sexta-feira, 10 de julho de 2015

TOXICOLOGIA GERAL CONCEITOS BÁSICOS PARTE 3

TOXICOLOGIA GERAL
CONCEITOS BÁSICOS PARTE 3

DEPTO. ANÁLISES CLÍNICAS E TOXICOLÓGICAS
FACULDADE DE FARMÁCIA
UNIVERSIDADE   FEDERAL  DE  MINAS  GERAIS

 

Profa. Edna Maria Alvarez Leite, Profa. Leiliane Coelho André Amorim

 2.4) Eliminação

             Aceita-se, atualmente, que a eliminação é composta de dois processos distintos: a biotransformação e a excreção.

 2.4.1) Biotransformação

             O organismo vivo apresenta mecanismos de defesa, que buscam terminar ou minimizar a ação farmacológica ou tóxica de um fármaco sobre ele, destacando-se o armazenamento, a biotransformação e a excreção.

           A intensidade e duração de uma ação tóxica é determinada, principalmente, pela velocidade de biotransformação do agente no organismo. Segundo alguns autores, se não existisse a biotransformação, o organismo humano levaria cerca de 100 anos para eliminar uma simples dose terapêutica de pentobarbital, que é um fármaco muito lipossolúvel.          Pode-se conceituar Biotransformação como sendo o conjunto de alterações maiores ou menores que um agente químico sofre no organismo, visando aumentar sua polaridade e facilitar sua excreção.

 2.4.1.1) Mecanismos da Biotransformação

             A biotransformação pode ocorrer através de dois mecanismos:

 Ø  chamado Mecanismo de Ativação da Biotransformação, que produz metabólitos com atividade igual ou maior do que o precursor. Ex.: a piridina é biotransformada ao íon N-metil piridínico que tem toxicidade cinco vezes maior que o precursor. O mesmo ocorre com o inseticida parathion que é biotransformado a paraoxon, composto responsável pela ação tóxica do praguicida e

 Ø  Mecanismo de Desativação, quando o produto resultante é menos ativo (tóxico) que o precursor. É o mais comum de ocorrer para os xenobióticos.

           É comum encontrar-se na literatura científica, os termos Metabolização e Detoxificação, como sinônimos de biotransformação. Hoje, no entanto, se guarda o termo metabolização para os elementos essenciais endógenos do organismo e sabe-se que detoxificação não é sinônimo de Biotransformação. Isto porque detoxificação significa diminuição de toxicidade e nem todas as reações de biotransformação, como citado acima, produzirão metabólitos menos tóxicos ou ativos que o seu precursor.

           É importante ressaltar que, na maioria das vezes:

 Þ  Nenhum fármaco deixará de ser, no mínimo, parcialmente biotransformado;

Þ  Nenhum fármaco sofrerá apenas um tipo de biotransformação;

Þ  Duas espécies animais não biotransformarão um fármaco de maneira idêntica;

Þ  Nenhuma biotransformação permanecerá inalterada com doses repetidas do fármaco.

           A biotransformação pode ocorrer em qualquer órgão ou tecido orgânico como por exemplo no intestino, rins, pulmões, pele, etc. No entanto, a grande maioria das substâncias, sejam elas endógenas ou exógenas serão biotransformadas no FÍGADO.

           O fígado é o maior órgão humano, tendo diversas e vitais funções, destacando-se entre elas, as transformações de xenobióticos e nutrientes. A biotransformação é executada geralmente por enzimas, principalmente aquelas existentes nos chamados microssomas hepáticos, que são vesículas presentes no sistema retículo endotelial liso (REL). Algumas reações de biotransformação não são microssômicas, embora sejam enzimáticas e um número ainda menor pode ocorrer sem o envolvimento de enzimas.

 2.4.1.2) Fases da Biotransformação

             As reações envolvidas na biotransformação dos xenobióticos podem ser agrupadas em duas fases distintas:

             - Fase Pré-Sintética ou Fase I, onde ocorrem reações de oxidação, redução e hidrólise.

            - Fase Sintética, de Conjugação ou Fase II, onde ocorrem reações de conjugação.

 Fase Pré-Sintética

 Ø  Oxidação:

           A essência bioquímica de vida animal é a oxidação e qualquer xenobiótico que possa ser modificado por via idêntica ou análoga será facilmente biotransformado no organismo, embora nem sempre o produto resultante seja menos tóxico. As oxidações são, geralmente, catalisadas por uma classe de enzima denominada oxidase de função mista, que são enzimas complexas, inespecíficas (oxidam diferentes tipos de compostos) e que necessitam de NADPH e O2 para agirem. Durante a oxidação elas exigem uma molécula de oxigênio para cada molécula de fármaco a ser oxidado (um átomo de oxigênio é incorporado ao fármaco ocorrendo a oxidação e outro é, geralmente, combinado com H2, formando água).          

A enzima ou sistema enzimático principal  na oxidação de xenobióticos é o chamado Citocromo P450. Esta enzima é um citocromo (complexo de proteína e heme) chamado de P450 porque em sua forma reduzida é ligado ao monóxido de carbono, terá um pico (P) de absorbância no comprimento de onda de 450nm. O cit P450 parece estar localizado nas camadas profundas na membrana do retículo endotelial liso (REL), mais especificamente, nos microssomas hepáticos. Esta enzima é a oxidase terminal do sistema de oxidases mistas. Ela recebe os elétrons provenientes de outras fases da reação, se reduz e se liga ao O2 e ao fármaco, promovendo de fato a oxidação do composto. Isto é demonstrado na Figura 6 apresentada a seguir: 

Outras enzimas estão presentes nos microssomas hepáticos e, embora menos conhecidas e importantes que o Cit P450 podem, também, biotransformar xenobióticos. É o caso por exemplo do citocromo b5, que está localizado fora das membranas do REL.           

O sistema enzimático Cit P450 é influenciado por uma série de substâncias, que podem induzir ou inibir a sua atividade, alterando a biotransformação de determinados compostos. 

Ex.: a) fenilbutazona (antiinflamatório e antireumático) e o cloranfenicol podem inibir a biotransformação enzimática da tolbutamida, medicamento antidiabético. Com isto, uma dose terapêutica deste medicamento poderá causar crises de hipoglicemia sérias, devido à diminuição excessiva do açúcar no sangue; 

b) Fenobarbital e álcool são exemplos de indutores enzimáticos, que aumentam a biotransformação de outros fármacos como a metadona, fenilbutazona, etc. 

Parece que nestes casos tanto o fenobarbital como o álcool, aumentam a concentração do Cit P450 e, consequentemente, aumenta a biotransformação dos fármacos. Outros fatores que influem na biotransformação serão discutidos posteriormente. 

 A redução de xenobióticos é muito menos comum do que a oxidação uma vez que a mesma é contrária à tendência geral das reações bioquímicas dos tecidos vivos, ou seja a oxidação. Deve-se considerar que toda a reação enzimática é, fundamentalmente, reversível sendo sua direção dependente do equilíbrio químico. Assim, se a forma reduzida no equilíbrio é mais excretável que a forma oxidada, a lei de ação das massa tende a deslocar a reação no sentido da redução. A redução pode ser executada enzimaticamente, envolvendo enzimas microssômicas ou não. Já foi demonstrado a existência do Cit P450 redutase, enzima NADPH dependente, localizada fora da membrana do REL, que é responsável pela redução de uma série de produtos.

Ø  Hidrólise

           Certos xenobióticos são lisados antes de sofrerem outras reações de biotransformação. A mais comum destas reações é a hidrólise de ésteres, embora amidas, nitrilas e hidrazidas, também possam ser hidrolizadas.           

A hidrólise de ésteres (R-COOR) é feita pelas enzimas denominadas esterases, que podem ser de origem microssômica ou não. Geralmente estas esterases não tem uma boa especificidade, ou seja, uma esterase pode, além de hidrolisar ésteres, provocar a quebra de acetanilidas, amidas e outros derivados da anilina. 

Fase Sintética ou de Conjugação           

Um fator importante na toxicidade de um xenobiótico é a sua capacidade de ser excretado, e parece que os rins dos vertebrados é constituído de maneira e excretar eletrólitos mais facilmente que não eletrólitos. Assim, quanto mais ionizado estiver um ácido orgânico no pH do meio, mais rapidamente ele será excretado pelos rins. 

A ionização, por sua vez, depende do chamado momento dipolo (ou grau de polaridade), ou seja, da distância entre o centro geométrico de todas as cargas positivas e  de todas as cargas negativas. 

É claro que moléculas com momento dipolo baixo (carga positiva perto da carga negativa) terão uma simetria maior e, portanto, uma ionização mais difícil. Já moléculas com grandes dipolos (ou seja, moléculas onde as cargas positivas e negativas estão distantes) terão uma menor simetria e, consequentemente, maior ionização.           

Nas reações de conjugação o xenobiótico, provenientes ou não da fase pré-sintética, se liga a substratos endógenos do organismo formando metabólitos com tamanho molecular elevado e, consequentemente, mais excretáveis e menos tóxicos. Ou seja, na conjugação observa-se: aumento do tamanho ® maior polaridade ® maior ionização ® maior excreção ® menor toxicidade.           

Os principais compostos endógenos envolvidos na conjugação são: 

Þ  Aminoácidos e seus derivados, tais como a glicina, cisteina, etc.

Þ  Carboidratos e seus derivados, especialmente o ácido glicurônico e glicose.

Þ  Conjugação com compostos simples, como por exemplo sulfato e acetato.

           O composto endógeno envolvido na conjugação está, geralmente, na sua forma “ativa”, ou seja, ligado a uma coenzima da qual é transferido para o xenobiótico.

           As coenzimas envolvidas são: 

Þ  Coenzima A (onde está ligado o acetato ou outros ácidos graxos de cadeia curta).

Þ  Adenosina ou fosfoadenosina fosfato (PAP) onde está ligado o sulfato, metionina e etionina.

Þ  Uridina difosfato (UDP) onde se liga o ácido glicurônico e a glicose.

           As conjugações mais freqüentes são aquelas feitas com ácido glicurônico e com o sulfato.

 Conjugações com ácido glicurônico:

           O ácido glicurônico é um derivado 6-carboxil da glicose, formado durante o metabolismo deste açúcar. A forma ativa deste composto, o ácido uridino difosfato glicurônico (UDPGA) é formado enzimaticamente na fração solúvel do fígado. Esta forma ativa doa o ácido glicurônico para se conjugar com o xenobiótico e esta reação é catalisada pela transglicuronilase ou glicuroniltransfe-rase, presente na fração microssômica hepática.

           O ácido glicurônico que está em configuração a no UDPGA, sofre inversão de Walden e se conjuga com o xenobiótico em configuração b.

           Os conjugados glicurônicos ou glicuronídeos são muito polares e, portanto, facilmente excretados do organismo. Em relação às substâncias endógenas, são poucas aquelas capazes de sofrerem conjugação glicurônica. Exemplo: tiroxina e bilirrubina. É como se o organismo tivesse “guardado” este tipo de conjugação para a biotransformação de xenobióticos.

 Conjugação com Sulfato:

           Este tipo de conjugação é quase tão comum quanto a anterior. Os produtos da conjugação com sulfatos são sais de sulfatos ácidos (SO3) ou de sulfamatos (NHSO3), que, no pH fisiológico são totalmente ionizados e rapidamente excretados pelos rins.

 Os íons sulfatos presentes no organismo também terão que ser ativados para se conjugarem com os xenobióticos. Esta ativação envolve o uso de ATP e é feita pelas enzimas ATP-sulfato-adenil-transferase e ATP-adenil-sulfato-3-fosfotransferase. Forma-se, então, o PAPS, que é a forma ativa do sulfato, presente na fração microssômica hepática e que sob ação da sulfoquinase cede o sulfato ao xenobiótico, formando o conjugado.

 2.4.1.3) Fatores que influem na Biotransformação

          Além da indução e inibição enzimática estudada anteriormente, outros fatores podem alterar a biotransformação dos xenobióticos. São eles:

 Ø  Dose e Freqüência:

           A dose geralmente altera a via de biotransformação. Certas enzimas possuem elevada afinidade, mas baixa capacidade para biotransformar substâncias exógenas. Por isto, serão rapidamente saturadas, quando doses elevadas do tóxico são administradas e outras vias secundárias passam a ter um papel mais importante.

 Exemplo: o acetaminofem em doses baixas (15 mg/Kg) é 90% biotransformado através da conjugação com sulfato. Em doses elevadas (300 mg/kg) apenas 43% será excretado como tal, passando a ser significativa, as excreções como glicuronídeo e ácido mercaptúrico (conjugação com glutation).           

Em relação à frequência, ela pode levar a uma sensibilização ou indução de receptores enzimáticos, aumentando a biotransformação. 

Ø  Dieta e estado nutricional: 

O estado nutricional é bastante importante para a biotransformação; podendo alterar a atividade do Cit P450 (oxidase ou redutase). As deficiências em vitaminas, especialmente a C, E e do complexo B, reduzem a velocidade de biotransformação. Elas estão direta ou indiretamente envolvidas na regulação do Cit P450. 

Além disto, suas deficiências podem alterar a energia e o estado redox das células, diminuindo a produção de cofatores, necessários para a fase de conjugação. Uma dieta rica em lípides diminui, geralmente, a biotransformação, uma vez que estes podem aumentar a suscetibilidade à peroxidação lipídica. Esta maior suscetibilidade pode se estender aos lípides das membranas biológicas, e com isto destruir os sistemas enzimáticos intracelulares levando a um aumento da toxicidade dos fármacos. Este papel é desenvolvido, também, pelas dietas pobres em proteínas, visto que a menor concentração protéica diminuirá a síntese enzimática e, consequentemente, a biotransformação.           

Algumas substâncias naturalmente presentes nos alimentos podem aumentar a biotransformação dos xenobióticos. É o caso dos compostos indólicos e dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos; estes últimos presentes em carnes assadas, que induzem à Fase I da biotransformação.

Ø  Sexo, Idade, Peso: 

Já foi demonstrado que, para algumas substâncias, existem diferenças entre as respostas tóxicas de animais macho e fêmea. Estudos feitos em ratos demonstraram que as fêmeas são mais suscetíveis a uma dose de hexobarbital do que os machos (elas dormem por um tempo maior). 

Este fato é explicado pela menor capacidade do fígado das fêmeas em biotransformar xenobióticos tornando-as mais suscetíveis à ação da maioria dos agentes tóxicos. A menor atividade hepática destes animais fêmeas no entanto, irá diminuir a ação de fármacos que são biotransformados pelo mecanismo de ativação (ex.: o tetracloreto de carbono e halotano). Acredita-se que estas diferenças entre sexo sejam causadas pelos hormônios sexuais, posto que, ao se administrar testosterona às fêmeas, houve aumento na capacidade de biotransformação e com a castração de machos ocorreu diminuição desta capacidade. 

A influência do sexo sobre a biotransformação ocorre também em processos que ocorrem em outros órgãos como por exemplo nos rins. Ex.: animais machos são mais suscetíveis à ação tóxica do clorofórmio, provavelmente, por biotransformar mais rapidamente este solvente, originando o fosgênio, metabólito intermediário ativo. Embora as diferenças entre sexo sejam mais pronunciadas em ratos, outras espécies entre elas o homem, também apresentam estas modificações (ex.: nicotina, ácido acetilsalicílico, heparina, etc.). 

Idade, tanto os animais jovens, quanto os velhos, apresentam menor capacidade de biotransformar xenobióticos e, consequentemente, são mais suscetíveis aos seus efeitos tóxicos. Geralmente, o Cit P450 dos recém-nascidos tem apenas 20% a 50% da atividade observada em adultos. Em relação aos idosos, não só a atividade diminuída do Cit P450, mas também outros fatores, tais como menor fluxo sangüíneo, menor eficiência no sistema da excreção renal e biliar, contribuem para a menor biotransformação dos xenobióticos. 

2.4.1.4) Importância da Biotransformação para as Análises Toxicológicas           

Esta reside no fato de que a forma mais comum de se encontrar o agente tóxico em material biológico é como produto biotransformado. Assim, conhecendo a biotransformação do AT, sabe-se o que procurar na amostra enviada ao laboratório. Além disto, conhecendo-se a biotransformação e os metabólitos formados, fica mais fácil saber que tipo de amostra é a mais indicada para ser requisitada. 

Exemplo: a metanfetamina, um anorexígeno do grupo anfetamínicos usado como “bolinha é biotransformada no organismo, produzindo anfetamina, que é excretada pelos rins. Assim, quando da ingestão ou intoxicação com a metanfetamina, o produto principal a ser pesquisado na urina deverá ser a anfetamina. 

Os solventes clorados do tipo CHCl3 e CCl4 são muito pouco biotransformados no organismo e quando isto ocorre o produto formado é geralmente o CO2, que será, assim como os precursores, eliminados pelo ar expirado. Logo não adianta solicitar ou receber amostras de urina para serem analisadas.

           Já um outro solvente clorado, o tricloretileno, é muito biotransformado no organismo produzindo principalmente ácido tricloacético (TCA) e tricloetanol (TCE), eliminados na urina. Para este xenobiótico a urina é amostra biológica adequada.

 2.4.2) Excreção

 Este processo é, muitas vezes, denominado Eliminação, embora pelo conceito atual a eliminação é também o processo de biotransformação. A excreção pode ser vista como um processo inverso ao da absorção, uma vez que os fatores que influem na entrada do xenobiótico no organismo, podem dificultar a sua saída. Basicamente existem três classes de excreção:

 Ø  eliminação através das secreções, tais como a biliar, sudorípara, lacrimal, gástrica, salivar, láctea.

Ø  eliminação através das excreções, tais como urina, fezes e catarro.

Ø  eliminação pelo ar expirado.          

O processo mais importante para a Toxicologia e a excreção urinária.

 2.4.2) Excreção Urinária

           Sabe-se que a capacidade de um órgão em realizar uma determinada função está intimamente relacionada com sua anatomia e que os rins possuem um elevado desenvolvimento anatômico, voltado para a excreção de substâncias químicas.

           Os glomérulos renais filtram cerca de 20% do fluxo cardíaco (os rins recebem 25% deste fluxo) e apresentam poros bastantes largos (cerca de 40 Aº enquanto o de outros tecidos medem cerca de 4 Aº).

 Assim, os glomérulos filtram substâncias lipossolúveis ou hidrossolúveis, ácidas ou básicas, desde que tenham PM menor do que 60.000. A filtração glomerular é um dos principais processos de eliminação renal e está intimamente ligado a um outro processo que é a reabsorção tubular.

 As substâncias, após serem filtradas pelos glomérulos, podem permanecer no lúmem do túbulo e ser eliminada, ou então podem sofrer reabsorção passiva através da membrana tubular. Isto vai depender de alguns fatores, tais como o coeficiente de partição óleo/água; o pKa da substância e pH do meio.

  De modo geral, as substâncias de caráter alcalino são eliminadas na urina ácida e as substâncias ácidas na urina alcalina. Isto porque nestas condições as substâncias se ionizarão, tornando-se hidrossolúveis e a urina é, em sua maior parte, formada de água.

           Outro processo de excreção renal é a difusão tubular passiva. Substâncias lipossolúveis, ácidas ou básicas, que estejam presentes nos capilares que circundam os túbulos renais, podem atravessar a membrana por difusão passiva e caírem no lúmem tubular. Dependendo do seu pKa e do pH do meio, elas podem, ou não, se ionizarem e, consequentemente, serem excretadas ou reabsorvidas.

           O terceiro processo de excreção renal é a secreção tubular ativa. Existem dois processos de secreção tubular renal, um para substâncias ácidas e outro para as básicas estando estes sistemas localizados, provavelmente, no túbulo proximal.

 A secreção tubular tem as características do transporte ativo, ou seja, exige um carregador químico, gasta energia, é um mecanismo competitivo e pode ocorrer contra um gradiente de concentração. Algumas substâncias endógenas, tais como o ácido úrico, são excretadas por este mecanismo e a presença de xenobióticos excretados ativamente, pode interferir com a eliminação de substratos endógenos.

 A Penicilina é um exemplo de xenobiótico secretado ativamente pelos túbulos. O uso de Probenecid (fármaco excretado pelo mesmo sistema) evita que este antibiótico seja secretado muito rapidamente do organismo. Geralmente, o que ocorre no organismo é uma combinação dos três processos de excreção renal, para permitir uma maior eficácia na eliminação dos xenobióticos.

 2.4.2.2) Excreção Fecal e Catarral

           Não são processos muito importantes para a Toxicologia. Os AT encontrados nas fezes correspondem à fração ingerida e não absorvida ou então ao AT que sofreu secreção salivar, biliar ou gástrica. As partículas que penetram pelo trato pulmonar podem ser eliminadas pela expectoração no TGI e, se não forem reabsorvidas, serão, também, excretadas pelas fezes.

 2.4.2.3) Secreção Biliar

           Dentre as secreções orgânicas, a mais significativa para a excreção de xenobióticos é a biliar. O fígado tem uma posição vantajosa na remoção de substâncias exógenas do sangue, principalmente daquelas absorvidas pelo trato gastrintestinal. Isto porque, o sangue proveniente do TGI, através da circulação porta, passa inicialmente pelo fígado, e somente depois  entra na circulação sistêmica. No fígado parte do xenobiótico pode ser biotransformado e os metabólitos ou mesmo o produto inalterado podem ser secretados pela bile no intestino.

           Existem, sabidamente, três sistemas de transporte ativo para a secreção de substâncias orgânicas na bile, a saber, para substâncias ácidas, básicas e neutras. É quase certa a existência de um outro sistema para os metais. Uma vez secretado no intestino, os xenobióticos podem sofrer reabsorção ou excreção pelas fezes. Não se conhece o mecanismo que determina se a excreção será urinária ou biliar. Esquematicamente temos:

            estômago  ®  fígado  ®  circulação sistêmica

                        ­                     ¯

            intestino    ß      bile

 É o chamado ciclo entero hepático e a morfina é um exemplo típico de xenobiótico que apresenta tal ciclo. Ela é conjugada com ácido glicurônico no fígado e o glicuronídeo de morfina é secretado pela bile no intestino. Neste local, pela ação da enzima b-glicuronidase, a morfina é liberada e reabsorvida. O glicoronídeo que não for lisado será excretado pelas fezes.

 2.4.2.4) Outras secreções

           A eliminação através da secreção sudorípara já é conhecida há alguns anos. Desde 1911 sabe-se que substâncias tais como iodo, bromo, ácido benzóico, ácido salicílico, chumbo, arsênio, álcool, etc., são excretadas pelo suor.

 O processo parece ser o de difusão passiva e pode ocorrer dermatites em indivíduos suscetíveis, especialmente quando se promove a sudorese para aumentar a excreção pela pele.

           A secreção salivar é significativa para alguns xenobióticos. Os lipossolúveis podem atingir a saliva por difusão passiva e os não lipossolúveis podem ser eliminados na saliva, em velocidade proporcional ao seu peso molecular, através de filtração. Geralmente as substâncias secretadas com a saliva sofrem reabsorção no TGI.

           Existe um interesse em relação à secreção de xenobióticos no leite, pois este acaba sendo ingerido por recém-nascidos.

 Geralmente as substâncias apolares sofrem difusão passiva do sangue para o leite e como esta secreção é mais ácida do que o sangue (ela tem pH = 6,5), os compostos básicos tendem a se concentrarem mais aí. Já os compostos ácidos tem uma concentração láctea menor que a sangüínea. Várias substâncias são, sabidamente, eliminadas pelo leite: DDT, PCB (difenil policlorados), Pb, Hg, As, morfina, álcool, etc.

 2.4.2.5) Excreção pelo ar expirado

           Gases e vapores inalados ou produzidos no organismo são parcialmente eliminados pelo ar expirado. O processo envolvido é a difusão pelas membranas que, para substâncias que não se ligam quimicamente ao sangue, dependerá da solubilidade no sangue e da pressão de vapor.

 Estes xenobióticos são eliminados em velocidade inversamente proporcional à retenção no sangue, assim, gases e vapores com K elevado (pouco solúveis no sangue) são rapidamente eliminados, enquanto os de K baixo (muito solúvel no sangue) são lentamente excretados pelo ar expirado. A freqüência cardíaca e respiratória influem na excreção destes agentes: a primeira nos de K alto e a segunda nos de K baixo. Em relação à pressão de vapor, os líquidos mais voláteis serão, quase exclusivamente, excretados pelo ar expirado.

 Fatores que influem na velocidade e via de excreção

 Ø  Via de Introdução: a via de introdução influi na velocidade de absorção, de biotransformação e, também, na excreção.

Ø  Afinidade por elementos do sangue e outros tecidos: geralmente o agente tóxico na sua forma livre está disponível à eliminação.

Ø  Facilidade de ser biotransformada: com o aumento da polaridade a secreção urinária está facilitada.

Ø  Freqüência respiratória: em se tratando de excreção pulmonar, uma vez que, aumentando-se a freqüência respiratória, as trocas gasosas ocorrerão mais rapidamente.

             - Função renal: sendo a via renal a principal via de excreção dos xenobióticos, quaisquer disfunção destes órgãos interferirá na velocidade e proporção de excreção.

 3) Fase Toxicodinâmica

             Esta é a terceira fase da intoxicação e envolve a ação do agente tóxico sobre o organismo. O AT interage com os receptores biológicos no sítio de ação e desta interação resulta o efeito tóxico. O órgão onde se efetua a interação agente tóxico-receptor (sítio de ação) não é, necessariamente, o órgão onde se manifestará o efeito.

 Além disto, de um AT apresentar elevadas concentrações em um órgão, não significa obrigatoriamente, que ocorrerá aí uma ação tóxica. Geralmente os AT se concentram no fígado e rins (locais de eliminação) e no tecido adiposo (local de armazenamento), sem que haja uma ação ou efeito tóxico detectável.

           Quando se considera a complexidade dos sistemas biológicos (do ponto de vista químico e biológico), pode-se imaginar o elevado número de mecanismos de ação existentes para os agentes tóxicos. Alguns destes mecanismos, os principais em Toxicologia, são resumidos a seguir:

 3.1) Interferência com o funcionamento de sistemas biológicos

 3.1.1) Inibição irreversível de enzimas

           O exemplo clássico deste mecanismo são os inseticidas organo-fosforados, que inibem irreversivelmente a acetilcolinesterase (AChE). Estes inseticidas impedem, assim, que a acetilcolina (Ach), um dos mais importantes neurotransmissores do organismo, seja degradada em colina e ácido acético, após transmitir o impulso nervoso através da sinapse. Ocorrerá acúmulo de Ach e, consequentemente, os efeitos tóxicos decorrentes deste acúmulo.

 3.1.2) Inibição reversível de enzimas

           Geralmente, os AT que atuam através deste mecanismo são anti-metabólitos, ou seja, quimicamente semelhantes ao substrato normal de uma enzima. Assim, o agente tóxico é captado pela enzima, mas não consegue ser transformado por ela, interrompendo assim reações metabólicas essenciais para o organismo.

 É uma inibição reversível porque o próprio organismo ao final da exposição é capaz de revertê-la, em velocidade não muito lenta. O exemplo clássico é a dos inseticidas carbamatos, que inibem também a AChE só que reversivelmente.

 Outro exemplo são os antagonistas do ácido fólico (usados no tratamento de tumores malignos e como herbicidas). Estas substâncias inibem enzimas envolvidas na síntese das bases purínicas e pirimidínicas, impedindo, consequentemente, que haja síntese de DNA e proliferação celular. Como estes fármacos não tem ação seletiva, podem causar efeitos tóxicos em uma série de tecidos e órgãos.

 3.1.3) Síntese letal          

Neste tipo de mecanismo de ação, o agente tóxico é, também, um antimetabólito. Ele é incorporado à enzima e sofre transformações metabólicas entrando em um processo bioquímico, dando como resultado um produto anormal, não funcional e muitas vezes tóxico. 

Em outras palavras, há a síntese de substâncias que não são farmacologicamente úteis e, dependendo da concentração deste produto anormal, pode haver morte celular, tecidual ou de sistemas biológicos. 

Tem-se como exemplo, o ácido fluoracético (CH2-F-COOH), usado como rodenticida e que atua no organismo tomando o lugar do ácido acético no ciclo do ácido cítrico. Os processos metabólicos desenvolvem-se até à formação de ácido fluorocítrico (no lugar do ácido cítrico). 

Este produto anormal vai inibir a aconitase, enzima responsável pela etapa seguinte do ciclo. Assim, há formação de um substrato anormal, tóxico, que impede o desenvolvimento do ciclo do ácido cítrico, indispensável para o suprimento de energia de quase todos os organismos vivos. 

3.1.4) Seqüestro de metais essenciais           

Vários metais atuam como cofatores em vários sistemas enzimáticos, como por exemplo os citocromos, envolvidos nos processos de oxi-redução. Destacam-se o Fe, Cu, Zn, Mn e Co. Alguns agentes tóxicos podem atuar como quelantes, ou seja, se ligam ou seqüestram os metais, impedindo que eles atuem como cofatores enzimáticos. Desta maneira, o processo biológico, no qual estas enzimas atuam, ficará prejudicado ou mesmo interrompido. 

É o caso dos ditiocarbomatos. Eles se complexam com metais, formando complexos lipossolúveis e impedindo a ação enzimática. Este é o mecanismo de ação do Antabuse, medicamento usado, por muitos, no tratamento do alcoolismo. 

3.2) Interferência com o transporte de oxigênio 

            A hemoglobina (Hb), pigmento responsável pelo transporte de O2 dos alvéolos para os tecidos e da retirada de CO2 dos tecidos para os pulmões, é constituída de uma parte protéica (globina) e outra não protéica (heme). 

No heme tem-se basicamente, uma molécula de Fe2+ ligada a quatro moléculas de protoporfirina. Este complexo ferroprotoporfirínico é o responsável pela coloração vermelha da Hb. Quimicamente o ferro possui 6 valências de coordenações, portanto no heme restam ainda 2 coordenações livres. 

Uma delas é ligada à globina formando a hemoglobina e a outra (a 6a) é ligada ao O2, dando origem a oxemoglobina (HbO2), que é o pigmento normal do sangue.           

Existem alguns agentes tóxicos que alteram a hemoglobina e, consequentemente, impedem o transporte de oxigênio. São três os pigmentos anormais do sangue, ou seja, formas de Hb que são incapazes de transportar O2. 

            -Carboxemoglobina (HbCO) que pode ser causada pelo CO, diclorometano, etc)

            - Metemoglobina (MeHb) resultante, por exemplo da exposição a  anilina, acetaminofeno, nitritos,etc;

            - Sulfemoglobina (SHb), a droga oxidante metaclorpramida é exemplo de um agente sulfemoglobinizante.           

No caso de carboxemoglobina, o monóxido de carbono, que tem 210 vezes mais afinidade pela Hb do que o O2, liga-se à sexta coordenação do Fe2+, deslocando o O2. Esquematicamente, tem-se:

 

            HbO2  +  CO        HbCO  +  O2

             A HbCO é incapaz de exercer a função respiratória e efeitos decorrentes desta hipoxia vão aparecer no indivíduo exposto.           

Existem vários xenobióticos tais como os nitritos, anilina e acetaminofem, que uma vez no sangue, oxidam os íons Fe2+ da hemoglobina, formando a chamada metemoglobina. O Fe3+ da MeHb perde a capacidade de se ligar na 6a coordenação com o O2 e, assim, este pigmento não cumprirá, também, a função respiratória. Dentro deste grupo de agentes tóxicos, que agem interferindo com o transporte de O2, estão, ainda, os agentes que provocam a lise das hemácias. Com a hemólise, a hemoglobina é extravasada para o meio extracelular, onde é desnaturada. Haverá assim menor quantidade de Hb e logicamente menor transporte de O2 para os tecidos.

 3.3) Interferência com o sistema genético

 3.3.1) Ação citostática           

Alguns agentes tóxicos impedem a divisão celular e, consequentemente, o crescimento do tecido. Esta ação pode ser desenvolvida através de distintos mecanismos, tais como a inibição enzimática (já estudada) ou o encaixe entre as duplas hélices do DNA. Neste último caso estão as substâncias denominadas de Alquilantes, que ao se intercalarem entre as base de cada hélice, inibem o crescimento celular. São usadas no tratamento do câncer, mas não tem ação seletiva. 

3.3.2) Ação mutagênica e carcinogênica           

Certas substâncias químicas tem a capacidade de alterarem o código genético, ou seja, de produzirem um erro no código genético. Se esta alteração ocorrer nos genes de células germinativas, ou seja, que serão enviadas à próxima geração (células hereditárias), pode ocorrer um efeito mutagênico. 

Este efeito possui um período de latência relativamente grande, se manifestando apenas algumas gerações após a ação. Isto porque, geralmente, a mutação ocorre em genes recessivos e só será manifestada se houver o cruzamento com outro gen recessivo que tenha a mesma mutação. Logicamente, os estudos que comprovam esta ação são bastante difíceis de serem realizados e avaliados, o que faz com que, atualmente, poucas substâncias sejam, comprovadamente, mutagênicas. O mais comum é existir suspeita de ações mutagênicas.           

A ação carcinogênica vem sendo mais intensamente estudada nos últimos anos. Nesta ação os xenobióticos provocam alterações cromossômicas que fazem com que as células se reproduzam de maneira acelerada. Esta reprodução incontrolável não produzem células harmônicas e perfeitas. 

Embora o mecanismo exato de desenvolvimento do câncer não seja totalmente conhecido, aceita-se que esta ação ocorra em duas fases distintas: a conversão neoclássica ou fase de iniciação e o desenvolvimento neoclássico ou promoção. Na fase de iniciação, um xenobiótico ou produto de biotransformação promove a alteração a nível do DNA. 

Esta lesão origina a chamada célula neoplástica, que através da interferência de outras substâncias químicas e/ou fatores, muitas vezes desconhecidos, sofre processo de crescimento, originando o neoplasma e o câncer instalado. Entre as duas fases do processo carcinogênico existe, geralmente, um período de latência que pode variar de meses a anos.           

A teratogênese resulta de uma ação tóxica de xenobióticos sobre o sistema genético de células somáticas do embrião/feto, levando ao desenvolvimento defeituoso ou incompleto da anatomia fetal.

(NOTA: neoplasma: massa ou colônia anormal de células. A neoplasia pode ser benigna (tumor não invasivo) ou maligna). 

3.4) Interferência com as funções gerais das células 

3.4.1) Ação anestésica                       

Um dentre os vários mecanismo que podem resultar em efeito anestésico, é a interferência com o transporte de oxigênio e nutrientes para as células biológicas. O xenobiótico se acumula na membrana de certas células, impedindo que haja a passagem destes nutrientes. As células mais sensíveis à essa deficiência são as do SNC, por necessitarem de maior quantidade destes compostos essenciais. 

3.4.2) Interferência com a neurotransmissão           

Na realidade, muitos dos mecanismos agrupados aqui podem decorrer de inibição enzimática, ou seja poderiam ser classificados no primeiro grupo de ação tóxica citadas no item 3.3.1.           

Vários agentes tóxicos atuam alterando a transmissão neurológica através da interferência com os neurotransmissores envolvidos. esta interferência pode ocorrer a nível pré-sináptico, sináptico e/ou pós-sináptico. Exemplos: 

Þ  bloqueio dos receptores de diferentes sinapses (curare);

Þ  inibição do metabolismo dos neurotransmissores (praguicidas organofosforados);

Þ  bloqueio na síntese ou metabolismo de neurotransmissores (mercúrio);

Þ  inibição da liberação da liberação pré-sináptica dos neurotransmissores (toxina botulínica - Clostridium botulinum);

Þ  estimulação da liberação de neurotransmissores (anfetamina)

Þ  bloqueio da recaptura dos neurotransmissores para as células pré-sinápticas (imipramina, anfetamina). 

3.5) Irritação direta dos tecidos 

            Os xenobióticos que tem ação irritante direta sobre os tecidos, reagem quimicamente, no local de contato, com componentes destes tecidos. Dependendo da intensidade da ação pode ocorrer irritação, efeitos cáusticos ou necrosantes. 

Os sistemas mais afetados são pele e mucosas do nariz, boca, olhos, garganta e trato pulmonar. Destacam-se neste grupo, a ação dos gases irritantes (fosgênio, gás mustarda, NO2, Cl) e lacrimogênicos (acroleína, Br, Cl). Outra ação irritante de tecidos é a dermatite química. Os xenobióticos que apresentam esta ação tóxica (substâncias vesicantes como as mustardas nitrogenadas ou agentes queratolíticos como o fenol), lesam a pele e facilitam a penetração subsequente de outras substâncias químicas. 

3.6) Reações de hipersuscetibilidade 

            Corresponde ao aumento na suscetibilidade do organismo. Aparece após exposição única ou após meses/anos de exposição; os efeitos desta ação diferem essencialmente daqueles provocados pelo xenobiótico originalmente. Os principais tipos de reações de hipersuscetilidade são: 

3.6.1) Alergia química (sulfonamidas) 

            Este tipo de ação tóxica só é desenvolvida após absorção do xenobiótico pelo organismo e ligação com a proteína formando o antígeno (o agente tóxico funciona como hapteno). Com a formação do antígeno, ocorre, consequentemente, o desenvolvimento de anticorpos e do complexo antígeno/anticorpo. 

Este complexo se liga às células teciduais ou basófilos circulantes, sensibilizando-as, ou seja desenvolvendo grânulos internos, contendo histamina, bradicinina, etc. Quando ocorre uma segunda exposição do organismo ao mesmo xenobiótico, os anticorpos previamente desenvolvidos promovem a alteração da superfície celular com conseqüente desgranulização celular. 

Estes grânulos secretam na corrente sangüínea histamina e bradicinina, que são os responsáveis pela sintomatologia alérgica. Esta sintomatolgia é bastante semelhante, independente do tipo de xenobiótico que a desencadeou. Os órgãos mais afetados são pulmões e pele. 

3.6.2) Fotoarlegia ( prometazina, sabões, desodorante hexaclorofeno) 

            As características deste tipo de ação tóxica são bastante semelhantes às da alergia química. A diferença primordial entre os dois é que, na fotoarlegia, o xenobiótico necessita reagir com a luz solar (reação fotoquímica), para formar um produto que funciona como hapteno. Após a sensibilização, sempre que houver exposição ao sol, na presença do xenobiótico, haverá o aparecimento dos sintomas alérgicos. É importante ressaltar que a fotoalergia só aparece após repetidas exposições. 

3.6.3) Fotossensiblização (agentes branqueadores, furocumarinas) 

            Estes xenobióticos, quando em contato com a luz solar, formam radicais altamente reativos que produzem lesões na pele, muito semelhante às queimaduras de sol. Esta reação pode aparecer logo na primeira exposição. As lesões resultantes da fotossensibilização podem persistir sempre que houver contato com o sol, mesmo sem nova exposição ao agente químico. 

Bibliografia

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