segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

PROTOZOOSES : TOXOPLASMOSE (DOENÇA DO GATO)

PROTOZOOSES  TOXOPLASMOSE (DOENÇA DO GATO)



Definição

Doença sistêmica infecciosa causada por um protozoário intracelular que invade vários tecidos do organismo humano e também em várias espécies animais. "É uma infecção que na maioria das vezes quando adquirida ocorre de maneira assintomática, mas quando é adquirida no período da gestação pode provocar aborto espontâneo, como pode também causar lesões graves e sérias ao recém-nascido. A mulher dá luz somente a uma criança com toxoplasmose, pois os Anticorpos se encarregam de evitar que a doença se manifeste em outra gravidez. É uma doença que ocorre em animais domésticos como os gatos, cães, coelho e pombos, que estão sempre mais perto do homem. A toxoplasmose se manifesta quando existe um grande número de células destruídas pelo protozoário causando uma hipersensibilidade no organismo.

Histórico

A toxoplasmose foi descrita pela primeira vez pelo cientista Splendore, em 1908, quando estudava no Brasil os parasitas de coelhos.

Agente etiológico

Toxoplasma gondii, protozoário coccídio intracelular "próprio" dos gatos, pertence à família Soncocystidae, na classe Sporozoa.

Fonte de infecção

O gato é o maior responsável pela contaminação no homem e animais. O gato contrai a doença ao comer carnes cruas contaminadas  por ratos ou pássaros infectados. Quando o gato contaminado elimina as fezes, ele pode infectar outros animais inclusive o homem. A areia e o solo contaminados pela fezes do gato representam uma grande fonte de

Infecção. O gato pode eliminar por toda a sua vida os protozoários pelas fezes.

Reservatório

Os gatos albergam o protozoário no trato intestinal; roedores, suínos, bovinos, ovinos, caprinos e outros mamíferos são hospedeiro intermediário do Toxoplasma gondii. Todos podem ser portadores no estágio infectante do protozoário principalmente nos tecidos do cérebro músculos. Estes cistos permanecem vivos por longos períodos, talvez em alguns casos durante toda a vida do animal portador. 

Transmissão

O Homem adquire a infecção por 3 dias.

a)    A ingestão de oocisto do solo, areia, latas de lixo e em qualquer lugar onde os gatos defecam em torno das casas e jardins, disseminando-se através de hospedeiros transportadores, tais como moscas, baratas e minhocas;

b)    Ingestão de cistos de carnes crua e mal cozida, especialmente de porco e carneiro;

c)    Infecção transplacentária em 40% dos fetos de mães que adquirem a infecção durante a gravidez.

Período de incubação

De 10 a 23 dias, quando a fonte é a ingestão de carne; de 5 a 20dias quando se relaciona com o contato com animais.

Período de trasmissibilidade

Não se transmite diretamente de uma pessoa para outra, com exceção das infecções intra-uterinas.

Sinais e sintomas: Toxoplasmose congênita

Fase neonatal

Ø  Parto prematuro:
Ø  Baixo peso;
Ø  Anemia;
Ø  Trombocitpenia;
Ø  Microcefalia ou hidrocefalia;
Ø  Meningoencefalomielite neonatal;
Ø  Convulsões;
Ø  Calcificação intracranianas;
Ø  Coriorretinite bilateral;
Ø  Estrabismo nistagmo (movimentação rápidos e involuntários do globo ocular);
Ø  Hepatomegalia;
Ø  Esplenomegalia;
Ø  Alterações do LCR (líquido cefalorraquidiano);
Ø  Icterícia neonatal;
Ø  Manifestação hemorrágicas;
Ø  Erupções cutâneas.

Fase Tardia

Ø  Coriorretinite focal bilateral;
Ø  Calcificação intracerebral;
Ø  Retardo mental;
Ø  Estrabismo, nistagmo e microftalmia;
Ø  Hidrocefalia;
Ø  Crises convulsivas persistindo;
Ø  Atraso na fala.

OBS: Quando a criança apresenta  corriotinite focal e calcificação intracelular é prudente ser investigada uma infecção toxoplásmica. Mesmo que algumas crianças permaneçam assintomáticas durante os primeiros anos de vida, elas tem tendência a desenvolver lesões oculares, principalmente a retinocoroidite mais tarde.

Sinais e sintomas: Toxoplasmose adquirida

                        Período Prodrômico
                       
Ø  Febre freqüente por um período longo;
Ø  Astenia;
Ø  Mal-estar geral;
Ø  Prostração;
Ø  Cefaléia (dor de cabeça);
Ø  Dores musculares;
Ø  Exantema.

OBS: No adulto a doença tem curta duração, e na maioria das vezes, sem maiores conseqüências para o organismo.

Síndroma toxoplásmica
           
Os  Sintomas da toxoplasmose adquirida são tão variados e multiformes  que foi subdividida em várias formas para um melhor diagnostico acompanhamento e tratamento.

Ø  Formas leves ou subclínicas: ocorre na maioria dos casos de toxoplasmose adquirida em que o indivíduo nem percebe que está doente, os sintomas não ultrapassam o período prodrômico e nem chega ao exantema.

Ø  Forma linfadenítica: é a forma mais comum da toxoplasmose adquirida, ocorre tanto em crianças como nos adultos, é caracterizada pelo enfartamento ganglionar sendo de grau variável, acometendo em alguns casos a cadeias ganglionar dos hilos pulmonares.

Ø  Forma nervosa: ocorre um comprometimento do SNC (Sistema nervoso central) que pode surgir isoladamente ou acompanhado de enfartamento ganglionar, é caracterizada pelos sintomas da meningoencefalite.

Ø  Forma exantemática: é uma forma grave da doença em que o protozoário é encontrado em quase todos os órgãos. Os pulmões podem sofrer um processo de pneumonite intersticial, o exantema é do tipo máculo-papuloso e hemorrágico generalizado, existe comprometimento do sensório, febre elevada e fenômenos hemorrágicos.

Ø  Forma ocular: ocorre lesões graves oculares inflamatórias e degenerativas.

Ø  Forma miocárdica: Ocorre comprometimento do miocárdio que pode evoluir para formas crônica.

Ø  Forma pulmonar: Ocorre um comprometimento pulmonar.

                        Diagnóstico

Ø  Exame físico.
Ø  Exame clínica.
Ø  Exames laboratoriais.
Ø  Testes sorológicos (pesquisas de anticorpos específicos contra os parasitas).
Ø  Testes virológicos (isolamento viral por inoculação em culturas celulares).
Ø  Reação de Sabin-Feldman.

Diagnostico diferencial (para não ser confundida com as seguintes doenças com sintomas inicias semelhante)

            Toxoplasmose Congênita

Ø  Embriopatia rubeólica.
Ø  Mal formação congênitas do cérebro.
Ø  Torulose.

Ø  Embriopatia nutricional.
Ø  Traumas intracranianos dos recém-nascidos.
Ø  Complicações neurológicas da naóxia.

Toxoplasmose Adquirida

Ø  Mononucleose infecciosa.
Ø  Doença de Chagas.
Ø  Infecção causada pelo citomegalovírus.
Ø  Sífilis congênita.
Ø  Doença de Hodgkin.
Ø  Leishmaniose visceral calazar.
Ø  Brucelose.
Ø  Encefalites.
Ø  Meningites serosas.
Ø  Enteroviroses.
Ø  Doença de Arranhadura do gato.
Ø  Coriorretinites.
Ø  Reticulossarcoma.

Tratamento

Ø  Especifico: Tratamento medicamentoso com drogas antitoxoplásmicas na dosagem indicada pelo médico. No caso de toxoplasmose adquirida o tratamento pode durar 30 a 40 dias, entretanto no caso da toxoplasmose congênita pode chegar até a 1 ano.

Ø  Sistêmica: Os corticosteróides na maioria das vezes, são mais utilizados para as lesões oculares sob prescrição médica.

Ø  O tratamento deve ser iniciado imediatamente quando for confirmado o diagnóstico pelos exames laboratoriais. Para que não haja complicações e seqüelas das lesões cerebrais e oculares.

Complicações

Toxoplasmose Congênita

Quando a gestante adquire a toxoplasmose, o protozoário atravessa a placenta e aloja-se nos tecidos do feto, principalmente os tecidos do Sistema Nervoso Central (SNC), causando várias lesões, que pode acontecer em qualquer período da gravidez causando um aborto espontâneo, mas em alguns casos a mãe pode dar a luz a  uma criança com deformação cranianas ou um bebê aparentemente perfeito, que pode ou não vir a Ter alterações severas e graves decorrente da doença. Esses problemas podem ser visíveis logo após o nascimento ou podem acontecer principalmente no 1º ano de vida.

Ø  Hidrocefalia ou microcefalia (aumento ou diminuição do volume do crânio).
Ø  Coriorretinite (inflamação da coróide e da retina).
Ø  Retardamento mental.
Ø  Mongolismo.
Ø  Óbitos intra-uterino.
Ø  Calcificação intracranianas.
Ø  Estrabismo.
Ø  Nistagmo.
Ø  Partos prematuros.

Toxoplasmose Adquirida

Ø  Deficiência neurológicas.
Ø  Hepatite.
Ø  Inflamação na retina e na coróide ocular, deixando lesões discretas ou evoluir até a cegueira.
Ø  Pancreatite.
Ø  Miocardite.
Ø  Pneumonia intersticial.
Ø  Complicações nos gânglios linfáticos.
Ø  Complicações musculares.

Aspectos Clínicos
           
Descrição - Baseia-se na associação das manifestações clínicas com a confirmação através de estudos sorológicos, ou da demonstração  do agente em tecidos ou líquidos corporais por biópsia ou necropsia, ou pela identificação em animais ou em cultivos celulares. O aumento dos níveis de anticorpos da classe igG acima de 1:2048 indica a presença de infecção ativa.

Diagnóstico diferencial - Citomegalovírus, malformações, congênitas, sífilis, rubéola, herpes, aids, kernicterus, neurocisticercose, outras doenças febris.

Tratamento - O tratamento especifico nem sempre é indicado nos casos em que o hospedeiro é imunocompetente, exceto em infecção inicial durante a gestação ou na vigência de coriorretinite, miocardite, dano em outros órgãos. Em imunossuprimidos, o tratamento se impõe.


Gestantes - espiramicina, 750 a 1.000mg, VO, a cada 8 horas, para evitar a infecção placentária; a clindamicina, VO, na dose de 600mg a cada 6 horas. Na forma ocular para reduzir a necrose a inflamação e minimizar a cicatriz, utiliza-se 40mg/dia de prednisona, por 1 semana, e 20mg/dia, por outras 7semanas. Esta contra-indicado o uso de pirimetamina no 1º trimestre, pois é teratogênica, e de sulfadiazina, no 3º trimestre, pelo risco de desenvolver kernicterus.

Características epidemiológicas - Doença universal, sem preferência de sexo ou raça, estimando-se de 70% a 95% da população estão infectados.
           
Vigilância Epidemiológica

Objetivo - Não e doença objeto de ações de vigilância epidemiológica, entretanto, tem hoje, grande importância para a saúde devido a sua associação com a AIDS e pela gravidade dos casos congênitos.

Notificação - Não é doença de notificação compulsória.

Profilaxia

Medidas Gerais

Ø  Grávidas no pré-natal devem fazer o exame para detecção da Toxoplasmose.
Ø   As gestantes devem lavar as mãos e utilizar luvas ao manusear terra e jardins, para evitar infecção.
Ø  Evitar o uso de alimentos crus ou mal cozidos pois podem estar contaminados com os oocistos da doença.
Ø  Mulher grávida não deve manipular fezes de gato, se não poder evitar, deve utilizar luvas de borracha.
Ø  Tomar cuidado com animais domésticos, principalmente os gatos, pois os animais são apenas portadores, não ficam doentes.
Ø  Não se deve deixar as crianças brincarem com a areia e terra dos parques, pois podem estar contaminadas por fezes de gatos infectados. Procure evitar esses locais.
Ø  Recolher diariamente as fezes dos gatos, desprezar no vaso sanitário, e não colocar as fezes do gato em latas de lixo.
Ø  Incinerar fezes de gato, se possível.
Ø  Limpar com álcool ou desinfetante o local onde o gato defeca.
Ø  Fazer exames laboratoriais no gato da casa para detecção da Toxoplasmose.
Ø  Se tiver cão e gato no domicílio não deixe o cão manter contato com as fezes do gato.
Ø  Alimentar os cão e gatos domésticos com ração própria, alimentos enlatados ou cozidos, não se deve oferecer carne crua.
Ø  Devem ser evitados locais onde crianças brincam que contenham areia e terra, se possível devem ser substituídos por grama.
Ø  Moscas e baratas devem ser eliminados pois funcionam como vetores de toxoplasmose.

Ø  Pessoas que trabalham em frigoríficos, açougue e que lidam com carnes devem periodicamente fazer testes para verificar se não contraíram a doença através de animais abatidos infectados.

OBS: O gato e cão que vive no domicílio devem ir ao veterinário para que possam por exames para identificar se são portadores da doença. Caso não sejam portadores, eles podem tranqüilamente conviver com a família sem problemas, mas deve ser possível, uma vez por ano ir ao veterinário. Cuidando do seu bichinho você não terá problemas com doenças como a toxoplasmose e outras que podem também serem transmitidas por esses animais. Leve sempre seu animal ao veterinário.


FONTE

MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica, DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. GUIA DE BOLSO, 6ª edição revista Série B. Textos Básicos de Saúde, brasília / DF, 2006

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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Bibliografia Complementar

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