TECNOLOGIA FARMACÊUTICA HOSPITALAR
SUSPENSÕES
São formas
farmacêuticas líquidas constituídas de duas fases: uma interna sólida
(descontinua ou dispersa) e outra externa, líquida (contínua ou dispersante).
A fase
dispersa é insolúvel na fase liquida, mas, através de agitação podem ser
facilmente suspensas.
Um detalhe
importante é que a fase interna não atravessa o papel de filtro, e por este
motivo as suspensões não podem ser filtradas, como ocorre nas soluções.
Destinam-se
as vias oral, tópica e parenteral, sendo que, as partículas da via parenteral
são menores que as vias orais e tópicas (cerca de 100nm).
Algumas
suspensões orais já vêm prontas para o uso, ou seja, já estão devidamente
dispersas num veículo líquido com ou sem estabilizantes e outros aditivos
farmacêuticos.
Outras
preparações estão disponíveis para o uso na forma de pó seco, destinado a ser
misturado com veículos líquidos.
Este tipo
de produto geralmente é uma mistura de pós que contem fármacos, agentes
suspensores e conservantes.
Este
mistura ao ser diluído e agitada com uma quantidade especifica de veiculo
(geralmente água purificada), forma uma suspensão apropriada para a
administração, chamada de suspensão extemporânea.
Esta forma
em pó é ideal para veicular fármacos instáveis em meio liquido (ex.:
antibióticos betalactâmicos). Deve ter a seguinte palavra: AGITE ANTES DE USAR.
CARACTERÍSTICAS
1.
Ideal para veicular P.A insolúveis/instáveis
na forma líquida; Ideal para pacientes que não conseguem deglutir comprimidos
e/ou cápsulas;
2.
Realça menos o odor e sabor de certos
fármacos;
3.
Aumento de estabilidade química quando
comparadas às soluções.
4.
Por estar dispersa e não solubilizada, o
fármaco está mais protegido da rápida degradação ocasionada pela presença da
água;
5.
Baixa estabilidade física;
6.
Menor uniformidade da dose;
7.
Menor velocidade de absorção, se comparada às
soluções;
8.
É termodinamicamente instável, isto é, as
partículas dispersas em razão de sua grande área de superfície possuem grande
energia livre, e por isso tendem a agrupar-se de modo a formar flocos,
dificultando a absorção.
FATORES QUE DEVEM SER CONSIDERADOS
São muitos
os fatores que devem ser considerados no desenvolvimento e na preparaçõa de uma
adequada suspensão, além das estabilidades química, física e microbiológica, as
características desejadas para suspensões em geral são:
1.
Sedimentação lenta o - Uma boa suspensão deve
sedimentar-se lentamente;
2.
Fácil redispersão o Deve voltar a dispersar
facilmente com agitação suave do recipiente
3.
Escoamento adequada o A suspensão deve escoar
com rapidez e uniformidade do recipiente. o Quanto mais viscosas, mais estáveis
serão as suspensões. Porem o excesso de viscosidade compromete o aspecto e a
retirada do medicamento do frasco. A suspensão deve escoar co rapidez e
uniformidade do recipiente.
4. Tamanho das partículas adequado o O tamanho das partículas pode variar dependendo do tempo de absorção desejado, sendo que quanto menor a partícula mais absorvível ela será. Contudo, produtos de uso oftálmico ou tópico devem ser micronizados para evitar irritação.
4. Tamanho das partículas adequado o O tamanho das partículas pode variar dependendo do tempo de absorção desejado, sendo que quanto menor a partícula mais absorvível ela será. Contudo, produtos de uso oftálmico ou tópico devem ser micronizados para evitar irritação.
5.
A lei de Stoke fornece informações sobre
quais parâmetros influenciam na sedimentação de partículas em uma suspensão,
informações estas úteis na farmacotécnica para controlar e retardar a
velocidade de sedimentação.
LEI DE STOKES
|
|
dx/dt =
2.g.r².(d¹ - d²)
|
onde:
dx/dt= velocidade de sedimentação; g = aceleração da gravidade r = raio da
partícula;. n= viscosidade do meio (d¹- d²) = diferença de densidade entre a
partícula¹ e o meio²;
Portanto,
com base na equação acima se pode inferir que as dispersões grosseiras e finas
apresentam em geral maior tendência sedimentação que suspensões coloidais.
Os
aspectos reológicos da fase dispergente são igualmente críticos na velocidade
de separação de fases de uma suspensão ou emulsão. Segundo a Equação de Stokes,
o aumento da viscosidade (η) pode reduzir a velocidade de sedimentação, sendo
um dos recursos mais empregados para estabilizar suspensões.
Entretanto,
existem limitações referentes à redispersibilidade e ao tempo de escoamento,
tais como: aumento da dificuldade no escoamento para enchimento (envase) e
administração (oral ou IM); inviabilização da passagem pelas agulhas
(injetáveis IM); dificuldade no espalhamento adequado (tópicos).
No que diz
respeito à densidade da fase interna, as suspensões ( > densidade que o
veículo) tendem à sedimentação, enquanto as emulsões (< densidade que o
veículo) tendem à flutuação. Igualmente, segundo a Lei de Stokes, quanto maior
a diferença entre densidade da partícula dispersa e veículo dispergente, maior
será a velocidade de sedimentação
Em
sistemas dispersos, em que as fases dispersas e dispergentes apresentam
afinidade muito baixa, ou mesmo repulsão, a molhabilidade da partícula será
baixa, podendo inclusive ocorrer adsorção de gases, os quais tendem a deixar as
partículas menos densas, provocando, inclusive, a flutuação.
Uma
suspensão é um sistema incompatível, que para ser feito necessita ter uma boa
relação do material a suspender com o meio. Tendo afinidade entre o líquido e o
sólido, ocorre a formação de um filme na superfície do sólido. Dependendo desta
afinidade, pode formar-se um ângulo de contato entre o líquido e o sólido.
Quanto maior o ângulo, mais dificuldade em obter uma suspensão
Assim
sendo, quanto maior a molhabilidade em um solvente polar como a água, maior
será o deslocamento de gás adsorvido nesta partícula, já que o ar é composto
basicamente por moléculas apolares (ex. O2, N2, CO2, Ar). Entretanto, se a
afinidade pelos gases adsorvidos na superfície da partícula for grande (repelir
água) esta irá flutuar.
Este
fenômeno, também relacionado a tensões interfaciais, pode ser definido de
acordo com ângulo de contato da partícula com o veículo, que pode ser:
v De zero
grau: totalmente molhável;
v De 180 º :
totalmente não molhável;
v Entre 0 e
180o : molhabilidade intermediária.
Este
fenômeno pode ser definido de acordo com o ângulo de contato da partícula com o
veiculo, ou seja, ao se adicionar um sólido num líquido:
v Líquido
espalha-se sobre o sólido (de 0°) o Molhabilidade total.
v Liquido
não molha o sólido (de 180°) o Molhabilidade nula, ou totalmente não molhável.
v Liquido
espalha-se parcialmente sobre o sólido (entre 0° e 180°) o Molhabilidade
intermediária.
Nestes
casos, a molhabilidade também pode ser aumentada com a adição de tensoativos,
macromoléculas muito hidrofílicas (CMC e gomas) ou ainda substâncias hidrófilas
inorgânicas insolúveis (bentonita, Veegum®, hidróxido de alumínio e Aerosil®).
A adição
desses componentes, de modo geral, tende a aumentar a área de contato sólido
líquido.
AGENTES MOLHANTES
Diminuem o
ângulo de contato sólido-ar e aumenta o ângulo de contato sólido-líquido. Ex:
tensoativos, macromoléculas muito hidrofílicas (CMC e gomas), sais de alumínio,
veegum, MYRJ, etc.
Veja o exemplo:
As
partículas dispersas (fase interna) tendem a se depositar (sedimentar) com ação
da gravidade, processo que pode ocorrer de forma isolada ou aglomerada. Alguns
fatores favorecem a deposição mais lenta:
1. <
Tamanho das partículas;
2. <
Densidade das partículas dispersas;
3. >
viscosidade da fase dispersante;
AGENTE SUSPENSOR
1. O
agente suspensor aumenta a viscosidade da fase externa da suspensão, retardando
a floculação e reduzindo a velocidade de sedimentação.
2. Eles
formam uma película em volta da película, como se estivesse protegendo uma
partícula da outra;
3.
Retardam a floculação e reduzem a velocidade de sedimentação do material
suspenso;
4. Na
escolha do agente suspensor, deve-se considerar o pH do meio, a via de
administração, a estabilidade e a incompatibilidade com os componentes da
suspensão;
As funções do agente suspensor são:
1.
Manter as partículas insolúveis em suspensão;
2.
Evitar a flutuação, facilitando a penetração
do líquido no pó (tensoativos, CMC, goma arábica e veegum) Aumentam a
viscosidade da fase líquida;
3.
Permite a redispersibilidade, facilitando a
ressuspensão das partículas.
Os tipos de agentes suspensores são:
1.
Goma-arábica: de 5% a 15%
2.
Goma adragante: 1% para via oral e 2% para
uso externo;
3.
Metilcelulose, CMC, carbopol 940 e veegum: de
1,5% a 3%
REDISPERSIBILIDADE
A
sedimentação de forma aglomerada, embora em geral seja mais rápida, leva à
formação de sedimento floculado, o qual é facilmente redispersível.
Já a
sedimentação de forma isolada leva à formação de sedimentos compactos muitas
vezes irredispersíveis, devendo, portanto, ser evitada.
Para
entender os processos de sedimentação devem-se compreender quais os tipos de
interações interpartículas envolvidos.
Em resumo:
A sedimentação pode ser de dois modos: REVERSÍVEL (forma aglomerada) e
IRREVERSÍVEL (forma isolada). No primeiro ocorre a ressuspensão, já no segundo,
não se consegue ressuspender.
OBSERVAÇÕES
A floculação
é um processo no qual as partículas dispersas, se agrupam formando aglomerados
frouxos;
Os agentes
umectantes são acrescidos nas formulações de suspensões com o objetivo de
auxiliar a dispersão do fármaco;
Os
conservantes previnem o crescimento de fungos e bactérias na preparação. De
preferência devem ser adicionados na fase oleosa, uma vez que esta fase é a
mais susceptível à contaminação microbiana;
A Levigação
é o processo de redução do tamanho de partículas sólidas por trituração em um
gral ou espatulação, utilizando uma pequena quantidade de um líquido ou de uma
base fundida na qual o sólido é solúvel;
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
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3.
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VILLANOVA, J.C.O.; SA, V.R. Excipientes: guia
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