FARMÁCIA HOSPITALAR - INTRODUÇÃO A
FARMACOCINÉTICA
FARMACOCINÉTICA
Farmacocinética é o caminho que o medicamento faz no organismo. Não se trata do estudo do seu mecanismo de ação, mas sim das etapas que a droga sofre desde a administração até a excreção, que são: absorção, distribuição, biotransformação e excreção. Note também que uma vez que se introduza a droga no organismo, essas etapas ocorrem de forma simultânea sendo essa divisão apenas de caráter didático.
Fases
1 – Absorção
A absorção é a passagem de substâncias do local de contato, que pode ser um órgão, a pele, os endotélios, para o sangue. Esta passagem é efetuada através de membranas celulares, que atuam como barreiras. Portanto, a absorção só é possível para fármacos aplicados por via enteral e tópica. Não existe absorção para fármacos que são injetados diretamente na corrente sanguínea.[
As membranas celulares possuem espessura de 7 a 9 nm e são formadas por uma bi-camada de fosfolipídeos.
Efeito de primeira passagem
É a metabolização do fármaco pelo fígado e pela microbiota intestinal, antes que o fármaco chegue à circulação sistêmica. As vias de administração que estão sujeitas a esse efeito são: via oral e a via retal (em proporções bem reduzidas).
2 - Distribuição
Distribuição é a passagem que ocorre da corrente sanguínea para líquido intersticial e intracelular, essa passagem pode ser afetada por fatores fisiológicos e pelas propriedades físico-quimicas da substância, isso ocorre porque substâncias menos lipossolúveis têm mais dificuldade de atravessar as membranas biológicas, com isso acaba sofrendo restrições na distribuição. O contrário ocorre a substâncias muito lipossolúveis, que podem até se acumular em tecidos adiposos o que prolonga a permanência do fármaco no organismo, além disso, a ligação com as proteínas pode alterar a distribuição do fármaco e limitar o acesso a locais de ação intracelular. Órgão com boa perfusão recebem a maior quantidade de fármaco.
3 - Biotransformação
Uma das fases da farmacocinética, a biotransformação submete o fármaco a reações químicas, geralmente mediadas por enzimas, que o convertem em um composto diferente do originalmente administrado. Os fármacos mais lipossolúveis necessitam ser transformados antes da excreção. A biotransformação se processa principalmente no fígado e consiste em carregar eletricamente o fármaco para que, ao passar pelos túbulos renais, não seja reabsorvido.
Esse processo geralmente inativa o fármaco, pois, além de modificar pontos fundamentais de sua estrutura, diminui a possibilidade de que chege aos tecidos suscetíveis. A biotransformação é, para esses fármacos, sinômimo de eliminação. Algumas vezes, entretanto, originam-se metabólitos ativos ou até mais ativos que o fármaco administrado, então denominado pró-fármaco.
3.1 - Reações
Os mecanismos de biotransformação envolvem uma série de reações químicas dependentes das enzimas hepáticas. Um fármaco pode sofrer uma ou mais transformações até que se produza um derivado com real possibilidade de excreção. Nessa segunda circunstância, a primeira reação é preparatória, produzindo um composto intermediário que ainda deverá sofrer nova reação, gerando-se ao final um metabólitos ativos ou inativos.
Após a fase I podem originar metabólitos ativos ou inativos. Após a fase II, a grande maioria dos fármacos está inativada.
3.1.1- Conjugações
As conjugações se fazem usualmente com ácidos glicorônico e sulfúrico e podem ocorrer sem reações de fase I. A velocidade das acetilações depende de um traço herdado que se denomina fenótipo acetilador.
A capacidade de biotransformação hepática pode ainda estar alterada em algumas situações fisiológicas (períodoneonatal, gestação, velhice) e patológicas (cirrose, hepatite, insuficiência cardíaca, desnutrição, alcoolismo).
3.2 – Interações Farmacológicas
Alguns fármacos podem influenciar a biotransformação (propria e de outros fármacos lipossulúveis), diminuindo-a (inibidores metabólicos) ou aumentando-a (estimuladores metabólicos). No primeiro caso haverá maior permanência do fármaco ativo, com eventual aumento de toxidade, principalmente durante administração crônica.
Com a indução enzimática, acelera-se a biotransformação, acarretando redução em intensidade e duração da resposta farmacológica.
A duração do efeito terapéutico pode exceder a meia-vida de fármacos que gera metabólitos ativos. No caso de pró-fármacos, precursores sem atividade farmacológica ou que atingem o plasma em quantidades muitos pequenas, os metabólitos ativos são os responsáveis pela atividade farmacológica.
O fígado ainda é capaz de excretar ativamente fármacos por meio da bile para o lúmen intestinal, onde podem ser reabsorvidos pelo circuito êntero-hepático ou excretados pelas fezes. A reintrodução de composto ativo na circulação sistêmica pode prolongar os efeitos farmacológicos. Por essa via se excretam fármacos de alto peso molecular, os muito polares e aqueles que são ativamente englobados em micelas de sais biliares, colesterol e fosfolipídios.
4 - Excreção
Em biologia, chama-se excreção o processo de eliminação de produtos do metabolismo e que devem ser eliminados do organismo, a fim de atingir um estado de equilíbrio interno, ou homeostase. Como exemplo, temos o gás carbônico, a água, sais minerais e excretas nitrogenadas (amônia, uréia ou ácido úrico). A eliminação dos resíduos nitrogenados está diretamente relacionada com as quantidades de água de que dispõe o ser vivo.
É através desse processo que são eliminadas as substâncias nocivas, inúteis ou em excesso no organismo. Por exemplo: quando as células absorvem aminoácidos, desse trabalho é, muitas vezes, gerado um produto tóxico: amônia. Ela é encaminhada para o fígado, formando-se lá a uréia. Caso isso não ocorresse, teríamos que ter mais água para que ela fosse diluída.
Também serve para manter o controle osmótico do sangue. Caso você coma sal demais, ele fica no plasma (deixando-o hipertônico), e assim desidratando outros órgãos. Isso não ocorre graças ao rim. E é por causa dele que quando bebemos muito, nossos órgãos não incham.
As quatro vias de excreção são: urina, suor, anal (fezes) e respiração.
Excretas
São chamadas de excretas os resíduos que devem ser eliminados do organismo.
Classificação quanto às excretas nitrogenadas
Amoniotélicos: Excretam amônia, substância extremamente tóxica para os organismos e bastante solúvel em água. É necessário muita água para o seu transporte, e portanto esse tipo de excreção ocorre na maioria dos invertebrados aquáticos e nos peixes ósseos de água doce.
Ureotélicos: Excretam uréia, que é solúvel em água e menos tóxica que a amônia, e ocorre no figado no chamado ciclo de ornitina. Ocorre em animais que dispõem de um pouco menos de água, como nos anelídeos, peixes cartilaginosos, anfíbios e mamíferos.
Uricotélicos: Excretam ácido úrico, substância de toxidez muito baixa e insolúvel em água, o que representa uma adaptação para a vida terrestre. São uricotélicos: insetos, répteis e aves.
pela excreção, os compostos são removidos do organismo para o meio externo. Fármacos hidrossolúveis, carregados ionicamente, são filtrados nos glomérulos ou secretados nos túbulos renais, não sofrendo reabsorção tubular, pois têm dificuldade em atravessar membranas. Excretam-se, portanto, na forma ativa. Os sítios de excreção denominam-se emunctórios e, além do rim, incluem:pulmõesfezessecreção biliarsuorlágrimassalivaleite materno. Afora os pulmões para os fármacos gasosos ou voláteis, os demais sítios são quantitativamente menos importantes
Néfrons
Para cada um dos néfrons chega uma certa quantidade de sangue que será trabalhada.O que precisa ser retirado de tóxico está no Plasma. Nos néfrons ocorre a filtração e a reabsorção. A filtração ocorre na cápsula do néfron, e constitui em filtrar substâncias do sangue, mas só aquelas com moléculas pequenas. O sangue que chega aos capilares sanguíneos do glomérulo pela arteríola aferente é forçado pela pressão sanguínea contra as paredes do capilar e da cápsula, que possui paredes semipermeáveis, e, desse modo, parte do plasma sanguíneo extravasa, ou seja, é filtrada para o interior da cápsula. Na segunda etapa ocorre a reabsorção, que acontece ao lado dos túbulos renais. Graças aos capilares envoltos aos néfrons, esses últimos liberam substâncias úteis ao corpo na veia renal, de volta a circulação.
Etapas da Fisiologia
1. Filtração Glomerular - Cerca de 20% do plasma (do qual só a proteína não passa, por ser uma macromolécula, seguindo com o sangue) vaza para a cápsula de Bowman.
2. Tubo Urinífero - O líquido que passa pela cápsula chama-se filtrador glomerular. O único componente que sai inteiro são as excretas e o que tiver a mais de sal. Logo, podemos concluir que: existe a reabsorção ativa de nutrientes, hormônios e parte do sal.
3. Do Tubo Urinífero passa para o vaso sanguíneo, ocorrendo a osmose: reabsorção passiva.
Os produtos de excreção são: (Dióxido de Carbono, Vapor de Água, Sais de Produtos Tóxicos, Sais de Ureia, Ácido úrico:). A excreção é feita pela transpiração pela expiração e pela urina
Referências
ANTHONY, Patrícia K. Segredos em farmacologia: respostas necessárias ao dia-a-dia em rounds, na clínica e em exames orais e escritos. trad. Jacques Vissoky. Porto Alegre: Artmed, 2005
Farmacologia clínica para Dentistas; Lenita Wannmacher, Maria Beatriz Cardoso Ferreira; Guanabara Koogan; 2º edição; 1999.
Goodman & Gilman. As bases farmacológicas da terapêutica. [tradução da 10. ed. original, Carla de Melo Vorsatz. et al] Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2005
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