domingo, 14 de junho de 2009

FARMÁCIA HOSPITALAR - FUNÇÕES BÁSICAS

FARMÁCA HOSPITALAR - FUNÇÕES BÁSICAS



Segundo a Organização Pan. Americana da Saúde, um serviço de farmácia moderno sustenta seu trabalho em quatro suportes fundamentais (OPAS, 1997):

· A seleção de Medicamentos necessários para o hospital, realizada por uma Comissão de Farmácia e Terapêuticos, na qual a participação do farmacêutico é de extrema importância, em face de seus conhecimentos sobre as necessidades de medicamentos, rotatividade dos mesmos e seus custos. No Brasil, segundo o Guia Básico de Farmácia Hospitalar do Ministério da Saúde (MS, 1994), os medicamentos representam cerca de 1/3 do custeio de um hospital, dentre outras atividades igualmente importantes.

· A aquisição, conservação e o controle dos medicamentos selecionados, evitando-se sempre a aquisição de quantidades excessivas e consequentemente perdas que só trariam prejuízos ao serviço, evitando-se o remanejamento de produtos para outras unidades onerando ainda mais, o sistema com o custo de transporte.

· O estabelecimento de um sistema racional de distribuição de medicamentos que assegure que o medicamento prescrito chegue ao paciente com segurança, no lugar certo, na hora certa, e do modo certo, garantindo dessa forma a qualidade da Assistência Farmacêutica prestada.

· A implementação de um sistema de informação sobre medicamentos, que proporcione dados objetivos tanto para o pessoal de saúde como também para o próprio paciente hospitalizado ou já em tratamento ambulatorial.

A farmácia hospitalar, de acordo com Santich & Pedrasa (1989), pode ser classificada como uma atividade técnica - cientifico e operativa, que teria como centro de sua atividade a informação sobre uma série de inter - relações com atividades que poderíamos considerar nobres, a começar pela seleção (padronização), que seria o arcabouço do sistema, e seria elaborada por uma Comissão de Padronização ou por uma Comissão de Farmácia e Terapêutica com funções mais amplas, acompanhada da programação de medicamentos cujas técnicas modernas já permitem diminuir as imperfeições.

Outra atividade seria a aquisição, que será um assunto abordado em nossa avaliação apesar de não estar relacionada ao serviço ou seção de farmácia, mas sim ao serviço de material dos hospitais.

O armazenamento, é um fator preponderante para a conservação dos medicamentos e diminuição das perdas por diversos fatores. Finalmente, a distribuição, que consideramos como fator de elite no que se refere à diminuição de gastos com farmácia hospitalar, principalmente pela implantação da dose individualizada ou mesmo unitária, métodos que diminuem consideravelmente o custo da Assistência Farmacêutica prestada, e que no Brasil raramente são levados em consideração.

Ainda outra atividade importante, segundo o documento em análise, é a educação em saúde que, no Brasil de um modo geral, não é levada em consideração.

O Guia para o Desenvolvimento de Serviços de Farmácia, da OPAS/OMS, (1997), emite alguns conceitos que consideramos importantes em nossa dissertação, tanto em nível geral como em nível específico.

Em nível geral poderíamos levar em consideração o número de leitos do hospital, sua categoria: geral (crônico ou especializado). O nível de gestão onde se localiza o hospital também é importante, como por exemplo; federal, estadual ou municipal.

Outra característica importante se refere às normativas legais que regulamentam o funcionamento do hospital e consequentemente também da farmácia hospitalar. O tipo de administração, centralizada ou descentralizada, também tem uma influência importante, bem como a oferta de profissionais e a capacidade de resolução do nosocômio.

No que se refere mais especificamente a farmácia hospitalar vários fatores devem ser levados em consideração, segundo o guia citado. Dentre eles, destacaremos:

Garantir a qualidade de assistência prestada ao paciente promovendo o uso seguro e racional de medicamentos e correlatos, estando sua atuação comprometida com os resultados da assistência prestada ao paciente e não apenas com a provisão de produtos e serviços, cabendo-lhe atuar em todas as fases da terapia medicamentosa, cuidando, em cada momento, de sua adequada utilização nos planos assistencial, econômico, de ensino e de pesquisa, devendo, para tanto, contar com farmacêuticos em número suficiente para o bom desempenho da assistência farmacêutica (CFF,1997;ASBRAFARMÁCIA HOSPITALAR,1997).

Segundo a OPAS (1992) as funções da Farmácia Hospitalar são as seguintes:

· Organização e gestão
· Planejamento
· Seleção de Medicamentos, Germicidas e Correlatos:
· Programação das Necessidades:
· Aquisição:
· Armazenamento e Conservação de Medicamentos, Germicidas e Correlatos:
· Distribuição de Medicamentos, Germicidas e Correlatos:
· Sistemas de Distribuição de Medicamentos;
· Sistema de Distribuição de Correlatos:
· Sistema de Distribuição de Germicidas:
· Manipulação;
· Informação sobre Medicamentos:
· Ensino e Pesquisa

Funções e Padrões Mínimos de um Serviço de Farmácia Hospitalar

Iremos resumir rapidamente algumas atividades que são características das farmácias hospitalares sem procurar entrar em detalhes.

De acordo, com a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar, 3º oficina de trabalho edição (SBRAFH, 1996/1997), são atribuições essenciais dos serviços de farmácia hospitalar: o gerenciamento; desenvolvimento de infra-estrutura; preparo, distribuição, dispensação e controle de qualidade de medicamentos e correlato; otimização da terapia medicamentosa; informação sobre medicamentos e correlato; pesquisa e ensino.

Segundo o programa regional de medicamentos essenciais da OPAS/OMS (OPAS, 1987), o serviço de farmácia de um hospital deve ser sempre dirigido por um farmacêutico especializado e pode ser considerado como um serviço central e vital para o bom funcionamento do hospital, semelhante a outros tantos, tais como laboratório, radiologia, etc.


Conforme as definições do Conselho Federal de Farmácia a partir de sua Resolução nº 300
(1997), a farmácia é uma “Unidade clínica de assistência técnico-administrativa, dirigida
por profissional farmacêutico, integrada funcional e hierarquicamente às atividades
hospitalares”.
É importante ressaltar que esta definição afirma que a farmácia deve ser uma Unidade
Clínica, e portanto, todas as suas ações devem ser orientadas ao paciente. Isto significa que não basta à farmácia fornecer medicamentos, mas impõe, também, a obrigação de acompanhar sua correta utilização e seus efeitos.

Deve ser, então, um departamento ou serviço tecnicamente aparelhado para planejar,
organizar, dirigir, controlar, desenvolver e executar planos, programas e projetos de ensino e pesquisa relacionados às atividades de aquisição, armazenamento e distribuição de medicamentos e correlatos, de modo a garantir efetiva assistência farmacêutica.

A citada resolução continua, ainda, em suas definições, a estabelecer que é necessário “Garantir a qualidade da assistência prestada ao paciente, através do uso seguro de medicamentos e correlatos, adequando sua utilização à saúde individual e coletiva nos planos assistencial, preventivo, docente e de investigação. Deverá a mesma contar com profissionais farmacêuticos suficientes para o bom desempenho da assistência farmacêutica, segundo as necessidades do hospital.”
Acentuando a função da farmácia, o Conselho enfatiza o paciente como principal cliente e objetivo.

Ainda descrevendo a área de competência da Farmácia Hospitalar:

"I - Assumir a coordenação técnica nas discussões para seleção e aquisição de
medicamentos, germicidas e correlatos, garantido sua qualidade e otimizando a terapia
medicamentosa”. Significa que o gestor farmacêutico, como supremo detentor de conhecimento sobre os fármacos deve participar ativamente da seleção de medicamentos padronizados e dos
processos de aquisição.

II - Cumprir normas e disposições gerais relativas ao armazenamento, controle de estoque
e distribuição de medicamentos, correlatos, germicidas e materiais médicos hospitalares.
A central de abastecimento farmacêutico deve estar adequadamente equipada para o cumprimento das Boas Práticas de Distribuição.

III - Estabelecer um sistema eficiente, eficaz e seguro de dispensação para pacientes
ambulatoriais e internados, de acordo com as condições técnicas hospitalares, onde ele se
efetive. O sistema de distribuição empregado deve poder garantir o abastecimento do hospital nas 24 horas e, ao mesmo tempo, evitar desvios, caducidade e perdas por armazenamento
inadequado ou administração de medicamentos não prescritos.

IV - Dispor de setor de farmacotécnica composto de unidade para manipulação de
fórmulas magistrais e oficinais; manipulação e controle de antineoplásicos; reconstituição de medicamentos, preparo de misturas endovenosas e nutrição parenteral; preparo e diluição de germicidas; fracionamento de doses; análises e controles correspondentes;
produção de medicamentos; outras atividades passíveis de serem realizadas, segundo a
constituição da farmácia hospitalar e as características do hospital. O gestor farmacêutico deve ser capaz de apresentar aos administradores hospitalares os
benefícios da implantação deste setor.

V - Elaborar manuais técnicos e formulários próprios. Os manuais de normas e procedimentos operacionais devem ser elaborados e implantados
para fins de treinamento, de uniformidade dos procedimentos e da assistência, além de
orientar sobre os diversos protocolos.

VI - Manter membro permanente nas comissões de sua competência, principalmente na
comissão de farmácia e terapêutica ou padronização de medicamentos; na comissão de
controle de infecção hospitalar; na comissão de licitação ou parecer técnico e na comissão
de suporte nutricional. A participação nestas comissões é indispensável para a eficiência do trabalho farmacêutico, já que o monitoramento do uso racional de medicamentos depende do estabelecimento de protocolos de dispensação, padronização, aquisição e manipulação.

VII - Atuar junto à Central de Esterilização na orientação de processos de desinfecção e
esterilização de materiais, podendo ser responsável pelo setor. As orientações e os treinamentos sobre o uso de técnicas assépticas beneficia o trabalho neste setor e minimiza as possibilidades de contaminação.

VIII - Participar nos estudos de ensaios clínicos e no programa de farmacovigilância do
hospital. O monitoramento das reações adversas não dependentes do paciente, seja nos ensaios
clínicos ou na pós-comercialização do medicamento é útil também para as avaliações da farmácia na revisão da padronização.
IX - Exercer atividades formativas sobre materiais de sua competência, promovendo cursos e palestras e criando um setor de Informações sobre Medicamentos, de acordo com as condições do hospital.

X - Estimular a implantação e o desenvolvimento da Farmácia Clínica. Como vimos anteriormente, a implantação destas atividades divulgam o papel do farmacêutico na instituição e potencializam seu valor profissional.

XI - Exercer atividades de pesquisa, desenvolvimento e tecnologia farmacêuticas, no preparo de medicamentos e germicidas."

Referências
  • ASPH Guideline: Minimum Standart for Pharmacies in Hospitals. Am J health – Systpham, 1995
  •  Bases Para El Dessarrolo y Aprovechamento Sanitario De La Farmacia Hospitalaria. Bogota, Colombia: Trazo Ltda. Editorial.
  • Maia Neto, J. F., 1990. Farmácia Hospitalar. Um enfoque Sistêmico. Brasília: Thesaurus Editora.
  •  Maia Neto J.L, 2005  Farmácia Hospitalar e suas Interfaces com a Saúde , São Paulo, Rx editora
  • Ministério da Saúde. Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar, 1994. Guia Básico para Farmácia Hospitalar. Brasília: Edição pela Divisão de Editoração Técnico - Científica / Coordenação de Documentação e Informação/Secretaria de Administração Geral/ CDI/SAG/MS.
  •  Nogueira, H., 1961. Serviço de Farmácia nos Hospitais. Rio de Janeiro, RJ: Artigo publicado na Revista Brasileira de Farmácia n°3/4, março/abril de 1961.

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