MANUAL DE NORMAS E PROCEDIMENTOS
DA
ATIVIDADE DE FARMÁCIA
RIO
DE JANEIRO - 2012
DIRETORA MÉDICA
UPA 24 HORAS TERESÓPOLIS
DRA, JULIANA DE
OLIVEIRA WILKEN
CAPÍTULO I
PLANEJAMENTO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
APRESENTAÇÃO
A
Assistência Farmacêutica vem, a cada dia, crescendo de importância como um dos
principais pilares na construção de um sistema de saúde voltado para a garantia
da qualidade do atendimento prestado, alicerçado em critérios de equidade e
universalidade.
Mesmo
após o Ministério da Saúde ter publicado o documento que estabelece as bases de
uma Política de Medicamentos e Assistência Farmacêutica para o país, que teve
como consequência a atualização da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) e posteriormente a elaboração do Formulário Terapêutico Nacional (FTN)
não existe a garantia de implementação de todas as diretrizes apontadas na
Política de Medicamentos e de Assistência Farmacêutica, em função da
complexidade do sistema de saúde deste país continente e das diferenças
regionais existentes apesar dos esforços desenvolvidos por todos os níveis
governamentais.
O
sonho de vermos, um dia, as intenções convertidas em realidade, passa por
investimentos estruturais, qualificação e quantificação adequada de recursos
humanos, estabelecimento de programas de qualidade e suficiente dotação
orçamentária.
Desta
forma, torna-se claro a necessidade do planejamento e desenvolvimento de
sistemas de gestão na área da saúde que confiram especial destaque à atividade
de farmácia, dada sua importância, tanto no que se refere à qualidade do
atendimento quanto à economicidade do setor.
A
consecução de tais objetivos, no entanto, passa previamente pelo
desenvolvimento de instrumentos normativos que disciplinem o funcionamento da
atividade de Farmácia em todos os níveis assistenciais, o que motivou a
elaboração deste Manual de Normas e Procedimentos para a Atividade de Farmácia
da UPA 24 Hs de Teresópolis em sua versão preliminar.
A
montagem e organização da presente versão deste manual têm como meta
inicializar discussões sobre a atividade de Farmácia, nesta Unidade de Saúde,
de forma a permitir a todos os profissionais envolvidos com a referida
atividade que contribuam com sugestões para a elaboração de uma versão final
que espelhe a realidade da atividade nesta Unidade de Pronto Atendimento.
1 –
Introdução
2 –
Objetivos
3 –
Requisitos Básicos
4 –
Como Planejar?
1) INTRODUÇÂO
Para o alcance de bons resultados
em qualquer atividade é preciso estabelecer objetivos claros, identificar onde e
como estamos aonde pretendemos chegar. Quem não planeja suas ações e atividades
não sabe agir estrategicamente, não está gerenciando, está apenas “fazendo coisas”.
Só a partir de uma análise situacional, de uma referência de partida, pode-se intervir
na realidade e avançar para processos de melhoria.
É preciso romper a rotina gerencial
consumida na lógica imediatista, de atendimento de demanda espontânea, de se tentar
resolver uma quantidade infindável de problemas emergenciais, sem avaliar prioridades.
É preciso trabalhar com planejamento, metas definidas, com acompanhamento e avaliação
sistemática das ações desenvolvidas, além de assumir responsabilidades com resultados.
O planejamento é um processo
sistematizado, dinâmico, contínuo, racional, participativo, realista, pragmático,
de se conhecer e intervir na realidade local, para o alcance de uma situação desejada.
O produto do planejamento é o plano de ação, que, de forma simplificada, pode-se
dizer que é um documento elaborado a partir da identificação de problemas, para
os quais, elaboram-se objetivos, ações/atividades com o fim de resolvê-los, em conformidade
com um cronograma de execução, que responda as seguintes questões: como, quem, quando
e quanto.
2) OBJETIVOS
- Possibilitar uma visão ampliada e
melhor conhecimento dos problemas internos e externos.
- Evitar o improviso e o imediatismo
da rotina.
- Comprometer o gerenciamento para objetivos
e resultados.
- Proporcionar eficiência, eficácia
e efetividade nas ações programadas.
- Possibilitar o controle, o aperfeiçoamento
contínuo, a avaliação permanente das ações e resultados alcançados.
- Estabelecer prioridades.
3) REQUISITOS BÁSICOS
A atividade de planejamento
exige recursos humanos com conhecimentos, habilidades e técnicas em planejamento,
capacidade de articulação, determinação, compromisso e força de vontade para mudar
e transformar a realidade dos fatos, além de conhecimento do contexto interno e
externo, processos metodológicos e direcionamento estratégico. Os principais fatores
que interferem no planejamento são: político, qualificação da equipe, habilidades
gerenciais, motivação e comprometimento com o trabalho.
4) COMO PLANEJAR
Não existe forma padrão, modelo
ou métodos certos ou errados. Há várias formas e métodos. Deve-se utilizar aquele
mais adequado a sua realidade e o mais prático. O planejamento se inicia por meio
da realização de diagnóstico, cuja finalidade é conhecer a situação atual da instituição/setor/atividade,
dentro de um contexto macro, além de identificar os fatores que interferem no desempenho
da entidade.
4.1) DIAGNÓSTICO/ ANÁLISE SITUACIONAL
O propósito de uma análise
situacional é proporcionar um ponto de referência para planejar as ações e definir
as prioridades das ações a serem desenvolvidas. É a fase inicial de todo o processo,
cuja finalidade é identificar o desempenho atual e as perspectivas futuras da área,
buscando responder algumas questões.
4,2) ASPECTOS QUE DEVEM SER
CONTEMPLADOS NA ELABORAÇÃO DO DIAGNÓSTICO:
4.2.1) Estrutura organizacional – níveis hierárquicos, competências, normas e procedimentos existentes.
4.2.2) Análise de situação
de saúde – são processos que devem ser efetuados continuamente, para medir,
caracterizar, explicar, avaliar o processo saúde-doença. Identificar o perfil de
morbimortalidade e as doenças mais prevalentes por faixa etária e sexo, além dos
hábitos e costumes da população.
4.2.3) Análise do sistema de
saúde – permite conhecer o funcionamento da rede de saúde, necessidades locais,
capacidade instalada, oferta e demanda de serviços, estrutura física, equipamentos,
profissionais disponíveis, forma de organização da atenção à saúde (básica, média
e alta complexidade), produção, resultados em termos de acesso etc.
4.3) PROCEDIMENTO
- Definir os objetivos da análise –
o que se deseja verificar.
- Identificar as fontes de informação
(Planejamento, Plano de Saúde, Epidemiologia etc.) e/ou programar a busca e coleta das informações,
quando não disponíveis.
- Indicadores de saúde para avaliar
o que se deseja aferir.
4,4) ORGANIZAÇÃO DA REDE LOCAL
DE SAÚDE.
Descrever os estabelecimentos
(públicos e privados) e distribuição geográfica e acessibilidade, número de estabelecimentos
(públicos e privados), número de unidades de saúde por nível de atenção à saúde,
oferta de serviços, capacidade instalada, sistema de referência e contra-referência,
número de equipes de PSF, demandas e produção de serviços (média mensal da cobertura
assistencial).
4.5) ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO
À SAÚDE
4.5.1) Níveis de Atenção
Compreendem ações e serviços
de promoção, prevenção, reabilitação e tratamento. No SUS, esses cuidados estão
ordenados, por níveis de atenção, de acordo com o grau de complexidade de cuidados:
v
Atenção Básica/Primária
Número de unidades de saúde.
Por exemplo, o estado/município conta com mil unidades de saúde e/ou postos, ou
centros de saúde; 600 equipes de saúde da família e 100 agentes comunitários de
saúde.
v Atenção Básica à Saúde
Constitui o primeiro nível
de atenção à saúde. Primeiro contato com o Sistema de Saúde.
v
Sistema de Saúde. Compreende um conjunto de ações e serviços de clínica médica, pediátrica,
ginecologia, obstetrícia, e encaminhamentos para os demais níveis. A estratégia
da organização da Atenção Básica é o PSF, A responsabilidade da oferta de serviços
é da gestão municipal. O financiamento é responsabilidade dos três níveis de governo.
v
Atenção secundária/média complexidade – unidades de referências especializadas para atendimento à atenção
secundária. Por exemplo, o estado/município possui 120 policlínicas; 100 unidades
ambulatoriais de referência em: Diabetes, Hipertensão, Neurologia; 20 centros de
reabilitação, clínicas especializadas em: clínica cirúrgica, clínica médica; oito
prontos-socorros; 10 pequenas cirurgias etc.
v
Média complexidade – trata-se de ações e serviços
especializados que visam atender aos principais problemas de saúde e agravos da
população.
v
Atenção terciária/alta complexidade – número de hospitais. Por exemplo, o estado/município conta com cinco
hospitais de referências: Saúde Mental; doenças tropicais; maternidade; hospital
geral etc.
v
Alta complexidade – conjunto de procedimentos,
que no contexto do SUS, envolve alta tecnologia e custos. Objetiva propiciar o acesso
da população aos serviços qualificados, integrando-os aos demais níveis de atenção
à Saúde. Por exemplo: Pacientes renais crônicos, transplantados, cujos procedimentos
encontram-se, em sua maioria, no Sistema de Informação Hospitalar (SIH/SUS), e Sistema
de Informação Ambulatorial (SIA/SUS), em pequena quantidade, mas com impacto financeiro
elevado.
v
Serviços/programas de saúde – agentes comunitários; PSF; Saúde Mental; Saúde da Mulher; Hipertensão;
Diabetes; Oncologia etc.
v
Ações especializadas em saúde – ex: planejamento familiar.
v
Ações diversas – ex: educação em saúde, promoção
à saúde.
4.6) RECURSOS FINANCEIROS
Identificar os recursos orçamentários
e disponíveis para a Saúde e Assistência Farmacêutica (AF) para definição de prioridades,
considerando todas as fontes: federal, estadual e municipal:
- Porcentual do orçamento destinado
à saúde.
- Distribuição orçamentária por área
de atividade na saúde.
- Fontes de financiamento para a AF
e orçamento específico.
- Quantitativos de medicamentos que
podem ser adquiridos/ano; gasto previsto total para aquisição de medicamentos, gasto por clínica
médica, programa etc.
4.7) RECURSOS HUMANOS
Quantificação e análise da
suficiência por categoria profissional, número de profissionais, total geral dos
trabalhadores (profissionais de nível superior, farmacêuticos, pessoal administrativo),
integração dos serviços de saúde com AF.
4.8) CAPÍTULOS DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
DO PLANO DE SAÚDE
É resultante de um processo
de planejamento, instrumento fundamental de gestão, que expressa às intenções do
gestor em determinado período de tempo. Deve ser elaborado de forma participativa
e integrado com todas as áreas envolvidas com a AF. Deve ser flexível e adaptável
às mudanças requeridas do contexto da realidade local.
4.8.1) Importância
- Possibilitar a comunicação das ações,
o gerenciamento dos processos de trabalho, propostas para melhoria das ações.
- Reestruturar os processos de trabalho,
monitorar e avaliar as ações.
- Fortalecer o desenvolvimento da capacidade
técnica e operacional da equipe.
4.8.2) Critérios para elaboração
- Consonância com as diretrizes e metas
do governo, em relação à saúde e compromissos assumidos no pacto de gestão.
- O planejamento deve ser realizado
para o período de quatro anos, com revisões anuais.
- Deve fazer parte do plano estadual
ou municipal de saúde, como forma de fortalecer a AF e inserir suas ações em
todos os espaços do SUS, tendo em vista a sua função principal de suporte às
ações de saúde.
- Deve ser aprovado pelo Conselho de
Saúde.
- Os capítulos Assistência Farmacêutica
dos planos municipais de saúde devem ser encaminhados às secretarias estaduais
para subsidiarem a elaboração dos Capítulos Assistência Farmacêutica dos Planos
Estaduais de Saúde.
- Os Capítulos Assistência Farmacêutica
dos Planos Estaduais de Saúde devem ser encaminhados ao Departamento de Assistência
Farmacêutica e Insumos Estratégicos, de acordo com prazos estabelecidos.
4.9) PLANEJAMENTO DA ASSISTÊNCIA
FARMACÊUTICA
Existem várias formas de se
planejar, com formatos, métodos e informações a serem inseridas. Para construção
do Capítulo Assistência Farmacêutica do Plano de Saúde é necessário que o processo
seja precedido de diagnóstico, para possibilitar conhecimento da realidade na qual
se deseja intervir, por meio da elaboração de objetivos claros, precisos, de acordo
com prioridades e metas estabelecidas, além da definição de mecanismos de monitoramento
e avaliação.
Após o diagnóstico da AF, definem-se
os objetivos, as metas programadas, as atividades para se atingir as metas estabelecidas,
o cronograma de execução e indicadores de acompanhamento e avaliação.
O planejamento se inicia com
a análise situacional, cuja finalidade é identificar a situação-problema ou situação
indesejada, que deve ser alvo de intervenção, de acordo com as prioridades estabelecidas.
Este é o diagnóstico.
Após a identificação do problema,
faz-se uma intervenção para solucioná-lo. Definem-se os resultados que se pretende
alcançar. Essa intervenção ou necessidade de mudança chamamos de objetivo.
Estabelecer a meta: o quanto
se pretende alcançar ao longo do tempo. Ou seja, é a quantificação do objetivo.
Para o alcance das metas programadas,
há necessidade da realização de um conjunto de ações/atividades e recursos (humanos,
materiais e financeiros), necessários para intervenção. Ou seja, é necessário um
cronograma de execução das atividades.
A realização das atividades
levará ou não aos resultados esperados. Deve-se, portanto, estabelecer instrumentos
para avaliar o quanto avançamos no alcance dos resultados estabelecidos, após a
intervenção (isto é a avaliação). Quando a avaliação apresenta os resultados desejados,
significa que o problema que deu origem ao processo de planejamento foi resolvido,
transformando a situação-problema em situação desejada.
4.10) EFICÁCIA DO CAPÍTULO
ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA DO PLANO DE SAÚDE
Para efetividade do Capítulo,
alguns requisitos são necessários:
- Qualificação técnica da equipe em
monitoramento e avaliação de serviços.
- Sistema de informação eficiente, para
acompanhamento das metas estabelecidas, além de outras ferramentas de gestão.
- Articulação entre os três níveis de
governo, para implementação das ações, viabilidade de projetos e capacitação e desenvolvimento
de recursos humanos, entre outras ações.
4.11) MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO
Monitorar e avaliar a execução
de um planejamento é comparar o desempenho efetivo do que foi planejado, passo a
passo, corrigindo eventuais desvios, e visualizar mudanças. Esta é a razão principal
porque um plano deve ser formalizado. Objetiva apreender em que medida as metas
estão sendo alcançadas, a que custo e reorientar o curso das ações e atividades
programadas.
Devem ser elaborados instrumentos
e indicadores de avaliação de acordo com a relevância do que se pretende avaliar.
a) Instrumentos de acompanhamento
e avaliação:
- Relatório Gerencial.
- Instrumentos e indicadores de avaliação.
b) Aspectos importantes a serem
monitorados/avaliados:
- Aplicação dos recursos físico-financeiro.
- Cumprimento das metas estabelecidas.
FONTE
MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria
de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos Departamento de Assistência Farmacêutica
e Insumos Estratégica ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA ATENÇÃO BÁSICA INSTRUÇÕES TÉCNICAS
PARA SUA ORGANIZAÇÃO 2ª edição Série A. Normas e Manuais Técnicos Brasília – DF
2006 Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: http://www.saude.gov.br/bvs
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OUTRAS CONSULTAS
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