quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

FARMACOTÉCNICA HOSPITALAR PARTE 2

FARMACOTÉCNICA HOSPITALAR PARTE 2



CONCEITOS IMPORTANTES EM FARMACOTÉCNICA

F.S.A. - FAÇA SEGUNDO A ARTE - FIAT SEUMDEM ARTEM

Faça Segundo a Arte nestas três letras está a síntese da manipulação farmacêutica e a arte e a ciência de manipular medicamentos para pacientes com necessidades especiais.

FORMAS FARMACÊUTICAS (F.F).

É a forma na qual o medicamento é apresentado podendo ser líquida (ex.: gotas, xarope, elixir), sólida (ex.: comprimidos, cápsulas), semi- sólida (ex.: creme, gel, pomada) ou gasosa (spray, aerossol).

É o estado final apresentado pelos medicamentos após operações farmacotécnicas executadas sobre o fármaco e os adjuvantes apropriados. Representa o conjunto dos componentes de uma receita prescrita pelo médico, ou então a composição de uma especialidade farmacêutica.

FÓRMULA FARMACÊUTICA

É a composição do medicamento, considerando todas as substâncias ativas ou inativas que são empregadas na produção de produtos farmacêuticos. Em uma fórmula complexa o médico pode indicar além dos componentes ativos, os componentes inertes que devem entrar na formulação (adjuvantes). Adjuvantes - fármacos auxiliares.

Pode exercer um efeito solubilizante, conservante, edulcorante, aromatizante. Em regra geral, não modificam o efeito farmacológico dos princípios ativos. Veículo ou Excipiente - são destituídos de atividade e têm como função dar corpo aos fármacos, diluindo-os à concentração conveniente ou proporcionando maior facilidade de administração. Obs.: Veículo (líquido) Excipiente (sólido).

Ex:
Ácido salicílico.......................1,0%
Ureia.......................................3,0%
Lactato de amônio.................1,5%
Creme base.................q.s.p...100%

DROGAS

Matérias primas (ativa ou inativa) de várias origens, que tenha ou não finalidade medicamentosa ou sanitária

FÁRMACOS

É uma substância ativa, droga, insumo farmacêutico ou matéria-prima empregada para modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou estados patológicos em benefício da pessoa a qual se administra o medicamento.

REMÉDIOS

A palavra remédio é empregada num sentido amplo e geral, sendo aplicada a todos os meios utilizados com o fim de prevenir ou de curar as doenças. Deste modo, são remédios não só os medicamentos, mas também os agentes de natureza física ou psíquica a que se recorre na terapêutica. Exemplos de agentes físicos: climatoterapia, radioterapia, termo terapia, cinesisterapia, eletroterapia. Exemplos de agentes psíquicos: ação psicológica desempenhada pelo método ou pelo psicólogo junto ao paciente. Pode ir desde a simples confiança que lhe traz calma e bem estar até mesmo à psicanálise.

MEDICAMENTO

Produto farmacêutico tecnicamente obtido ou elaborado, que contém um ou mais fármacos juntamente com outras substâncias, com a finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico.

Observação: Medicamentos utilizados com fins diagnósticos não podem ser considerados REMÉDIOS, já que esta palavra implica as ideias de profilaxia ou de cura. O conceito de MEDICAMENTO, ALIMENTO e VENENO vai depender das circunstâncias e da quantidade administrada, de um dado medicamento que pode tornar-se um veneno, ou de um alimento que pode funcionar como agente de cura.

CLASSIFICAÇÃO DOS MEDICAMENTOS

Como se sabe a palavra MEDICAMENTO indica uma droga ou uma preparação com drogas de ação farmacológica benéfica, quando utilizada de acordo com suas indicações e propriedades.

Medicamento Simples - aqueles preparados a partir de 1 único fármaco. Ex.: xarope de vitamina C, pomada de Cânfora.

Medicamento Composto - são aqueles preparados a partir de vários fármacos. Ex.: a) Injetável de penicilina G + Estreptomicina. Ex.: b) Comprimido de Ácido Salicílico + Cafeína.

Medicamento de Uso Externo - são aqueles aplicáveis na superfície do corpo ou nas mucosas facilmente acessíveis ao exterior. Ex.: Cremes de Calêndula, Xampu de Piritionato de Zinco.

Medicamentos de Uso Interno - são aqueles que se destinam à administração no interior do organismo por via bucal e pelas cavidades naturais (vagina, nariz, ânus, ouvido, olhos, etc.).

Medicamentos Oficiais - são aqueles oficializados nas monografias presentes nas Farmacopéias.

Medicamentos Oficinais - É uma preparação realizada na farmácia, cuja fórmula esteja inscrita no Formulário Nacional ou em Formulários Internacionais reconhecidos pela ANVISA, de acordo com normas e doses estabelecidas por Farmacopéias ou formulários e com uma designação uniforme. Ex.: Tintura de Iodo, Elixir Paregórico.

Medicamentos Especializados de Especialidades Farmacêuticas - são medicamentos de fórmula conhecida, de ação terapêutica comprovável, em forma farmacêutica estável, embalado de modo uniforme e comercializado com um nome convencional.
A especialidade farmacêutica Produto industrializado e comercializado em suas embalagens originais, podendo ser classificados em genéricos, similares e de marca, sempre com registro no Ministério da Saúde. São é industrializadosa e sua fabricação obedece a regulamento de natureza governamental. Ex.: Comprimidos de Aspirina.

Medicamento Magistral - são aqueles medicamentos prescritos pelo médico e preparados para cada caso, com indicação de composição qualitativa e quantitativa, da forma farmacêutica e da maneira de administração. São medicamento cuja prescrição estabelece a composição, a forma farmacêutica e a posologia de acordo com a necessidade clínica de cada paciente. Não está descrito nos códigos oficiais.

Medicamento Placebo - são substâncias ou preparações inativas administradas para satisfazer a necessidade psicológica do paciente de tomar drogas.

Medicamentos Alopáticos - são aqueles que tratam as doenças produzindo uma condição de antagonistas; incompatíveis com o estado patológico a ser tratado. “Cura provocando uma ação diferente no corpo”.

Medicamentos Homeopáticos - são aqueles que promovem uma condição semelhante com o estado patológico a ser tratado. “Tratam o indivíduo, e não a doença em primeiro lugar.”

Farmacopéias Código Farmacêutico Oficial inscrito com a finalidade de regulamentar e imprimir rigor científico e uniformidade às práticas farmacêuticas, selecionando técnicas e métodos que sirvam de norma legal à preparação, caracterização, ensaio e doseamento das matérias primas empregadas e dos produtos acabados.

ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA:

Conjunto de ações e serviços relacionadas com o medicamento destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade. Envolve o abastecimento de medicamentos em todas e em cada uma de suas etapas constitutivas, a conservação e controle de qualidade, a segurança e a eficácia terapêutica dos medicamentos, o acompanhamento e a avaliação da utilização, a obtenção e a difusão de informação sobre medicamentos e a educação permanente dos profissionais de saúde, do paciente e da comunidade para assegurar o uso racional de medicamentos.

PRAZO DE VALIDADE.

Período de tempo mais ou menos longo, que dependente do processo de conservação, onde o medicamento passa a perder progressivamente a sua atividade. Na prática, considera-se que um medicamento perdeu a sua validade quando foram destruídos mais de 10 ou 15% dos seus princípios ativos. Por este motivo os medicamentos devem ser verificados de modo a garantir a sua potência inicial e a determinar-se qual o grau de destruição dos seus princípios ativos com o passar do tempo.

RECEITA MÉDICA - RECIPE (LATIM)

conjunto de indicações escritas pelo médico ou veterinário ao farmacêutico, para a preparação e entrega de um medicamento. Usualmente comporta também instruções para o paciente quanto ao modo de administração ou uso do medicamento prescrito.

Conteúdo de uma Receita

Nome do paciente, fármacos utilizados e suas quantidades, forma farmacêutica pretendida, indicação quanto à administração do medicamento, nome, endereço e assinatura do médico.

O médico deverá indicar de forma explícita, qual o fármaco ou os fármacos constituintes e qual a sua quantidade. Se em um ou mais casos ultrapassar as doses consideradas máximas, deverá demonstrar que têm plena consciência de fato, escrevendo por extenso e sublinhando as quantidades pretendidas.

Depois de indicar a composição pretendida, o médico menciona a forma farmacêutica desejada. Algumas vezes as quantidades indicadas referem-se a várias unidades galênicas. Ex.: 12 papéis, 5 supositórios, 6 comprimidos. Outras vezes menciona-se o quantitativo para uma unidade indicando-se depois, o número de unidades pretendidas. Ex.: 1 cápsula.

DENOMINAÇÃO COMUM BRASILEIRA - DCB

Denominação Comum Brasileira do fármaco ou princípio ativo aprovada pelo órgão federal responsável

DENOMINAÇÃO COMUM INTERNACIONAL - DCI

Denominação Comum Internacional do fármaco ou princípio ativo aprovada pela organização Mundial de Saúde.

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO – POP

É a descrição de técnicas e operações a serem utilizadas na farmácia, visando proteger e garantir a preservação da qualidade das preparações manipuladas e a segurança dos manipuladores.

QUARENTENA

Retenção temporária de insumos, preparações básicas ou preparações manipuladas isoladas fisicamente ou por meios que impeçam a sua utilização, enquanto esperam decisão quanto à sua liberação rejeição.

TERMINOLOGIAS  USADAS EM FARMACOTÉCNICA

q.s.p: quantidade suficiente para... (se preparar uma formulação). Pode-se dizer que o q.s.p representa o peso ou volume total da formulação, e não necessariamente o peso ou volume de um determinado item.
q.s: quantidade suficiente
fsa: faça segundo a arte
bm: banho-maria
caps: cápsulas

USP: United States Pharmacopeia – Farmacopéia Americana Farm. Bras.: farmacopéia Brasileira

BASES GALÊNICAS

As bases galênicas são preparações compostas por uma ou mais matérias-primas, com fórmula definida, destinada a ser utilizada como veículo/excipiente de preparações farmacêuticas. Já são adquiridas pelas farmácias de manipulação prontas, restando apenas adicionar-lhes os princípios ativos desejados. São utilizadas em cremes, loções, shampoos.

RESOLUÇÃO M.S ANVISA - RDC 67/2007

Conjunto de normas e definições que dispõe sobre as Boas Práticas de Manipulação em Farmácia, desde suas instalações, equipamentos e recursos humanos, aquisição e controle da qualidade da matéria-prima.

Além do armazenamento, avaliação farmacêutica da prescrição, manipulação, fracionamento, conservação, transporte, dispensação das preparações, incluindo a atenção farmacêutica aos usuários ou seus responsáveis, visando à garantia de sua qualidade, segurança, efetividade e promoção do seu uso seguro e racional.

INSUMO INERTE

Substância complementar, de natureza definida, desprovida de propriedades farmacológicas ou terapêuticas, nas concentrações utilizadas, e empregada como veículo ou excipiente, na composição do produto final.

PREPARAÇÃO

Procedimento farmacotécnico para obtenção do produto manipulado, compreendendo a avaliação farmacêutica da prescrição, a manipulação, fracionamento de substâncias ou produtos industrializados, envase, rotulagem e conservação das preparações.

CONSTITUINTES DAS FORMULAÇÕES

PRINCÍPIO ATIVO (P.A)

Os princípios ativos ou fármacos são os elementos-chave responsáveis pela ação terapêutica de um medicamento alopático ou fitoterápico

EXCIPIENTE

Excipiente é qualquer substância farmacologicamente inativas diferente do fármaco ou do pró-fármaco, que tem sua segurança avaliada e, a partir de então, pode ser incluída na forma farmacêutica, com as seguintes intenções:

a) Possibilitar a preparação do medicamento;
b) Proteger, fornecer ou melhorar a estabilidade e disponibilidade biológica;
c) Melhorar a aceitabilidade pelos pacientes;
d) Proporciona identificação dos medicamentos;
e) Melhorar ou promover qualquer outro atributo relacionado, não somente à segurança, mas, também, com a efetividade do produto durante a estocagem e/ou o uso. Fonte: IPEC (International Pharmaceutical Excipients Councils)

Também chamados de adjuvantes ou coadjuvantes, dependendo de suas aplicações podem ser divididos em coadjuvantes terapêuticos ou coadjuvantes técnicos.

COADJUVANTE TERAPÊUTICO

Está diretamente relacionado às fases farmacodinâmicas e farmacocinéticas, e tem como função auxiliar a ação do P.A, seja por sinergismo, redução de efeitos adversos ou ainda o aumento do tempo de meia-vida dos fármacos.
Ex: carbidopa e ácido clavulânico, que associados à levodopa e penicilina aumentam a meia-vida destes por inibição metabólica.

COADJUVANTE TÉCNICO

São os excipientes mais comuns e estão relacionados ao melhoramento dos aspectos químicos, físicos e físico-químicos, permitindo maior estabilidade das formulações. São classificados de acordo com a sua funcionalidade nas formulações.

v  Agente acidulante: usado em preparações liquidas para proporcionar meio ácido para a estabilidade do produto.
v  Agente alcalinizante: usado em preparações liquidas para proporcionar meio alcalino para a estabilidade do produto.
v  Adsorvente: agente capaz de prender outras moléculas em sua superfície por meios físicos ou químicos.
v  Conservante antifúngico: previne o crescimento de fungos em formulações liquidas e semi- sólidas.
v  Conservante antimicrobiano: previne o crescimento de bactérias em formulações líquidas e semi- sólidas.
v  Antioxidante: inibe a oxidação.
v  Agente tampão: usado para resistir às mudanças de pH.
v  Agente quelante: substância que forma complexos estáveis e hidrossolúveis (quelatos) com metais.
v  Corante: usado para fornecer cor.
v  Emulsificante: usado para dispersar líquidos não missiveis.
v  Flavorizante: fornecer cor e odor agradáveis.
v  Umectante: evitar o ressecamento das preparações.
v  Solvente: agente usado para dissolver uma substância em solução.

CLASSIFICAÇÃO DAS FORMULAÇÕES

1) Baseadas no número de P.A presentes nas formulações
2) Baseadas nas vias de administração
3) Baseadas das formas farmacêuticas (F.F)
4) Baseadas nas ações terapêuticas
5) Baseadas nos métodos de obtenção das formas:

a) Divisão mecânica: granulados, comprimidos, drágeas, cápsulas.
b) Dispersões mecânicas: suspensões, emulsão, aerossóis.
c) Dispersão molecular: soluções, xaropes, extratos, espíritos, águas aromáticas

BIOFARMACOTÉCNICA

A biofarmacotécnica estuda os processos que ocorrem no organismo, a partir da administração da forma farmacêutica, considerando as fases de liberação e dissolução do fármaco, que precedem sua absorção.

Pode, também, ser definida como o estudo entre a intensidade e o efeito biológico dos ativos e, os vários fatores relacionados ao próprio fármaco, à formulação do medicamento, incluindo o processo produtivo e, à via de administração.

v  Estuda os processos que ocorrem no organismo deste o momento de sua administração;
v  Focado nos aspectos de liberação e dissolução da forma farmacêutica;
v  Permite compreender a relação dos componentes da formulação com a absorção e o efeito terapêutico;
v  Melhora as F.F de acordo com a necessidade de administração e absorção dos fármacos

DISSOLUÇÃO E ABSORÇÃO DE FÁRMACOS

v  Para que seja absorvido precisa antes ser dissolvido (dissolução) no local de absorção
v  A dissolução depende do Ph do meio, podendo ser dissolvido no estômago ou intestino
v  A dissolução depende de inúmeros fatores, como a F.F, solvente, características físico-químicas, etc
v  Produtos mal formulados podem não ser completamente absorvidos

POSOLOGIA

Reflete a quantidade total de um medicamento, estimado de acordo com a idade e peso do paciente que se deve administrar de uma vez, ou em doses parciais, sempre levando em conta a dose, a via de administração e o tempo de meia-vida

DOSE

Quantidade de fármaco suficiente (mínima) para produzir efeito terapêutico ideal. A dose usual segura e eficaz é definida por estudos clínicos e depende de fatores fisiológicos, patológicos e genéticos.

DOSE USUAL

Existem grupos de indivíduos que respondem diferente às mesmas doses

ÍNDICE TERAPÊUTICO

Um fármaco deve ser julgado não apenas por suas propriedades úteis, mas também pelos seus efeitos tóxicos. Desta forma, tem-se o índice terapêutico de um fármaco.

v  Indica a margem de segurança;
v  Determina a relação entre a dose eficaz e a tóxica;
v  Quanto maior o índice, maior a margem de segurança;

 

FATORES QUE AFETAM A BIODISPONIBILIDADE DOS FÁRMACOS

a. A forma farmacêutica
b. Os excipientes
c. Ligados ao próprio fármaco
d. Ligados aos indivíduos
e. A dose

ESTABILIDADE DE MEDICAMENTOS

Todos os materiais sofrem alterações, com o tempo, sob a ação do ambiente, desde materiais extraídos da natureza até materiais sintéticos.

Os fatores ambientais que degradam os medicamentos são inúmeros, como por exemplo, a luz (através da radiação ultravioleta e infravermelha), a umidade, o calor, micro-organismos, etc. Com os fármacos ocorre o mesmo:

v   Fármacos puros são mais estáveis do que em misturas: as chances de interação com outros materiais aumentam muito.
v   Lembre-se: medicamentos são misturas de fármacos e veículos ou excipientes.
v   Fármacos em formas sólidas são mais estáveis que em formas líquidas: as reações químicas ocorrem melhor e mais rápido em um meio líquido.
v   Fármacos sujeitos a algum processamento são também mais facilmente decompostos: Granulação úmida, secagem, aquecimento para facilitar a solubilização, etc.
v   O processamento promove maior exposição da preparação aos agentes ambientais: oxigênio, luz, aquecimento, microrganismos, etc.
v  A decomposição dos fármacos, puros ou nos medicamentos, obriga aos fabricantes estipular a sua data de validade:
v   A determinação do prazo de validade é baseada em experimentos que permitem estimar o tempo em que os fármacos permanecem em condições de exercer seu efeito sem alterar sua toxicidade.

No desenvolvimento de formulações são feitos exaustivos estudos para compreender o mecanismo de degradação dos fármacos e a velocidade com que os processos ocorrem, sob vários aspectos: químico, físico e microbiológico.

Por esse motivo há um tempo considerável entre a elaboração de uma nova formulação e o seu aparecimento no mercado.

O estudo da estabilidade de medicamentos conduz a uma compreensão mais fácil sobre a degradação que os medicamentos podem sofrer, principalmente em sua potência.

Portanto, a estabilidade é a extensão de tempo na qual o produto mantém, dentro de limites especificados, através do período de armazenamento e uso, as mesmas propriedades que possuía no momento da sua fabricação.

TEMPERATURA

v  Em geral, o aumento de 10 graus na Temperatura, acelera em 2 a 5 vezes a velocidade de uma reação;
v  È Importante lembrar que, em nosso país, a temperatura ambiente varia muito, ultrapassando os 30º C
v  A temperatura é um importante catalisador das reações de hidrólise e oxidação

LUZ

A luz solar (UV) afeta as ligações químicas fornecendo energia para a separação dos elétrons compartilhados entre os dois átomos dessa ligação. Pode resultar em:

a - Formação de radicais livres no processo de oxidação
b. Lise da molécula formando dois radicais
c. A quebra da molécula pode causar isomerização

Correções: armazenar os produtos em embalagens foto- resistentes (vidro, plástico PET âmbar, plástico escuro, embalagens de alumínio, etc).

OXIGÊNIO (O2)

a. Reação que ocorre na presença de oxigênio, com o ganho ou perda de um ou mais átomos eletropositivos, átomos eletronegativos, radiais ou elétrons.
b. É iniciada tanto pela luz como pela presença de metais

Formas de evitar a oxidação:

a. Usar agentes quelantes: EDTA
b. Usar agentes antioxidantes: bissulfito de sódio, metabissulfito
c. Evitar o contato com a luz e excesso de umidade

Em solução aquosa de Ácido Ascórbico (ε0 = +0,14v) e adrenalina (ε0 = +0,52v), ocorre oxidação do ácido (menor potencial padrão de oxidação).

pH

1. O pH é um importante catalisador da hidrólise.
2. Em pH baixos ou altos: aumentam as chances de ocorrer alterações nas hidroxilas e hidrogênios dos fármacos, podendo levar a oxidação e à hidrólise.
3. Para cada formulação existe um pH ótimo, no qual a tanto a hidrólise quanto a oxidação é mínima, permitindo melhor atividade biológica e maior estabilidade da preparação.

UMIDADE (HIDRÓLISE)

a. Ocorre quebra da molécula de fármaco pela adição de uma molécula de água.
 b. Para diminuir este efeito controla-se a temperatura do laboratório
 c. Há grupos funcionais que favorecem a hidrólise:

v  Lactonas (ésteres cíclicos)
v  Lactamas (amidas cíclicas)
v  Ésteres
v  Amidas

TEMPO DE CONSERVAÇÃO

A conservação do medicamento determina diretamente a degradação do produto. O estudo do prazo de validade da preparação é um dos fatores mais críticos na farmácia de manipulação.

Pelo fato das preparações magistrais serem produzidas para a administração imediata ou após curto período de armazenagem, seus prazos de validade podem ser estabelecidos, utilizando critérios diferentes daqueles aplicados para determinar a validade do produto industrializado.

Embora se subtenda que o produto manipulado será utilizado logo após o aviamento da prescrição e somente durante o tempo de tratamento, ele precisa se manter estável durante todo este tempo.

A dificuldade de estabelecer o prazo de validade para preparações farmacêuticas magistrais reside em alguns aspectos específicos inerentes à produção artesanal e unitária na farmácia magistral, tais como:

a. Diversidade de formulações
b. Associações de ativos
c. Diversos excipientes e veículos
d. Equipamentos utilizados e a tecnologia aplicada
e. Fatores econômicos: doses unitárias e individuais

Contudo, existem meios racionais e científicos, embora não exatos, de se presumir de maneira aproximada a validade de uma preparação farmacêutica magistral.
Os prazos de validade recomendados pela USP-23ed, para preparações magistrais embaladas em recipientes hermeticamente fechados e protegidos da luz, na temperatura ambiente controlada são:

a. Formulações sólidas e líquidas não aquosas

v  Se a fonte for industrializado a validade não deve exceder a 25% do tempo remanescente para a data de expiração do produto original, ou 6 meses, o que for mais precoce.
v  Se a fonte da M.P não é industrializado (comprado direto do fabricante), o prazo de validade não deverá exceder a 6 meses.

b. Formulações de antibióticos contendo grande quantidade de água

v  Não deverá ultrapassar 14 dias quando estocado em temperaturas baixas.

c. Formulações semi- sólidas

v  Não deverá ultrapassar 3 meses. Entende-se por preparações semi- sólidas as formas farmacêuticas em gel, loções, cremes, pomadas, gel-creme, etc.

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FONTE

APOSTILA TEÓRICA DE FARMACOTÉCNICA I Prof. Herbert Cristian de Souza 2012-02 - Blog do curso de Farmácia da UNIPAC Araguari www.farmaciaunipac.com.br

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