SELEÇÃO E PROGRAMAÇÃO DE MEDICAMENTOS OPAS
- PARTE 2
Texto
extraído do livro: Assistência Farmacêutica para gerentes municipais – OPAS
RECURSOS NECESSÁRIOS
Qualquer
que seja a natureza da instituição, somente se produzem bens e serviços
mediante a transformação de recursos humanos, materiais e financeiros. Tais
recursos são sempre escassos em relação às necessidades globais
independentemente do país ou instituição considerada, impondo-nos o desafio de
empregá-los racionalmente e com a máxima eficiência.
Ao
analisarmos a complexidade e importância da atividade de seleção de
medicamentos, uma primeira pergunta sempre é colocada: ‘Quanto custa
implementar um projeto como esse?’ Surpreendentemente, a resposta é: ‘muito
pouco’. Principalmente quando se comparam os custos com os resultados a serem
alcançados, concluindo-se que apresenta uma excelente relação custo-benefício e
custo-efetividade.
Os
‘recursos humanos’ da CFT devem pertencer ao próprio quadro de pessoal da
instituição. Caso não haja profissionais em número suficiente ou devidamente
qualificados, pode ser solicitada uma cooperação técnica com o Estado e, no
caso deste, com o Ministério da Saúde e instituições como a Organização
Pan-Americana da Saúde (Opas) e/ou universidades. Em algumas situações mais
específicas, onde houver estrita necessidade e condições, pode-se contratar uma
consultoria especializada.
Quanto aos
‘recursos materiais’, são necessários: microcomputador, impressora, arquivos,
material administrativo, acesso à Internet e ao referencial bibliográfico. Na
maioria dos casos, otimizam-se os recursos já existentes e são estabelecidas
parcerias com alguma instituição de ensino e pesquisa para viabilizar o acesso
gratuito à bibliografia necessária, como as universidades, faculdades e Centros
de Informação sobre Medicamentos.
No tocante
aos ‘recursos financeiros’, salvo alguma gratificação/incentivo adicional aos
membros da CFT ou a contratação de consultoria especializada no assunto, o
dispêndio de recursos refere-se à aquisição de alguns materiais de consumo, à
publicação e divulgação da RME e do Formulário Terapêutico, assim como à
realização de reuniões, oficinas, seminários, dentre outros.
Assim, ao
considerarmos que os medicamentos comprometem uma grande parte dos recursos
destinados ao setor saúde, sendo um de seus maiores patrimônios, todas as
medidas que melhorem a eficiência no seu gerenciamento e utilização tenderão a
produzir grandes ganhos econômicos. Mais vantajosas são as medidas que, a um
baixo custo, proporcionam também significativos ganhos terapêuticos, como é o
caso da seleção de medicamentos e a elaboração do Formulário Terapêutico.
AVALIAÇÃO
Toda
atividade desenvolvida necessita ser avaliada e monitorada, objetivando-se
verificar sua eficiência e o grau de efetividade alcançado, além das correções
a serem adotadas. Essa avaliação pode ser realizada através da análise da
estrutura, do processo de implementação e dos resultados obtidos. No caso
específico da seleção de medicamentos, recomenda-se a avaliação de maneira
periódica, tendo em vista seu caráter dinâmico.
Para
avaliar o processo, a Opas/OMS sugere o uso de alguns indicadores importantes.
Com base nos atributos relevantes para um indicador – clareza, utilidade,
mensurabilidade, confiabilidade, validade e importância – destacamos alguns que
permitem verificar como esta atividade foi e está sendo implementada na
instituição.
FUNÇÕES DA CFT
1. Elaborar
e atualizar periodicamente a RME da instituição.
2. Elaborar
e atualizar periodicamente o Formulário Terapêutico da instituição, assim como as
instruções e normas para sua aplicação.
3. Fixar os
critérios nos quais se baseará a instituição para a obtenção de medicamentos
que não tenham sido selecionados para uso regular, ou seja, que não integram a
RME.
4. Validar
protocolos de tratamentos elaborados pelos diferentes serviços clínicos da
instituição.
5. Fomentar
a investigação sobre utilização de medicamentos e utilizar seus resultados como
subsídios para o desenvolvimento de suas outras funções.
6. Fomentar
e participar de atividades de educação continuada em terapêutica, dirigida à
equipe de
saúde.
7.
Assessorar todas as atividades relacionadas com a promoção do uso racional de
medicamentos
na instituição.
8. Propor
política de dispensação na instituição.
DADOS QUE DEVEM CONSTAR DE UM
FORMULÁRIO DE SOLICITAÇÃO DE ATUALIZAÇÃO DA RME
1.
Indicação do tipo de mudança proposta: inclusão ou exclusão do medicamento.
2. Nome
genérico e comercial, nesse caso, com indicação da formulação do produto e
laboratório(s) que o produz(em) e sua forma(s) de apresentação.
3.
Indicações sobre a utilização do medicamento, incluindo doses e duração do
tratamento.
4. Dados
epidemiológicos da patologia em questão.
5.
Indicação referente a precauções, contra-indicações, interações e toxicidade
relacionadas com o uso do medicamento.
6.
Indicações da categoria terapêutica a que corresponde o produto.
7. De
maneira geral, não se aceitam como bibliografia o material promocional do
produto nem publicações patrocinadas por laboratórios nacionais ou estrangeiros
fabricantes de medicamentos. Deve-se promover a apresentação de estudos de
investigação clínica realizadas pelo solicitante ou a documentação de
experiências, preferencialmente nacionais, se existirem.
8.
Manifestação das desvantagens terapêuticas do medicamento ou de outra natureza
cuja exclusão se propõe, se for o caso.
9.
Indicação de alternativas farmacêuticas já existentes no elenco selecionado.
10. Preço
aproximado e disponibilidade no mercado nacional do medicamento em questão e
custo do tratamento.
11.
Estimativa do consumo anual do medicamento no caso de ser aprovado e custo
desse consumo.
RENAME
A. MEDICAMENTOS DE USO GERAL (25)
A.1. ANALGÉSICOS, ANTIESPASMÓDICOS, ANTIINFLAMATÓRIOS E
ANTIGOTOSOS (25)
A.2.
ANTIALÉRGICOS E MEDICAMENTOS USADOS EM ANAFILAXIA (26)
A.3.
ANTIINFECCIOSOS DE USO GERAL (27)
A.4.
ANTIINFECCIOSOS DE USO ESPECIAL E ANTIPARASITÁRIOS (30)
A.5. NUTRIENTES
(34)
B. MEDICAMENTOS POR GRUPOS ANATÔMICOS
(35)
B.1.
CARDIOVASCULAR (35)
B.2.
DIGESTIVO (37)
B.3.
ENDÓCRINO E REPRODUTOR (38)
B.4.
HEMATOPOIÉTICO (40)
B.5.
NERVOSO CENTRAL (41)
B.6.
ORGÃOS DOS SENTIDOS (43)
B.7.
PELE E MUCOSAS (44)
B.8.
RESPIRATÓRIO (45)
C – OUTROS MEDICAMENTOS E PRODUTOS
(47)
C.1.
AGENTES DIAGNÓSTICOS (47)
C.2.
ANESTÉSICOS (47)
C.3.
ANTINEOPLÁSICOS E ADJUVANTES (49)
C.4.
IMUNOSSUPRESSORES (52)
C.5.
MEDICAMENTOS E ANTÍDOTOS PARA INTOXICAÇÕES EXÓGENAS (52)
C.6.
OUTROS PRODUTOS ESSENCIAIS (53)
C.7.
VACINAS, SOROS E IMUNOGLOBULINAS (55)
PROGRAMAÇÃO DE
MEDICAMENTOS
INTRODUÇÃO
No ciclo da
Assistência Farmacêutica, a programação representa uma outra atividade chave,
que tem por objetivo a garantia da disponibilidade dos medicamentos previamente
selecionados nas quantidades adequadas e no tempo oportuno para atender às
necessidades de uma população-alvo, por meio de um serviço ou de uma rede de
serviços de saúde, considerando-se um determinado período de tempo.
A
estimativa dessas necessidades representa um dos pontos cruciais do ciclo da
Assistência Farmacêutica por sua relação direta com o nível de acesso aos
medicamentos e com o nível de perdas desses produtos. Há várias formas de
proceder a uma estimativa técnica dessas necessidades. É o perfil de
morbi-mortalidade, no entanto, o mais importante aspecto a considerar, quando
se busca orientação na identificação de tais necessidades.
A
programação é uma atividade associada ao planejamento; sua viabilidade e factibilidade Dependem da utilização de informações
gerenciais disponíveis e fidedignas, da análise da situação local de saúde,
assim como do conhecimento sobre os medicamentos selecionados, sua indicação
precípua e sua perspectiva de emprego na população-alvo.
Programa-se
de modo a atender à demanda sanitária em medicamentos, exposta e trabalhada no
processo de seleção. Faz-se necessário dispor, ainda, de dados consistentes
sobre o consumo de medicamentos da área ou serviço, seu perfil demográfico e
epidemiológico, a oferta e demanda de serviços de saúde que apresenta, dos
recursos humanos capacitados de que dispõe, bem como da sua disponibilidade
financeira para a execução da programação.
Independentemente
do método a ser utilizado no processo, ou recursos financeiros disponíveis para
atender à demanda, a programação deve refletir a necessidade real, condição
básica para se calcular os índices de cobertura local. Somente por meio da
identificação das necessidades locais pode-se determinar a quantidade adequada
de medicamentos a serem adquiridos.
O processo
de programação deverá ser descentralizado e ascendente. Inicia-se nas unidades
e/ou centros de saúde, que remeterão suas demandas ao nível local. Este, por
sua vez, após avaliação, reunirá essas demandas e as remeterá ao nível
regional.
A rotina
ascende, da mesma forma, aos níveis estadual e federal, quando for o caso. É
importante ressaltar a obrigatoriedade da avaliação desses dados desde o nível
local, de modo que reflitam quantidades compatíveis com a demanda real. Algumas
ferramentas de avaliação, citadas adiante, poderão ser aí empregadas pelo
gestor.
De maneira
sucinta, objetivando instrumentalizar as pessoas responsáveis por esse
segmento, abordamos, neste capítulo, as etapas e procedimentos necessários para
a realização de uma programação, destacando os métodos mais utilizados, suas
vantagens, desvantagens e mecanismos que permitem acompanhar e avaliar a
programação elaborada.
OBJETIVOS
A
programação tem por finalidade que o serviço ou sistema disponha de
medicamentos apropriados e previamente selecionados, nas quantidades
necessárias, em tempo oportuno e cuidando para que se contribua à promoção do
uso racional dos medicamentos. Para tanto, deve empreender a quantificação dos
medicamentos a serem adquiridos e elencar as necessidades, priorizando-as e
compatibilizando-as com os recursos disponíveis, e ainda cuidar para evitar a
descontinuidade no abastecimento.
CRITÉRIOS
A
programação deve estar atrelada a certos critérios, dos quais não deve se
afastar, sob pena de não conseguir atingir os objetivos a que se propõe (MSH,
1997).
Em primeiro
lugar, a programação deve ser feita com base em uma lista de medicamentos
essenciais, estabelecida e consensuada na etapa de seleção. Nessa lista, os
medicamentos devem encontrar-se listados
por nome genérico, forma farmacêutica e apresentação, e elencados,
preferencialmente, pelo nível de complexidade no qual serão utilizados (por
exemplo, uso ambulatorial, uso hospitalar, uso hospitalar restrito etc.).
Cada
unidade deve possuir sua própria lista, tendo como base as listas municipais e/
ou estaduais. No Brasil, os estados, por meio das comissões estaduais de
Farmácia e Terapêutica, elaboram sua lista, tendo como base a Relação Nacional
de Medicamentos Essenciais (Rename) (Brasil, 1999), e os municípios também, a
partir do trabalho das comissões municipais, utilizam a mesma metodologia para
a elaboração das Relações Municipais, partindo da mesma fonte inicial.
A lista de
referência deve ser seguida pela elaboração de guias e de protocolos
terapêuticos, para o que se conta Formulário Terapêutico Nacional
(www.bireme.org.br). Além de sua importância na tentativa de direcionar a
terapêutica medicamentosa para o uso racional, o protocolo é um grande aliado
do gestor também na etapa da programação. A simples escolha, ainda que
adequada, dos medicamentos, não direciona os padrões esperados de utilização.
O
estabelecimento de protocolos deve conduzir a uma normalização mínima para a
utilização, orientando os patamares necessários para tratamentos médios e
individuais, e é um dado importante no momento em que se avalia a qualidade da
utilização na rede, sistema ou unidade (Osorio-de-Castro et al., 2000;
Carroll, 1999; Fuchs & Wannmacher, 1998).
É preciso
determinar a informação crítica necessária, de forma a atender aos requisitos
do método de programação a ser trabalhado. Permeando todos os tipos de métodos
de programação, no entanto, existem duas necessidades comuns. A primeira diz
respeito ao conhecimento da rede na qual está inserida a unidade ou serviço, e
a segunda, ao tipo e à qualidade dos serviços para os quais se está programando
o abastecimento de medicamentos.
É preciso
ainda, tendo em vista sempre a realidade e as condições operacionais
disponíveis, elencar as prioridades. Essa é uma tarefa nem sempre fácil, mas
que pode valer-se do instrumental de avaliação de modo a ser executada com
propriedade (Summerfield, 1995; Luiza; Osorio-de-Castro & Nunes, 1999).
A seguir,
faz-se necessário considerar a posição atual dos estoques e os fatores que
influenciarão em sua utilização, enquanto procede-se às atividades de
abastecimento. Atenção especial merece ser dada às especificações dos
medicamentos, com abordagem detalhada dos critérios; três primeiros itens devem
estar previstos desde a seleção:
v
princípio
ativo desejado (por exemplo, entre sais diferentes da mesma substância base,
ocorrência bastante comum – eritromicina estearato ou eritromicina estolato?);
v
formas
farmacêuticas (por exemplo, cápsula, comprimido, comprimido revestido ou
drágea?);
v
conteúdo
ou teor por unidade de dispensação (adequar teor às necessidades da população
atendida/condição a ser tratada);
v
apresentação
(por exemplo, no caso de uma suspensão pediátrica de antiinfecciosos, escolher
o volume necessário para um tratamento padrão completo, se possível com pouca
ou nenhuma sobra);
v
embalagens
(por exemplo, exigir embalagem secundária para formas farmacêuticas
fotossensíveis).
Uma clara
visão das disponibilidades orçamentárias e financeiras do momento e no decorrer
do período para o qual se efetiva a programação complementa os requisitos já
descritos.
Por fim,
deve-se lembrar das atividades de avaliação do processo para as quais pode-se
empregar metodologias bem estabelecidas, discutidas mais à frente.
FATORES QUE COMPROMETEM A ATIVIDADE DE
PROGRAMAÇÃO
Antes de
iniciar o processo da programação, o gerente deve empreender uma cuisadosa
avaliação, não apenas quanto à disponibilidade das informações críticas, mas
também acerca das condições que dariam suporte a esta atividade. Enumeramos a
seguir as deficiências mais importantes e também mais comuns em
redes/serviços/unidades de saúde.
FALTA DE CRITÉRIOS TÉCNICOS
A falta de
critérios pode comprometer o processo de programação. Esse problema pode
ocorrer tanto na primeira vez que se efetua a programação para um serviço ou
unidade quanto em programações sucessivas.
Ainda que
as informações a coletar sejam escassas e de difícil acesso, é importante
chegar até elas de forma criativa. É importante aderir às listas de
medicamentos essenciais. É ainda imprescindível que se empreguem métodos de
avaliação de modo a acompanhar o processo ao longo do tempo.
Programações
anteriores, que foram empreendidas com falta de critérios técnicos adequados,
não podem ser utilizadas acriticamente na elaboração de nova programação, pois
trazem distorções importantes.
CENTRALIZAÇÃO
A
programação deve ser descentralizada, para que possa retratar o mais fielmente
possível a necessidade local. É impossível para o gestor central ter uma idéia
clara das necessidades locais se não buscar dados ou recebê-los. A perpetuação
de programação centralizada pode ocasionar excessos e faltas de grande monta,
com sério impacto sobre a resolutividade dos serviços.
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GERENCIAL E
EPIDEMIOLÓGICA DEFICIENTE
Os dados de
consumo obtidos, normalmente, são aqueles relacionados à distribuição, sem que
haja avaliação da demanda real (atendida e não atendida), aos períodos de
desabastecimento, aos estoques existentes (inventário). Os registros
epidemiológicos, que normalmente poderiam corroborar as informações de consumo,
são pouco confiáveis nesse caso.
RECURSOS HUMANOS DESPREPARADOS
A baixa
capacitação técnica é um grande entrave na qualidade do processo de
programação. A carência de conhecimentos técnicos aliada à falta de atitude
pró-ativa comprometem o desempenho dessa atividade.
RECURSOS FINANCEIROS INSUFICIENTES
A limitação
dos recursos financeiros, cada vez mais escassos, tem transformado as
programações em um processo eminentemente administrativo, que acabam sendo
realizadas em função dos recursos financeiros disponíveis e não das reais
necessidades da população. Além da insuficiência no tocante à disponibilidade
financeira, a irregularidade do seu aporte compromete sobremaneira a eficiência
da execução da programação.
ETAPAS DO PROCESSO
ETAPA I
DEFINIR A
EQUIPE DE TRABALHO
ARTICULAR A
FORMAÇÃO DE GRUPO DE TRABALHO:
Envolver os
diversos setores/responsáveis da rede de saúde que tenham interface com a
Assistência Farmacêutica e, mais especificamente, com a decisão de consumo de
medicamentos, de maneira a agregar valor ao processo. Como exemplo, podemos
citar os gerentes dos Programas Estratégicos; setor de Epidemiologia, Regionais
de Saúde, gerentes das Unidades de Saúde Ambulatoriais e Hospitalares etc.
ETAPA II
ESTABELECER
NORMAS E PROCEDIMENTOS
DEFINIR:
v
metodologia
de trabalho
v
atribuições,
responsabilidades e prazos
v
instrumentos
apropriados (planilhas, formulários, instrumentos de avaliação)
v
periodicidade
e métodos
ETAPA III
LEVANTAR
DADOS E INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS AO PROCESSO
Essa etapa
depende do método a empregar, e pode envolver, dentre as informações
necessárias, as seguintes:
v
características
demográficas da população para a qual se programa
v
perfil
epidemiológico (morbi-mortalidade), para que se possa conhecer a incidência e
prevalência das doenças que acomentem a população
v
consumo
histórico de cada produto
v
demanda
real (atendida, não atendida)
v
oferta
e demanda por serviços de saúde
v
estoque
existente (inventário)
v
cobertura
assistencial por nível de atenção à saúde
v
infra-estrutura
da equipe de Assistência Farmacêutica (área física, equipamentos, materiais e
recursos humanos)
v
protocolos
terapêuticos existentes
v
custo
unitário aproximado de cada tratamento
v
disponibilidade
orçamentária e financeira
ETAPA IV
ELABORAR
PROGRAMAÇÃO
v
listar
os medicamentos necessários de acordo com a seleção já estabelecida
v
quantificar
os medicamentos em função da necessidade real
v
detalhar
as especificações para a compra
v
calcular
o custo da programação
v
definir
o cronograma de aquisição e recebimento dos produtos e as modalidades a serem
utilizadas
v
compatibilizar
as necessidades locais considerando os limites financeiros previstos para
efetuar a aquisição e as prioridades definidas pela política de saúde local
ETAPA V
ACOMPANHAR
E AVALIAR
v
definir
mecanismos de controle para acompanhamento e intervenções necessárias
FIGURA 1 – CICLO DA PROGRAMAÇÃO:
ENFOQUE SISTÊMICO
MÉTODOS PARA PROGRAMAÇÃO
Existem
vários métodos para programar medicamentos. Eles devem ser escolhidos
tendo em
vista os recursos e informações disponíveis (MSH, 1997). São eles:
I. perfil
epidemiológico;
II. oferta
de serviços;
III.
consumo histórico;
IV. consumo
ajustado.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO
Esse método
baseia-se, fundamentalmente, nos dados de incidência e prevalência dos
principais problemas de saúde que acometem uma determinada população,
considerando-se o perfil demográfico, os esquemas terapêuticos preconizados, a
capacidade instalada (oferta de serviços e estrutura oferecida à população) e a
possível ocorrência de fenômeno de sazonalidade.
O método
inicia-se com o diagnóstico situacional de saúde da população, no qual são
analisadas as enfermidades prevalentes e incidentes sobre as quais devem incorrer
as ações de intervenção sanitária que possam gerar impacto positivo no quadro
de morbi-mortalidade. Pode-se, ainda, aliar o aporte da farmacoepidemiologia
para avaliar o padrão de utilização de medicamentos de modo a aumentar a
acurácia do método.
O uso
crítico dos dados epidemiológicos é o primeiro caminho para que se possa
melhorar a qualidade do serviço de saúde. A falta de notificação de certas
doenças, o mau preenchimento de atestados de óbitos, erros de diagnósticos,
insuficiência de recursos tecnológicos para informatização plena das redes e
deficiência de pessoal são fatores que comprometem a qualidade dos registros.
A
programação por perfil epidemiológico não requer, obrigatoriamente, dados de
consumo, e é aplicável quando não se dispõe de informações acerca da utilização
de medicamentos; é também aplicável quando se planeja a instalação de novos
serviços na rede de saúde. A efetividade do método, no entanto, depende da
adesão dos prescritores aos protocolos terapêuticos consensuados.
Pode haver
risco de sub ou superestimativas se houver falta de acurácia dos dados
coletados, confiabilidade duvidosa dos registros epidemiológicos ou
desconsideração quanto à cobertura dos serviços. Se a oferta de serviços for
insuficiente, será muito difícil estimar demanda real.
PROCEDIMENTOS
OPERACIONAIS
1.
Relacionar os principais problemas de saúde por grupo de pacientes e faixa
etária.
2.
Determinar taxa de morbidade e mortalidade para grupos específicos por idade e
sexo.
3. Analisar
a ocorrência das enfermidades em função do período de tempo, incluindo a
sazonalidade. Ex.: A maior incidência de infecções respiratórias no inverno.
4.
Relacionar os medicamentos segundo a abordagem prevista no protocolo
previamente definido, tendo em conta as primeira e segunda escolhas e os
esquemas de tratamento.
5. Estimar
a quantidade de medicamentos necessária para tratar a população-alvo prevista
para adoecer por patologia: dose/dia X duração de tratamento X população alvo a
ser atendida.
6 Calcular a
quantidade a adquirir considerando o estoque existente
a - estimar
o prazo necessário para a aquisição
b - deduzir
do quantitativo o estoque que provavelmente ainda haverá na época em que serão
efetivamente entregues os medicamentos levando em consideração as validades dos
mesmos no estoque anual.
7 -
Calcular o custo estimado a partir a partir da relação dos valores médios do
mercado para compras semelhantes ( municípios , estados, unidades de saúde,
etc) em quantitativo e modalidade contrapondo-o aos valores da última compra
FIGURA 2 - PROGRAMAÇÃO PELO MÉTODO DO
PERFÍL EPIDEMIOLÓGICO
OFERTA DE SERVIÇOS
É um caso
particular de programação, em que se emprega o mesmo tipo de lógica presente no
método do perfil epidemiológico: aqui se examina basicamente a rede instalada
para tratamento de uma ou outra enfermidade e estimam-se as necessidades da
população atendida perante ela.
A oferta de
serviços depende da relação existente entre os problemas de saúde e a
disponibilidade de ofertar os serviços ou cuidados de saúde necessários
(capacidade instalada).
Portanto, é
preciso conhecer tais necessidades e serviços de saúde que são ofertados à
população, por nível de complexidade, para se programar adequadamente. Esse
método reflete somente o que foi ofertado e demandado por aquela parcela da
população que teve acesso aos serviços de saúde, não considerando possíveis
ineficiências na oferta e prestação dos serviços.
PROCEDIMENTOS
OPERACIONAIS
1. Levantar
informações sobre os registros dos atendimentos realizados nas várias unidades
da rede de saúde (centros e postos de saúde, ambulatórios, hospitais etc.).
2.
Sistematizar as informações, relacionando os diagnósticos mais comuns e a
freqüência de ocorrência de doenças por determinado período de tempo.
3.
Verificar esquemas terapêuticos.
4. Estimar
necessidades para cada caso.
5. Estimar
as necessidades totais por meio do produto do número de casos de enfermidades
atendidos por ano pelas quantidades estimadas para cada tratamento, de acordo
com os esquemas terapêuticos preconizados.
6. Estimar
as quantidades a adquirir.
7. Calcular
o custo estimado.
PROGRAMAÇÃO DE MEDICAMENTOS PARA
DIABÉTICOS EM
ATENDIMENTO EM UNIDADE DE SAÚDE ESPECÍFICA
1)
levantamento das fichas cadastrais dos pacientes hoje em tratamento (n=34);
2)
classificação dos mesmos por regime terapêutico seguido pelo prescritor;
3) cálculos
de demanda por tratamentos unitários/mês;
Classificação
A: hipoglicemiante oral Z (2 comp/dia)
Classificação
B: hipoglicemiante oral Z (2 comp/dia)+ hipoglicemiante oral W
(3
comp/dia)
Classificação
C: insulina Y (3 frascos mês)
4) multiplicação
pelo número estimado de tratamentos em cada classe para o período
24
pacientes em A 2 x 24 = 48/mês de Z
4 em B
- 4 x 2 = 8/mês de Z
4 x 3 =
12/mês de W
6 pacientes
em C - 6 x 3 = 18 frascos/mês de
insulina Y
DEMANDA
ESTIMADA
total de Z
- 48 + 8 = 56/mês ou
672/ano
total de
W 12/mês ou 144/ano
total de
insulina Y 18 frascos/mês ou 216/ano
Como no
caso anterior, os estoques existentes devem ser considerados.
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