quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

GERENCIAMENTO DE RISCO NO ARMAZENAMENTO DE MEDICAMENTOS E MATERIAIS MÉDICO-HOSPITALARES

GERENCIAMENTO DE RISCO NO ARMAZENAMENTO DE MEDICAMENTOS E MATERIAIS MÉDICO-HOSPITALARES NO HOSPITAL REGIONAL DE PONTA GROSSA



ALMEIDA, Fernanda Pailo1
DUTRA, Jhenifer2
FILIPAK, Deisy3
ANDRADE, Rayza Assis4
FERREIRA NETO, Carolina Justus Buhrer5

RESUMO

Introdução: O gerenciamento de risco consiste em um processo complexo de ações multidisciplinares que tem como finalidade identificar e prevenir eventos adversos. O armazenamento tem como objetivo principal garantir a qualidade dos medicamentos e materiais médico-hospitalares utilizados no ambiente hospitalar, pois possui potencial de risco ao paciente. Da mesma forma, a
identificação inadequada de medicamentos durante o processo de estocagem pode gerar erros de dispensação. Estabelecer medidas preventivas no processo de armazenamento, de modo a prevenir erros de medicação, visando o aumento da segurança do paciente usuário do Hospital Regional de Ponta Grossa. Reestruturação física da Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF) do Hospital Regional de Ponta Grossa. As condições ambientais da CAF foram adequadas.

As estantes foram identificadas e os medicamentos foram agrupados segundo o critério de similaridade por forma farmacêutica. Observou-se o critério de demanda, priorizando a estocagem dos itens de maior rotatividade em local de maior acesso. Instituiu-se que lotes iguais do mesmo produto devem ser agrupados, possibilitando que os lotes de vencimento anterior do prazo de validade sejam os primeiros a serem dispensados. Foram adotadas etiquetas diferenciadas para os medicamentos potencialmente perigosos. Fármacos com denominações semelhantes foram identificados com destaque nas etiquetas, através de diferentes tamanhos de fonte. Para diferentes concentrações de mesma forma farmacêutica adotou-se sequência padronizada de cores para destaque das mesmas.

Como prática frequente adotou-se a inspeção do estoque para verificação de possíveis alterações ou degradações visíveis. Com a organização da CAF e com a adoção de medidas adicionais de segurança acredita-se minimizar a possibilidade de erros de medicação.

PALAVRAS CHAVE
Eventos Adversos. Segurança do Paciente. Farmacovigilância.

1Acadêmica do Curso de Farmácia UEPG -fernandapailo@hotmail.com
2 Acadêmica do Curso de Farmácia UEPG -jhenidutra@gmail.com
3 Acadêmica do Curso de Farmácia UEPG -deisinha_filipak@hotmail.com
4 Acadêmica do Curso de Farmácia UEPG -ra_yza@hotmail.com
5 Msc., Professora Assistente DEFAR -UEPG -carolbferreira@uol.com
INTRODUÇÃO

O gerenciamento de risco, uma preocupação recente entre hospitais e profissionais de saúde, consiste em um processo complexo de ações multidisciplinares que tem como finalidade identificar e prevenir eventos adversos. A gestão de riscos garante a qualidade da assistência e segurança do paciente no que concerne à medicamentos (farmacovigilância); materiais e equipamentos médico-hospitalares (tecnovigilância); saneantes; e sangue e hemoderivados (hemovigilância).1-3

O armazenamento é uma das etapas do ciclo da assistência farmacêutica, e corresponde a um conjunto de procedimentos técnicos e administrativos que têm como objetivo principal garantir a qualidade dos medicamentos e materiais médico-hospitalares utilizados no ambiente hospitalar.

Podem ser citadas como atividades incluídas no processo de armazenamento:

v -recepção ou recebimento: consiste em examinar e conferir os produtos quanto à quantidade solicitada, à documentação e demais especificações exigidas, quando da sua entrada no estoque do hospital 4.
v -estocagem ou guarda: é a organização dos produtos em locais apropriados, obedecendo às necessidades específicas de estocagem de certos fármacos, visando otimização do espaço físico e da movimentação, permitindo rapidez e segurança 4.
v -segurança: proteção dos produtos contra roubos, perdas e danos 4.
v -conservação: proteção dos produtos contra agressões externas, como ação da temperatura, umidade, pH, etc. É a manutenção das características de cada produto, durante o período de 4 estocagem .
v -controle de estoque: consiste em monitorar e registrar entradas e saídas dos produtos 4.
v -entrega ou distribuição: consiste não apenas em entregar os produtos de acordo com as necessidades dos pacientes, mas em garantir que durante esta distribuição tenham-se condições adequadas de transporte e preservação da identificação, com rastreabilidade dos produtos 4.

Praticamente todas estas atividades possuem direta ou indiretamente potencial de risco ao paciente hospitalizado, pois todo e qualquer problema envolvendo medicamentos e materiais médico-hospitalares pode acarretar consequências indesejadas. Problemas na estocagem e conservação, por exemplo, podem danificar o produto por ação físico-química e/ou microbiológica, anulando seu
efeito terapêutico e até produzindo efeitos indesejáveis e tóxicos.

Da mesma forma, a identificação inadequada de medicamentos durante o processo de estocagem pode gerar erros de dispensação, podendo ocorrer confusão especialmente entre fármacos com denominações semelhantes, com mesma forma farmacêutica e entre diferentes concentrações.

Ainda em se tratando da identificação de medicamentos, alguns deles necessitam de métodos adicionais de identificação, como é o caso dos Medicamentos Potencialmente Perigosos (MPPs), os quais possuem maior potencial do que outros em gerar lesões graves ou fatais se utilizados de forma
incorreta5, sendo necessário, portanto, uma atenção e cuidado maiores a fim de se evitarem erros envolvendo estes medicamentos.

Com relação aos métodos de armazenamento e organização dos medicamentos e materiais médico-hospitalares na Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF), existem aspectos comuns a serem considerados nesta organização, tais como:

v -similaridade: agrupamento por classe terapêutica, forma farmacêutica5
v -demanda: a localização deve facilitar a rotatividade dos produtos5
v -condições especiais: uso restrito, inflamáveis, quarentena5
v -capacidade física da área de armazenamento, tais como tamanho e altura do teto5,6
v -equipamentos em geral5

A conferência dos medicamentos é feita periodicamente, para além da contagem de estoque, haver também uma visualização quanto a alterações físicas ou data de validade deste.

Estes critérios de armazenamento permitem que os medicamentos e materiais médico-hospitalares sejam localizados de forma pronta, ágil e inequívoca, além de preservar a segurança da equipe e do ambiente de trabalho e manter a qualidade dos produtos estocados5.

OBJETIVO

Estabelecer medidas preventivas no processo de armazenamento, de modo a prevenir erros de medicação, visando o aumento da segurança do paciente usuário do Hospital Regional de Ponta Grossa.

METODOLOGIA

Reestruturação física da CAF do Hospital Regional de Ponta Grossa.

RESULTADOS

As janelas da CAF foram protegidas com persianas garantindo a ausência de luz solar direta. Para garantir a temperatura do ambiente, a CAF foi equipada com refrigeração de ar, com ambiente controlado de temperatura e umidade, com monitoramento e registro realizados duas vezes ao dia.

Os medicamentos termossensíveis foram armazenados em refrigerador com temperatura interna controlada, monitorada e registrada duas vezes ao dia.

As estantes foram identificadas com números e as prateleiras com letras conforme o Mapa de Endereçamento da CAF do Hospital Regional de Ponta Grossa. Os medicamentos foram agrupados segundo o critério de similaridade por forma farmacêutica.
Observou-se o critério de demanda, priorizando a estocagem das formas farmacêuticas de maior rotatividade em local de maior acesso. Instituiu-se que lotes iguais do mesmo produto devem ser agrupados, possibilitando a operacionalização do sistema FEFO (first expiry, first out) -o primeiro que expira é o primeiro de sai, sendo que itens de menor prazo de validade são armazenados à esquerda e à frente.

Através do sistema de controle de estoque os lotes de medicamentos e materiais médico-hospitalares com vencimento do prazo de validade nos 90 dias subsequentes são identificados e armazenados na área de quarentena para posterior descarte. Da mesma forma, itens com possíveis contaminações,
deteriorações e lotes apreendidos para descarte são segregados à área de quarentena.

Como prática frequente adotou-se a inspeção do estoque para verificação de possíveis alterações ou degradações visíveis.

De forma geral os medicamentos e materiais médico-hospitalares foram identificados com etiquetas de prateleira de fundo de cor branca e inscrição na cor preta, com as informações: nome, apresentação e concentração, quando aplicável. Visando o aumento da segurança no armazenamento foram adotadas identificações diferenciadas para as etiquetas de prateleira:

v -etiquetas de fundo branco e letras rosa para os MPPs.
v -etiquetas com destaque, através de diferentes tamanhos de fonte, para fármacos com denominações semelhantes, como por exemplo, DOPAMINA e DOBUTAMINA.
v -etiquetas com destaque de cores para diferentes concentrações de mesma forma farmacêutica.

Adotou-se a sequência: amarela > cinza > verde > rosa > branca. A cor amarela sempre destaca a maior concentração e a branca a menor, mesmo na ausência de concentrações intermediárias.

Instituiu-se a identificação adicional de embalagens secundárias de MPPs com etiqueta de fundo de cor rosa com a inscrição “dupla checagem” na cor branca, no processo de recebimento, garantindo que armazenamento dos mesmos seja realizado com maior segurança.

CONCLUSÃO

Com a organização da CAF e com a adoção de medidas adicionais de segurança acredita-se minimizar a possibilidade de erros de medicação.

REFERÊNCIAS

1. Feldman LB. Gerenciamento de Risco no Processo de Assistência em Saúde: depoimento. [01/07/2009]. Revista Nursing. Entrevista concedida à Vanessa Navarro.
2. Gerência de Risco. Universidade Estadual de Londrina: portal webHU. Disponível em: www.hu.uel.br/index.php. Acesso em: 26 abr. 2011.

3. Kuwabara CCT. Gerenciamento de risco em tecnovigilância: aplicação dos conceitos seis sigma e técnica delphi para o desenvolvimento e validação de instrumento de avaliação de material médico-hospitalar. 2009. Tese (Doutorado em Enfermagem)-Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-07102009-145936/pt-br.php.
Acesso em: 26 abr. 2011.

4. Silva MT. Armazenamento e distribuição de medicamentos e produtos para a saúde. In: Ferracini FT, Borges Filho WM. Prática farmacêutica no ambiente hospitalar: do planejamento à realização. São Paulo: Atheneu, 2010. p.107-124.

5. Tuma IL, Carvalho FD, Marcos JF. Programação, aquisição e armazenamento de medicamentos e produtos para saúde. In: Novaes MRCG, Souza NNR, Néri EDR, Carvalho FD, Bernardino, HMOM, Marcos JF. Guia de boas práticas em farmácia hospitalar e serviços de saúde. São Paulo: Ateliê Vide o Verso, 2009. p. 149-190.

6. Sakai MC, Lima MF, Souza AB. Armazenamento de medicamentos. In: Storpirtis S, Mori ALPM, Yochiy A; Ribeiro E, Porta V. Ciências farmacêuticas -farmácia clínica e atenção farmacêutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. p.153-160.


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