SERVIÇOS DE SAÚDE
LUCIANA
PEREIRA DE SOUZA
O
padrão de utilização de serviços de saúde de um determinado grupo populacional
é principalmente explicado por seu perfil de necessidades em saúde,
Hulka
e Wheat, (citado por TRAVASSOS E OUTROS, 2000, p.134). Está condicionado
também, por inúmeros outros fatores internos e externos ao setor, relacionados
tanto à forma como está estruturada a oferta de serviços Wennberg, (citado por
TRAVASSOS E OUTROS, 2000, p. 134) quanto às preferências e escolhas do usuário.
A
disponibilidade, o tipo, a quantidade de serviços e recursos (financeiros,
humanos, tecnológicos), a localização geográfica, a cultura médica local, a
ideologia do prestador, entre outros, são aspectos da oferta que influenciam o
padrão de consumo de serviços de saúde (TRAVASSOS E OUTROS, 2000).
A
população brasileira é de 172.385.826 habitantes, segundo dados do censo de
2001 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -IBGE, e encontra-se
irregularmente distribuída em um território de 8,5 milhões de Km2, com um
quantitativo de municípios em cada estado e em cada região muito variável.
A
região mais populosa é o Sudeste, que concentra 71.662.769 habitantes (42,6% da
população total do país).
As
menos populosas são o Centro-Oeste, com 11.675.381 habitantes e o Norte, com
12.666.944 habitantes, respectivamente 6,9% e 7,5% HULKA, B. & WHEAT, J.
1985. Patterns of utilization: a patient perspective.
Medical Care 23(5):438-460.12 WENNBERG JE 1985. On patient need, equity,
supplier-induced demand and the need to assess the outcome of common medical
practices. Medical Care
23(5): 512-520. da população total do país.
O
Nordeste, segunda região mais populosa, tem 47.250352 habitantes ou 28,1% da
população nacional, e o Sul tem 25.033.302 habitantes, o que representa 14,9%
da população total do país.
Assim,
o Brasil, país considerado em desenvolvimento, embora apresente uma taxa de
esperança de vida média de aproximadamente 67 anos e alguns índices
socioeconômicos de países desenvolvidos, possui indicadores sócio-sanitários
bastante contrastantes.
O
país ainda apresenta, em algumas regiões, elevadas taxas de mortalidade
infantil, e de coeficiente de mortalidade por doenças infecciosas e
parasitárias. O setor de saúde, como segmento prestador de serviços e cujas
ações se refletem profundamente na sociedade, deve adotar uma prática gerencial
apropriada capaz de alterar esse quadro mórbido e preocupante (LOPES E FILHO,
2003).
No
contexto brasileiro, os serviços de saúde padecem em analogia ao vocabulário
médico, de uma "infecção generalizada", e, por isso mesmo, depende
dos mais diversos esforços para promover sua recuperação.
Boa
parte dos municípios brasileiros sequer possui um único hospital, motivo pelo
qual não é raro que pacientes se desloquem e até se instalem, por dias e meses
a fio, submetendo-se a tratamento em municípios vizinhos ou mais distantes de
suas origens, o que contribui para sufocar e estrangular, ainda mais, o sistema
de atendimento. Isso denota falta de uma gestão adequada na distribuição de
recursos humanos, de leitos e de medicamentos, de acordo com as carências de
cada município (SILVA, 2006).
Silva
(2006) afirma que contribuir para a prestação dos serviços de saúde, com vistas
a torná-lo eficiente não é uma tarefa fácil. A saúde é um direito de todos
e
um dever do Estado. O direito à saúde implica não apenas no oferecimento da
medicina curativa, mas também na medicina preventiva, dependente, por sua vez,
de uma política social e econômica adequadas.
Assim,
o direito à saúde compreende a saúde física e mental, iniciando pela medicina
preventiva, esclarecendo e educando a população, higiene, saneamento básico,
condições dignas de moradia e de trabalho, lazer, alimentação saudável na
quantidade necessária, campanhas de vacinação, dentre outras.
Dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE informam que de 2002
a 2005, houve um aumento em 17,8% do número de estabelecimentos de saúde no
país. Em 2002, 146 cidades não tinham unidades de saúde e, em 2005, apenas seis
dos 5.564 municípios brasileiros não possuíam este tipo de estabelecimento.
Nesse
mesmo período, a terceirização cresceu em todas as regiões, principalmente no
Nordeste.
Para
Travassos e outros (2000), o sistema de saúde brasileiro é constituído por uma
complexa rede de prestadores e compradores de serviços, simultaneamente
inter-relacionados, complementares e competitivos, formando uma complicada
multiplicidade entre o setor público e privado.
Compõe-se
por três principais subsetores: o público, com serviços financiados e prestados
pelo Estado, nos seus diversos níveis; o privado (lucrativo e não lucrativo),
financiado por sistemas de reembolso, que podem ser recursos públicos ou
privados; e o de seguros privados, financiados diretamente pelo consumidor ou
pelas empresas empregadoras (em geral de forma parcial), com diferentes níveis
de preços e subsídios.
O
setor público está mais presente no Norte e Nordeste, no entanto quase 70% das
unidades privadas atendem ao Sistema Único de Saúde -SUS.
O
hospital referente ao estudo de caso desta monografia é caracterizado como
hospital de média complexidade, detém grande serviço de emergência com perfil
de urgência em cirurgia geral, clínica médica, ortopedia, pediatria e
maternidade da microrregião de Paulo Afonso -BA, com mais de 10 mil
atendimentos por mês, para uma população de 22 municípios dos Estados de
Pernambuco, Alagoas, Sergipe e da Bahia, é cadastrado no Ministério da Saúde
como rede privada, porém 100% dos seus usuários são do Sistema Único de Saúde
-SUS.
O
consumo de serviços de saúde é função das necessidades e do comportamento dos
indivíduos em relação a seus problemas de saúde, bem como das formas de
financiamento e dos serviços e recursos disponíveis para a população.
A
Constituição brasileira de 1988 estabelece o Sistema Único de Saúde SUS com
base na institucionalização da universalidade da cobertura e do atendimento. O
sistema foi implementado em 1990 e pode ser traduzido como
igualdade
de oportunidade de acesso aos serviços de saúde para necessidades iguais (LIMA,
2005).
Para
tanto, é importante levar em consideração a complexidade dessa atividade. As
atividades de atenção à saúde são atividades complexas, assentadas sobre uma
cadeia produtiva que incorpora sequencias de ações definidas para a geração de
seus produtos, os chamados procedimentos. Cada procedimento demanda uma
variedade específica de insumos (bens) e processos de trabalho (serviços).
Não
só os produtos oferecidos em organizações de saúde são complexos e pressupõem
elevada qualificação profissional, mas os insumos utilizados em sua produção
são cada vez mais sofisticados e numerosos (INFANTE E SANTOS, 2007).
As
perversas desigualdades no acesso e utilização dos serviços, o mau atendimento,
as filas, a superlotação das emergências, a escassez de recursos nas unidades
de saúde, a falta de leitos hospitalares e a demora para a marcação de exames
são algumas das evidências da inadequação das atividades complexas e a
realidade dos serviços (LIMA, 2006).
Ribeiro
(2005) afirma que um dos maiores desafios para o administrador hospitalar está
em atender adequadamente às necessidades da instituição.
O
administrador hospitalar tem como missão atender e superar continuamente as
expectativas solicitadas.
Os
gestores de hospitais são compelidos a praticarem uma administração
profissional capaz de cumprir com eficiência, eficácia, efetividade e
principalmente, com economia, a missão das entidades que gerenciam, dentro da
legalidade.
Para
isso, é necessário estabelecer diretrizes e ações, a fim de realizar um
trabalho por meio de pessoas para entregar o material certo ao usuário certo,
no momento e nas quantidades certas, observando as melhores condições para a
organização, complementam Barbieri e Machline.
FONTE : MONOGRAFIA DE : Luciana Pereira de Souza, Administração de Suprimentos
de Materiais dos Serviços de Saúde Hospitalar: Um caso na cidade de Paulo Afonso-Ba,
Paulo Afonso – Ba junho / 2009, Faculdade
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