasileira de 1988 estabelece o Sistema Único de Saúde SUS com base na institucionalização da universalidade da cobertura e do atendimento. O sistema foi implementado em 1990 e pode ser traduzido como
igualdade de oportunidade de acesso aos serviços de saúde para necessidades iguais (LIMA, 2005).

Para tanto, é importante levar em consideração a complexidade dessa atividade. As atividades de atenção à saúde são atividades complexas, assentadas sobre uma cadeia produtiva que incorpora sequencias de ações definidas para a geração de seus produtos, os chamados procedimentos. Cada procedimento demanda uma variedade específica de insumos (bens) e processos de trabalho (serviços).

Não só os produtos oferecidos em organizações de saúde são complexos e pressupõem elevada qualificação profissional, mas os insumos utilizados em sua produção são cada vez mais sofisticados e numerosos (INFANTE E SANTOS, 2007).

As perversas desigualdades no acesso e utilização dos serviços, o mau atendimento, as filas, a superlotação das emergências, a escassez de recursos nas unidades de saúde, a falta de leitos hospitalares e a demora para a marcação de exames são algumas das evidências da inadequação das atividades complexas e a realidade dos serviços (LIMA, 2006).

Ribeiro (2005) afirma que um dos maiores desafios para o administrador hospitalar está em atender adequadamente às necessidades da instituição.

O administrador hospitalar tem como missão atender e superar continuamente as expectativas solicitadas.

Os gestores de hospitais são compelidos a praticarem uma administração profissional capaz de cumprir com eficiência, eficácia, efetividade e principalmente, com economia, a missão das entidades que gerenciam, dentro da legalidade.

Para isso, é necessário estabelecer diretrizes e ações, a fim de realizar um trabalho por meio de pessoas para entregar o material certo ao usuário certo, no momento e nas quantidades certas, observando as melhores condições para a organização, complementam Barbieri e Machline.


FONTE : MONOGRAFIA DE :  Luciana Pereira de Souza, Administração de Suprimentos de Materiais dos Serviços de Saúde Hospitalar: Um caso na cidade de Paulo Afonso-Ba, Paulo Afonso – Ba junho / 2009, Faculdade

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