quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

FARMÁCIA HOSPITALAR: UMA SINOPSE DAS QUESTÕES FUNDAMENTAIS DE SEU FUNCIONAMENTO PARTE 1

FARMÁCIA HOSPITALAR: UMA  SINOPSE DAS QUESTÕES FUNDAMENTAIS DE SEU FUNCIONAMENTO PARTE 1


HISTÓRICO

Nos Estados Unidos, a preocupação com os serviços de saúde existe desde a década de 50, impondo investimento de recursos na segurança do atendimento aos pacientes do hospital e nos métodos de distribuição de medicamentos, de modo a minimizar os erros de medicação, auxiliar no controle da administração dos medicamentos e permitir aprazamento imediato na conta hospitalar.

A preocupação com a assistência farmacêutica começa a tomar forma em 1965 com Brodie, ao propor que o controle de uso dos medicamentos deveria ser o objetivo central da profissão farmacêutica.

Esta ideia é uma ferramenta importante na transição da farmácia, onde, além da distribuição dos medicamentos, o profissional farmacêutico assume como um dos profissionais responsáveis pela prevenção e restabelecimento da saúde dos pacientes.

O conceito de assistência farmacêutica foi introduzido por Hepler, ao descrevê-lo como um “relacionamento pactual entre um paciente e um farmacêutico, no qual o farmacêutico desempenha as funções de controle de utilização dos medicamentos. governadas pela atenção ao comprometimento do atendimento aos pacientes”.

HISTÓRICO

A história da farmácia hospitalar brasileira pode-se dizer que recomeçou com o professor Cimino no Hospital das Clínicas em São Paulo, na década de 50 e 60, realizando um trabalho destacado, com ênfase na farmacopéia hospitalar, as farmácias populares mais antigas foram instaladas nas Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Militares, onde o Farmacêutico manipulava os medicamentos dispensados aos pacientes internos, obtidos de um ervário do próprio hospital.

No Brasil, a Santa Casa de Santos, é considerada como o primeiro hospital brasileiro fundado em 1565 (Castelar, 1995). De acordo com o Guia Básico para Farmácia Hospitalar (MS, 1994), a farmácia hospitalar nasceu na idade média através dos gregos, árabes e romanos. Surgindo no Brasil por volta dos anos 50, logo se modernizou, mas em seguida praticamente ficou estagnada.

A primeira farmácia hospitalar que se tem registro, data de 1752  no Estados Unidos em um hospital da Pensilvânia - EUA. No Brasil as farmácias hospitalares mais antigas foram instaladas na Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Militares (CFF, 1997).

No começo do século XX a farmácia possuía sua autonomia. Dentre os diversos setores que estruturavam o hospital, a que mais se destacava pela sua capacidade de produção e atendimento, bem como pela superioridade financeira obtida pelos recursos levantados, era o de farmácia. Naquela época, quase inexistiam especialidades farmacêuticas (medicamentos que sofriam processos de fabricação industrial), o que valorizava muito mais o trabalho deste profissional e do médico, ressaltando as artes de manipular e formular.

Com a industrialização de medicamento veio a Indústria Farmacêutica, surgindo assim o fármaco pronto para o uso, o que levou a uma crise na profissão farmacêutica, atingindo de forma parecida o farmacêutico hospitalar.

Com os medicamentos industrializados foram realizadas várias propagandas e os médicos compraram a idéia da nova tecnologia e o farmacêutico passou a inexistir. A farmácia abria espaço para leigos, e o farmacêutico praticamente deixava de manipular e a resultante de tudo foi um abalo na economia de um setor que foi tão viável em alguns anos atrás.

Foi uma época tenebrosa para a Farmácia Hospitalar. Porém no ano de 1940, apareceram as sulfas e, em seguida, os antibióticos. A partir daí inúmeras especialidades farmacêuticas, usadas até então, vieram a ser substituídas. A partir de 1950 os serviços de Farmácia, mais representados na época pelas Santas Casas de Misericórdia e Hospital das Clinicas das Universidades de São Paulo, passaram a desenvolver-se e modernizar-se.

Em 1975, a faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais incluiu no seu currículo a disciplina de Farmácia Hospitalar e na década de 80 apareceram cursos patrocinados pelo Ministério da Saúde em Natal (Hospital Onofre Lopes) e na Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sendo os primeiros Serviços de Farmácia Clínica.

 A partir de 1982, o MEC – Ministério da Educação e Cultura, passou a incentivar programas de desenvolvimento para a Farmácia Hospitalar, que vem obtendo sucesso crescente em todo o país, despertando e formando novos profissionais nesta área. A partir de 1985, o Ministério da Saúde, preocupado com os problemas de Infecção Hospitalar, também passou a incentivar a reestruturação das Farmácias Hospitalares, promovendo cursos de especialização, a exemplo do MEC

ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA:

“É o grupo de atividades relacionado com os medicamentos. Sua função é apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade. Envolve o abastecimento de medicamentos em cada uma de suas etapas constitutivas, a conservação e controle de qualidade, a segurança e a eficácia terapêutica dos medicamentos, o acompanhamento e a avaliação da utilização, a obtenção e a difusão de informações sobre medicamentos e a educação permanente dos profissionais de saúde, do paciente e da comunidade para assegurar o uso racional de medicamentos.” (Ministério da Saúde)

CONCEITOS DE FARMÁCIA HOSPITALAR

Vários são os conceitos de farmácia hospitalar existentes. Discutiremos a questão com base na análise dos diversos autores que serão abordados e que consideraremos para o desenvolvimento deste Manual. A farmácia hospitalar é um sistema relevante no contexto dos hospitais e tendo em vista sua importância foram elaborados, através do tempo, para instrumentalizá-la, vários conceitos.

Discorreremos sobre os conceitos de alguns autores, como o de Nogueira Henrique (1961), que define a farmácia hospitalar “como uma atividade que adquiriu especial significado, em face de ser fator de alta cooperação no perfeito equilíbrio do orçamento hospitalar, contribuindo de modo decisivo no custo do leito /dia”.

Segundo Cimino (1973), a farmácia hospitalar é considerada como uma unidade técnica aparelhada para prover as clínicas e demais serviços, dos medicamentos e produtos afins de que necessita para seu funcionamento normal definição incluída também por Maia Neto (1990).

As definições sobre farmácia hospitalar são fartas e podemos destacar ainda outros autores tais como Santich (1995) que conceitua de modo geral o que vem a ser assistência farmacêutica e que pode perfeitamente ser inferido para farmácia hospitalar.

Entre diversos conceitos Santich (1995) destaca o de Mikeal et, al (1975), que a define como “O cuidado que um paciente determinado deve receber ou recebe, e que assegura o uso racional dos medicamentos “. Já Brodie et, al (1980), define a farmácia hospitalar “através da determinação das necessidades de medicamentos para um só indivíduo, como também dos serviços necessários (antes, durante e depois do tratamento), para assegurar uma terapia otimamente segura e efetiva “.

Segundo Santich (1995), podemos ainda citar Hepler (1987), que define a atividade como “uma relação acordada entre o paciente e o farmacêutico, no qual o farmacêutico possui o controle do uso dos medicamentos, com habilidade e conhecimento apropriados, consciente de seu compromisso com os interesses dos pacientes

Santich (1995), ainda cita o conceito de Hepler & Strand (1990) como um dos mais citados na atualidade que estaria representado “pelo componente da prática farmacêutica que permite a interação do farmacêutico com o paciente com o propósito de atender as necessidades do paciente relacionadas com medicamentos”.

            Segundo o Programa Regional de Medicamentos Essenciais da Organização Panamericana de Saúde (OPAS, 1987) a farmácia hospitalar compreende a “seleção de medicamentos, a aquisição e o controle dos medicamentos selecionados e o estabelecimento de um sistema racional de distribuição que assegure que o medicamento prescrito chegue ao paciente na dose correta. Para tal é vital a implantação de um sistema de informações sobre medicamentos que permita otimizar a prescrição “.

                   No Curso de Especialização em Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1990), definiu-se a farmácia hospitalar “como o departamento ou serviço de um hospital, que sob a responsabilidade técnica de um profissional farmacêutico habilitado, se destina a contribuir para o seu bom desempenho procedendo à ampla assistência farmacêutica a seus pacientes e colaborando com todos os demais profissionais que integram a área de saúde, através de uma série de atividades colocadas em pratica “ (Maia Neto, 1990).

                   O próprio Ministério da Saúde, através de seu Guia para Farmácia Hospitalar (MS/SAS/DPAS/CCIF, 1994), define a farmácia hospitalar como uma “atividade que representa uma parcela muito alta do orçamento destinado aos hospitais, justificando, portanto, a implementação de medidas que assegurem o uso racional desses produtos “

                   A farmácia hospitalar seria, portanto uma unidade técnica - administrativa do hospital é que visa primordialmente à assistência ao paciente no âmbito dos medicamentos e correlato e executa uma série de atividades com o objetivo de fazer o uso racional de medicamentos.

                   Para que a farmácia hospitalar possa assegurar produtos farmacêuticos de boa qualidade em quantidade adequados, com segurança, quanto a eficácia e efeitos indesejáveis, a farmácia precisa de uma estrutura organizacional adequada e bem elaborada e com funções bem definidas “.

                   De acordo com a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar, 3º oficina de trabalho edição (SBRAFH, 1996/1997), a farmácia hospitalar é um serviço clínico, administrativo e econômico, dirigida por profissional farmacêutico, ligada hierarquicamente à direção do hospital e integrada funcionalmente com as demais unidades de assistência ao paciente.

                   Considerando como base as Teorias Organizacionais e de Gestão em Serviços de Saúde, a farmácia hospitalar pode ser assemelhada a um sistema mecanicista (Burocracia Mecanizada), tendo em vista que sua estrutura mais básica, em qualquer organização médica, pode perfeitamente levar a formulação de atividades que podem ser padronizadas, paradoxalmente com o que se assemelha o sistema hospitalar como um todo, que poderia representar uma “Burocracia Profissional “(Wilken & Bermudez,1998)

            Segundo Santich (1995), a farmácia hospitalar tende a ter funções, estruturais e organizacionais mais homogêneas que as farmácias dos centros de saúde o que a nosso ver justifica nosso conceito, além da classificação em níveis.

POLÍTICA DE MEDICAMENTOS

No Brasil, a Política Nacional de Medicamentos, publicada em 1996, já define como assistência farmacêutica o “Grupo de atividades relacionadas com o medicamento, destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade. Envolve o abastecimento de medicamentos em todas e em cada uma de suas etapas constitutivas, a conservação e controle de qualidade, a segurança e a eficácia terapêutica dos medicamentos, o acompanhamento e a avaliação da utilização, a obtenção e a difusão de informação sobre medicamentos e a educação permanente dos profissionais de saúde, do paciente e da comunidade para assegurar o uso racional de medicamentos”.

O termo serviço ora utilizado deve ser propositalmente substituído para que mude, também, a compreensão das atividades profissionais, pois assistência se define como responsabilidade por ou atenção à segurança e bem estar enquanto que serviço define funções ou atividades. A introdução do termo assistência no vocabulário da farmácia determina como alvo a atenção ao paciente, sem minimizar a importância do trabalho de distribuição, porém, coloca o paciente finalmente no centro dos interesses farmacêuticos.

COMPETÊNCIA

Ao se estudar sobre a competência do trabalho farmacêutico no desempenho da atividade hospitalar, surpreende-se certamente com a demonstração da expansão da importância deste profissional no contexto hospitalar em todo o mundo e, à semelhança de outros países onde o profissional farmacêutico encontra-se desempenhando atividades ainda não desenvolvidas no Brasil, a profissão passou pelos mesmos desafios dos que ora enfrentamos.

Como o paciente é o real beneficiário das ações do farmacêutico, a assistência farmacêutica deve ser um complexo de atitudes, comportamentos, compromissos, valores éticos, funções, conhecimentos e responsabilidades.

Nos hospitais em que se observa maior tendência em valorizar os problemas econômicos em detrimento da qualidade ou mesmo da eficiência da assistência sanitária, os problemas de saúde muitas vezes são gerados e agravados pelo mau uso dos medicamentos. Nestes casos, a Farmácia é vista apenas como um setor de guarda e controle de medicamentos, mantida mais para atender aos requisitos legais, do que um órgão que, quando bem  administrado, poderia render benefícios extras às instituições.

Cabe aos farmacêuticos um papel importante na transposição destas barreiras, para reversão deste processo e quando o profissional mostra que há possibilidade de efetiva cooperação no equilíbrio do orçamento hospitalar, contribuindo de modo decisivo no custo diário do leito, através do melhor gerenciamento do uso dos medicamentos, a atividade farmacêutica adquire significado especial. Por isso, os profissionais farmacêuticos devem: tornar a Farmácia mais integrada às funções hospitalares, ampliando sua atuação., tais como:

  • Gerar informações sobre os medicamentos padronizados, para evitar gastos desnecessários com aquisição de medicamentos similares já existentes na organização
  • Tornar a farmácia um polo divulgador de informação sobre fármacos;
  • Implantar programas de farmacovigilância e farmácia clínica, bem como rotinas de estudo farmacoeconômico;
  • .Estabelecer rotinas de controle de qualidade;
  • .Desenvolver normas técnicas para produtos e serviços prestados pela farmácia, no tocante ao gerenciamento de medicamentos, para evitar perdas;
  • .Reduzir os custos com aquisição de medicamentos e promover maior rotatividade dos estoques;
  • Diminuir a mão-de-obra da enfermagem, direcionando seus serviços para o cuidado exclusivo com os pacientes;
  • Possibilitar o treinamento do próprio pessoal funcionário do Serviço, na realização de curso especializado para técnicos em farmácia hospitalar;
  • Desenvolver programas de treinamento a todos os profissionais envolvidos no processo de uso dos medicamentos;
  • Implantar rotinas de detecção e controle de erros de medicamentos.

CLASSIFICAÇÃO

Como um serviço/departamento de um hospital a classificação da Farmácia  hospitalar se confunde com a do próprio hospital em que esta contida. segundo Maia Neto (1990), podemos classificar os hospitais de várias maneiras:

·         Uma primeira maneira seria quanto à administração financeira; Ex. Hospitais Públicos e Privados.

·         Uma segunda maneira quanto ao aspecto financeiro; Neste caso, poderíamos classifica-los em não lucrativos, filantrópicos, beneficentes.

·         Uma terceira  maneira seria quanto a sua finalidade e, neste caso, poderíamos utilizar a terminologia de crônicos, de longa permanência, e agudos ou de curta permanência.

·         Uma quarta maneira seria quanto a sua estrutura física; e a classificação poderia ser considerada como Pavilhonar, Monobloco, Multibloco, Horizontal e Vertical.

·         Por último, poderíamos classificar o hospital quanto ao corpo clínico, que neste caso poderiam ser abertos ou fechados. Queremos salientar que diversos aspectos atuam administrativamente e tecnicamente para justificar a importância do assunto escolhido, e a própria classificação hospitalar, sob seus vários aspectos, tem influência marcante na atividade de farmácia hospitalar como um todo.

TIPOS DE FARMÁCIA HOSPITALAR

Farmácia quanto ao tipo de paciente

  • Farmácia de Hospitais Gerais-
  • Farmácia de Hospitais Especializados
  • Farmácia de Hospital Universitário

Farmácia quanto a capacidade do hospital

  • Farmácia Hospitalar para atender até 50 leitos;
  • Farmácia Hospitalar para atender até 100 leitos;
  • Farmácia Hospitalar para atender 200 leitos ou mais.

Farmácia quanto ao trabalho desenvolvido

  • Deposito de drogas e medicamentos (hospital de até 100 leitos);
  • Farmácia Hospitalar propriamente dita (hospital de 100 a 200 leitos);
  • Farmácia Hospitalar semi-industrial (hospital de 200 a 500 leitos);
  • Farmácia Hospitalar industrial (hospital acima de 500 leitos

IMPORTÂNCIA DA FARMÁCIA HOSPITALAR

Analisando as definições acima citadas notamos uma evolução, através do tempo, do próprio conceito de Farmácia Hospitalar, que passou a incluir a função clínica dentro de suas ações, tornando o farmacêutico hospitalar mais inserido no contexto assistencial apesar de alguns aspectos limitantes, como os mencionados pelo Ministério da Saúde (1994:11):

A Farmácia Hospitalar promove o entendimento recíproco entre corpo clinico e de enfermagem. Não se restringe ao fator econômico.

¨      formação deficiente do farmacêutico para as atividades da Farmácia Hospitalar, tendo em vista que as universidades orientam o profissional para atuar em análises clínicas e indústrias, em detrimento de conhecimento do medicamento;
¨       despreparo dos farmacêuticos para assumirem as atividades administrativas da Farmácia Hospitalar;
¨       a limitação do papel da Farmácia Hospitalar como setor exclusivo de armazenagem e distribuição de produtos farmacêuticos, sem o desenvolvimento de atividades de produção e fracionamento de medicamentos;
·         não comprometimento de alguns profissionais da área de saúde com as propostas de uso racional de medicamentos.

OBJETIVOS

Os objetivos de farmácia hospitalar podem ser divididos em primários e secundários;

1 - Os objetivos primários- Devem ser os procedimentos mínimos indispensáveis para o monitoramento eficiente do uso dos medicamentos. Os objetivos primários: são:

  • Padronização de medicamentos,
  • Planejamento de estoques,
  • Aquisição de medicamentos,
  • Armazenamento e
  • Dispensação de medicamentos.

2 -Os objetivos secundários- Devem ser perseguidos pelos profissionais farmacêuticos, para o reconhecimento da farmácia como serviço clínico na instituição. Os objetivos secundários são:
  • Farmacotécnica,
  • Controle de infecções hospitalares,
  • Educação e treinamento e
  • Farmácia clínica

Estão entre os objetivos da Farmácia hospitalar :

  • Planejamento, aquisição, análise, armazenamento, distribuição e controle de medicamentos e correlatos; -
  • Desenvolvimento e/ou manipulação de fórmulas magistrais e/ou oficinais-Produção de medicamentos e correlatos;
  • Desenvolvimento de pesquisas e trabalhos próprios ou em colaboração com profissionais de outros serviços;
  • Desenvolver atividades didáticas;
  • Adequar-se aos problemas políticos, sociais, econômicos, financeiros e culturais do hospital;
  • Estimular a implantação e o desenvolvimento da Farmácia Clínica.

AS FUNÇÕES BÁSICAS DA FARMÁCIA HOSPITALAR


                   Segundo a Organização Pan. Americana da Saúde, um serviço de farmácia moderno sustenta seu trabalho em quatro suportes fundamentais (OPAS, 1997):

·      A seleção de Medicamentos necessários para o hospital, realizada por uma Comissão de Farmácia e Terapêuticos, na qual a participação do farmacêutico é de extrema importância, em face de seus conhecimentos sobre as necessidades de medicamentos, rotatividade dos mesmos e seus custos. No Brasil, segundo o Guia Básico de Farmácia Hospitalar do Ministério da Saúde (MS, 1994), os medicamentos representam cerca de 1/3 do custeio de um hospital, dentre outras atividades igualmente importantes.

·      A aquisição, conservação e o controle dos medicamentos selecionados, evitando-se sempre a aquisição de quantidades excessivas e consequentemente perdas que só trariam prejuízos ao serviço, evitando-se o remanejamento de produtos para outras unidades onerando ainda mais, o sistema com o custo de transporte.

·      O estabelecimento de um sistema racional de distribuição de medicamentos que assegure que o medicamento prescrito chegue ao paciente com segurança, no lugar certo, na hora certa, e do modo certo, garantindo dessa forma a qualidade da Assistência Farmacêutica prestada.

·      A implementação de um sistema de informação sobre medicamentos, que proporcione dados objetivos tanto para o pessoal de saúde como também para o próprio paciente hospitalizado ou já em tratamento ambulatorial.

A farmácia hospitalar, de acordo com Santich & Pedrasa (1989), pode ser classificada como uma atividade técnica - cientifico e operativa, que teria como centro de sua atividade a informação sobre uma série de inter - relações com atividades que poderíamos considerar nobres, a começar pela seleção (padronização), que seria o arcabouço do sistema, e seria elaborada por uma Comissão de Padronização ou por uma Comissão de Farmácia e Terapêutica com funções mais amplas, acompanhada da programação de medicamentos cujas técnicas modernas já permitem diminuir as imperfeições.

Outra atividade seria a aquisição, que será um assunto  abordado em nossa avaliação apesar de  não estar relacionada ao serviço ou seção de farmácia, mas sim ao serviço de material dos hospitais escolhidos como amostragem.

O armazenamento é um fator preponderante para a conservação dos medicamentos e diminuição das perdas por diversos fatores. Finalmente, a distribuição, que consideramos como fator de elite no que se refere à diminuição de gastos com farmácia hospitalar, principalmente pela implantação da dose individualizada ou mesmo unitária, métodos que diminuem consideravelmente o custo da Assistência Farmacêutica prestada, e que no Brasil raramente são levados em consideração.

Ainda outra atividade importante, segundo o documento em análise, é a educação em saúde que, no Brasil de um modo geral, não é levada em consideração.

Recentemente, o Guia para o Desenvolvimento de Serviços de Farmácia, da OPAS/OMS, (1997), emite alguns conceitos que consideramos importantes em nossa dissertação, tanto em nível geral como em nível específico.

Em nível geral poderíamos levar em consideração o número de leitos do hospital, sua categoria: geral (crônico ou especializado). O nível de gestão onde se localiza o hospital também é importante, como por exemplo; federal, estadual ou municipal.

Outra característica importante se refere às normativas legais que regulamentam o funcionamento do hospital e consequentemente também da farmácia hospitalar. O tipo de administração, centralizada ou descentralizada, também tem uma influência importante, bem como a oferta de profissionais e a capacidade de resolução do nosocômio.

No que se refere mais especificamente a farmácia hospitalar vários fatores devem ser levados em consideração, segundo o guia citado. Dentre eles, destacaremos:

Garantir a qualidade de assistência prestada ao paciente promovendo o uso seguro e racional de medicamentos e correlatos, estando sua atuação comprometida com os resultados da assistência prestada ao paciente e não apenas com a provisão de produtos e serviços, cabendo-lhe atuar em todas as fases da terapia medicamentosa, cuidando, em cada momento, de sua adequada utilização nos planos assistencial, econômico, de ensino e de pesquisa, devendo, para tanto, contar com farmacêuticos em número suficiente para o bom desempenho da assistência farmacêutica (CFF,1997;ASBRAFARMÁCIA HOSPITALAR,1997).

Segundo a OPAS (1992) as funções da Farmácia Hospitalar são as seguintes:

·         Organização e gestão
·         Planejamento
·          Seleção de Medicamentos, Germicidas e Correlatos:
·         Programação das Necessidades:
·         Aquisição:
·         Armazenamento e Conservação de Medicamentos, Germicidas e Correlatos:
·         Distribuição de Medicamentos, Germicidas e Correlatos:
·         Sistemas de Distribuição de Medicamentos;
·         Sistema de Distribuição de Correlatos:
·         Sistema de Distribuição de Germicidas:
·         Manipulação;
·         Informação sobre Medicamentos:
·     Ensino e Pesquisa

FUNÇÕES E PADRÕES MÍNIMOS DE UM SERVIÇO DE FARMÁCIA HOSPITALAR

Iremos resumir rapidamente algumas atividades que são características das farmácias hospitalares sem procurar entrar em detalhes.

De acordo, com a Socieda de Brasileira de Farmácia Hospitalar, 3º oficina de trabalho edição (SBRAFH, 1996/1997), são atribuições essenciais dos serviços de farmácia hospitalar: o gerenciamento; desenvolvimento de infra-estrutura; preparo, distribuição, dispensação e controle de qualidade de medicamentos e correlato; otimização da terapia medicamentosa; informação sobre medicamentos e correlato; pesquisa e ensino.

Segundo o programa regional de medicamentos essenciais da OPAS/OMS (OPAS, 1987), o serviço de farmácia de um hospital deve ser sempre dirigido por um farmacêutico especializado e pode ser considerado como um serviço central e vital para o bom funcionamento do hospital, semelhante a outros tantos, tais como laboratório, radiologia, etc.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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  3. Menaging Drug Suply: The Selection, Procurement, Distribuition and Use of Pharmaceuticals. Secons Edition , Conecticut, 1997
  4. Ministério da Saúde. Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar, 1994. Guia Básico para Farmácia Hospitalar. Brasília: Edição pela Divisão de Editoração Técnico - Científica / Coordenação de Documentação e Informação/Secretaria de Administração Geral/ CDI/SAG/MS.
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14. Farmácia Hospitalar : Laboratório Eurofarma


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