FARMACOTÉCNICA HOSPITALAR PARTE 2
CONCEITOS IMPORTANTES EM
FARMACOTÉCNICA
F.S.A. - FAÇA SEGUNDO A
ARTE - FIAT SEUMDEM ARTEM
Faça
Segundo a Arte nestas três letras está a síntese da manipulação farmacêutica e
a arte e a ciência de manipular medicamentos para pacientes com necessidades
especiais.
FORMAS FARMACÊUTICAS
(F.F).
É
a forma na qual o medicamento é apresentado podendo ser líquida (ex.: gotas,
xarope, elixir), sólida (ex.: comprimidos, cápsulas), semi- sólida (ex.: creme,
gel, pomada) ou gasosa (spray, aerossol).
É
o estado final apresentado pelos medicamentos após operações farmacotécnicas
executadas sobre o fármaco e os adjuvantes apropriados. Representa o conjunto
dos componentes de uma receita prescrita pelo médico, ou então a composição de
uma especialidade farmacêutica.
FÓRMULA FARMACÊUTICA
É
a composição do medicamento, considerando todas as substâncias ativas ou
inativas que são empregadas na produção de produtos farmacêuticos. Em uma
fórmula complexa o médico pode indicar além dos componentes ativos, os
componentes inertes que devem entrar na formulação (adjuvantes). Adjuvantes -
fármacos auxiliares.
Pode
exercer um efeito solubilizante, conservante, edulcorante, aromatizante. Em
regra geral, não modificam o efeito farmacológico dos princípios ativos.
Veículo ou Excipiente - são destituídos de atividade e têm como função dar
corpo aos fármacos, diluindo-os à concentração conveniente ou proporcionando
maior facilidade de administração. Obs.: Veículo (líquido) Excipiente (sólido).
Ex:
Ácido
salicílico.......................1,0%
Ureia.......................................3,0%
Lactato
de amônio.................1,5%
Creme
base.................q.s.p...100%
DROGAS
Matérias
primas (ativa ou inativa) de várias origens, que tenha ou não finalidade
medicamentosa ou sanitária
FÁRMACOS
É
uma substância ativa, droga, insumo farmacêutico ou matéria-prima empregada
para modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou estados patológicos em
benefício da pessoa a qual se administra o medicamento.
REMÉDIOS
A
palavra remédio é empregada num sentido amplo e geral, sendo aplicada a todos
os meios utilizados com o fim de prevenir ou de curar as doenças. Deste modo,
são remédios não só os medicamentos, mas também os agentes de natureza física
ou psíquica a que se recorre na terapêutica. Exemplos de agentes físicos:
climatoterapia, radioterapia, termo terapia, cinesisterapia, eletroterapia.
Exemplos de agentes psíquicos: ação psicológica desempenhada pelo método ou
pelo psicólogo junto ao paciente. Pode ir desde a simples confiança que lhe
traz calma e bem estar até mesmo à psicanálise.
MEDICAMENTO
Produto
farmacêutico tecnicamente obtido ou elaborado, que contém um ou mais fármacos
juntamente com outras substâncias, com a finalidade profilática, curativa,
paliativa ou para fins de diagnóstico.
Observação: Medicamentos utilizados com fins
diagnósticos não podem ser considerados REMÉDIOS, já que esta palavra implica
as ideias de profilaxia ou de cura. O conceito de MEDICAMENTO, ALIMENTO e
VENENO vai depender das circunstâncias e da quantidade administrada, de um dado
medicamento que pode tornar-se um veneno, ou de um alimento que pode funcionar
como agente de cura.
CLASSIFICAÇÃO DOS
MEDICAMENTOS
Como
se sabe a palavra MEDICAMENTO indica uma droga ou uma preparação com drogas de
ação farmacológica benéfica, quando utilizada de acordo com suas indicações e
propriedades.
Medicamento Simples - aqueles preparados a partir de 1
único fármaco. Ex.: xarope de vitamina C, pomada de Cânfora.
Medicamento Composto - são aqueles preparados a partir de
vários fármacos. Ex.: a) Injetável de penicilina G + Estreptomicina. Ex.: b)
Comprimido de Ácido Salicílico + Cafeína.
Medicamento de Uso
Externo - são aqueles
aplicáveis na superfície do corpo ou nas mucosas facilmente acessíveis ao exterior.
Ex.: Cremes de Calêndula, Xampu de Piritionato de Zinco.
Medicamentos de Uso
Interno - são aqueles
que se destinam à administração no interior do organismo por via bucal e pelas
cavidades naturais (vagina, nariz, ânus, ouvido, olhos, etc.).
Medicamentos Oficiais - são aqueles oficializados nas
monografias presentes nas Farmacopéias.
Medicamentos Oficinais - É uma preparação realizada na
farmácia, cuja fórmula esteja inscrita no Formulário Nacional ou em Formulários
Internacionais reconhecidos pela ANVISA, de acordo com normas e doses
estabelecidas por Farmacopéias ou formulários e com uma designação uniforme.
Ex.: Tintura de Iodo, Elixir Paregórico.
Medicamentos
Especializados de Especialidades Farmacêuticas - são medicamentos de fórmula conhecida,
de ação terapêutica comprovável, em forma farmacêutica estável, embalado de
modo uniforme e comercializado com um nome convencional.
A especialidade
farmacêutica Produto
industrializado e comercializado em suas embalagens originais, podendo ser classificados
em genéricos, similares e de marca, sempre com registro no Ministério da Saúde.
São é industrializadosa e sua fabricação obedece a regulamento de natureza
governamental. Ex.: Comprimidos de Aspirina.
Medicamento Magistral - são aqueles medicamentos prescritos
pelo médico e preparados para cada caso, com indicação de composição
qualitativa e quantitativa, da forma farmacêutica e da maneira de
administração. São medicamento cuja prescrição estabelece a composição, a forma
farmacêutica e a posologia de acordo com a necessidade clínica de cada
paciente. Não está descrito nos códigos oficiais.
Medicamento Placebo - são substâncias ou preparações
inativas administradas para satisfazer a necessidade psicológica do paciente de
tomar drogas.
Medicamentos Alopáticos - são aqueles que tratam as doenças
produzindo uma condição de antagonistas; incompatíveis com o estado patológico
a ser tratado. “Cura provocando uma ação diferente no corpo”.
Medicamentos
Homeopáticos - são
aqueles que promovem uma condição semelhante com o estado patológico a ser
tratado. “Tratam o indivíduo, e não a doença em primeiro lugar.”
Farmacopéias Código Farmacêutico Oficial inscrito
com a finalidade de regulamentar e imprimir rigor científico e uniformidade às
práticas farmacêuticas, selecionando técnicas e métodos que sirvam de norma
legal à preparação, caracterização, ensaio e doseamento das matérias primas
empregadas e dos produtos acabados.
ASSISTÊNCIA
FARMACÊUTICA:
Conjunto
de ações e serviços relacionadas com o medicamento destinadas a apoiar as ações
de saúde demandadas por uma comunidade. Envolve o abastecimento de medicamentos
em todas e em cada uma de suas etapas constitutivas, a conservação e controle
de qualidade, a segurança e a eficácia terapêutica dos medicamentos, o
acompanhamento e a avaliação da utilização, a obtenção e a difusão de
informação sobre medicamentos e a educação permanente dos profissionais de
saúde, do paciente e da comunidade para assegurar o uso racional de
medicamentos.
PRAZO DE VALIDADE.
Período
de tempo mais ou menos longo, que dependente do processo de conservação, onde o
medicamento passa a perder progressivamente a sua atividade. Na prática,
considera-se que um medicamento perdeu a sua validade quando foram destruídos
mais de 10 ou 15% dos seus princípios ativos. Por este motivo os medicamentos
devem ser verificados de modo a garantir a sua potência inicial e a
determinar-se qual o grau de destruição dos seus princípios ativos com o passar
do tempo.
RECEITA MÉDICA - RECIPE
(LATIM)
conjunto
de indicações escritas pelo médico ou veterinário ao farmacêutico, para a
preparação e entrega de um medicamento. Usualmente comporta também instruções
para o paciente quanto ao modo de administração ou uso do medicamento
prescrito.
Conteúdo de uma Receita
Nome
do paciente, fármacos utilizados e suas quantidades, forma farmacêutica
pretendida, indicação quanto à administração do medicamento, nome, endereço e
assinatura do médico.
O
médico deverá indicar de forma explícita, qual o fármaco ou os fármacos
constituintes e qual a sua quantidade. Se em um ou mais casos ultrapassar as
doses consideradas máximas, deverá demonstrar que têm plena consciência de
fato, escrevendo por extenso e sublinhando as quantidades pretendidas.
Depois
de indicar a composição pretendida, o médico menciona a forma farmacêutica
desejada. Algumas vezes as quantidades indicadas referem-se a várias unidades
galênicas. Ex.: 12 papéis, 5 supositórios, 6 comprimidos. Outras vezes
menciona-se o quantitativo para uma unidade indicando-se depois, o número de
unidades pretendidas. Ex.: 1 cápsula.
DENOMINAÇÃO COMUM
BRASILEIRA - DCB
Denominação
Comum Brasileira do fármaco ou princípio ativo aprovada pelo órgão federal
responsável
DENOMINAÇÃO COMUM
INTERNACIONAL - DCI
Denominação
Comum Internacional do fármaco ou princípio ativo aprovada pela organização
Mundial de Saúde.
PROCEDIMENTO OPERACIONAL
PADRÃO – POP
É
a descrição de técnicas e operações a serem utilizadas na farmácia, visando
proteger e garantir a preservação da qualidade das preparações manipuladas e a
segurança dos manipuladores.
QUARENTENA
Retenção
temporária de insumos, preparações básicas ou preparações manipuladas isoladas
fisicamente ou por meios que impeçam a sua utilização, enquanto esperam decisão
quanto à sua liberação rejeição.
TERMINOLOGIAS USADAS EM FARMACOTÉCNICA
q.s.p:
quantidade suficiente para... (se preparar uma formulação). Pode-se dizer que o
q.s.p representa o peso ou volume total da formulação, e não necessariamente o
peso ou volume de um determinado item.
q.s:
quantidade suficiente
fsa:
faça segundo a arte
bm:
banho-maria
caps:
cápsulas
USP:
United States Pharmacopeia – Farmacopéia Americana Farm. Bras.: farmacopéia
Brasileira
BASES GALÊNICAS
As bases galênicas são preparações
compostas por uma ou mais matérias-primas, com fórmula definida, destinada a
ser utilizada como veículo/excipiente de preparações farmacêuticas. Já são adquiridas pelas farmácias de
manipulação prontas, restando apenas adicionar-lhes os princípios ativos
desejados. São utilizadas em cremes, loções, shampoos.
RESOLUÇÃO M.S ANVISA - RDC
67/2007
Conjunto
de normas e definições que dispõe sobre as Boas Práticas de Manipulação em
Farmácia, desde suas instalações, equipamentos e recursos humanos, aquisição e
controle da qualidade da matéria-prima.
Além
do armazenamento, avaliação farmacêutica da prescrição, manipulação,
fracionamento, conservação, transporte, dispensação das preparações, incluindo
a atenção farmacêutica aos usuários ou seus responsáveis, visando à garantia de
sua qualidade, segurança, efetividade e promoção do seu uso seguro e racional.
INSUMO INERTE
Substância
complementar, de natureza definida, desprovida de propriedades farmacológicas
ou terapêuticas, nas concentrações utilizadas, e empregada como veículo ou
excipiente, na composição do produto final.
PREPARAÇÃO
Procedimento
farmacotécnico para obtenção do produto manipulado, compreendendo a avaliação
farmacêutica da prescrição, a manipulação, fracionamento de substâncias ou produtos
industrializados, envase, rotulagem e conservação das preparações.
CONSTITUINTES DAS
FORMULAÇÕES
PRINCÍPIO ATIVO (P.A)
Os
princípios ativos ou fármacos são os elementos-chave responsáveis pela ação
terapêutica de um medicamento alopático ou fitoterápico
EXCIPIENTE
Excipiente
é qualquer substância farmacologicamente inativas diferente do fármaco ou do
pró-fármaco, que tem sua segurança avaliada e, a partir de então, pode ser
incluída na forma farmacêutica, com as seguintes intenções:
a)
Possibilitar a preparação do medicamento;
b)
Proteger, fornecer ou melhorar a estabilidade e disponibilidade biológica;
c)
Melhorar a aceitabilidade pelos pacientes;
d)
Proporciona identificação dos medicamentos;
e) Melhorar ou promover qualquer outro
atributo relacionado, não somente à segurança, mas, também, com a efetividade
do produto durante a estocagem e/ou o uso. Fonte: IPEC (International
Pharmaceutical Excipients Councils)
Também
chamados de adjuvantes ou coadjuvantes, dependendo de suas aplicações podem ser
divididos em coadjuvantes terapêuticos ou coadjuvantes técnicos.
COADJUVANTE TERAPÊUTICO
Está
diretamente relacionado às fases farmacodinâmicas e farmacocinéticas, e tem
como função auxiliar a ação do P.A, seja por sinergismo, redução de efeitos
adversos ou ainda o aumento do tempo de meia-vida dos fármacos.
Ex:
carbidopa e ácido clavulânico, que associados à levodopa e penicilina aumentam
a meia-vida destes por inibição metabólica.
COADJUVANTE TÉCNICO
São
os excipientes mais comuns e estão relacionados ao melhoramento dos aspectos
químicos, físicos e físico-químicos, permitindo maior estabilidade das
formulações. São classificados de acordo com a sua funcionalidade nas
formulações.
v Agente
acidulante: usado em
preparações liquidas para proporcionar meio ácido para a estabilidade do
produto.
v Agente
alcalinizante: usado
em preparações liquidas para proporcionar meio alcalino para a estabilidade do
produto.
v Adsorvente: agente capaz de prender outras
moléculas em sua superfície por meios físicos ou químicos.
v Conservante
antifúngico: previne
o crescimento de fungos em formulações liquidas e semi- sólidas.
v Conservante
antimicrobiano:
previne o crescimento de bactérias em formulações líquidas e semi- sólidas.
v Antioxidante: inibe a oxidação.
v Agente
tampão: usado para
resistir às mudanças de pH.
v Agente
quelante: substância
que forma complexos estáveis e hidrossolúveis (quelatos) com metais.
v Corante: usado para fornecer cor.
v Emulsificante: usado para dispersar líquidos não
missiveis.
v Flavorizante: fornecer cor e odor agradáveis.
v Umectante: evitar o ressecamento das
preparações.
v Solvente: agente usado para dissolver uma
substância em solução.
CLASSIFICAÇÃO DAS
FORMULAÇÕES
1)
Baseadas no número de P.A presentes nas formulações
2)
Baseadas nas vias de administração
3)
Baseadas das formas farmacêuticas (F.F)
4)
Baseadas nas ações terapêuticas
5)
Baseadas nos métodos de obtenção das formas:
a)
Divisão mecânica: granulados, comprimidos, drágeas, cápsulas.
b)
Dispersões mecânicas: suspensões, emulsão, aerossóis.
c)
Dispersão molecular: soluções, xaropes, extratos, espíritos, águas aromáticas
BIOFARMACOTÉCNICA
A
biofarmacotécnica estuda os processos que ocorrem no organismo, a partir da
administração da forma farmacêutica, considerando as fases de liberação e
dissolução do fármaco, que precedem sua absorção.
Pode,
também, ser definida como o estudo entre a intensidade e o efeito biológico dos
ativos e, os vários fatores relacionados ao próprio fármaco, à formulação do
medicamento, incluindo o processo produtivo e, à via de administração.
v Estuda os processos que ocorrem no
organismo deste o momento de sua administração;
v Focado nos aspectos de liberação e
dissolução da forma farmacêutica;
v Permite compreender a relação dos componentes
da formulação com a absorção e o efeito terapêutico;
v Melhora as F.F de acordo com a
necessidade de administração e absorção dos fármacos
DISSOLUÇÃO E ABSORÇÃO DE
FÁRMACOS
v Para que seja absorvido precisa antes
ser dissolvido (dissolução) no local de absorção
v A dissolução depende do Ph do meio,
podendo ser dissolvido no estômago ou intestino
v A dissolução depende de inúmeros
fatores, como a F.F, solvente, características físico-químicas, etc
v Produtos mal formulados podem não ser
completamente absorvidos
POSOLOGIA
Reflete
a quantidade total de um medicamento, estimado de acordo com a idade e peso do
paciente que se deve administrar de uma vez, ou em doses parciais, sempre
levando em conta a dose, a via de administração e o tempo de meia-vida
DOSE
Quantidade
de fármaco suficiente (mínima) para produzir efeito terapêutico ideal. A dose
usual segura e eficaz é definida por estudos clínicos e depende de fatores
fisiológicos, patológicos e genéticos.
DOSE USUAL
Existem
grupos de indivíduos que respondem diferente às mesmas doses
ÍNDICE TERAPÊUTICO
Um
fármaco deve ser julgado não apenas por suas propriedades úteis, mas também
pelos seus efeitos tóxicos. Desta forma, tem-se o índice terapêutico de um
fármaco.
v Indica a margem de segurança;
v Determina a relação entre a dose
eficaz e a tóxica;
v Quanto maior o índice, maior a margem
de segurança;
FATORES QUE AFETAM A
BIODISPONIBILIDADE DOS FÁRMACOS
a.
A forma farmacêutica
b.
Os excipientes
c.
Ligados ao próprio fármaco
d.
Ligados aos indivíduos
e.
A dose
ESTABILIDADE DE
MEDICAMENTOS
Todos
os materiais sofrem alterações, com o tempo, sob a ação do ambiente, desde
materiais extraídos da natureza até materiais sintéticos.
Os
fatores ambientais que degradam os medicamentos são inúmeros, como por exemplo,
a luz (através da radiação ultravioleta e infravermelha), a umidade, o calor, micro-organismos,
etc. Com os fármacos ocorre o mesmo:
v Fármacos puros são mais estáveis do que em
misturas: as chances de interação com outros materiais aumentam muito.
v Lembre-se: medicamentos são misturas de
fármacos e veículos ou excipientes.
v Fármacos em formas sólidas são mais estáveis
que em formas líquidas: as reações químicas ocorrem melhor e mais rápido em um
meio líquido.
v Fármacos sujeitos a algum processamento são
também mais facilmente decompostos: Granulação úmida, secagem, aquecimento para
facilitar a solubilização, etc.
v O processamento promove maior exposição da
preparação aos agentes ambientais: oxigênio, luz, aquecimento, microrganismos,
etc.
v A decomposição dos fármacos, puros ou
nos medicamentos, obriga aos fabricantes estipular a sua data de validade:
v A determinação do prazo de validade é baseada
em experimentos que permitem estimar o tempo em que os fármacos permanecem em
condições de exercer seu efeito sem alterar sua toxicidade.
No
desenvolvimento de formulações são feitos exaustivos estudos para compreender o
mecanismo de degradação dos fármacos e a velocidade com que os processos
ocorrem, sob vários aspectos: químico, físico e microbiológico.
Por
esse motivo há um tempo considerável entre a elaboração de uma nova formulação
e o seu aparecimento no mercado.
O
estudo da estabilidade de medicamentos conduz a uma compreensão mais fácil
sobre a degradação que os medicamentos podem sofrer, principalmente em sua
potência.
Portanto,
a estabilidade é a extensão de tempo na qual o produto mantém, dentro de
limites especificados, através do período de armazenamento e uso, as mesmas
propriedades que possuía no momento da sua fabricação.
TEMPERATURA
v Em geral, o aumento de 10 graus na
Temperatura, acelera em 2 a 5 vezes a velocidade de uma reação;
v È Importante lembrar que, em nosso
país, a temperatura ambiente varia muito, ultrapassando os 30º C
v A temperatura é um importante catalisador
das reações de hidrólise e oxidação
LUZ
A
luz solar (UV) afeta as ligações químicas fornecendo energia para a separação
dos elétrons compartilhados entre os dois átomos dessa ligação. Pode resultar
em:
a
- Formação de radicais livres no processo de oxidação
b.
Lise da molécula formando dois radicais
c.
A quebra da molécula pode causar isomerização
Correções: armazenar os produtos em embalagens
foto- resistentes (vidro, plástico PET âmbar, plástico escuro, embalagens de
alumínio, etc).
OXIGÊNIO (O2)
a.
Reação que ocorre na presença de oxigênio, com o ganho ou perda de um ou mais átomos
eletropositivos, átomos eletronegativos, radiais ou elétrons.
b.
É iniciada tanto pela luz como pela presença de metais
Formas de evitar a
oxidação:
a.
Usar agentes quelantes: EDTA
b.
Usar agentes antioxidantes: bissulfito de sódio, metabissulfito
c.
Evitar o contato com a luz e excesso de umidade
Em
solução aquosa de Ácido Ascórbico (ε0 = +0,14v) e adrenalina (ε0 = +0,52v),
ocorre oxidação do ácido (menor potencial padrão de oxidação).
pH
1.
O pH é um importante catalisador da hidrólise.
2.
Em pH baixos ou altos: aumentam as chances de ocorrer alterações nas hidroxilas
e hidrogênios dos fármacos, podendo levar a oxidação e à hidrólise.
3.
Para cada formulação existe um pH ótimo, no qual a tanto a hidrólise quanto a
oxidação é mínima, permitindo melhor atividade biológica e maior estabilidade
da preparação.
UMIDADE (HIDRÓLISE)
a.
Ocorre quebra da molécula de fármaco pela adição de uma molécula de água.
b. Para diminuir este efeito controla-se a
temperatura do laboratório
c. Há grupos funcionais que favorecem a
hidrólise:
v Lactonas (ésteres cíclicos)
v Lactamas (amidas cíclicas)
v Ésteres
v Amidas
TEMPO DE CONSERVAÇÃO
A
conservação do medicamento determina diretamente a degradação do produto. O
estudo do prazo de validade da preparação é um dos fatores mais críticos na
farmácia de manipulação.
Pelo
fato das preparações magistrais serem produzidas para a administração imediata
ou após curto período de armazenagem, seus prazos de validade podem ser
estabelecidos, utilizando critérios diferentes daqueles aplicados para
determinar a validade do produto industrializado.
Embora
se subtenda que o produto manipulado será utilizado logo após o aviamento da
prescrição e somente durante o tempo de tratamento, ele precisa se manter
estável durante todo este tempo.
A
dificuldade de estabelecer o prazo de validade para preparações farmacêuticas
magistrais reside em alguns aspectos específicos inerentes à produção artesanal
e unitária na farmácia magistral, tais como:
a.
Diversidade de formulações
b.
Associações de ativos
c.
Diversos excipientes e veículos
d.
Equipamentos utilizados e a tecnologia aplicada
e.
Fatores econômicos: doses unitárias e individuais
Contudo,
existem meios racionais e científicos, embora não exatos, de se presumir de
maneira aproximada a validade de uma preparação farmacêutica magistral.
Os
prazos de validade recomendados pela USP-23ed, para preparações magistrais
embaladas em recipientes hermeticamente fechados e protegidos da luz, na
temperatura ambiente controlada são:
a. Formulações sólidas e
líquidas não aquosas
v Se a fonte for industrializado a
validade não deve exceder a 25% do tempo remanescente para a data de expiração
do produto original, ou 6 meses, o que for mais precoce.
v Se a fonte da M.P não é
industrializado (comprado direto do fabricante), o prazo de validade não deverá
exceder a 6 meses.
b. Formulações de
antibióticos contendo grande quantidade de água
v Não deverá ultrapassar 14 dias quando
estocado em temperaturas baixas.
c. Formulações semi- sólidas
v Não deverá ultrapassar 3 meses.
Entende-se por preparações semi- sólidas as formas farmacêuticas em gel,
loções, cremes, pomadas, gel-creme, etc.
REFERÊNCIAS
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