quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

FARMÁCIA HOSPITALAR: UMA SINOPSE DAS QUESTÕES FUNDAMENTAIS DE SEU FUNCIONAMENTO PARTE 2

FARMÁCIA HOSPITALAR: UMA SINOPSE DAS QUESTÕES FUNDAMENTAIS DE SEU FUNCIONAMENTO PARTE 2


ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA FARMÁCIA HOSPITALAR

1) Organização e gestão

Dois assuntos, sob nossa ótica, são fundamentais em Farmácia Hospitalar para podermos entender o seu funcionamento e que são representados pelas teorias organizacionais e de gestão de serviços e pelo planejamento, considerando que não podemos divorciar os aspectos técnicos dos administrativos quando avaliamos este tipo de serviço e que foram discutidos no capítulo 3.

Considerando a importância desses assuntos, passaremos a abordar determinadas questões marcantes sobre ambos, com o objetivo de fundamentar colocações que serão abordadas nos próximos capítulos, principalmente no capítulo referente à discussão (capítulo 6), e para tanto utilizaremos a visão de três autores no âmbito de organizações, e de dois autores no que se refere ao planejamento estratégico situacional.

É evidente que ambos assuntos são extremamente complexos e podem ser observados e analisados por ângulos diferenciados e portanto não é nossa proposta o tratamento profundo dos assuntos que podem e devem ser estudados através de diversas obras. Nossa intenção é somente contextualizar neste capítulo o pensamento de alguns autores sobre os referidos assuntos e refleti-los sob a ótica de uma Farmácia Hospitalar.

Conforme verificamos uma das atividades de relevância para o desenvolvimento de empresas privadas ou instituições estatal é sua organização ou estrutura organizacional. A complexidade das organizações através do tempo fez com houvesse estudos cada vez mais profundos da questão e diversas teorias e autores tentaram explicar o desenvolvimento dessas organizações.

Podemos verificar a estrutura organizativa da Farmácia Hospitalar através da dependência hierárquica refletida por seu organograma (estrutura formal), ou pelas observações e entrevistas realizadas (informal), tanto em nível interno como ambulatorial.

A Farmácia Hospitalar pode ser enquadrada nas categorias de departamento, serviço e seção, funcionando no sistema hospitalar como apoio clínico. Para tanto, deve estar integrada a outros grupos de serviços, tais como: laboratório de análises clínicas, radiologia, nutrição, central de esterilização, bem como a todas as clínicas existentes no hospital. Pode atuar também com a função de apoio administrativo, devendo, portanto, estar integrada a um grupo de serviços, como compras ou abastecimento (serviço de material) e administração geral (pessoal, manutenção, vigilância, etc.).

Outro fator importante está representado pelas linhas de supervisão e de coordenação. Quem supervisiona a Farmácia Hospitalar e que áreas de atividades são supervisionadas?. A quem cabe a supervisão do chefe ou encarregado da Farmácia e que áreas de atividades são supervisionadas ?. Quais são os mecanismos formais e informais com os serviços clínicos e de apoio (Comitês, Comissões, Conselhos) e com os níveis hierárquicos superiores da instituição. (Comitês, Comissões Regionais, Nacionais, etc.) ? (OPAS, 1992).

O estabelecimento de políticas, através de normas, manuais e diretrizes, que regulamentem o funcionamento da organização da farmácia, é necessário e essas normas devem constar em documentos vigentes, conhecidas por todos os usuários. 

Para tanto, devem verificar-se a existência de um documento que contenha as funções da farmácia, assim como as tarefas e responsabilidade de cada servidor, além de outras.

É necessário identificar a participação do chefe ou encarregado pela Farmácia e de seu pessoal em cada um dos componentes da atenção farmacêutica, assim como também em outras atividades realizadas pela Unidade de Saúde que objetive o uso racional de medicamentos (OPAS, 1992).

Uma boa organização das farmácias é importante para se preservar a eficácia e as condições de integridade do medicamento, assim como reduzir perdas e garantir um ambiente radável de trabalho. Contribui para o bom desempenho profissional, agiliza a dispensação, evita erros e melhora a qualidade do atendimento dispensado ao paciente.

O estabelecimento de políticas, através de normas, manuais e diretrizes, que regulamentem o funcionamento da organização da farmácia, é necessário e essas normas devem constar em documentos vigentes, conhecidas por todos os usuários. Para tanto, devem verificar-se a existência de um documento que contenha as funções da farmácia, assim como as tarefas e responsabilidade de cada servidor, além de outras.

Localização 

Quanto a localização a Farmácia Hospitalar deve estar localizada em área de livre acesso e circulação, tanto para atender à distribuição de medicamentos aos usuários internos e ambulatoriais, como para receber estes e demais produtos farmacêuticos adquiridos para consumo. Além de usuários e produtos farmacêuticos, a farmácia também recebe a visita de técnicos e de fornecedores, o que justifica a sua localização em ponto estratégica que facilite a troca de informações.

Área Física

A Área Física da Farmácia Hospitalar deve dispor de um espaço suficiente para desenvolvimento das diferentes atividades, tendo em vista que são muitos os fatores que podem condicionar o espaço necessário para uma farmácia. Sendo os principais

-Tipo de hospital (geral ou especializado);
-Número de Leitos;
-Localização Geográfica;
-Tipo de Assistência prestada pelo hospital;
-Tipo de compras efetuadas pela farmácia (mensal, semestral ou por estoque mínimo)
; - Tipo de atividade da farmácia.

No que se refere à área física devem ser consideradas as áreas de administração, de recepção, de envase, de distribuição e de produção. Em relação ao espaço físico o guia informa a possibilidade de utilização de alguns indicadores, como tais:

250 leitos - 210 m²
600 leitos - 375 m²
1000 leitos - 500 m²
No caso de armazenagem de outros insumos, a área deve ser aumentada em 50% Para a área administrativa, recomenda-se 2 m²por funcionário, com uma altura mínima de 2,5 m² de pé direito.
Também, devem-se considerar as condições específicas da armazenagem da área utilizada e a ventilação e iluminação adequada, preferencialmente natural. Os pisos devem ser de materiais resistentes e fáceis de serem limpos através de lavagem, além de declives apropriados, tanto no que se refere a pisos e paredes.
Outros sistemas que deve ser constantemente revistos é o elétrico, além de um sistema adequado de combate a incêndios e de ventilação adequados às necessidades. A instalação para vestuário dos funcionários deve ser observada, com lavatórios específicos para os primeiros socorros em caso de acidentes.

A escolha do local destinada à farmácia será definida por critérios de acessibilidade, comunicação, segurança, higiene e drenagem. As salas destinadas a farmácias devem ser de uso exclusivo de medicamentos, oferecer segurança, com boa ventilação e ao abrigo da luz solar direta. 

As paredes, o piso e teto não devem possuir rachaduras; as superfícies devem ser lisas, não soltarem pó; ser de fácil limpeza; não permitir a entrada de insetos, roedores, etc; com iluminação, ventilação, unidade  e temperatura controladas. O piso deve ser impermeável e as paredes não devem apresentar sinais de umidades e mofo. 

A cobertura deve estar em perfeito estado, sem goteiras e se possível possuir forro. O espaço físico destinado à farmácia deve conter uma área destinada a dispensação e uma área anexa destinada ao armazenamento de medicamentos. Segundo a Organização Mundial de Saúde deve-se observar um espaço mínimo de 1,2 m² para cada leito  hospitalar e 0,6 m² para área de almoxarifados.

A área de dispensação deve conter um guichê ou balcão para atendimento da enfermagem . Este local deve ser de fácil acesso, permitir uma proximidade entre o dispensador e o pessoal de enfermagem e ao mesmo tempo evitar o fluxo de pessoas na área onde ficam os medicamentos.

O espaço disponível dever ser compatível com o nº  de leitos e o fluxo de pacientes e a quantidade de produtos a serem armazenados para facilitar a manutenção, limpeza, deslocamento de funcionários e segurança.

Os medicamentos devem ser organizados em prateleiras, em pequenas quantidades que devem ser repostas constantemente, obedecendo às normas de armazenamento. Os medicamentos devem estar dispostos por forma farmacêutica ou por ordem alfabética, sendo que os de maior movimentação devem ficar mais próximo do local de entrega. As prateleiras devem ser firmes, não devendo tocar o chão para facilitar a limpeza.

Manter os medicamentos nas embalagens originais, observando sempre os prazos de validade. Os medicamentos controlados devem ficar guardados em armário com chave, ficando a mesma sob responsabilidade do profissional farmacêutico. As farmácias que dispensam medicamentos que necessitam de refrigeração devem ter uma geladeira exclusiva para tal uso.

A área de distribuição interna destinada a distribuir os medicamentos para consumo interno das diversas clínicas do hospital deve ter uma metragem mínima de 40 m2 e a área deve ser constantemente limpa e seguir as boas Normas de Armazenamento de Medicamentos e correlatos nacionais e internacionais. A área de distribuição interna funciona como um entreposto entre a área destinada ao almoxarifado geral da farmácia hospitalar e as clínicas que compõem o hospital, logo não deve possuir grandes estoques de medicamentos
Recursos Humanos
A farmácia hospitalar requer o trabalho simultâneo de profissionais multidisciplinares, sendo que o farmacêutico no contexto seria o principal profissional. O ideal é que existam farmacêuticos suficientes para operar no hospital, alicerçados por técnicos que possam embasar as atividades que são características do processo de produção de uma farmácia hospitalar.
No Brasil, a contribuição do farmacêutico para o uso seguro e racional dos medicamentos, teve um primeiro marco, segundo Heliodoro (1994), com a implantação do primeiro serviço de farmácia clínica, em Janeiro de 1979, junto ao Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,.

Mais tarde, em 1984, foi criado um Curso de Especialização em Farmácia Hospitalar para o Controle da Infecção Hospitalar, com o apoio da Central de Medicamentos e da Secretaria de Programas Especiais do MS. Atualmente este curso não existe mais.

Na década de 80 o Ministério da Saúde patrocinou cursos de especialização nessa área em vários estados como Rio Grande do Norte, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro,  mas que  aos poucos foram extintos em função da pouca disponibilidade de verbas . 

Em 1979, no Rio de Janeiro, foi criado o Curso de Especialização em FARMÁCIA HOSPITALAR, organização conjunta da Faculdade de Farmácia e do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do RJ .

Em 1984, esse curso passou a integrar o Programa de Especialização em Farmácia, da Assessoria Especial de Ciências da Saúde, recebendo apoio da Secretaria da Educação Superior do Ministério da Educação, Em 1989 foi criado pela Universidade Federal do RJ, o Curso de Mestrado em Farmácia Hospitalar. Hoje, infelizmente, não se conta mais nem com o Curso de Especialização nem com o Curso de Mestrado em FARMÁCIA HOSPITALAR, que foi absorvido pelo mestrado em Ciências Farmacêuticas. 

Em final de 1996 foi criado no Rio de Janeiro o Curso de Especialização em Farmácia Hospitalar nos moldes de residência, por meio de um convênio firmado entre o Ministério da Saúde e a Universidade Federal Fluminense, tendo sido constituída a Comissão Executiva Operacional MS/UFF através da Portaria Conjunta n 01, de 19 de Março de 1996  formada por 04 farmacêuticos do MS e 04 farmacêuticos da UFF para acompanhar essa especialização. Fora o referido curso pode-se encontrar outros de curta duração espalhados pelas diversas regiões do Brasil 
 CAF (Central de Abastecimento Farmacêutico)

A Central de Atendimento Farmacêutico (C.A.F.) tem como objetivo básico garantir a correta conservação dos medicamentos, germicidas, correlatos e outros materiais adquiridos, dentro de padrões e normas técnicas específicas, que venham assegurar a manutenção das características e qualidade necessárias à sua correta dispensação.

Para tanto se faz necessário dotar no local boas práticas e condições adequadas com relação a: acesso . 

O acesso tanto interno quanto externo deve ser facilitado, além da circulação devem ser otimizados; 
Água e eletricidade deverão contar com quantidades suficientes para atender as exigências para o bom desempenho das atividades;
Comunicação. Deverá contar com eficiente sistema de comunicação, entre todas as dependências do hospital;
Drenagem – caso seja necessário, deverá contar com eficiente sistema de drenagem para prevenir inundações
Circulação – o local deve estar disposto em só plano, contando com divisões e portas que favorecem a circulação e a liberdade dos movimentos;
Segurança – deverá conter equipamentos adequados para segurança contra incêndios e acidentes ocupacionais;
Localização – deverá estar localizado o mais próximo possível das unidades hospitalares bem como as áreas de acesso externo;
Ventilação – deve contar com abertura superior e inferior com o uso de equipamentos vazados;
Conservação – todas as instalações devem ser de fácil conservação
Condições ambientais – não permitir a incidência de luz direta bem como evitar ao máximo o contato do material à temperaturas e umidades excessivas.

A C.A.F. deve ser dividida em: recepção, armazenagem e distribuição. Os medicamentos são armazenados em sala climatizada com um esforço para manter a organização e a contagem de estoque de medicamentos e matérias médico-hospitalares.

Para cada especialidade de medicamento ou material médico-hospitalar há na prateleira um registro do movimento de entrada e saída e controle destes.

Área de Dispensação Interna

Na área de dispensação interna deve-se permitir dispensar corretamente os medicamentos, segundo as exigências do sistema de distribuição adotado. De qualquer forma, precisa de espaço para análise das prescrições, para a guarda dos produtos dispostos de forma a facilitar a separação e preparação das doses.

Área de Produção / Manipulação – Farmacotécnica

Deverá dispor de equipamentos específicos, convenientemente instalados, cujos graus de complexidade e desenvolvimento atendam os medicamentos e germicidas manipulados.

A distribuição do espaço físico e a dotação de material e de pessoal podem ser estabelecidas a partir de uma classificação das formas farmacêuticas a elaborar.

Centro de Informações sobre Medicamentos (C.I.M.)

O centro pode ou não estar situado na própria área da farmácia, facultando a conveniência do centro hospitalar, mas deve ser de fácil acesso à equipe de saúde do hospital, já que difundir informações objetivas e esclarecedoras para os diversos profissionais é tão importante quanto distribuir corretamente os próprios medicamentos.

Para a organização de um C.I.M. deve-se considerar o tipo de hospital, a formação dos profissionais, tipos de pacientes atendidos, as patologias prevalecentes e suas referidas freqüências.

O acervo bibliográfico deve ser constituído de fontes bibliográficas primárias, secundárias e terciárias. As fontes primárias são periódicos conceituados que veiculam informações atualizadas, sobre medicamentos e terapêutica. Têm-se como fontes secundárias os índices que permitem acesso às fontes primárias, podendo ser apresentadas em volumes impressos ou microfichas. As fontes terciárias são constituídas de livros e são as mais utilizadas. Para exercer o controle de qualidade das fontes de informação disponíveis deve-se realizar rigorosa análise dos dados registrados verificando-se a validação dos resultados, ou seja, se foram tomadas as medidas necessárias para evitar os erros aleatórios ou sistemáticos. O CIM deve reunir condições de fornecer informações referentes a medicamentos, germicidas e correlatos, segundo as necessidades do Serviço de Controle de Infecções Hospitalares (S.C.I.H.).

Área Administrativa

Na área administrativa se realizam todas as atividades da aquisição de medicamentos, controle de estoques, estudo de consumo e custos, previsão das atividades, enfim, onde são analisadas todas as ações realizadas na farmácia. 

Estas exigências são criteriosas e atendem as patologias e atendimento em determinado hospital, para isto é constituído uma comissão com representante de cada uma das especialidades de médicos e farmacêuticos sendo a padronização o primeiro passo para administrar os recursos destinados a ele. 

Deve-se definir o consumo médio mensal e elaborar os pedidos de acordo com vários fatores políticos do hospital. O processo de compra deverá ser explicado mais pormenorizado em outro tópico. Outras áreas podem ser acrescidas às citadas desde que se justifique a sua instalação.

No que se refere a Recursos Humanos

Naturalmente como já foi mencionado anteriormente a Farmácia Hospitalar deve estar sobre a responsabilidade de um farmacêutico legalmente habilitado e especialmente preparado em Farmácia Hospitalar. A farmácia deverá estar dotada de farmacêuticos, técnicos e auxiliares de farmácia, em numero suficiente para exercer as funções que se queiram desenvolver de acordo com o plano de prioridades assistenciais do hospital. 

Qualquer que seja o tamanho do hospital, em principio, é certo que deve haver o numero mínimo de farmacêuticos, afim de que o serviço de farmácia tenha durante 24 horas, a assistência do farmacêutico. Os técnicos ou auxiliares de farmácia são servidos da saúde que receberam de uma formação básica de primeiro ou segundo graus e ensinamentos práticos para desenvolverem atividades na Farmácia Hospitalar.

Informática

O objetivo principal da área de informática e melhorar a qualidade de assistência farmacêutica ao paciente através de uma rápida e precisa transmissão de informações atualizadas, facilitando uma atuação mais clínica do farmacêutico e facilitar a gestão do serviço, através de estatísticas de aquisição e dispensações e dimensionamento de estoque;. Possibilita também avaliar a carga de trabalho nas diferentes áreas, para distribuir os recursos disponíveis de forma racional e agíl. Pode e deve ser utilizada nas áreas de administração; aquisição e distribuição de medicamentos, germicidas e correlatos na área Informações sobre medicamentos,-na prática clínica e na área de educação/pesquisa

Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH)

Existem atividades especificas de Controle de Infecção Hospitalar que devem ter a participação do Farmacêutico. Podem ser enumeradas algumas:

a) Contribuir na monitoração dos níveis de sensibilidade, prevalência de microorganismos e nas investigações de surtos;
b) Participar na elaboração de normas e rotina de limpeza;
c) Participar dos estudos de utilização de antimicrobianos, priorizando os de uso restrito;
d) Realizar a integração da CCIH e SCIH através da divulgação de seus objetivos, com outras comissões em que tenham participado;
e) Controlar a monitoração e realização dos procedimentos e equipamentos de esterilização e desinfecção;
f) Efetuar acessórias especiais quanto à hemodiálise, nutrição, higienização e outros;
g) Monitorar as ações de controle de vetores e da qualidade da água;
h) Participação de cursos e treinamentos, transmitir conhecimentos relativos à sua área de atuação

Padronização de Medicamentos 

A racionalização no uso do medicamento na assistência hospitalar favorece na melhoria de assistência postada, tendo em vista que ocorrerá melhoria na qualidade da farmacoterapia, e na quantidade de fármacos disponíveis, acarretando por uma redução nos custos na aquisição.

Os objetivos desta padronização são:-

1. Racionalizar o numero de medicamentos e correlatos, e em conseqüência uma redução do custo da terapêutica;-
2. Colaborar com as atividades de planejamento, aquisição, armazenamento, dispensação e controle dos medicamentos, e uma conseqüente redução de custos operacionais;
3. -Disciplinar o receituário-hospitalar e uniformizar a terapêutica, melhorando a qualidade de farmacoterapia, facilitando a farmacovigilância.

A Comissão de Padronização de Medicamentos é a junta deliberativa designada pela Diretoria Clinica, com a finalidade de regulamentar a padronização de medicamentos utilizados no receituário hospitalar.

Tem como objetivo padronizar o elenco de medicamentos, divulgar, alterar, elaborar estudos, registrar informações e manter arquivo da documentação pertinente.Os critérios para padronização de medicamentos são:-

Padronizar medicamentos pelo nome genérico, conforme a Denominação Comum Brasileira (DCB).-
Padronizar medicamentos com um único principio ativo, excluindo-se, sempre que possível as associações.
Padronizar preferencialmente medicamentos, resguardada a qualidade, levando em conta o menos custo de aquisição, armazenamento, dispensação e controle.-Padronizar, resguardando a qualidade, medicamentos, cujo custo do tratamento e o custo total do tratamento sejam menores.
Padronizar preferencialmente, formas farmacêuticas que permitam a individualização na distribuição-Padronizar formas farmacêuticas, apresentação e dosagens, considerando: comodidade para ministração aos pacientes, faixa etária, facilidade para cálculo da dose a ser ministrada, facilidade de fracionamento ou manipulação das doses.

Vantagens

Disciplinar a inclusão e/ou exclusão de medicamentos, quando necessários;
Tornar impessoais as decisões com a conseqüente melhoria de qualidade dos medicamentos padronizados
Possibilitar maior embasamento técnico-científico para a escolha do arsenal terapêutico para o uso do hospital;
Facilitar o controle de estoque e o planejamento da produção e/ou aquisição de medicamentos;
Possibilitar o uso de uma mesma linguagem (nome genérico) por todos os membros da equipe de saúde;
Possibilitar melhores condições para pratica da farmacovigilância;
Propiciar a sistematização de informações sobre o arsenal terapêutico.

Estrutura Organizacional

Presidente da Comissão

Membros permanentes:

Representante FarmacêuticoRepresentante de Enfermagem
Representante de Residência Médica
Representante da Clinica Médica
Representante da Clínica Cirúrgica
Representante da Clínica Pediátrica
Membro da Comissão de Controle de Infecção Hospilar

Etapas da Padronização

Formar a Comissão
Elaborar Estatutos ou Normas
Avaliar Relação de Medicamentos existentes
Consulta ao Corpo Clínico
Análise Comparativa
Prioridades
Esquematização
Aprovação
Revisão
Impressão
Revisão
Divulgação
Atualização

 Sistema de Distribuição

Sistema de Distribuição Coletiva

Neste caso a farmácia hospitalar é um mero repassador de medicamentos em suas embalagens originais.

Vantagens

Rápida disponibilidade de medicamentos na unidade assistencial;
Mínima atividade de devolução à farmácia;
Redução das necessidades de recursos humanos e infra-estrutura da farmácia;
Mínima espera na execução das prescrições;-Ausência de investimento inicial

Desvantagens

Aumento potencial de erros de medicação;-Perdas econômicas devido a falta de controle;
Aumento de estoques de medicamentos na farmácia hospitalar;
Facilidade de acesso aos medicamentos por qualquer pessoa;
Difícil integração do farmacêutico a equipe de saúde

 Sistema de Distribuição por Dose Individualizada

Através de transcrição da prescrição medica tem-se a possibilidade de erro de transcrição, prescrição adulterada e outros.
Através da cópia da prescrição médica, estes erros são minimizados. O regime normalmente adotado pelos hospitais é de uma prescrição de 24 em 24 horas, exceto para alterações de prescrição

Vantagens:

Diminuição de estoque das unidades assistenciais;
Redução do potencial de erros de medicação;
Facilidade para devolução à Farmácia;
Reduz tempo de pessoal de enfermagem quanto às atividades com medicamentos;
Reduz custos com medicamentos;-Controle mais efetivos com medicementos;
Aumento da integração do farmacêutico os demais profissionais da equipe de saúde.

Desvantagens:

Aumento das necessidades de recursos humanos e estrutura da farmácia;
Existência de investimento inicial;
Incremento nas atividades desenvolvida pela farmácia;
Necessidade de plantão na Farmácia Hospitalar;
Permite potencial erro de medicação;
Não permite controle total sobre as perdas econômicas

 Sistema de Distribuição por Dose Unitária

São medicamentos contidos em embalagens unitárias dispostos conforme o horário da administração, prontos para serem administrados segundo a prescrição médica, individualizada e identificadas para cada paciente. Sua distribuição pode ser em embalagens plásticas com separação dos medicamentos. O farmacêutico procede a conferência da dose unitária de acordo com a prescrição médica

Vantagens

Redução de estoques nas unidades assistenciais ao mínimo necessário;
Diminuição de do erro de medicação
Otimização das devoluções a farmácia;
Redução do tempo de pessoal de medicamentos dedicados às atividades com medicamentos;
Controle mais efetivos sobre os medicamentos
Integração do farmacêutico na equipe

Desvantagens

Aumento das necessidades de recurso humanos e infra-estrutura da farmácia hospitalar;
Exigência de investimento inicial;
Incremento das atividades desenvolvidas pela farmácia;
Aquisição de materiais e equipamentos especializados.

Setor de Distribuição Externa de Medicamentos

Setor de Distribuição Ambulatorial

Esta subdivisão da Farmácia Hospitalar deve ter como responsável o profissional farmacêutico, e é pouco encontrada nos hospitais. Conseqüentemente a distribuição de medicamentos aos pacientes que tem atendimento na rede publica, fica a cargo dos Postos de Saúde que utilizam padronizações de medicamentos básicos atendendo também ao programa de medicamentos excepcionais.

A distribuição externa de medicamentos pelos hospitais públicos é feita da seguinte forma: o paciente é atendido primeiramente pelo medico e posteriormente é encaminhado à farmácia com a devida prescrição em duas vias. A primeira via fica com o próprio paciente, e a segunda fica à disposição da farmácia que o atendeu, para controle interno. 

O farmacêutico presta sua assistência, orientando os pacientes quanto a posologia, interações medicamentosas, etc., como também responde pela garantia da segurança do medicamento no que diz respeito a sua qualidade. A aquisição dos medicamentos geralmente é feita através de doações de amostras grátis, ou através de compras efetuadas dos laboratórios privados por licitação para atendimentos de programas específicos, previamente autorizados considerando que não cabe a farmácia hospitalar desenvolver tal atividade a não ser em casos especiais

Quanto a receita a mesma deve ser préscrita em  2 vias sendo que na primeira via deve-constar idade, sexo, nome da clínica que atendeu o usuário ficando retida para lançamento no sistema e para arquivamento e a segunda via com as mesmas informações e devolvida ao usuário com um carimbo que demostre que a receita foi atendida totalmente ou parcialmente.

Setor de Medicamentos Controlados

Todos esses medicamentos dispensados conferem na lista de medicamentos citados na Resolução da Portaria 344/98 que visa Normas para prescrição e dispensação de medicamentos sujeitos a regime especial de controle e são acondicionados de acordo com a tal resolução.

O Setor de Controlados de uma Farmácia Hospitalar é de total responsabilidade do profissional farmacêutico, funcionando da seguinte maneira: os medicamentos controlados são guardados em salas com trancas; as prescrições são retidas na farmácia, para posterior controle, sendo registradas no livro de controlados que passa pela Vigilância Sanitária (VS) mensalmente seguindo as normas da Resolução da Portaria 344/98 que visa Normas para prescrição e dispensação de medicamentos sujeitos a regime especial de controle.

O farmacêutico é responsável pelo mapa dos medicamentos controlados que é fiscalizado pela VS. O mapa é entregue a mesma até o 15º dia de cada mês, contendo o nome do paciente, o balanço de entrada, saída e estoque.

Setor de Nutrição Parenteral (NP)

Nutrição parenteral é o fornecimento por via intra-venosa (IV) em teores suficientes para manter ou repor a massa celular corporal. Administra-se calorias e nitrogênio numa proporção adequada para se obter um balanço nitrogenado positivo, utilizando formulações que simulam o estagio final das transformações bioquímicas naturalmente sofridas pelos alimentos no trato digestivo.

Em sua concepção mais geral, a NP é o fornecimento de nutrientes essenciais, carboidratos, gorduras, proteínas, eletrólitos, vitaminas e água, por via venosa. A Nutrição Parenteral é formulada pelo SFH e possui uma resolução própria que visa manter a ordem e a qualidade do que é oferecido ao usuário. É uma solução de grande volume estéril, apirogênico. Não pode ser absorvido nem por via oral ou enteral e é submetido a usuários acometidos de comprometimento parcial ou total do Trato Gastro-Intestinal. 

O caso é avaliado por uma junta multidisciplinar (médico, farmacêutico, nutricionista e enfermeiro) para se valer do tratamento. Os casos mais comuns são os pacientes acometidos de ferimentos graves, idosos ou aqueles que sofrem de sérias complicações em que a administração de nutrientes pode ser decisiva no seu restabelecimento. 

Pacientes que possuam obstrução da via digestiva por doença maligna ou benigna também são submetidos a este tratamento.Os materiais utilizados para esta manipulação são: câmara de fluxo laminar, área isolada para manipulação e condições perfeitas de esterilização.Quanto ao preparo deve-se observar: temperatura, pH e a ordem de preparo (sob pena de precipitar os micronutrientes).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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14. Farmácia Hospitalar : Laboratório Eurofarma

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