quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

LOGÍSTICA HOSPITALAR : UM ESTUDO DE CASO EM PAULO AFONSO-BA

LOGÍSTICA HOSPITALAR

POR LUCIANA PEREIRA DE SOUZA


A logística é um campo fascinante. Não o era 50 anos atrás. Até os anos 50, os mercados, bastante restritos, e locais, estavam em estado de tranquilidade, e o nível de serviço, a plena satisfação ao cliente não existiam.

Filosofia dominante para guiar as organizações e traduzi-las em fator de vantagem competitiva, também não existia. As empresas fragmentavam a administração de atividades-chaves do pleno nível de serviço. Isso resultava em enorme conflito de objetivos e de responsabilidades para as atividades logísticas, acarretando um fraco atendimento ao cliente, sendo assim, fator negativo ao processo de entrega de valor ao cliente e de ganho de vantagem competitiva (POZO, 2004).

Costa (2002) relata que desde a antiguidade o homem em sua sabedoria intrínseca já exercia práticas logísticas, ele estocava produtos para sua sobrevivência, e essa atividade já era considerada estratégica. No entanto, Pozo (2004) afirma em suas teorias que a logística teve origem nas organizações militares.

As guerras eram longas e geralmente distantes, havendo a necessidade de grandes e constantes deslocamentos de recursos, tais como, as tropas, armamentos e carros de guerra pesados aos locais de combate, evidenciando a necessidade de planejamento, organização e execução para essas tarefas.

Segundo Christopher10, (citado por CORONADO, 2007, p. 68): “o mundo presenciou um exemplo dramático da importância da logística. Como precedente para a Guerra do Golfo, os Estados Unidos e seus aliados tiveram que deslocar grandes quantidades de materiais a grandes distâncias, o que se pensava ser em um tempo impossivelmente curto.

Meio milhão de pessoas e mais de meio milhão de unidades de materiais e suprimentos tiveram que ser transportados através de 12.000 quilômetros por via aérea, mais 2,3 milhões de toneladas de equipamentos transportados por mar – tudo feito em questão de meses”.

Ao longo da historia do homem, as guerras têm sido ganhas e perdidas pelo poder e pela capacidade da logística, ou pela falta deles.

LOGÍSTICA

É a denominação dada pelos gregos à arte de calcular, pela filosofia conjunto de sistemas de algoritmos aplicados à lógica e pelos franceses parte da guerra que trata do planejamento da realização de projeto e desenvolvimento, serviu de parâmetro para os militares norte-americanos utilizarem como forma de designar a arte de transporte e distribuição e fornecimento das tropas em operações.

Seu desenvolvimento deveu-se ao intuito de abastecer, transportar e alojar tropas, propiciando que os recursos certos estivessem no local certo e na hora certa. Dessa forma, esta doutrina operacional permitia que as campanhas militares fossem realizadas e contribuía, como diferencial de vantagem, para a vitória das tropas em combates. As forças armadas da América foram os primeiros a utilizar esse conceito de logística, na Segunda Guerra Mundial (POZO, 2004).

CHRISTOPHER, Martin. Op. cit. Ballou (1993) apresenta a evolução da logística dividida em três períodos. O primeiro trata do período antes do surgimento da Segunda Guerra Mundial; o segundo inicia-se após a Segunda Guerra Mundial e se estende até 1970; já o terceiro tem início em 1970 e se estende até os dias de hoje.

Quando a logística surgiu o seu enfoque era totalmente operacional (armazenagem e transportes). O conceito foi evoluindo e a logística passou a ser tratada como distribuição física. Começava-se a entender que armazenagem e transportes estavam relacionados e que a operação logística envolvia as duas coisas (CERVI, 2002).

Ainda de acordo com Cervi (2002), no Brasil, a incorporação da logística no vocabulário empresarial ainda é um fenômeno recente. No entanto, têm-se observado um avanço muito grande no uso da logística nos últimos anos.

Anteriormente era restrita apenas às empresas que operavam no comércio exterior, hoje, no mercado globalizado, onde a tecnologia da informação está disseminada em todo o planeta e a comunicação on-line permite a ligação simultânea em toda a cadeia do comércio internacional, não se concebe mais nas empresas a ausência da logística em suas operações.

Pozo (2004, p.13), define que: A logística trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável.

A logística estuda como prover melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores, através de planejamento, organização e controle efetivos para as atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de produtos. Ela é um assunto fundamental, visa diminuir o hiato entre a produção e a demanda, de modo que os consumidores tenham bens e serviços quando e onde quiserem, e na condição física que desejarem (BALLOU, 1993).

A logística torna possível a disponibilização de produtos e serviços no local e instante em que são necessários. Dentre os principais ganhos que as empresas podem ter são: entregas mais rápida de acordo com a demanda; redução dos custos operacionais; aumento da produtividade; aumento no giro de mercadorias e redução de estoques; e redução de perdas.

A atividade logística deve ser vista por meio de duas grandes ações que são denominadas de primárias e de apoio. A denominação de atividade primária identifica aquelas que são de importância fundamental para a obtenção dos objetivos logísticos de custo e nível de serviço que o mercado deseja, são essenciais para a coordenação e para o cumprimento da tarefa logística. São as seguintes: Transportes; Manutenção de estoques; e Processamento de pedidos. Essas três atividades são fundamentais para cumprir a missão da organização, (BALLOU, 1993):

TRANSPORTE

É a atividade logística mais importante simplesmente porque ela absorve, em média, de um a dois terços dos custos logísticos. É essencial, pois nenhuma firma moderna pode operar sem providenciar a movimentação de suas matérias-primas ou de seus produtos acabados de alguma forma.

MANUTENÇÃO DE ESTOQUES:

É a atividade para atingir-se um grau razoável de disponibilidade do produto em face de sua demanda, e é necessário manter estoques, que agem como amortecedores entre a oferta e a demanda. O uso de estoques, como regulador de demanda, resulta no fato de que, em média, ele passa a ser responsável por aproximadamente um a dois terços dos custos logísticos.

PROCESSAMENTO DE PEDIDOS:

É uma atividade logística primária. Sua importância deriva do fato de ser um elemento critico em termos do tempo necessário para levar bens e serviços aos clientes, em relação, principalmente, à perfeita administração dos recursos logísticos disponíveis.

É também a atividade primária que dá partida ao processo de movimentação de materiais e produtos bem como a entrega desses serviços. Para Ballou (1993), as atividades consideradas de apoio são aquelas, adicionais, que dão suporte ao desempenho das atividades primárias. Essas atividades de apoio são: Armazenagem; Manuseio de materiais; Embalagem;

SUPRIMENTOS; PLANEJAMENTO; E SISTEMA DE INFORMAÇÃO:

ARMAZENAGEM:

Refere-se à administração do espaço necessário para manter estoques. · Manuseio de materiais: esta associada com a armazenagem e também apóia a manutenção de estoques. É uma atividade que diz respeito à movimentação do produto no local de estocagem.

REFERENCIAL TEÓRICO

EMBALAGEM:

É um dos objetivos da logística é movimentar bens sem danificá-los além do economicamente razoável. Bom projeto de embalagem do produto auxilia a garantir movimentação sem quebras. Além disso, dimensões adequadas de empacotamento encorajam manuseio e armazenagem eficientes.

SUPRIMENTO

É a atividade que proporciona ao produto ficar disponível, no momento exato, para ser utilizado pelo sistema logístico. É o procedimento de avaliação e da seleção das fontes de fornecimento, da definição das quantidades a serem adquiridas, da programação das compras e da forma pela qual o produto é comprado. É uma área importantíssima de apoio logístico.

PLANEJAMENTO:

Refere-se primariamente às quantidades agregadas que devem ser produzidas bem como quando, onde e por quem devem ser fabricadas. É a base que servirá de informação à programação detalhada da produção dentro da fábrica. É o evento que permitirá o cumprimento dos prazos exigidos pelo mercado.

SISTEMA DE INFORMAÇÃO:

É a função que permitirá o sucesso da ação logística dentro de uma organização para que ela possa operar eficientemente. São as informações necessárias de custo, procedimentos e desempenho essenciais para correto planejamento e controle logístico.

Portanto, uma base de dados bem estruturados, com informações importantes sobre os clientes, sobre os volumes de vendas, sobre os padrões de entregas e sobre os níveis dos estoques e das disponibilidades físicas e financeiras que servirão como base de apoio a uma administração eficiente e eficaz das atividades primárias e de apoio do sistema logístico.

A Logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, a movimentação e a armazenagem de materiais, peças e produtos acabados e,
também, seus fluxos de informações através da organização e seus canais, de
modo a poder maximizar as lucratividades presente e futura mediante atendimento dos pedidos a baixo custo e a plena satisfação do cliente (POZO, 2004).

Segundo Bertaglia (2003), o objetivo clássico da logística é possibilitar que os produtos certos, na quantidade certa, estejam nos pontos de venda no momento certo, considerando o menor custo possível. O foco da organização é a gestão correta da cadeia de abastecimento, que pode trazer a vantagem competitiva.

O processo de globalização da economia e a criação de grandes blocos econômicos, nas últimas décadas, contribuíram para o aperfeiçoamento das técnicas de logísticas no mundo, tornando efetivas as utilizações de tempo e de
lugar como forma racional de criar valor agregado às transações de mercado. Tem sido pelas inovações nas práticas logísticas que as empresas de qualquer categoria estão obtendo e mantendo suas vantagens diferenciais competitivas no mercado.

Isto se efetiva pelos efeitos positivos que as atividades de logísticas provocam nos índices de preços, custos financeiros, produtividade, custo de energia e, em particular, na satisfação dos clientes (PEREIRA, 2002).

Sendo assim, e tomando como base os assuntos referentes ao tema desta monografia, faz necessário adentrar em tópicos mais específicos destinados aos suprimentos de materiais dos serviços do setor de saúde, assim a logística
hospitalar faz referência ao ponto e tem significativa importância para o estudo.

LOGÍSTICA HOSPITALAR

Por mais diferentes que sejam as organizações, todas utilizam materiais em
suas atividades, em maior ou menor grau. No caso dos hospitais, os materiais
desempenham um papel importante, de modo que a sua administração se tornou uma necessidade, independentemente do seu porte ou tipo.

As atividades voltadas para administrar o fluxo de materiais e de informações relacionadas com esse fluxo ao longo da cadeia de suprimento constituem o que genericamente se denomina logística.

Uma cadeia de suprimento é um conjunto de unidades produtivas unidas por um fluxo de materiais e informações com o objetivo de satisfazer às necessidades de usuários ou clientes específicos.

A logística atua em todo o fluxo, desde os fornecedores de materiais até a entrega de produtos aos clientes externos à organização, incluindo a prestação de serviços pós-venda e pós-entrega, como a assistência técnica e a prestação de serviços de garantia (BARBIERI E MACHLINE, 2006).

Barbieri e Machline (2006) afirmam que a logística dos materiais assume importância crescente nas entidades de saúde.

O elevado custo da manutenção dos estoques, de um lado e, do outro, a necessidade de proporcionar um perfeito nível de atendimento aos pacientes, sem ocorrência de qualquer falta de insumos, requerem extrema proficiência por parte do gestor de materiais. Ribeiro (2005, p.01) afirma que: “[um dos maiores desafios para o administrador hospitalar está em atender adequadamente às necessidades da instituição]”.

A atividade do prestador de serviço em saúde é muito diferente na sua responsabilidade de uma atividade industrial ou comercia .

Pode-se em uma fábrica deixar de produzir algum item por falta de componente e recuperar-se o atraso da produção no dia seguinte.

Não é o que ocorre com a atividade hospitalar. O nosso “cliente” está necessitando do medicamento naquele horário, ou para aquela cirurgia imediata, ou ainda vem para atendimento emergencial que não sabemos quanto ou o que poderá ser. Barbieri e Machline (2006) ainda reforçam o pensamento de Ribeiro (2005) quando descrevem que em organizações industriais, comerciais e de serviços, é importante distinguir o suprimento da distribuição física, pois os usuários dos materiais são diferentes e possuem objetivos diferentes em relação a eles.

É indispensável para o sucesso da logística hospitalar especialmente para os
hospitais de médio e grande porte, a existência de um eficiente sistema organizacional em toda a cadeia de abastecimento hospitalar que é composta por planejamento de materiais, almoxarifado, recebimento, compras, farmácia e
suprimentos do centro cirúrgico.

Por sua vez, as práticas logísticas para que os objetivos da atividade médico-hospitalar sejam alcançados devem estar apoiadas em estratégias que colaborem para que as metas dessas empresas de saúde sejam alcançadas (PEREIRA, 2002).

A qualidade dos serviços de uma organização se relaciona de modo muito intenso com a qualidade da administração de materiais, pois para que um serviço seja bem feito é necessário que o material certo esteja disponível no momento em que for necessário.

O que todas as organizações de serviço oferecem aos seus clientes é um conjunto de bens tangíveis e intangíveis em diferentes proporções, formando um pacote que a moderna administração denomina pacote produto-serviço.

Nos hospitais, esse pacote é formado pelos serviços médicos e correlatos e pelos bens materiais, ou seja, pelos bens patrimoniais (instalações, equipamentos e outros presentes no local e no prédio onde os serviços são prestados) e os bens materiais que dão suporte aos serviços.

A importância dos materiais que compõem um pacote produto-serviço não se mede apenas pelo seu valor econômico, embora no caso dos hospitais esse valor seja significativo (BARBIERI E MACHLINE, 2006).

Na realização dos serviços, de modo geral, há uma fase em que os prestadores do serviço e os usuários do serviço estão em estreito contato.

Se o material necessário para apoiar as atividades dos prestadores do serviço não estiver presente ou não for suficiente ou adequado a essas atividades, o serviço como um todo ficará comprometido. Barbieri e Machline (2006, p.06) esclarecem que num hospital, as principais atividades típicas de suprimento podem ser agrupadas formando famílias de atividades com objetivos comuns e inter-relacionadas.

São elas: seleção de materiais; gestão de estoques; compras ou aquisições e armazenagem. · Seleção de materiais, envolvendo atividades de especificação de materiais, padronização e definição de critérios para adotar novos materiais e substituir os que estão sendo usados. O objetivo dessas atividades é responder à seguinte pergunta: quais materiais devem ser utilizados pela organização?


GESTÃO DE ESTOQUES,

Coloca-se entre as principais atividades a realização de previsões da demanda e a montagem e operação de sistemas de reposição de estoques. Após ter definido os materiais que a organização pretende utilizar, as atividades dessa família procuram responder às seguintes perguntas: quanto e quando comprar?


COMPRAS OU AQUISIÇÕES

Nessa família, encontram-se as atividades voltadas para selecionar, avaliar e desenvolver fornecedores, negociar com eles, acompanhar as compras etc. Procuram responder às seguintes questões: como e de quem comprar?

ARMAZENAGEM

cujas atividades básicas são recebimento, guarda preservação, segurança e distribuição aos usuários internos. Essas atividades respondem às questões: onde localizar os materiais estocados, como estocá-los e como entregá-los aos solicitantes?

Os materiais encontram-se em todos os momentos das atividades hospitalares, desempenhando, portanto, funções essenciais independentemente dos seus valores monetários.

Desse modo, a importância dos materiais nas atividades hospitalares e de saúde não se mede apenas pelo seu valor econômico, mas pela sua essencialidade à prestação dos serviços a que dão suporte.

Uma gestão eficiente dos recursos materiais pode dar uma contribuição importante para melhorar os serviços hospitalares, na mesma medida em que reduz os custos desses recursos ao mesmo tempo em que promove uma melhoria dos serviços prestados, ou seja, atender os clientes com qualidade e menor custo envolvido com os materiais (BARBIERI E MACHLINE, 2006).

A presente monografia estuda a administração de suprimentos de materiais, estes aplicados aos serviços de saúde, como já citados. Vale ressaltar que a veemência da mesma é aborda o estudo dos materiais com maior intensificação.


FONTE : MONOGRAFIA DE :  Luciana Pereira de Souza, Administração de Suprimentos de Materiais dos Serviços de Saúde Hospitalar: Um caso na cidade de Paulo Afonso-Ba, Paulo Afonso – Ba junho / 2009, Faculdade Sete de Setembro – FASETE, Curso de Bacharelado em Administração com Habilitação em Marketing

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