quinta-feira, 15 de maio de 2014

ANTI - INFECTANTES - ANTIPARASITÁRIOS ANTI-HELMÍNTICOS

ANTI - INFECTANTES
ANTIPARASITÁRIOS ANTI-HELMÍNTICOS


ISABELA HEINECK

As helmintíases representam grave problema de saúde publica, com variedade
relacionada ao saneamento básico, grau de escolaridade, condições socioeconômicas hábitos de higiene e idade, entre outras.

A elefantíase, por exemplo, e a segunda principal causa de incapacidade permanente em todo o mundo (causa deformação de pernas e genitais), e os ancilostomídeos provocam anemia grave, um dos mais importantes problemas materno-infantis1.

O aumento da susceptibilidade dos indivíduos infectados concomitantemente com ancilostomídeos e bactérias, protozoários, ou infecções virais, incluindo o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e tuberculose, também e de considerável preocupação na saúde publica.

Os principais sintomas dessas doenças são dor abdominal, obstrução intestina , depleção de carboidratos, anemia, desnutrição, fraqueza, diarreia, anorexia, prurido e deformação. O tratamento das helmintíases e feito com terapia farmacológica oral, em diferentes doses e posologias.

Os anti- helmínticos são considerados relativamente eficazes e seguros.

ALBENDAZOL

Tem sido considerado como primeira escolha para algumas helmintíases intestinais, como para o tratamento de ancilostomíase por Ancylostoma duodenale e Necator americanus .

Tem eficácia comparável a outros anti- helmínticos que atuam contra Ascaris lumbricoides e Trichiuris trichiura, para este ultimo deve ser utilizado em regime de multiplas doses.

Revisão Cochrane avaliou o tratamento de massa de filarióse linfática com albendazol em monoterapia ou como coadjuvante de outros agentes antifiláricos; em comparação a placebo, determinou menor densidade de filarias em seis meses; mostrou eficácia discretamente menor do que ivermectina e semelhante em comparação a dietilcarbamazina; dada a diversidade de resultados, não foi possível mostrar o efeito de albendazol sobre parasitos adultos e larvários, quer isolado ou em combinação com outros fármacos.

Para estrongiloidíase (Ancylostoma braziliense) e larva migrans cutanea (A. caninum), albendazol tem sido indicado como opção a ivermectina.

E recomendado para hidatidiase (E. granulosus), sendo usado como coadjuvante de ressecção cirúrgica ou drenagem percutânea do cisto.

Albendazol mostrou-se capaz de reduzir o numero de lesões císticas viáveis na eurocisticerciase causada por Taenia solium em pacientes adultos.

Anti-helmínticos tem sido indicados para tratar anemia em grávidas causada principalmente por ancilostomídios. No entanto, revisão Cochrane de tres estudos (1.329 mulheres) não observou resultado significante na anemia materna após a utilização de dose única de albendazol ou mebendazol durante o segundo trimestre da gravidez.

O esquema de dose única se limita a algumas indicações e a dose em crianca ate 2 anos deve ser reduzida para 200 mg.

DIETILCARBAMAZINA

Tem uso restrito para tratamento de filariase linfática,tendo efeito sobre microfilarias e parasitos adultos. O resultado de esquemas de dose única de dietilcarbamazina isolada, associada com albendazol e ivermectina com albendazol sobre filariase foi medido após 2 anos.

O tratamento com dietilcarbamazina isolada e associada com albendazol demonstraram significantes benefícios de longo prazo em reduzir a microfilaremia (P < 0,05), com redução desprezível sobre a antigenemia.

De acordo com a revisão sistemática conduzida por Reddy e colaboradores, o uso combinado e em dose unica de dietilcarbamazina e albendazol reduziu a prevalência de microfilaremia de 16,7% para 5,3% e de ivermectina e albendazol de 12,6% para 4,6%.

A diferença entre as combinações não foi estatisticamente significante. Em programa indiano de eliminação de filariase linfática, dose única anual de dietilcarbamazina, isolada ou em associação com albendazol, mostrou que a prevalência de microfilaremia decresceu significantemente com ambas as estratégias, com maior declínio com a associação (72% vs. 51%) que também determinou maior redução de antigenemia (62%; P < 0,001) e de ovos dos parasitos (49% vs. 97%).

Outra comparação entre dietilcarbamazina isolada (300 mg, em dose anual) e associada a albendazol (400 mg) mostrou perfis de segurança similes.

IVERMECTINA

É considerado fármaco de primeira escolha para o tratamento da estrongiloidiase humana e para oncocercose, sendo preferida a dietilcarbamazina em razão de graves reações associadas a destruição das microfilarias.

Também e util em escabiose, filariase e larva migrans cutanea. Como tratamento em massa para erradicação de filariose linfática, ivermectina e dietilcarbamazina foram avaliadas em relação ao numero de formas parasitarias adultas.

Ivermectina e dietilcarbamazina destruíram 96% e 57% das microfilarias e reduziram sua produção em 82% e 67%, respectivamente. Em tratamentos de longo prazo corre-se o risco de toxicidade.

PRAZIQUANTEL

É a primeira escolha na esquistossomose causada por todas as espécies de Schistosoma. Estudos apontam resultados positivos no uso de praziquantel em combinação com albendazol no tratamento da cisticercose, após ressecção cirúrgica. No entanto, o beneficio desta combinação ainda não esta claro.

OXAMNIQUINA

É a opção ao praziquantel no tratamento de esquistossomose.

Seu uso no Brasil, desde a decada de 1970, indica efetividade de cura parasitológica em torno de 80%, havendo comunicados de menor eficácia em tratamento de esquistossomose em outros países.

Em pediatria representa recurso importante, pois praziquantel nao e produzido em apresentações farmacêuticas adequadas para uso em crianças. Oxamniquina é relativamente bem tolerada, tendo como efeitos adversos comuns náuseas, vômitos, sonolência, tontura e, mais raramente, convulsões.

REFERÊNCIAS

1. REDDY, M.et al. Oral drug therapy for multiple neglected tropical diseases. A
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