terça-feira, 28 de janeiro de 2014

BACTERIOSES - TETANO

BACTERIOSES - TETANO


Doença infecciosa de transmissão indireta, causada pela toxina do bacilo tetânico que se prolifera no local do ferimento. Caracteriza-se por espasmos musculares e contraturas.

Apesar de sua incidência ter diminuído no Brasil, o tétano ainda constitui grave problema de Saúde Pública, principalmente no Norte e Nordeste.

Agente infeccioso: Clostridium tetani ou bacilo do tétano;

Fonte de infecção: O solo contaminado com esporos do bacilo constitui a principal fonte. Podem ser encontrados, também, em poeira, roupas, seringas e instrumentos não esterilizados.

Reservatório de incubação: A incubação varia de quatro a vinte e um dias. Quanto menor o período de incubação, pior o diagnóstico;

Período de transmissibilidade: Não existe transmissão inter-humana.

Modo de transmissão: Dois modos de transmissão são consideráveis:

A – Neonatal: contaminação do coto umbilical pelo bacilo, através de substâncias infectantes utilizadas para curar a ferida umbilical, como fumo e fezes de animais;

B – Acidental: contaminação de ferimentos ( mesmo que a ferida seja insignificante ) pelo bacilo do tétano.

Suscetibilidade: Universal, embora a incidência seja baixa em países industrializados.

Afeta toda as idades. Alguns fatores climáticos como umidade e temperatura interferem na Incidência da doença.

Quadro clínico: Clinicamente, o tétano acidental caracteriza-se por contraturas musculares dolorosas dos masseteres com trismo e riso sardônica, rigidez de nuca, provocando dificuldade na deglutição, podendo chegar ao opistótono.

Com o progresso da doença, a rigidez muscular pode atingir os músculos reto-abdominais, causando o  “abdome em tábua “ e possível insuficiência respiratória.

Contraturas frequentes podem ser desencadeadas por estímulos luminosos, barulhos ou pela manipulação do doente. No tétano neonal, o primeiro sinal é quando a criança deixa de mamar por ter dificuldade de sugar. Aparecem o trismo, riso sardônico, pernas muito esticadas e braços dobrados junto ao peito, mãos fechadas e difíceis de abrir. Com fraturas musculares que levam ao opistotono.

Tratamento: O tratamento é obrigatoriamente hospitalar. Enfermaria escura e livre de barulhos. Antibiocoterapia, imunoterapia com soro antitet6anico, sedativos e miorrelaxantes. Deve-se fazer a imunização com toxóide antes da alta, pois a doença não confere imunidade.

Profilaxia:

A – Imunização: além do esquema usado para a DPT ( tríplice ), imunizando crianças de 0 a 4 anos, aconselha-se o uso de TT ( toxóide tetânico ) nos seguintes grupos:

v  gestantes ( prevenção do tétano neonatal )
v  grupos profissionais de maior risco;
v  atendimentos a ferimentos;
v  reforço a cada 10 anos;

B – A prevenção do tétano acidental é feita em três doses, uma a cada 30 ou 60 dias por via intramuscular. Indica a quem não tenha imunização.

v  isolamento acústico ( livre de barulhos e estímulos luminosos )
v  aspiração frequente ( em caso de muita secreção, avisar o médico).
v  Alimentação fracionada por via oral ou sonda nasogástrica.

Distribuição Geográfica: A doença é cosmopolita e ainda constitui u sério problema no Brasil e em toda América do Sul. Mais de 11.000 indivíduos morrem anualmente de tétano em nosso país. Mas felizmente, com a imunização em massa, o índice de mortalidade tem caído grandemente.

Outros cuidados de enfermagem

v  manter o paciente limpo e seco. Se necessário, passar  “juntex “;
v  controlar balanço hidro-eletrolítico;
v  sacrificar limpeza do paciente, se necessário;
v  incrementar prescrição de enfermagem e médica;
v  manter o paciente imobilizado no leito.

FONTE

MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica, DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. GUIA DE BOLSO, 6ª edição revista Série B. Textos Básicos de Saúde, brasília / DF, 2006

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

DE CARLI, G. A. Parasitologia Clínica: Seleção de Métodos e Técnicas de Laboratório para o Diagnóstico das Parasitoses Humanas. São Paulo: Atheneu, 2001.
CARRERA, M. Insetos de Interesse Médico e Veterinário. Curitiba: Editora da UFPR, 1991.
CIMERMANN, B.; FRANCO,M.A. Atlas de parasitologia. São Paulo: Atheneu, 2004.
COURA, J R. Dinâmica das Doenças Parasitárias. Rio de janeiro: Gunabara Koogan,2V. 2005.
GOULART, G. G.; COSTA LEITE, I. Moraes: Parasitologia e Micologia Humana. 2 ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1978.
MARCONDES,  C.B. Entomologia médica e veterinária. São Paulo: Atheneu, 2005.
NEVES, D. P. Parasitologia Dinâmica. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 11 ed. São Paulo: Atheneu, 2004.
PESSOA, S. B.; MARTINS, A. V. Parasitologia Médica. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.
REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
REY, L. Parasitologia. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
VALLADA, E.P. Manual de exame de fezes. São Paulo: Atheneu, 2004.

Bibliografia Complementar

BEAVER, P. C.; JUNG, R. C.; CUPP, E. W. Clinical Parasitology. Philadelphia: Lea & Febiger, 1984.
GARCIA, L. S.; BRÜCKNER, D. A. Diagnostic Medical Parasitology. 3 ed. Washington D. C.: ASM, 1997.
LEVENTHAL, R.; CHEADLE, R. Parasitologia Médica: Texto e Atlas. 4 ed. São Paulo: Editora Premier, 1997.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Procedimentos Laboratoriais em Parasitologia Médica. São Paulo: Editora Santos, 1994.


ZAMAN, V. Atlas Color de Parasitologia Clínica. 2 ed. Buenos Aires: Panamericana, 1988.

BACTERIOSES : DIFTERIA

BACTERIOSES : DIFTERIA




Caracteriza-se como uma doença infectocontagiosa causada por bactéria, que ocorre, principalmente, do primeiro ao quarto ano de vida. É causada pelo bacilo de Loeffer e localiza-se preferencialmente nas mucosas da boca e da garganta, provocando inflamação, elevação de temperatura, dificuldade de respirar, afonia e disfagia, além de anemia.

Devido a vacinação generalizada, esta doença, que até há pouco tempo atrás era uma das doenças mais comuns na infância, é pouco frequente. O índice de mortalidade devido a esta doença é praticamente zero.

A difteria é de fácil diagnóstico. Na suspeita de sua existência, exames realizados em laboratório clínico bacteriológico determinarão se os germes são diftéricos ou difteróides. Os germes da difteria variam em virulência de um ataque epidêmico para outro, mas também existem germes não virulentos, semelhantes aos diftéricos. Os germes diftéricos atuam prejudicialmente produzindo uma substância tóxica chamada toxina diftérica, mortíferas em altas dosagens.

Para determinar-se o grau de virulência da bactéria, mede-se a quantidade de toxina necessária para matar uma cobaia. Para a determinação dos dados é necessário levar-se em conta o peso da cobaia.

Mais da metade dos casos de difteria ocorrem em crianças menores de cinco anos de idade e, oitenta por cento, em crianças menores de dez anos de idade. A vacinação consiste na introdução do toxóide correspondente por via intravenosa. 

Devido às campanhas de vacinação promovidas pelos governos, aumentou a incidência da doença, proporcionalmente, em crianças maiores de dez anos, já que as outras estão recebendo a vacina. O processo de pasteurização do leite serviu muito para a diminuição da incidência da doença. Antes do descobrimento da antitoxina, trinta e cinco por cento das crianças morriam e, se a doença atingia-se a laringe, a taxa de mortalidade alcançava noventa por cento.

O contágio se dá pelo contato direto de um contaminado, ou portador do germe, com uma pessoa sadia. Também é possível a contaminação por contato indireto.

De dois a cinco dias após o contato, a criança afetada apresentará febre de até trinta e nove graus centígrados, inflamação na garganta, mal-estar generalizado e fraqueza. 

Geralmente, ocorre congestão das mucosas e uma membrana começa a aparecer na parte superior da garganta que estender-se-à laringe e até às fossas nasais. Tal membrana assemelha-se a um véu avermelhamento da região, podendo ocorrer dilatação dos gânglios cervicais maior a quantidade de bactérias alojadas.

O diagnóstico precoce é extremamente importante, pois se não for administrado o soro antidiftérico, a inflamação poderá estender-se ocasionando hemorragia na garganta dificultando cada vez mais a fala e a garganta começará a exalar um odor bastante desagradável. O prolongamento demasiado poderá ocasionar a morte, devido ao crescimento da membrana acarretando a asfixia.

A antitoxinae a prova de Schick, a qual determina a suscetibilidade à doença, reduziram consideravelmente o número de vítimas da doença. Antibióticos como a penicilina ou eritromicina atuam diretamente sobre o organismo causador da infecção, o Corynobacteruim diphtheriae.

Aspectos Gerais

A difteria é uma doença transmissível aguda, toxi-infecciosa, causada por bacilo toxicogênico que se aloja freqüentemente nas amígdalas, na faringe, na laringe, no nariz e, ocasionalmente, em outras mucosas e na pele. É caracterizada por placas pseudomembranosas. Também é conhecida pela denominação de CRUPE. Embora seja uma patologia passível de controle, ainda constitui-se problema de saúde pública no Brasil em virtude das baixas coberturas vacinais. Apesar disso, observa-se um decréscimo do número de casos, em função do uso da vacinação antidiftérica.

Agente Etiológico: a bactéria é um bacilo conhecido como bacilo de Klebs Loffler ou bacilo diftérico, cientificamente chamado Corynebacterium diphteriae, produtor da toxina diftérica.

Reservatório: é o próprio doente ou portador, sendo esse último mais importante na disseminação do bacilo, pela sua maior freqüência na comunidade e por ser assintomático.
Modo de Transmissão: Dá-se de forma direta, caso o indivíduo são entre em contato com secreções do nariz garganta da vítima, através de beijos, perdigotos da fala, espirro e etc. Dá-se também de forma indireta. Caso haja a utilização, por outro indivíduo, de objetos contaminados que tenham entrado em contato com as secreções. É possível a transmissão da doença até que os bacilos desapareçam das secreções. O que dura de duas a quatro semanas.

Período de Incubação: em geral de 1 a 6 dias, podendo ser mais longo.

Período de Transmissibilidade: em média até 2 semanas após o início da doença. A antibioticoterapia adequada erradica o bacilo diftérico da orofaringe, 24-48 horas após a sua introdução na maioria dos casos.

O portador é extremamente importante na disseminação da difteria e pode eliminar o bacilo por 6 meses ou mais.

Suscetibilidade e Imunidade: a suscetibilidade é geral. A imunidade pode ser naturalmente adquirida pela passagem de anticorpos maternos via transplacentária nos primeiros meses de vida do bebê, ou também através de infecções inaparentes atípicas que conferem em diferentes graus, dependendo da maior ou menor exposição dos indivíduos. A imunidade também pode ser ativa, adquirida através da vacinação com toxóide diftérico.

A proteção conferida pelo Soro Anti-Diftérico (SAD) é temporária e de curta duração (em média duas semanas).A doença normalmente não confere imunidade permanente, devendo o doente continuar seu esquema de vacinação após alta hospitalar.
Quadro Clínico

Descrição: a manifestação clínica típica é a presença de placas pseudomembranosas branco-acinzentadas, que se instalam nas amídalas e invadem estruturas vizinhas. Essas placas podem se localizar na faringe, laringe e fossas nasais, sendo menos frequentemente observada na conjuntiva, na pele, no conduto auditivo, na vulva, no pênis (pós-circuncisão) e no cordão umbilical. 


Clinicamente a doença se manifesta por comprometimento do estado geral do paciente, que pode apresentar-se prostrado e pálido; a dor de garganta é discreta, independentemente da localização ou quantidade de placas existentes, e a febre normalmente não é muito elevada, variando entre 37,5 a 38,5° Celsius, embora temperaturas mais altas não afastem o diagnóstico. 


Nos casos mais graves, há intenso edema do pescoço, com grande aumento dos gânglios linfáticos dessa área (pescoço taurino) e edema periganglionar nas cadeias cervicais e submandibulares. 


Dependendo do tamanho e localização da placa pseudomembranosa, pode ocorrer asfixia mecânica aguda no paciente, o que muitas vezes exige imediata traqueostomia para evitar a morte. O quadro clínico produzido pelo bacilo não-toxigênico também determina a formação de placas características, embora não se observe sinais de toxemia ou a ocorrência de complicações, como na difteria. No entanto, as infecções causadas pelos bacilos não-toxigênicos têm importância epidemiológica por disseminar o Corynebacterium diphtheriae. ·

Formas Clínicas: Angina Diftérica: é a forma clínica mais comum. Inicialmente se observa um discreto aumento de volume das amígdalas, além da hiperemia de toda a faringe. Em seguida ocorre a formação das pseudomembranas aderentes e invasivas. Essas placas se estendem pelas amígdalas recobrindo-as, e frequentemente invadem as estruturas vizinhas, podendo ser observadas nos pilares anteriores, úvula, palato mole e retrofaringe. O estado geral do paciente agrava-se com a evolução da doença, em virtude da progressão das pseudomembranas e da absorção cada vez maior de toxina.

Rinite Diftérica: é mais freqüente em lactentes, sendo, na maioria das vezes, concomitante à angina diftérica. Desde o início observa-se secreção nasal serossanguinolenta, geralmente unilateral ou bilateral, que provoca lesões nas bordas do nariz e do lábio superior.

Laringite Diftérica: na maioria dos casos a doença se inicia na região da orofaringe, progredindo até a laringe. É uma forma bastante comum no Brasil. Os sintomas iniciais, além dos que são vistos na faringe diftérica, são: tosse, rouquidão, disfonia, dificuldade respiratória progressiva, podendo evoluir para insuficiência respiratória aguda. Em casos raros pode haver comprometimento isolado da laringe, o que dificulta o diagnóstico.

Difteria Hipertóxica (Difteria Maligna): assim são denominados os casos graves, intensamente tóxicos que, desde o início, apresentam importante comprometimento do estado geral. Observa-se a presença de placas de aspecto necrótico que ultrapassam os limites das amígdalas, comprometendo as estruturas vizinhas. Há um aumento importante do volume dos gânglios da cadeia cervical e edema periganglionar pouco doloroso à palpação, caracterizando o pescoço taurino. Outras Localizações (mais raras): conjuntiva ocular, pele, ouvidos, vulvovaginal. ·

Diagnóstico Diferencial: o diagnóstico diferencial da difteria deverá ser feito com as patologias descritas a seguir: difteria cutânea: impetigo, ectima, eczema, úlceras; difteria nasal: rinite estreptocócica, sifilítica, corpo estranho nasal; difteria amigdaliana ou faríngea: amigdalite estreptocócica, angina monocítica, angina de Paul Vicent, agranulocitose; e difteria laríngea: crupe viral, laringite estridulosa, epiglotite aguda, corpo estranho. ·

Complicações: as complicações podem ocorrer desde o início da doença até, na maioria dos casos, a sexta ou oitava semana, quando os sintomas iniciais já desapareceram. Seu estabelecimento pode estar relacionado com: localização e extensão da membrana; quantidade de toxina absorvida; estado imunitário do paciente; demora no diagnóstico e início do tratamento.

Complicações Miocárdicas: é a complicação responsável pelo maior número de óbitos a partir da 2ª semana da doença. É decorrente da ação direta da toxina no miocárdio, ou ainda, por intoxicação do sistema de condução cardíaco. 

Complicações Neurológicas: são alterações transitórias, decorrentes da ação da exotoxina no sistema nervoso periférico, ocasionando as neurites periféricas. A forma mais comum e mais característica é a paralisia do véu do palato, ocasionando voz analasada, engasgos, regurgitação de alimentos pelo nariz e desvio unilateral da úvula. Pode ocorrer bronco-aspiração. 


Pode-se observar paresia ou paralisia bilateral e simétrica das extremidades, com hiporreflexia. Geralmente são tardias, ocorrendo entre a segunda e a sexta semana de evolução, mas podem aparecer alguns meses depois. Também pode ocorrer paralisia do diafragma, geralmente tardia, causando insuficiência respiratória. A paralisia dos músculos oculares determinando diplopia, estrabismo, etc.

Complicações Renais: pode-se detectar a presença de albuminúria em diferentes proporções, de acordo com a gravidade do caso. Na difteria grave, pode se instalar uma nefropatia tóxica com importantes alterações metabólicas e, mais raramente, insuficiência renal aguda. Geralmente, quando há miocardite, pode ocorrer também insuficiência renal grave. ·

Prognóstico: o prognóstico depende do estado imunitário do paciente, da precocidade do diagnóstico e da instituição do tratamento. Em geral, a difteria é uma doença grave que necessita de assistência médico-hospitalar imediata. Os fatores associados ao mau prognóstico são: tempo da doença sem instituição de tratamento (pior se acima de três dias); presença de edema periganglionar; presença de manifestações hemorrágicas; placas extensas na orofaringe; miocardite precoce; e presença de insuficiência renal. ·

Tratamento:

1- Tratamento Específico:

Soro Antidiftérico (SAD): A medida terapêutica de grande valor na difteria é a administração do soro antidiftérico (SAD), cuja finalidade é inativar a toxina circulante o mais rapidamente possível e permitir excesso de anticorpos circulantes, suficientes para neutralizar toxina subsequentemente produzida pelos bacilos. 

O Soro Antidiftérico (SAD) não tem ação sobre a toxina já impregnada no tecido. Para isso, sua administração deve ser feita o mais precocemente possível, frente a uma suspeita clínica bem fundamentada. 


Como o soro antidiftérico tem origem heteróloga (soro heterólogo de cavalo), sua administração pode causar reações alérgicas, desse modo, é necessário a realização de provas de sensibilidade antes do seu emprego. Caso a prova seja positiva, deverá ser feita a dessensibilização. As doses de SAD não dependem do peso e da idade do paciente e sim da gravidade e do tempo da doença. 


O SAD deve ser feito preferencialmente por via endovenosa (ED), diluído em solução fisiológica ou, nos casos mais benignos, pela via intramuscular (IM), sempre em dose única. Nunca deverá ser administrado por via subcutânea, pois o que se pretende é uma concentração sérica elevada e rápida, suficiente para neutralizar a toxina circulante.

Antibioticoterapia: o uso de antibiótico deve ser considerado como uma medida auxiliar da terapia específica, objetivando interromper a produção de exotoxina pela destruição dos bacilos diftéricos e sua disseminação. Pode-se empregar tanto a Penicilina como a Eritromicina, com a mesma eficácia, por um período de 10 dias.

2- Tratamento Sintomático: o tratamento geral ou de suporte consiste em repouso no leito, manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico, dieta líquido-pastosa, nebulização ou vaporização.No Brasil já se comprovou que a CARNITINA  nos primeiros quatro dias de internação, propicia redução na incidência de formas graves de miocardite, estando portanto seu uso indicado como coadjuvante no tratamento da difteria.

Tratamento das complicações diftéricas:

INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA: nebulização, traqueostomia alta;

MIOCARDITE: diuréticos, digitálicos, antiarrítmicos, marcapasso;

POLINEURITE: sintomáticos, prótese respiratória;

INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA: tratamento conservador, diálise peritoneal.

Diagnóstico Laboratorial

Tipos de Exames: a bacterioscopia não tem valor no diagnóstico da difteria, devido à baixa especificidade do método. Isolamento e identificação do bacilo, mesmo sem as provas de toxigenicidade, associados ao quadro clínico e epidemiológico, confirmam o diagnóstico. · Coleta, Conservação e Transporte de Material: retirar material das lesões existentes (ulcerações, criptas das amígdalas), exsudatos de orofaringe e de nasofaringe, que são as localizações mais comuns, ou de outras lesões cutâneas, conjuntivas, genitália externa, etc, por meio de swab estéril, antes da administração de qualquer terapêutica antimicrobiana. 


É recomendada uma cultura separada do material de nasofaringe ou da via oral. Introduzir o swab suavemente pelo nariz, profundamente, até a nasofaringe, e girá-lo. Este procedimento é particularmente satisfatório no caso do enfermo convalescente ou de portador assintomático, uma vez que o material de orofaringe pode dar resultado negativo. 


O material de nasofaringe também pode ser colhido introduzindo-se um swab genocurvado via oral, passando suavemente na nasofaringe. Na coleta do material da orofaringe, não remover a pseudomembrana, mas levantar a sua borda, a fim de retirar o material por baixo, já que a remoção da pseudomembrana acelera a absorção da toxina e leva a sangramento. 


Observar que, se o material for colhido do centro da lesão ou sem os cuidados necessários, serão obtidos, provavelmente, bacilos inviáveis e um grande número de bactérias da microbiota da orofaringe.

A coleta deve ser efetuada antes da administração de antibióticos, contudo deve ser sempre feita. O material deve ser semeado imediatamente, em meio de PAI ou Loeffler. Seu transporte ao laboratório deve ser feito em temperatura ambiente e preferencialmente no mesmo dia. 


O material deve ser devidamente identificado com o nome do paciente, idade, local da coleta (nariz, garganta, etc), data e hora da coleta. Caso o laboratório seja distante, pode-se manter o material no meio de cultura, em temperatura ambiente por, no máximo, 24 horas. O Quadro 1 destaca os principais procedimentos para o diagnóstico laboratorial da difteria. ·

Interpretação de Resultados: isolamento e identificação de bacilo diftérico, toxigênico ou não, confirmam o diagnóstico laboratorial. Deve-se ressaltar que a bacterioscopia direta do material de orofaringe não permite a confirmação laboratorial, já que a visualização do C. diphtheriae é dificultada pela presença de diversos agentes próprios da flora natural ou patogênica; além disso, o bacilo diftérico pode apresentar-se com morfologia alterada, dificultando a sua caracterização.

Distribuição Geográfica: A difteria é própria das estações outono e inverno, nos climas temperados e subtropicais, atingindo assim, parte do Brasil.
Cuidados de Enfermagem:

-          Usar técnicas de isolamento rigorosas, máscaras para todas as pessoas que entrarem no quarto; avental para todas as pessoas que entrarem no quarto; luvas para manusear o paciente ( examinar, higienizar, etc.) ; lavar as mãos sempre que não for descartável deve ser decontaminado antes do processamento;
-          Observar respiração e, a qualquer alteração chamar o médico;
-          Observar e anotar freqüência e volume urinário;
-          Peso diário;
-          Observar, durante a alimentação, se apresenta dificuldade em deglutir;
-          Manter o paciente em posição de Fowler;
-          Repouso no leito;
-          Controlar sinais vitais;
-          Manter boa higiene corporal;
-          Incrementar prescrição de enfermagem e médica.

Situação atual da doença

A difteria, doença transmissível e contagiosa, que era muito incidente em crianças, apresentou em 2001, apenas 1 casos, representando uma redução superior a 99%, quando comparado e registrado em 1980, que foi de 4.646. Atualmente as regiões Norte e Nordeste são responsável pela maioria dos poucos casos que ocorrem. Os óbitos por essa doença apresentam uma redução igualmente acentuada, de 518 óbitos anuais, em 1980, para três, em 2001, representando queda de cerca de 99%.

A estratégia adotada para essa doença é o aprofundamento da situação de controle, por fortalecimento da vigilância epidemiológica e da elevação e homogeneidade das coberturas em cada município com a vacina tríplice bacteriana (DPT), que protege contra a difteria, e coqueluche.

FONTE

MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica, DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. GUIA DE BOLSO, 6ª edição revista Série B. Textos Básicos de Saúde, brasília / DF, 2006

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

DE CARLI, G. A. Parasitologia Clínica: Seleção de Métodos e Técnicas de Laboratório para o Diagnóstico das Parasitoses Humanas. São Paulo: Atheneu, 2001.
CARRERA, M. Insetos de Interesse Médico e Veterinário. Curitiba: Editora da UFPR, 1991.
CIMERMANN, B.; FRANCO,M.A. Atlas de parasitologia. São Paulo: Atheneu, 2004.
COURA, J R. Dinâmica das Doenças Parasitárias. Rio de janeiro: Gunabara Koogan,2V. 2005.
GOULART, G. G.; COSTA LEITE, I. Moraes: Parasitologia e Micologia Humana. 2 ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1978.
MARCONDES,  C.B. Entomologia médica e veterinária. São Paulo: Atheneu, 2005.
NEVES, D. P. Parasitologia Dinâmica. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 11 ed. São Paulo: Atheneu, 2004.
PESSOA, S. B.; MARTINS, A. V. Parasitologia Médica. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.
REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
REY, L. Parasitologia. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
VALLADA, E.P. Manual de exame de fezes. São Paulo: Atheneu, 2004.

Bibliografia Complementar

BEAVER, P. C.; JUNG, R. C.; CUPP, E. W. Clinical Parasitology. Philadelphia: Lea & Febiger, 1984.
GARCIA, L. S.; BRÜCKNER, D. A. Diagnostic Medical Parasitology. 3 ed. Washington D. C.: ASM, 1997.
LEVENTHAL, R.; CHEADLE, R. Parasitologia Médica: Texto e Atlas. 4 ed. São Paulo: Editora Premier, 1997.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Procedimentos Laboratoriais em Parasitologia Médica. São Paulo: Editora Santos, 1994.


ZAMAN, V. Atlas Color de Parasitologia Clínica. 2 ed. Buenos Aires: Panamericana, 1988.

BACTERIOSES : HANSENÍASE

BACTERIOSES : HANSENÍASE


É muito difícil afirmar a época do aparecimento de uma doença com base em textos antigos, por dados fragmentos e suposições de tradutores dos mesmos, o assunto se torna confuso e gera uma série de falsas interpretações.

Esse é foi caso da Hanseníase, muito já se escreveu  sobre sua origem e existência, por outro lado muitos desses escritos são citações de fontes descrevendo a moléstia sem os seus aspectos peculiares.

Apesar disso, há referências bastantes claras com relação à Hanseníase em livros muito antigos. Ao que parece, essa doença já era conhecida na Índia em 1500 a.C., e no C., e no Regveda Samhita ( um dos primeiros livros sagrados da Índia ), a Hanseníase é denominada de KUSHTA. Contuso, na China, referências muito antigas sobre essa doença, como aquela que é feita em um dos tratados médicos chineses mais antigos, o Nei Ching Su Wen, dão conta de descrições compatíveis com pacientes portadores de Hanseníase, por volta de 2600 A.C.

A bíblia é outra fonte  de confusão quanto à existência da Hanseníase entre judeus na época do êxodo. O termo “ tsaraath “, no hebraico, significa uma condição anormal da pele dos indivíduos, das roupas, ou das casas, que necessitava de purificação. Segundo o Livro  Sagrado, o “ tsaraath na pele dos judeus seriam “ manchas brancas deprimidas em que os pelos também se tornava, brancos “. na tradução grega, a palavra “ tsaraath “ foi traduzida como lepra e “ lepros “ em grego, significa “ algo que descama “, A palavra lepra também foi usada pelos gregos para designar doenças escamosas do tipo da Psoríase. A Hanseníase mesmo, eles chamavam de Elefantíase.

            A Hanseníase , entretanto, não era  conhecida na Europa na época de Hipócrates ( 467 AC. ). Nos trabalhos “ PAI DA MEDICINA “, não há referência a qualquer condição que se assemelhe àquela doença. Admite-se que foram as tropas de Alexandre, o grande quando voltaram à Europa, depois da conquista do mundo então conhecido, que trouxeram soldados contaminados com a doença nas campanhas realizadas na Índia ( 300 AC. ). Tempos depois as conquistas romanas se encarregaram de disseminar a doença para outras regiões europeias.

            A Hanseníase continuou sua disseminação pela Europa depois da queda do Império Romano e no início da Idade Média. Ela atingiu o seu máximo, naquele continente, entre os anos 1000 AC e 1300 DC que coincide com o período das Cruzadas que com certeza concorreram para o aumento do número de doentes.

            Acontece, porém, que a Hanseníase era designada com lepra, como, também eram denominadas todas as doenças que se supunham ser idênticas ou ter alguma relação com ela. Outras condições como a miséria tinham a mesma conotação.
Por esta época ( Idade Média ), o diagnóstico da doença era feito de uma maneira imprópria. No fim do século XV a lei de Strasbourg, exigia que quatro pessoas  ( um médico, um cirurgião e dois barbeiros ) fizessem o teste para a confirmação ou não da doença ( teste da urina e do sangue ). 

Para o teste do sangue, por exemplo uma amostra, retirada do indivíduo suspeito de ser o portador da doença, era depositada em um recipiente que continha sal. Se o sangue se descompusesse, o paciente era sadio, se não era considerado leproso . Depois disso, água fresca era derramada em um vaso e misturada com sangue. Se a mistura dos dois líquidos era impossível, era porque se tratava de sangue de um leproso. Quando se juntava gotas de sangue ao vinagre, se não houvesse formação de bolhas tratava-se se sangue de leproso.

Os conceitos imprecisos a respeito da doença e a impropriedade dos métodos diagnósticos fazem com que a noção que se tem a respeito do número de doentes na Europa na Idade Média seja falsa.

Seja qual for o número de doentes que havia na Europa naqueles tempos, o certo é que esse número diminui a partir do século XVI. Uma das causas podia ter sido a melhoria das condições de vida, e outra que não pode ser descartada é que  o “ complexo “ lepra foi se esvaziando porque as doenças cutâneas foram sendo melhor estudadas e foram recebendo os seus nomes definitivos.

Hoje, na Europa, ainda persistem focos de Hanseníase em Portugal, Espanha, Rússia e Turquia.

No Brasil, os primeiros documentos que atestam a existência da hanseníase em nosso território datam do fim do século XVII, tanto que, em 1696, o governador Arthur de Sá e Menezes procurava dar assistência no Rio de Janeiro, aos “míseros leprosos”, já  então em número apreciável.
           
O Brasil e em especial o estado de São Paulo, adotaram o modelo isolacionista, isto é, a internação compulsória de todos os paciente de Hanseníase no início da década de 1930. Esse modelo estava sendo utilizado também em outros países endêmicos.

Essa política pretendia eliminar a Hanseníase para a qual não havia ainda tratamento, afastamento os doentes da comunidade, internando-os em Asilos-Colônias.

No VII Congresso Internacional de Leprologia realizado no Rio de Janeiro em 1963, foram apresentados muitos  trabalhos atestando os resultados ineficazes da política isolacionista e os bons resultados do tratamento ambulatorial dos pacientes.

            Hoje, com o auxílio de medidas terapêuticas eficazes, está se realizando um trabalho coordenado e intenso para controlar a Hanseníase m nosso país, fazendo com que o Brasil irmanado à outras nações e sob a égide da Organização Mundial da Saúde consiga atingir a meta de eliminar a doença como um problema de saúde pública no início do século XXI.

Aspectos Gerais

A Hanseníase é uma moléstia infecciosa crônica, cujo agente etiológico é o “Mycobacterium leprae”. No mundo todo há cerca de 1.000.000 de pacientes em registro ativo, mas estima-se que realmente haja 1.260.000 pacientes que se distribuem em países de pobre situação socioeconômica, estas estimativas estão  aquém da realidade, pois só no Brasil, estima-se cerca de 5000.000 casos. A hanseníase não teria a importância que tem se fosse apenas uma doença de pele contagiosa, mas é a sua predileção pelos nervos periféricos que causa as incapacidades a doença. É , portanto uma doença contagiosa e que deforma.

            Até agora o agente causador da Hanseníase, o “M. leprare” ainda não é cultivável. O que se sabe sobre o bacilo, foi determinado através de experimentos com patas de camundongos e tatus, pela inoculação desses animais.

             Continua-se admitindo que a fonte de contágio é o homem com as formas bacilíferas da moléstia, virchowiana e dimorfa. As vias de eliminação dos germes são as vias aéreas superiores, pelo grande número de lesões cutâneas ulceradas podem constituir também uma via de eliminação importante.

            Hoje se considera que a Hanseníase seja como a tuberculose e a poliomelite, isto é, muitas pessoas se infectam mas poucas adoecem. Fatores que teriam influência no aparecimento da moléstia seriam as deficiências proteíno-calóricas, com as conseqüentes implicações  na formação de fatores imunitários, e mais a promiscuidade, a falta de higiene e a miséria geral.

            Responsabilizou-se o clima como tendo um papel considerável na disseminação da doença, porque os países onde a Hanseníase é endêmica se localizam nas áreas onde o clima é tropical ou subtropical. Mas essa distribuição está mais ligada às condições sócio-econômicas do que climáticas, haja visto que a Noruega, que é um país frio, a Hanseníase atingiu altas prevalências na última metade do século XVIII e a doença só terminou com a melhora das condições sanitárias da população e do seu nível de vida.

Agente  etiológico:  Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen;

Fonte de infecção: O homem é o único reservatório, embora já tenha sido encontrado o bacílo da natureza;

Período de incubação: varia de sete meses a cinco anos, embora se tenha período mais longos;

Período de transmissibilidade: A  transmissibilidade deve ser considerável enquanto persistir a presença dos bacilos em indivíduos não tratados.

MODO DE TRASMISSÃO:
           
A doença é transmitida, principalmente , através do convívio com os doentes do tipo Virchowiano ou Dimorfo que não se tratam. As principais fontes de bactérias são, provavelmente as mucosas das vias aéreas superiores. Também são fontes de bacilo os hansenomas ulcerados, o leite materno, a urina e as fezes. O papel de insetos como vetores é discutível.

CLASSIFICAÇÃO DA DOENÇA:

            Do ponto de vista operacional, visando o tratamento multidroga dos pacientes, a classificação que vem sendo adotada pela OMS é a seguinte:

-          Hanseníase paucibacilar ( pb ) – pacientes indeterminados e tuberculóides.
-          Hanseníase multibacilar ( mb ) – pacientes dimorfos e virchowianos.

QUADRO CLÍNICO

MANIFESTAÇÕES CUTÂNEAS

Hanseníase indeterminada ( HI ) – denominada forma inicial. Caracteriza-se por uma ou várias manchas, mais claras que a pele normal ( manchas hipocrônicas ). Essas lesões são planas, não fazem relevo na superfície da pele e as bordas, na maioria das vezes, são imprecisas ( não são bem delimitadas ). Esta forma pode se manifestar apenas por áreas com distúrbio da sensibilidade, sem alteração da cor da pele. Muitas vezes, a única sensibilidade alterada é a térmica; a sensibilidade dolorosa pode estar normal ou pouco alterada e a sensibilidade tátil está preservada. Quase todas as manchas com perda da sensibilidade dolorosa e tátil, quando biopsiadas evidenciarão estruturas da forma tuberculóide ou dimorfa.

      As manchas podem se localizar em qualquer área da pele. Nesta forma clínica, ainda não há espessamento nervoso e, portanto, as deformações não estão presentes. Pode haver, coma evolução desta forma, uma diminuição da sudorese local.

Hanseníase tuberculóide ( HT ) -  surge a partir do MHI não tratado nos pacientes com boa resistência. Apresentam tendência a não se disseminarem, ficando as lesões limitadas às áreas das manchas iniciais.

      A presença, na superfície da mancha, de “caroços” ( pápulas ou tubérculos ) sugere a evolução de MHI para MHT. Gradativamente, sem tratamento, o número de elementos papulóides aumenta e a mancha desaparece dando lugar uma lesão em placa ( elevada ) e eritematosa ( avermelhada ).

      Como o tempo, é comum verificar a involução do centro da placa. É comum observa-se um filete nervoso superficial espessado e as alterações da sensibilidade são bem nítidas, ao contrário da HI.
      As vezes fica difícil o diagnóstico diferencial entre HI e HT, sendo o tempo de evolução importante ( as mais antigas já evoluíram para HT ) e a alopécia ( ausência de pelos).
Hanseníase Dimorfa ( HD ) -  lesões eritematosas, eritemato-violáceas, ferruginosas, infiltradas, edematosas, brilhantes, escamosas com contornos internos bem definidos e externos mal definidos, centro deprimido ( aparentemente poupado ), hipocrômico ou com coloração de pele normal, hipo ou anestésicos são características da Hanseníase dimorfa ( HD ). Pode apresentar características da HT e de HV.
Hanseníase Virchowiana ( HV ) – infiltração difusa com numerosas lesões eritematosas, eritemato-acastanhadas, infiltradas, brilhantes, coalescentes ( agrupadas ), mal definidas e de distribuição simétrica, são características de Hanseníase Virchowiana ( HV ). Há infiltração difusa da face ( regiões malares, supraciliares e pavilhões auriculares ), com formação de tubérculos e nódulos, ocasionando a perda definitiva de pêlos dos cílios e supercílios ( madarose ), que dão à face um aspecto peculiar, chamado “ facies leonina “.
ESTADOS REACIONAIS
Reação do tipo I
Nos tuberculóides, essa manifestações agudas se caracterizam por eritema e edema das lesões tuberculóides pré-existentes e o aparecimento de novas lesões. Podem sugir outros tipos de reações como as neurites que nas reações do tipo I podem ocorrer junto com as alterações da pele ou independentemente. Durante os episódios reacionais os nervos mais acometidos são: ulna, mediano, tibal posterior, fibular comum, radical, trigêmeo e facial. Os principais sinais e sintomas da neurite são espessamento do nervo, dor à palpação e dor espontânea no trajeto dos nervos. As neurites também podem evoluir sem dor ( neurite silenciosa ).
Na HT, as lesões neurais são em pequeno número, porém na HD, o acometimento nervoso é significativo, ou seja, maior número de nervos é lesado e há possibilidade de graves neurites, podendo levar à paralisia mais precoce e mais intensa que na HT,
Na HV, apesar do comprometimento de maior número de nervos, a possibilidade de paralisias é menor.
As lesões neurológicas estão relacionadas com o comportamento imunológico do paciente – quanto melhor este for, menor e o número de nervos envolvidos e maior será a possibilidade de destruição dos filetes nervosos.
Reação do tipo II
Na Hanseníase Virchowiana, ao nível da pele, as reações se traduzem pelo súbito aparecimento de lesões papulosas, em placas, ou nodulares, eritemotosas, precedidas muitas vezes por febre, mal estar geral e enfartamento ganglionar doloroso. Algumas lesões cutâneas podem supurar ( eritema nodoso necrotizante).
Esses surtos reacionais podem aparecer desde o inicio do tratamento, mais são mais frequentes após o sexto mês de terapêutica. Podem ser desencadeados por intercorrências tais como infecções virais ou bacterianas, “stress” emocional ou cirúrgico, drogas, gravidez, parto, PPD, e medicamentos contendo iodo. Outros órgãos, além da pele podem ser acometidos  nos surtos reacionais como linfonodos, baço, rim, fígado, olhos ( iridociclite, irite), podendo haver orquite, neurites artrites.
Diagnóstico:
Do ponto de vista prático, o diagnóstico da hanseníase baseia – se na pesquisa de sensibilidade e no encontro  de bacilos álcool-ácido resistente. Não há outra doença que apresente lesões com distúrbios de sensibilidade, e por isso, nos casos em que os bacilos são difíceis de encontrar, o diagnóstico é eminentemente clínico, mostrando-se pelas alterações neurológicas ao nível das lesões cutâneas. A pesquisa de sensibilidade pode ser feita com o auxílio de um tubo de água quente e outro com água fria ( sensibilidade térmica ), ou de uma agulha ( sensibilidade dolorosa ), ou de um chumaço de algodão (táctil).
Tratamento da hanseníase:
      As principais drogas em uso na hanseníase são a dapsone, a clofazimina e a rifampicina.
      Com o uso indiscriminado da  dapsone e da rifampicina por anos a fio, em monoterapia, tornou-se evidente o aparecimento de casos de resistência secundária e primária à esses medicamentos.
      A OMS recomendou então, que o tratamento dos pacientes virchowianos e dimorfos fosse feito co as três drogas principais, no mínimo durante 2 anos. Os paucibacilares, inderteminados e tuberculóides, seriam tratados durante 6 meses utilizando-se a dapsone e rifampicina.
Multibacilares e Pucibacilares:
Multibacilares: Este grupo de pacientes é compreendido pelas formas ditas bacilíferas. Casos em que necessariamente há o encontro de bactérias específicas no exame de coleta de baciloscopia de linfa da pele.
        Entram neste grupo as formas Dimorfs-Dimorfas, Dimorfas - Virchowianas e Virchowianas. Para esses casos o tempo de tratamento é mais extenso.
Paucibacilares: Neste grupo encontram-se os pacientes onde o achado de bacilos é difícil, visualizando-os apenas através de exames histopatológicos, Nesses casos, portanto, a baciloscopia de linfa de pele é sempre negativa. Entram neste grupo as formas Indeterminadas, Tuberculóides e Dimorfas- Tuberculóides. Para esses casos o tempo de tratamento é menor. Favor enviar um e-mail para maiores informações.

Tratamento dos Estados Reacionais

Reação do tipo I – Prednisona na dose de I mg por Kg de peso diariamente, antes do café da manhã até a regressão clínica do quadro reacional depois reduz-se gradativamente em intervalos regulares.
Em alguns casos de neurite persistente é necessária a imobilização do segmento afetado.

Reação do tipo II – Talidomida 100-400 mg/dia, conforme, a avaliação clínica prednisona também é utilizada em alguns casos ( neurite, orquite, irite, mulheres em idade fértil, pois estas não posem utilizar a talidomida por seus efeitos teratogênicos, etc.).

Profilaxia

-          Com a eficácia do tratamento, torna-se mais importante o controle dos contactantes do que o isolamento;
-          Educação sanitária ao público;
-          Notificação compulsória à autoridade sanitária local;
-          Imunização de contatos. A vacinação com BCG e a quimioprofilaxia podem ser usadas;
-          O tratamento devem ser ambulatorial.

Epidemiologia

Visão Geral da Endemia:

 Embora a organização Mundial da saúde (OMS) esteja anunciando a eliminação da Hanseníase como problema de saúde pública, Isto é, chegar a uma prevalência de menos de um paciente para cada 10.000 habitantes, no inicio do terceiro milênio, a doença continua sendo um sério problema no mundo.

Com a introdução da poliquimioterapia (PQT), a partir de 1981, a prevalência da Hanseníase reduziu drasticamente. A prevalência global foi reduzida em mais de 80% nos últimos 10 anos. Em 1997 a estimativa no mundo era de 1,15 milhões de casos em contraste com os 10 a 12 milhões de casos estimados na década de 70. cerca de 0,89 milhão dos casos estavam em tratamento, no início de 1997, contra 5,4 milhões de casos em 1985. 

Contudo cerca de 560.000 casos novos ainda são detectados a cada ano no mundo, cerca de 2 bilhões de pessoas vivem em países onde a prevalência é maior do que um doente para cada 10.000 habitantes e, aproximadamente, 2 milhões de doentes têm incapacidades físicas devido a Hanseníase.

      Atualmente, a maior  prevalência da Hanseníase se encontra do Sudeste Asiático, seguido de regiões da África e das Américas. O Brasil é o segundo país com o maior número de casos registrados, estando atrás apenas da Índia. No Brasil após a assinatura do compromisso para a eliminação da Hanseníase, em 1991, houve uma redução da prevalência de 60%, em decorrência das altas por cura, no entanto, houve um aumento na detecção de casos novos em mais de 100%.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:

v  Verificar sinais vitais;
v  Controle da diurese;
v  Proporcionar ambiente tranqüilo;
v  As roupas de cama devem estar limpas, secas e bem esticadas;
v  A higiene oral deve ser incentivada e orientada;
v  Manter boa higiene corporal;
v  Incrementar prescrição de enfermagem médica;
v  Em caso de comprometimento articular manter o paciente em movimento.

IMPORTANTE:

HANSENÍASE

-          Não contra-indica a amamentação;
-          A transmissão pode ser feita através de contato interno-humano, preferencialmente prolongado, secreções nasais e através da pele intacta;
-          Embora o bacilo possa ser excretado pelo leite materno nos casos de hanseníase de forma virchowiana, não tratada ou tratada a menos de três meses com sulfona ( diapsona ) ou três semanas com sulfona ( diapsona ) ou três semanas com a rifampicina, não se sabe se esta é uma via significativa de infecção.

CONDUTA COM MÃE CONTAGIANTE OU BACILIFERA ( NÃO TRATA OU TRATADA A MENOS DE TRÊS MESES COM SULFONA OU TRÊS SEMANAS COM RIFANPICINA:

v  Enviar contato intimo mãe-filho;
v  Amamentar com máscara ou similar;
v  Lavar cuidadosamente as mãos; antes de manipular a criança
v  Desinfecção de secreções nasais e lenços.

CONDUTA COM MÃE NÃO-CONTAGIANTE OU ABACILÍFERA:

v  Manter a amamentação.

OBSERVAÇÃO:

Possível passagem das drogas utilizadas no tratamento da hanseníase não contraindica a amamentação.

FONTE

MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica, DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. GUIA DE BOLSO, 6ª edição revista Série B. Textos Básicos de Saúde, brasília / DF, 2006

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

DE CARLI, G. A. Parasitologia Clínica: Seleção de Métodos e Técnicas de Laboratório para o Diagnóstico das Parasitoses Humanas. São Paulo: Atheneu, 2001.
CARRERA, M. Insetos de Interesse Médico e Veterinário. Curitiba: Editora da UFPR, 1991.
CIMERMANN, B.; FRANCO,M.A. Atlas de parasitologia. São Paulo: Atheneu, 2004.
COURA, J R. Dinâmica das Doenças Parasitárias. Rio de janeiro: Gunabara Koogan,2V. 2005.
GOULART, G. G.; COSTA LEITE, I. Moraes: Parasitologia e Micologia Humana. 2 ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1978.
MARCONDES,  C.B. Entomologia médica e veterinária. São Paulo: Atheneu, 2005.
NEVES, D. P. Parasitologia Dinâmica. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 11 ed. São Paulo: Atheneu, 2004.
PESSOA, S. B.; MARTINS, A. V. Parasitologia Médica. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.
REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
REY, L. Parasitologia. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
VALLADA, E.P. Manual de exame de fezes. São Paulo: Atheneu, 2004.

Bibliografia Complementar

BEAVER, P. C.; JUNG, R. C.; CUPP, E. W. Clinical Parasitology. Philadelphia: Lea & Febiger, 1984.
GARCIA, L. S.; BRÜCKNER, D. A. Diagnostic Medical Parasitology. 3 ed. Washington D. C.: ASM, 1997.
LEVENTHAL, R.; CHEADLE, R. Parasitologia Médica: Texto e Atlas. 4 ed. São Paulo: Editora Premier, 1997.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Procedimentos Laboratoriais em Parasitologia Médica. São Paulo: Editora Santos, 1994.
ZAMAN, V. Atlas Color de Parasitologia Clínica. 2 ed. Buenos Aires: Panamericana, 1988.